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DESCRIÇÃO Evolução histórica da Ginástica Geral e Artística no Brasil e no mundo, suas estruturas organizacionais e as modalidades que as integram. PROPÓSITO Conhecer a estrutura da Ginástica Geral e da Ginástica Artística prepara o profissional para trabalhar com essas modalidades, junto a diversos tipos de público, seja na escola ou fora dela. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os métodos ginásticos com origem e desenvolvimento no continente europeu e a Ginástica para Todos MÓDULO 2 Reconhecer o processo de desenvolvimento da Ginástica Artística e da Ginástica para Todos no Brasil MÓDULO 3 Reconhecer a estrutura organizacional e as modalidades contemporâneas da ginástica INTRODUÇÃO A evolução histórica da ginástica confunde-se com a própria evolução da humanidade. Os movimentos ginásticos, antes realizados em festividades, jogos e rituais religiosos, passaram a integrar o treinamento militar na formação de corpos saudáveis para a guerra. No continente europeu, houve diversas tentativas de sistematização dos movimentos ginásticos numa intenção de treinar tropas para a guerra, assim como de consolidar os ideais higienistas vigentes na época. Em consequência, surgiram diversos métodos no continente, com maior destaque para os métodos sueco, alemão e francês, que serão explorados no Módulo 1. No Módulo 2, serão descritos aspectos históricos do desenvolvimento das modalidades da Ginástica Geral e Ginástica Artística no Brasil, passando por todo o processo de institucionalização da ginástica brasileira, desde a chegada de imigrantes alemães na região Sul do país. Por fim, no Módulo 3, serão apresentadas as modalidades de ginástica da contemporaneidade que integram o quadro da Federação Internacional de Ginástica: a Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica de Trampolim, Ginástica Acrobática, Ginástica Aeróbica e o Parkour. MÓDULO 1 Identificar os métodos ginásticos com origem e desenvolvimento no continente europeu e a Ginástica para Todos A GINÁSTICA DA ANTIGUIDADE AO RENASCENTISMO Etimologicamente, a palavra ginástica é de origem grega, significando “a arte de exercitar o corpo nu” (PETIOT, 1982, p. 218). Desde a Antiguidade, praticam-se tarefas acrobáticas e funambulescas, que evoluíram no decorrer dos tempos. Um exemplo característico dessas atividades é a ginástica de solo, inicialmente, praticada em danças sacras por antigos povos e que pouco a pouco foi se distinguindo, até se transformar em atividade isolada. A partir de então, passou a ser praticada por saltimbancos no Egito, na Grécia e na Roma Antiga para, gradativamente, difundir-se por toda a Europa e, provavelmente, também pela Ásia. A GINÁSTICA, ASSIM, TEM ORIGENS NA ANTIGUIDADE. HÁ ESCRITOS DANDO CONTA DE MOVIMENTOS GINÁSTICOS SENDO REALIZADOS JÁ POR VOLTA DE 2600 A.C., ESPECIALMENTE, EM CIVILIZAÇÕES ORIENTAIS, COMO PARTE DE FESTIVIDADES, JOGOS E RITUAIS RELIGIOSOS. Contudo, pode-se dizer que foi na Grécia que a ginástica ganhou destaque, a partir de valores como a busca de equilíbrio entre corpo e mente e ideais estéticos e harmoniosos de beleza humana. Para os gregos, a ginástica significava atividades físicas em geral, tais como corridas, lançamentos, saltos, lutas etc. Já a civilização romana retomou a discussão da ginástica como elemento da formação dos jovens, mas com foco na preparação militar. Na Antiguidade Clássica (civilizações grega e romana), a ginástica assume as características de teoria e prática. Aristóteles (384-322 a.C.) já fazia menção a uma ciência ginástica, considerando-a dedicada a estudar quais tipos de movimentos corporais seriam benéficos, dependendo da constituição dos indivíduos. Platão (427-347 a.C.) também escreveu em sua obra A República o que se considera uma das primeiras teorias da ginástica. Embora não refletisse a prática da época, o pensamento de Platão teve influência importante na forma pela qual diversos autores conceberam os movimentos ginásticos posteriormente. Em síntese, na Grécia Antiga, reconheciam-se dois tipos de ginástica: a) Orquéstrica, com o objetivo de atingir o bom estado físico e desenvolver a agilidade e a beleza das formas dos movimentos corporais. b) Paléstrica, relacionada com tudo que depende da luta e da aquisição de boa saúde. Na Antiguidade Romana, são também encontradas contribuições para o que se poderia chamar de “teoria da ginástica”. Os movimentos corporais sistematizados e construídos eram entendidos como meio para provocar efeitos específicos no corpo humano. Além do uso da ginástica no treinamento dos gestos para uso na oratória, os romanos alcançaram notáveis desempenhos na ginástica em duas esferas: TREINAMENTO MILITAR TREINAMENTO ATLÉTICO Outra