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Diabetes prévia e gestacional 1 Diabetes prévia e gestacional Diabetes gestacional Definição Distúrbio do metabolismo de carboidratos → hiperglicemia decorrente de defeitos na produção e/ou ação da insulina Doença sistêmica, crônica - lesões em diversos órgãos (rins, olhos, vasos sanguíneos). Classificação TIPO 1 → resulta da destruição de células beta pancreáticas, causando absoluta deficiência de insulina; origem auto imune TIPO 2 → resulta da diminuição da secreção de insulina, com concomitante aumento da resistência periférica a esse hormônio DIAGNÓSTICO NA GESTAÇÃO (DMDG) → quando o diagnóstico de DM é feito na gestação, também chamado de Overt diabetes, glicemia jejum ≥ 126 mg/dL GESTACIONAL (DMG) → intolerância aos carboidratos em seus diversos graus, com glicemia de jejum entre 92-126mg/dL Prevalência No Br, estima-se a prevalência da DMG em mulheres com mais de 20 anos, atendidas no SUS, é de 20%. 94% apresentando apenas tolerância diminuída à glicose e 6% apresentando hiperglicemia no nível do diabetes fora da gravidez. Fatores de risco para DMG Idade materna ≥25 anos HAS Obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual História familiar e/ou pessoal positiva Intolerância à glicose anterior à gravidez Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, pré- eclâmpsia na gravidez atual Antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal, de macrossomia ou de DMG Síndrome dos ovários policísticos Uso de corticoide Tabagismo Sedentarismo Risco aumentados para a gestante Pré-eclâmpsia Maior ganho ponderal Infecções do TU Vulvovaginites Infecção puerperal e óbito Risco aumentados para o feto INTRA-ÚTERO: Abortamento Polidrâmnio Macrossomia e RN GIG Anomalias congênitas RCIU → restrição de crescimento intra-uterino (<10%) Óbito fetal APÓS O PARTO: Hipoglicemia Policitemia Hipocalcemia e hiperbilirrubina Prematuridade Síndrome do desconforto respiratório Mortalidade perinatal Diabetes prévia e gestacional 2 Fisiopatologia 1. 1° TRIMESTRE → sem modificações 2. >24 SEMANAS → aumento de hormônios contra insulínicos e aumento da resistência periféricas à insulina (lactogênio placentário) 3. 2° e 3° TRIMESTRES → aumento dos hormônios placentários (estrogênio, progesterona e somatotrofinas); estimulam células B pancreáticas, com aumento da produção de insulina; antagonizam a ação da insulina, com aumento da resistência periférica, o que também aumenta a produção de insulina. obs.: hiperglicemia materna = hiperinsulinemia fetal obs.: mãe sem comer por muito tempo = feto quebra AG = acidose fetal e óbito Diagnóstico 2010 → diferenciação do DM e do DMG (overt diabetes) MS → glicemia de jejum na primeira consulta pré-natal GLICEMIA JEJUM ≥126 = DMDG ou DM prévio GLICEMIA JEJUM ENTRE 92-125 = DMG Para pacientes com <92, fazer TOTG 75mg entre 24-28 semanas: Glicemia de jejum <92mg Após 60 minutos <180mg Após 120 minutos <153 Valores acima = DMG. obs.: se GJ ≥126 ou 2h ≥200 = DMDG ‼ Na impossibilidade de rastreamento com TOTG, fazer glicemia de jejum e considerar os valores do 1° trimestre Diabetes prévia e gestacional 3 Segmento pré-natal Avaliação inicial para todas as diabetes (1, 2, DMG, DMDG) 1. Conversar sobre manejo da DM na gestação e riscos do descontrole glicêmico 2. Idade de inicio do DM (em DM1) 3. Hábitos nutricionais e atividade física 4. Questionar como estava e como era feito o controle do DM 5. Medicações utilizadas 6. Frequência/gravidade dos episódios de hipoglicemia 7. Complicações do DM 8. Antecedentes obstétricos. Além disso: Anamnese e exame físico completo Solicitar exames de rotina do pré-natal Avaliação fetal Retornos semanais ou quinzenais Avaliação fetal Ultrassonografia inicial para