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PROCTOLOGIA Patologias orificiais: Fístulas . CONCEITOS GERAIS . ● Uma fístula anorretal é um trato inflamatório ou conexão entre a superfície epitelializada do canal anal e, mais frequentemente, a pele ou períneo perianal. ● É obrigatório existir um abscesso para que se tenha uma fístula! ⇒ Evolui de um abscesso anorretal criptoglandular de drenagem espontânea. ● A doença fistulosa perianal tem implicações significativas para a qualidade de vida dos pacientes, uma vez que as sequelas variam de dor menor e constrangimento higiênico social à sepse franca. ● O manejo da fístula anorretal continua sendo um dos tópicos mais desafiadores e controversos da cirurgia colorretal. ● A verdadeira prevalência de fístulas anais é desconhecida, pois o desconforto anorretal é frequentemente atribuído a hemorróidas sintomáticas como todas as patologias anteriormente abordadas. ● Homens adultos têm duas vezes mais chances de desenvolver um abscesso e/ou fístula em comparação com as mulheres. . CLASSIFICAÇÃO . ● A classificação das fístulas anais descrita por Parks, Gordon e Hardcastle é a classificação mais comum usada. Essa classificação descreve com precisão a via anatômica da fístula e é útil para prever a complexidade do procedimento operatório para o tratamento da fístula. QUANTO A LOCALIZAÇÃO: ● FÍSTULA INTERESFINCTERIANA: ● A fístula começa na linha pectínea e termina na beirada anal, acompanhando o plano interesfinctérico entre os esfíncteres anal interno e externo e termina na pele perianal. ● FÍSTULA TRANSESFINCTERIANA: ● São as mais complicadas de tratar, por haver acometimento de ambos os músculos esfíncteres. ● A fístula segue o esfíncter externo até a fossa isquiorretal, abrange uma porção do esfíncter interno e externo e termina na pele sobre a nádega. ● Tipo 2 de Parques. ● FÍSTULA SUPRA-ESFINCTERIANA: ● A fístula se origina na cripta anal e envolve todo o aparelho esfincteriano e termina na fossa isquiorretal ● Parques tipo 3. ● FÍSTULA EXTRA-ESFINCTERIANA: ● A fístula é geralmente muito alta no canal anal, localizada proximal à linha pectínea. ● Ela abrange todo o aparelho esfincteriano, incluindo os elevadores, e termina na pele sobre a nádega ● As fístulas extra-esfincterianas geralmente não são de origem criptoglandular, mas podem resultar de trauma, corpos estranhos retais, doença de Crohn ou lesão iatrogênica. ● Parques tipo 4. ● FÍSTULA SUPERFICIAL: ● Não envolve nenhum músculo esfincteriano. ● A fístula superficial ou submucosa não foi incluída na classificação original de Parks. . MANIFESTAÇÕES . ● Quadro de abscesso que após drenagem permanece com drenagem de secreção piogênica ⇒ abscesso anorretal “não cicatrizante” após a drenagem. ● Geralmente não há dor (pode haver). O paciente tende a procurar o médico porque a roupa íntima se apresenta suja de secreção. ● Ao exame físico, a pele perianal pode estar escoriada e inflamada. ● A abertura externa pode ser visualizada ou palpada como endurecimento logo abaixo da pele, se a abertura externa estiver incompleta ou cega. Ela pode estar inflamada, sensível e/ou drenar o fluido purulento. ● Um cordão palpável que leva da abertura externa ao canal anal pode estar presente. ● A abertura interna no ânus pode ser vista por um exame anoscópico, enquanto um sigmoidoscópio pode ser necessário para visualizar a abertura interna no reto. Em alguns casos, a abertura interna pode ser palpada no exame retal digital. . DIAGNÓSTICO . ● Usualmente o diagnóstico é feito só pela história e exame físico: dor, drenagem purulenta e lesão cutânea perirretal. ● Exames de imagem raramente necessários. ● A fistulografia é um estudo do trajeto fistuloso, mais útil para avaliação diagnóstica de fístulas complexas e recorrentes. ● Se houver dúvida se ela é transesfincteriana, pode se injetar azul de metileno. ● Pode injetar bário e fazer um raio-x para avaliar se ela passa pelos esfíncteres anais. ● Não é necessário fazer fistulografia para fístula simples. . TRATAMENTO . ● A cirurgia é a base da terapia com o objetivo final de drenar a infecção local, erradicar o trato fistuloso e evitar a recorrência, preservando a função do esfíncter nativo. ● O objetivo da terapia cirúrgica é erradicar a fístula, preservando a continência fecal. ● A abordagem cirúrgica depende de vários fatores, como etiologia, localização, tipo e duração da fístula, bem como procedimentos previamente realizados e função do esfíncter pré-operatório. ● Para identificar a abertura externa e interna, o curso da pista e a quantidade de músculo esfíncter que ela incorpora, muitas vezes é necessário examinar o paciente na sala de cirurgia sob anestesia, que começa sondando suavemente a fístula para determinar sua anatomia. ● Identificar a abertura interna da pista de fístula nem sempre é simples. ● Muitos princípios e manobras foram planejados para ajudar nessa tarefa. ● A técnica cirúrgica escolhida depende muito da avaliação criteriosa do médico para cada paciente, podendo ser realizada a abertura do trajeto com ou sem colocação de seton (fio envolvendo a musculatura anal, conforme a complexidade do caso). ● Fístulas anteriores tendem a ter tratamento mais difícil, uma vez que o músculo do esfíncter externo é mais espesso e comprimido na porção posterior e menor (mais frágil) na porção anterior. ● FISTULECTOMIA: ● Associada a maior demora de cicatrização, maior taxa de incontinência e taxa de recidiva semelhante, portanto tem desvantagens em relação à fistulotomia. ● FISTOLOTOMIA: ● A fistulotomia é um procedimento simples, seguro e efetivo, tendo sido cada vez mais utilizada nas fístulas baixas interesfincteriana pelos bons resultados observados, por produzir ferida menor que a verificada nas fistulectomias, com consequente retorno mais precoce ao trabalho. REGRA DE GOODSALL Todas as trilhas de fístula com aberturas externas a até 3 cm da borda anal e posterior a uma linha traçada pelos espinhos isquiáticos viajam de maneira curvilínea para a linha média posterior. Todas as faixas com aberturas externas anteriores a esta linha entram no canal anal de maneira radial. NOVOS MÉTODOS: ● LASER: ● A aplicação de fibra com o laser na ponta, que atua por efeito fototérmico, destruindo o tecido da fístula e colabando o trajeto. ● O laser é introduzido desde o orifício da pele até a origem da fístula no canal anal, cauterizando este trajeto sem lesão da musculatura que controla a continência fecal. ● VAAFT: ● Tratamento endoscópico. ● Técnica utilizada para o tratamento cirúrgico de fístulas anais complexas, que permite a visualização do trajeto por visão endoscópica por meio de um instrumento fino e rígido (óptica) conectado a uma câmera, que produz um sinal de vídeo e é exibido em uma tela de TV. ● Nessa técnica é possível raspar e cauterizar o trajeto da fístula para estimular a obstrução do caminho entre o canal anal e a pele ao redor do ânus.
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