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Modelo matemático de sistemas de controle 2 1. MODELO MATEMÁTICO DE SISTEMAS DE CONTROLE INTRODUÇÃO Olá! Vamos dar início ao estudo do controle de sistemas dinâmicos. O estudo do controle de sistemas é de fundamental importância na área da engenharia, uma vez que existem muitos processos hoje em dia que são automatizados e que precisam de algum tipo de controle para que funcionem corretamente. O controle automático de sistemas é aplicado em telecomunicações, nos transportes, na navegação, em veículos espaciais, sistemas robóticos, na biologia, na medicina, em sistemas de manufatura, enfim, quaisquer operações que exijam o controle de algum parâmetro como a temperatura, pressão, vazão, umidade, velocidade etc. Para que possamos definir matematicamente os modelos dos sistemas de controle, vamos definir alguns termos que são importantes. Um sistema é um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado. No sentido mais específico desta disciplina vamos definir um sistema como uma combinação de componentes que atuam em conjunto organizadamente para alcançar um ou mais objetivos determinados, sendo que, nenhum componente conseguiria alcançar os mesmos objetivos de maneira independente. Em engenharia, na maioria das vezes, os sistemas de interesse são aqueles em que há alguma forma de transferência de energia. São exemplos de sistemas as linhas de transmissão de energia elétrica que transferem a energia produzida em alguma fonte geradora até o ponto de consumo. Os aparelhos de ar-condicionado e aquecedores são outros exemplos de sistemas que transferem energia. Nesse caso eles transferem a energia contida em um fluido em movimento. Os automóveis também são sistemas de transferência de energia. A energia química da combustão entre o combustível e o ar faz com que o eixo de manivelas entre em rotação, fazendo o automóvel se movimentar e adquirir energia cinética. Os sistemas, de acordo com a definição mais ampla, podem ser tanto objetos físicos como abstrações matemáticas, leis jurídicas, princípios da economia, entre outros. Os sistemas que nos interessam nesse momento são os sistemas físicos, ou seja, aqueles que são constituídos por objetos reais. Modelo matemático de sistemas de controle 3 Agora que definimos os sistemas físicos, vamos entender como podemos controlá-los. O comportamento de um sistema depende dos sinais de entrada (ou condições de entrada) que serão impostos a ele, de maneira que produza algum sinal de saída desejado. Como o sinal de saída é a variável de interesse em um processo, ou seja, é a variável que será medida e controlada, chamamos esse sinal como a variável controlada. Para que se possa modificar os parâmetros obtidos na variável controlada, é necessário modificar os sinais de entrada do sistema, por isso esses sinais são conhecidos como sinais de controle ou variável manipulada. Vamos analisar o caso de um sistema de aquecimento residencial. O objetivo de se automatizar esse tipo de processo é que se consiga manter a temperatura do ambiente interno em um valor desejado. Isto só se torna possível quando se aplica algum tipo de controle na temperatura, que é a nossa variável controlada. Controlar significa medir o valor da variável controlada do sistema e aplicar alguma ação necessária para que essa variável, no caso a temperatura, permaneça com valores dentro de limites aceitáveis a partir do valor de referência. Esta parte do sistema, responsável pelo controle da variável de saída, chamamos de sensor. Em sistemas de aquecimento, o sensor é um termostato que indica uma temperatura baixa quando fecha um contato elétrico ou alta quando este contato se abre. Quando a temperatura está abaixo da temperatura definida como sinal de saída, um sinal elétrico ativo o fornecimento de gás. No caso contrário, o fornecimento é interrompido. O fornecimento de gás é, então, a nossa variável manipulada. Por fim, um termo bastante utilizado no estudo do controle