determinar IG Ultrassonografia morfológica de 1° e 2° trimestre. US obstétrico mensal deve ser iniciada a partir de 24 a 28 sem, para rastreamento de macrossomia fetal. Ecocardiograma fetal → somente em DM1; 26 a 28 semanas Vitalidade fetal → a dopplervelocimetria da artéria umbilical (DAU) não tem indicação no DMG (somente nesta), exceto em casos específicos de comorbidades associadas que representem risco de insuficiência placentária O perfil biofísico fetal simplificado ( PBF) – cardiotocografia sem estresse (de repouso) + avaliação do líquido amniótico – método mais comumente utilizado obs.: EcoECG entre 26-28 semanas → diabetes tipo 1 DM tipo 1 na gestação ‼ Glicemia jejum ≥126mg/dl. Avaliação inicial Diabetes prévia e gestacional 4 Idade do aparecimento da doença Quadro clínico Orientações para anticoncepcionais Controle glicêmico adequado, visto que o descontrole durante a gestação está associado a aumento da incidência de complicações fetais e neonatais Medicações e doses utilizadas obs.: verificar fundo de olho para estimar estado renal Exames complementares Hemoglobina glicada Urocultura Perfil lipídico Ácido úrico Avaliação de lesões em órgãos alvo Fundoscopia Avaliação odontológica ECG e ecocardiograma Avaliação da função renal, ureia, creatinina, proteinúria 24h TSH, anti-TPO, T4I Tratamento 1. Dieta → 1800-2200 cal, fracionadas em 6 refeições, café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia; constituídas de 50% de carboidratos, 30-35% lipídeos, 15-20% proteínas; nutricionista; adoçantes com preferência os naturais, como Stevia e Sucralose 2. Exercícios físicos → orientado por educador físico, importante avaliar a glicemia capilar antes de iniciar; quando glicemia <100, deve realizar um lanche antes; quando glicemia >200, a atividade deve ser suspensa pelo risco de cetoacidose; incentivar a prática de atividade física, mesmo fora da gestação 3. Monitorização glicêmica: Glicemia capilar diária em 7 períodos específicos → jejum, pós café, pré e pós almoço, pré e pós jantar e madrugada (3h) NORMAL: GJ = 70-95mg/dl Pós café, almoço e jantar = 70-140mg/dl Pré prandial e madrugada = 70-100mg/dl ‼ Controle adequado quando, no mínimo, 70% dos valores estão dentro dos referidos. Solicitar Hb glicada para avaliar o controle glicêmico dos últimos 4 meses. 4. Insulinoterapia: Paciente já inicia o pré-natal fazendo uso de insulina → introduzir insulina NPH com esquema de 3 doses (café, almoço e as 22 hrs), associado a insulina ultrarrápida nas principais refeições (café, almoço e jantar) Para as gestantes que por ventura chegar sem uso de insulina, calcular dose inicial: Primeiro trimestre = 0,6u/kg/dia Segundo trimestre = 0,8u/kg/dia Terceiro trimestre = 1,0 u/kg/dia Assistência ao parto DURANTE O TRABALHO DE PARTO: Diabetes prévia e gestacional 5 Infusão de SG5% (60ml/hr ou 20 gotas/min), iniciar a partir de 8h de jejum Glicemia capilar a cada 2h (meta glicêmica 70-140 mg/dl): Hipoglicemia → aumentar a velocidade de infusão Hiperglicemia → correção conforme destro: 141-199 = 2UI 200-249 = 4UI 250-299 = 6UI Glicemia capilar >200mg/dl, pesquisar cetoacidose diabética. Puerpério Dieta específica para diabético mantida Dose de insulina deve ser ajustada, em razão da diminuição dos hormônios hiperglicêmicos → retornar ao esquema insulínico usado antes da gestação Paciente deve ser orientada a continuar a fazer glicemia capilar → caso glicemia capilar <100mg/dl, deve realizar lanche antes da amamentação. Amamentação Glicemia capilar antes de iniciar amamentação Caso glicemia inferior a 100mg/dl, deve realizar um lanche Caso necessário, diminuir a dose do hipoclicemiante ou da insulina. DM tipo 2 ou DMDG na gestação ‼ Glicemia jejum ≥126mg/dl. Solicitar Hb glicada