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Princípios de proteção do salário

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Princípios de proteção do salário
O salário recebe várias proteções, tendo em vista sua natureza alimentar, recebendo portanto, especial proteção legal.
Periodicidade do pagamento do salário: Em regra, o salário deve ser pago no período de um mês. Salvo as comissões, porcentagens e gratificações, que podem passar desse período, conforme artigo 459 da CLT.
As comissões deverão ter seu pagamento na forma mensal, na medida da conclusão dos negócios, porém mediante acordo, o prazo a ser fixado pode ser de até três meses, impreterivelmente.
As gratificações, por sua vez, poderão ser pagas a cada mês, semestre ou ano, de acordo com o estipulado entre as partes.
O pagamento ocorrerá em regra no quinto dia útil de cada mês, valendo ressaltar que o sábado é considerado dia útil para efeitos de pagamento.
Atraso no pagamento do salário: Caso ocorra atraso salarial de maneira “contumaz”, aquele sem motivo grave ou relevante, pelo período de três meses seguidos, é direito do trabalhador, caso seja sua vontade, rescindir o contrato, como dispensa indireta, pelo descumprimento das obrigações do empregador, conforme preceitua o artigo 483, alínea “d” da CLT. 
É válido pontuar que a empresa que estiver em débito salarial desta espécie poderá sofrer sanções, conforme decreto-lei 368/68, dentre os quais, não poderá:
a) pagar honorários, gratificações, pro labore ou qualquer outro tipo de retribuição ou retirada a seus diretores, sócios gerentes ou titulares de firma individual;
b) distribuir lucros, bonificações, dividendos ou interesses a seus sócios, titulares, acionistas ou membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos;
c) ser dissolvida.
Pagamento do salário em audiência judicial: Nos casos em que o contrato de trabalho é rescindido, seja qual for a parte que tenha tido a iniciativa, o empregador é obrigado a pagar no dia da audiência das verbas controversas, as partes incontroversas das verbas rescisórias. Caso não as pague, serão acrescidas em 50%, vide inteligência do artigo 467 da CLT.
Prova do pagamento: O pagamento deve ser comprovado via recibo ou comprovante de depósito bancário, não se admitindo em processo judicial apenas a prova testemunhal do pagamento do salário. 
É válido ressaltar que o menos de 18 anos poderá firmar o recibo de pagamento de salários, exceto quando se trata da rescisão do contrato de trabalho. Nessa hipótese, ele deverá ser assistido pelos pais, conforme disposição do artigo 439 da CLT.
Inalterabilidade da forma ou modo de pagamento dos salários: em regra geral, o empregador só pode fazer alteração na forma de pagamento mediante consentimento do empregado. Entretanto, será considerado nulo as que lhe forem prejudiciais. 
Irredutibilidade salarial: É inconstitucional a redução salarial, salvo quando se tratar de acordo coletivo, conforme artigo 7º, VI da CF. 
Descontos nos salários: o artigo 462 da CLT preceitua que em regra o empregador não pode efetuar descontos nos salários, ressalvando os casos de adiantamento salarial e as hipóteses previstas em lei de instrumento de negociação coletiva.
Os descontos previstos em lei são:
a) contribuições previdenciárias;
b) impostos de renda;
c) pagamento de prestações alimentícias;
d) pagamento de pena criminal pecuniária;
e) pagamento de custas judiciais;
f) pagamento de aquisição de moradia pelo Sistema Financeiro Habitacional;
g) retenção salarial por falta de aviso prévio do empregado que pede demissão;
h) contribuição sindical;
i) vale-transporte;
j) outros descontos previstos em instrumentos de negociação coletiva.
O trabalhador ainda, tem a disponibilidade de permitir descontos salariais, mediante autorização prévia, por escrito, para ser integrados em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, seguro, previdência privada, etc. Tais benefícios não desrespeitam o artigo 462 da CLT, salvo se for comprovado o vício do requerimento.
O TST tem um entendimento que os descontos não podem ultrapassar 70% do valor total do salário percebido, devendo-se assegurar um mínimo salarial em espécie ao trabalhador conforme SDC 18 do TST.
Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino, Manual de Direito do Trabalho. 17ª ed. Ver. E atual – Rio de Janeiro: Forense. 2013. P. 230-234.

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