de sistemas dinâmicos é a planta. Planta é definida como uma parte de equipamento ou ainda um conjunto de componentes que funcione de maneira integrada para a realização de determinada tarefa. De maneira mais abrangente, planta é qualquer objeto físico a ser controlado. MODELOS MATEMÁTICOS Depois de definirmos o que são sistemas e quais são os sistemas de interesse no estudo da engenharia, é necessário que a gente faça uma descrição matemática desses sistemas para que seja possível fazer o controle das variáveis dos processos. Chamamos essa descrição matemática, que é um conjunto de equações que definem o comportamento dinâmico do sistema, como modelo matemático. Modelo matemático de sistemas de controle 4 Nos sistemas físicos, as variáveis manipuladas e as variáveis controladas, ou seja, sinais de entrada e saída, respectivamente, e os parâmetros internos de interação, podem ser medidos. Uma vez que podem ser medidos, podem ser representados matematicamente por variáveis em função do tempo. Seja 𝑢1(𝑡), 𝑢2(𝑡), … , 𝑢𝑝(𝑡) as variáveis de entrada (ou excitação) do sistema, 𝑥1(𝑡), 𝑥2(𝑡), … , 𝑥𝑝(𝑡) as variáveis internas e 𝑦1(𝑡), 𝑦2(𝑡), … , 𝑦𝑝(𝑡) as variáveis de saída (ou resposta) do sistema. Podemos representar todas essas variáveis por meio de um bloco (Figura 1). Figura 1 Representação dos sinais de entrada, internos e saída de um sistema (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 2) Um sistema, no qual será implementado alguma ferramenta de controle, pode ser formado por vários sinais de entrada e de saída, conforma a figura 1. Nesse caso o sistema é chamado de sistema vetorial ou MIMO (multiple input multiple output). Para os casos mais simples, em que há apenas um sinal de entrada e um sinal de saída correspondente, o sistema é chamado de sistema escalar ou SISO (single input single output). O modelo matemático pode ser apresentado de várias formas. Por enquanto vamos focar nos modelos matemáticos constituídos pelas equações diferenciais. Outras formas de representar os modelos matemáticos de um sistema são através das funções de transferência (baseadas nas transformadas de Laplace) e nos modelos vetoriais de estado. Modelo matemático de sistemas de controle 5 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS Os sistemas podemos ser classificados por diferentes critérios. Dependendo da natureza dos elementos que o compõe, um sistema pode ser classificado como sistema físico, econômico, social, biológico, entre outros. Um sistema também pode ser classificado de acordo com a quantidade de sinais de entrada e de sinais de saída como sistema escalar ou sistema vetorial. Outra classificação que pode ser dada aos sistemas se refere a linearidade de seu comportamento. Um sistema é linear quando satisfaz os princípios de homogeneidade: ➢ Seja 𝑦1(𝑡) a resposta de um sistema relativa a um sinal de excitação 𝑢1(𝑡), quando o sinal de excitação for 𝑚 vezes maior, o sinal de saída deve ser 𝑚 vezes maior também. Logo 𝑚 ∙ 𝑦1(𝑡) deve ser a resposta do sistema à uma excitação 𝑚 ∙ 𝑢1(𝑡). e da superposição dos efeitos: ➢ Seja 𝑦1(𝑡) a resposta de um sistema relativa a um sinal de excitação 𝑢1(𝑡) e 𝑦2(𝑡) a resposta de um sistema relativa a um sinal de excitação 𝑢2(𝑡), então quando houver a soma dos sinais de excitação, deverá haver também a soma dos sinais de resposta respectivos. Logo, a resposta do sistema para a excitação 𝑢1(𝑡) + 𝑢2(𝑡) deve ser 𝑦1(𝑡) + 𝑦2(𝑡). Os sistemas que não obedecem a esses dois princípios são chamados de sistemas não lineares. Os sistemas físicos também podem ser classificados de acordo com o seu comportamento ao longo do tempo. Os sistemas podem ser estáticos (ou instantâneos) quando respondem instantaneamente à uma excitação,sem sofrer interferência das condições anteriores do sistema. Ou podem ser sistemas dinâmicos, foco do estudo da nossa disciplina, quando o comportamento depende de suas condições iniciais. Sistemas invariantes no tempo são aqueles sistemas cujos parâmetros não variam com o