a fim de averiguar o estado metabólico nos últimos 4 meses. Avaliação do risco de malformações. Tratamento Baseado na tríade → dieta + exercícios físico + controle glicêmico Orientação das gestantes para aderir ao tratamento. As orientações específicas seguem o mesmo esquema da DM1. Insulinoterapia Utilizar insulina de ação lenta e se necessário associar a de ação rápida e ultrarrápida. DOSES → 0,5 x peso /dia Dose diária dividida em 2ou 3 tomadas → 2/3 de manhã e 1/3 a noite; ou 1/3 manhã, 1/3 almoço e 1/3 noite. Diabetes prévia e gestacional 6 GJ = 85 1H PÓS REFEIÇÃO= 140 2H APÓS REFEIÇÃO = 120 Assistência ao parto Via de parto de indicações obstétrica. Momento ideal, segue mesmo critério das DM1. Com bom controle glicêmico = 40 semanas Situações particulares = a partir de 37 semanas. Puerpério Confirmação de DM2 em casos duvidosos. Paciente deve ser encaminhada ao endócrino. Manter dieta para diabéticos. Adequação das medicações utilizadas. Pacientes que utilizavam hipoglicemiantes orais antes da gestação deve voltar ao uso da medicação na dose que utilizava antes de engravidar. Complicações do DM1 e DM2 sem controle Macrossomia fetal Malformação fetal → síndrome da regressão caudal Distócia de espaduas. Restrição de crescimento fetal devido lesão vascular previa Sofrimento fetal → hipóxia Morte fetal intra útero Prematuridade Síndrome da regressão caudal DM prévio sem controle. Defeito no mesoderma → agenesia coccígea podendo acometer até vértebras torácicas; agenesia espinhal severa Associação com mal formação: urinária, digestória, déficit neurológico, situs inversus e ureter duplo. Diabetes gestacional - DMG ‼ GJ = 92-126mg/dl Aumento do risco de macrossomia. Iniciar tratamento rapidamente. Não necessita de tratamento após o parto Seguimento pré-natal Segue mesmos critérios do DM1 e DM2 Anamnese e exame físico completo Solicitar exames de rotina do pre natal. Avaliação fetal. Retornos semanais ou quinzenais. Tratamento OBJETIVOS: Alcançar e manter as metas glicêmicas Evitar cetose Diabetes prévia e gestacional 7 Garantir adequado ganho de peso materno e desenvolvimento fetal Prevenir os desfechos perinatais adversos ‼ O tratamento clínico deve ser instituído logo após o diagnóstico. Medidas não farmacológicas DIETA: 40-55% carboidratos; 15-20% proteínas; 30-40% lipídeos ATIVIDADE FÍSICA → recomenda-se a caminhada orientada – de intensidade moderada, 5 ou mais dias na semana, por 30 a 40 minutos Medidas farmacológicas INSULINA → 1° escolha NPH → de origem humana e ação intermediária Doses insulina NPH → 0,5 UI/kg/dia, fracionada em duas a três aplicações (2/3 de manha e 1/3 a noite ou 1/3 de manha, 1/3 almoço e 1/3 a noite) Entrar com insulina R quando chegar na dose máxima de NPH. Regular → de origem humana e ação rápida Hipoglicemiantes orais → metformina e glibenclamida ‼ Ainda não estão liberados para uso na gestação, devido a falta de evidências sobre repercussões ao longo da vida das crianças que sofreram exposição intrauterina a essas drogas Controle glicêmico A meta é alcançar e manter níveis de normoglicêmicos. Em tratamento não farmacológico: Fazer controle 3x ao dia considerando: GJ = ate 95mg/dl 1h após almoço e jantar = ate 140mg/dl 2h após almoço e jantar = ate 120mg/dl Em tratamento farmacológico Fazer controle 6 x ao dia sendo → jejum, antes do almoço, pós almoço, antes do jantar, pós jantar e madrugada. ‼ Controle adequado = 70% dos valores normais. Indicação e assistência ao parto MOMENTO E TIPO DE PARTO → a via de parto é sempre de indicação obstétrica; o momento ideal obedece as seguintes considerações: Com bom controle glicêmico = 40 semanas Situações particulares = a partir de 37 semanas.
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