tempo, ao contrário dos sistemas variantes no tempo (ou sistemas de parâmetros Modelo matemático de sistemas de controle 6 variáveis). Nosso estudo será focado nos sistemas conhecidos como LIT (lineares e invariantes no tempo). A última classificação que vamos fazer dos sistemas é quanto ao tipo de sua malha, podendo ser um sistema de malha fechada ou sistema de malha aberta. ➢ Sistema de malha fechada: também conhecido como sistema de controle com realimentação, é um tipo de sistema que estabelece uma comparação entre o sinal de saída e a entrada de referência. A diferença detectada entre esses dois sinais é utilizada como meio de controle. O sistema de aquecimento residencial que utilizamos como exemplo anteriormente é um sistema de controle com realimentação. Medindo-se a temperatura real do ambiente e comparando-a com a temperatura de referência (temperatura desejada), o aparelho é ligado ou desligado. Desta maneira, o sinal do erro realimenta o controlador de modo a ajustar o sinal de saída a parâmetros aceitáveis. A figura 2 é uma representação de um sistema com realimentação. Figura 2 Sistema de controle com realimentação (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 6) ➢ Sistema de malha aberta: neste tipo de sistema não existe um sinal de realimentação, então o sinal de saída não exerce nenhuma ação de controle no sistema. Neste caso, o sinal de saída é programado previamente em função do tempo ou em função dos sinais de entrada, mas não consegue reagir a algum distúrbio externo que altere o funcionamento esperado do sistema. São exemplos de sistemas de malha aberta as lavadoras de roupa, que não verificam a qualidade da lavagem entre as etapas de operação, ou ainda, uma luneta posicionada em terra firma, programada para acompanhar uma estrela. Neste caso, se ocorrer algum imprevisto (um terremoto por exemplo) o sistema não irá se reajustar de maneira Modelo matemático de sistemas de controle 7 automática. Na figura 3, podemos ver um exemplo de representação de um sistema com malha aberta. Neste caso um operador ajusta o sistema para produzir 100 volts, mas não se preocupa com verificar se a tensão permanece nesse valor ao longo do tempo de operação. Figura 3 Sistema de malha aberta (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 8) O sistema de controle de malha aberta apresenta algumas vantagens como sua simplicidade e facilidade de manutenção (quando comparado aos sistemas de malha fechada). Desta maneira, são sistemas mais baratos. O problema deste tipo de sistema é que distúrbios no ambiente podem causar erros nos sinais de saída que irão apresentar valores diferentes ao padrão desejado. Além disso, para que a saída tenha um sinal satisfatório, é necessária uma calibração periódica. MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS ELÉTRICOS Vamos relembrar as leis de Kirchhoff das correntes e das tensões. A lei das correntes (lei dos nós) nos diz que a soma algébrica de todas as correntes que entram e saem de um nó é igual a zero. A lei das tensões (lei das malhas) nos diz que, em qualquer instante, a soma algébrica das tensões ao longo de uma malha de um circuito elétrico é igual a zero. Vamos começar a modelagem de sistemas elétricos analisando circuitos RLC. Os circuitos RLC, que podem estar conectados em série ou em paralelo, são constituídos de um resistor (R), um indutor (L) e um capacitor (C). Vamos analisar o circuito RLC em série da figura 4. Figura 4 Modelo matemático de sistemas de controle 8 Circuito RLC em série (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 14) A entrada desse sistema é a tensão u(t) aplicada pelo gerador e a variável de saída do circuito é a corrente i(t). A representação desse sistema através dos diagramas de blocos, comumente utilizada em controle de sistemas, pode ser vista na figura 5. O nosso objetivo agora é relacionar, matematicamente, a variável de saída i = i(t) com a variável de entrada u = u(t). Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff, temos que a soma das tensões na malha é igual a zero, ou seja: 𝐿 ∙ 𝑑𝑖 𝑑𝑡 + 𝑅 ∙ 𝑖 + 1 𝐶 ∫ 𝑖𝑑𝑡 𝑡 0 = 𝑢(𝑡) (1) A variável de saída poderia ser a carga q = q(t) no condensador. Nesse caso a equação que descreveria o comportamento do circuito seria: 𝐿 ∙ 𝑑2𝑞 𝑑𝑡2 + 𝑅 ∙ 𝑑𝑞 𝑑𝑡 + 1 𝐶 ∙ 𝑞 = 𝑢(𝑡) (2) Figura 5 Circuito RLC em série – representação por bloco (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 14) Modelo matemático de sistemas de controle 9 Para circuitos LRC em paralelo, figura 6, considerando o sinal de entrada como a corrente j(t) e o sinal de saída a tensão v(t), o modelo matemático resultante é igual a: 𝐶 ∙ 𝑑𝑣 𝑑𝑡 + 𝐺 ∙ 𝑣 + 1 𝐿 ∫ 𝑣𝑑𝑡 𝑡 0 = 𝑗(𝑡) (3) Figura 6 Circuito RLC em paralelo (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 14) Ao compararmos as equações (1) e (3) podemos notar que ambas têm exatamente o mesmo aspecto e só divergem quanto a notação utilizada para cada um dos parâmetros do sistema. Neste caso, dizemos que esses dois circuitos elétricos são circuitos duais (as equações que descreve um dos circuitos por análise de malhas têm a mesma forma das equações que descreve outro por análise nodal). MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS MECÂNICOS A modelagem matemática de sistemas mecânicos será feita para sistemas com translação. Vamos considerar um sistema massa – mola – amortecedor (Figura 7). Nosso objetivo é descrever os parâmetros de saída (a posição do corpo, por exemplo) em função dos parâmetros de entrada (força por exemplo). Antes de fazermos a análise em um sistema contendo os três componentes (massa, mola e amortecedor) vamos examinar cada um desses elementos separadamente e a associação deles em série e em paralelo. Modelo matemático de sistemas de controle 10 Figura 7 – Sistema massa-mola-amortecedor (Fonte: Ogata, 2010, p. 58) Considere a massa M sob a ação de uma força f(t) e o deslocamento dessa massa x(t) (Figura 8). De acordo com a segunda lei de Newton, temos que: Figura 8 Elementos mecânicos de translação (Fonte: Phillips e Harbor, 1996, p. 35) 𝑓(𝑡) = 𝑀 ∙ 𝑎(𝑡) = 𝑀 𝑑𝑣(𝑡) 𝑑𝑡 = 𝑀 𝑑2𝑥(𝑡) 𝑑𝑡2 (4) onde v(t) é a velocidade e a(t) é a aceleração. No caso dos outros dois elementos, amortecedor e mola (Figura 8), o movimento só pode ser completamente descrito por duas variáveis de deslocamento, uma vez que o Modelo matemático de sistemas de controle 11 ponto superior pode se mover com relação ao ponto inferior. Vamos considerar o amortecedor viscoso B. A equação que descreve o seu movimento é dada por 𝑓(𝑡) = 𝐵( 𝑑𝑥1(𝑡) 𝑑𝑡 − 𝑑𝑥2(𝑡) 𝑑𝑡 ) (5) onde B é o coeficiente de amortecimento. O último elemento de translação a ser modelado é a mola. A equação que define o seu comportamento é a lei de Hooke, que é dada por: 𝑓(𝑡) = 𝐾(𝑥1(𝑡) − 𝑥2(𝑡)) (6) onde K é a constante de elasticidade da mola. No caso em que for observado uma associação de molas ou uma associação de amortecedores, é necessário determinar as constantes K e B equivalentes do sistema. As molas podem estar associadas em paralelo ou em série (Figura 9). Para determinar a constante K equivalente do sistema para molasem paralelo basta proceder da seguinte maneira: Figura 9 Associação de molas em paralelo e em série (Fonte: Ogata, 2010, p. 57) 𝑘1𝑥 + 𝑘2𝑥 = 𝐹 = 𝑘𝑒𝑞𝑥 (7) 𝑘𝑒𝑞 = 𝑘1 + 𝑘2 (8) Para molas em série, a força em cada mola é a mesma, ou seja: 𝑘1𝑦 = 𝐹 (9) Modelo matemático de sistemas de controle 12 𝑘2(𝑥 − 𝑦) = 𝐹 (10) 𝑘2(𝑥 − 𝐹 𝑘1 ) = 𝐹 (11) 𝑘2𝑥 = 𝐹 + 𝑘2 𝑘1 𝐹 = 𝑘1+𝑘2 𝑘1 𝐹 (12) então a constante de elasticidade equivalente do conjunto, 𝑘𝑒𝑞, é dada por: 𝑘𝑒𝑞 = 𝐹 𝑥 = 𝑘1𝑘2 𝑘1+𝑘2 = 1 1 𝑘1 + 1 𝑘2 (13) Para o caso dos amortecedores em paralelo e em série (Figura 10) a análise é análoga ao caso das molas e os resultados são os mesmos (substituindo K por B). Figura 10 – Associação de amortecedores em paralelo e em série (Fonte: Ogata, 2010, p. 57) Assim, 𝐵𝑒𝑞 para amortecedores em paralelo e em série é, respectivamente, igual a: 𝑏𝑒𝑞 = 𝑏1 + 𝑏2 (14) 𝑏𝑒𝑞 = 𝑏1𝑏2 𝑏1+𝑏2 = 1 1 𝑏1 + 1 𝑏2 (15) Vamos tomar como exemplo o sistema massa-mola-amortecedor da figura 11. Nosso objetivo aqui é determinar um conjunto de equação que descreva o comportamento do sistema, ou seja, o seu modelo matemático. Aplicando a segunda lei de Newton, na qual a força resultante do sistema é igual ao produto da massa pela aceleração do corpo, temos que: Figura 11 Modelo matemático de sistemas de controle 13 Sistema de translação mecânica (Fonte: Phillips e Harbor, 1996, p. 37) 𝑓(𝑡) − 𝐾𝑥 − 𝐵𝑣 = 𝑀𝑎 (16) 𝑓(𝑡) − 𝐵 𝑑𝑥 𝑑𝑡 − 𝐾𝑥 = 𝑀 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 (17) E se tivéssemos dois blocos rígidos de massa M, interligados por uma mola? Neste caso não seria possível definir o comportamento do sistema apenas com uma variável x (Figura 12). A posição de um bloco não é suficiente para definir a posição do outro bloco, uma vez que a mola pode estar deformada. Precisa-se então de duas coordenadas para definir completamente o sistema (x1 e x2). O número de variáveis necessárias para se determinar a configuração de um sistema é chamado de grau de liberdade. Na figura 12 temos um sistema com dois graus de liberdade. Modelo matemático de sistemas de controle 14 Figura 12 Sistema com dois graus de liberdade (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 18) Por fim, vamos falar da analogia que pode ser observada nos modelos matemáticos dos sistemas mecânicos e elétricos. Se compararmos os sistemas elétricos RLC-série tendo a corrente como variável de saída e um sistema massa-mola- amortecedor tendo a velocidade como variável de saída, as equações que descrevem esses parâmetros nos sistemas, respectivamente, são: 𝐿 ∙ 𝑑𝑖 𝑑𝑡 + 𝑅 ∙ 𝑖 + 1 𝐶 ∫ 𝑖𝑑𝑡 𝑡 0 = 𝑢(𝑡) (18) 𝑀 ∙ 𝑑𝑣 𝑑𝑡 + 𝐵 ∙ 𝑣 + 𝐾 ∫ 𝑣𝑑𝑡 𝑡 0 = 𝑓(𝑡) (19) Analisando atentamente essas equações, vamos que a única diferença que existe entre elas é a notação. Dizemos então que os sistemas elétricos e os sistemas mecânicos são sistemas análogos. Na tabela 1, podemos ver a analogia entre os parâmetros de um sistema mecânico e dos sistemas RLC em série e em paralelo. Como os sistemas são análogos e o modelo matemático que descreve o comportamento do sistema sempre tem um correspondente em outro tipo de sistema, os sistemas mecânicos podem ser esquematizados como sistemas elétricos análogos e vice-versa. Vejamos um exemplo. Modelo matemático de sistemas de controle 15 Tabela 1 Analogia entre os sistemas elétricos e mecânicos (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 18) Considere um sistema mecânico formado por duas massas, interligadas por uma mola, sujeitas a atrito viscoso (mesmo modelo matemático dos amortecedores que vimos até aqui) e uma força externa f(t) (Figura 13). Figura 13 Sistema mecânico (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 18) Considerando as condições iniciais do sistema nulas e que o sistema parte do repouso, temos que o modelo matemático que define o sistema é dado por: 𝑀1 ( 𝑑𝑉1 𝑑𝑡 ) + 𝐵1𝑉1 + 𝐾1 ∫ (𝑉1 − 𝑉2)𝑑𝑡 = 𝑓(𝑡) 𝑡 𝑜 (20) 𝑀2 ( 𝑑𝑉2 𝑑𝑡 ) + 𝐵2𝑉2 + (𝐾1 + 𝐾2) ∫ 𝑉2𝑑𝑡 − 𝐾1 ∫ 𝑉1𝑑𝑡 𝑡 0 = 0 𝑡 𝑜 (21) Com o auxílio da tabela de analogia, podemos ver que, para a analogia com sistemas elétricos RLC em série, a representação de um circuito análogo seria o circuito representado na figura 14 e a equação análoga seria: 𝐿1 ( 𝑑𝑖1 𝑑𝑡 ) + 𝑅1𝑖1 + 1 𝐶1 ∫ (𝑖1 − 𝑖2)𝑑𝑡 = 𝑒(𝑡) 𝑡 𝑜 (22) Modelo matemático de sistemas de controle 16 𝐿2 ( 𝑑𝑖2 𝑑𝑡 ) + 𝑅2𝑖2 + ( 1 𝐶1 + 1 𝐶2 ) ∫ 𝑖2𝑑𝑡 − 1 𝐶1 ∫ 𝑖1𝑑𝑡 𝑡 0 = 0 𝑡 𝑜 (23) Figura 14 Circuito elétrico análogo ao sistema mecânico (Fonte: Maya e Leonardi, 2014, p. 19) Modelo matemático de sistemas de controle 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAYA, Paulo Álvaro; LEONARDI, Fabrizio. Controle essencial. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. OGATA, Katsuhiko. Engenharia de controle moderno. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. PHILLIPS, Charles L.; HARBOR, Royce D. Sistemas de controle e realimentação. 1. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.
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