grande contribuição da Civilização Clássica para o campo da ginástica deu-se no que se entende atualmente como ginástica médica ou terapêutica. Essa vertente baseia-se sobretudo no pensamento de Cláudio Galeno (129-199). Em seu entender, haveria ainda uma espécie de predisposição dos indivíduos às doenças, em função de sua constituição, temperamento e comportamento. Assim, era defendida a realização de movimentos corporais como estratégia para prevenir e, em alguns casos, tratar afecções de saúde. Durante a Idade Média, a rejeição do culto à beleza física e o ascetismo religioso resultou na perda da importância da prática dos movimentos ginásticos. Isso seria retomado com o advento do Renascentismo, em virtude da revalorização e retomada das referências filosóficas e culturais da Antiguidade Clássica. No século XVI, a valorização da ginástica pode ser encontrada na obra de muitos pensadores, contribuindo para a sua reafirmação nos âmbitos pedagógico, terapêutico, militar e estético. Dentre estes, pode-se destacar os franceses François Rabelais (1493-1533), Michel de Montaigne (1533-1592) e Francis Bacon (1561- 1626), além do italiano Jeronimus Mercurialis (1530-1606), autor da obra Da Arte Ginástica, publicada em Veneza no ano 1569. Mercurialis vinculava a verdadeira ginástica à terapêutica, advogando que a preservação da saúde resultaria de bons cuidados com corpo, notadamente a realização de trabalhos físicos moderados. Aliás, a partir da obra de Mercurialis, o termo ginástica passaria a se estender à totalidade das atividades físicas sistematizadas e, por consequência, “à teoria dos efeitos de todos os exercícios e sua execução” (BEYER, 1992, p. 263), abrangendo desde exercícios militares até práticas esportivas. O MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU Ao longo do século XIX, em diversos países, a ginástica passou por um processo de sistematização que ficou conhecido como Movimento Ginástico Europeu. Esses movimentos resultaram de necessidades do Estado em preservar a saúde das populações como força de trabalho e reserva militar, sob a égide das ideias sanitaristas. O Movimento Ginástico Europeu contribuiu para reformular a sociedade europeia, difundindo preceitos higienistas, nacionalistas, pedagógicos e morais por meio da prática da ginástica. Apesar de os métodos resultantes desse processo compartilharem características básicas, revestiram-se de características específicas, de acordo com os interesses e realidades dos países em que se desenvolveram. Isso ocorreu de forma bastante dinâmica e trouxe uma rica diversidade de práticas e conceitos, o que resultou não apenas na estruturação e na sistematização da ginástica no século XIX, mas também nas origens da ginástica atual. Os movimentos ginásticos, de modo geral, coadunavam-se com a onda nacionalista daquele período e com as ideias sanitaristas que predominavam em saúde pública. Via de regra, as propostas pretendiam romper os vínculos da ginástica com práticas corporais populares, além de disciplinar a população moral e fisicamente. Costuma-se classificar os métodos ginásticos a partir das regiões em que tiveram origem. Modernamente, consideram-se como básicas três doutrinas de ginástica: a sueca, a alemã e a francesa. Esses métodos foram os precursoresdas modalidades atuais da ginástica. Método Sueco e Método Dinamarquês Sob a influência de Pehr Henrik Ling (1776-1839), a Suécia deu os primeiros passos na direção de uma doutrina própria de ginástica. O propósito era combater vícios sociais (como o alcoolismo) e contribuir com o desenvolvimento de cidadãos saudáveis e úteis à pátria (trabalhadores e soldados). O Movimento Sueco, portanto, tinha uma ênfase pedagógica e social. Na doutrina sueca, o termo “ginástica” designava, inicialmente, os exercícios de formação corporal para a educação e a manutenção da saúde. Imagem: Gardon / Wikimedia Commons / Domínio Público Pehr Henrik Ling (1776-1839). Dentre os fundamentos da ginástica sueca, destacam-se: A importância de se calcar nas necessidades e características de funcionamento do organismo humano. O desenvolvimento harmônico do corpo atuando sobre suas partes. GINÁSTICA PEDAGÓGICA GINÁSTICA MÉDICA GINÁSTICA MILITAR GINÁSTICA ESTÉTICA GINÁSTICA PEDAGÓGICA Destinava-se a todas as pessoas, visando prevenir doenças, vícios e defeitos posturais, além de contribuir para o desenvolvimento normal dos indivíduos. GINÁSTICA MÉDICA Era estreitamente ligada à pedagógica, com propósito específico de evitar e/ou tratar vícios e defeitos posturais. GINÁSTICA MILITAR Tinha características similares às anteriores, acrescidas de exercícios de preparação para a guerra. GINÁSTICA ESTÉTICA Valia-se da dança e de movimentos suaves para proporcionar beleza e graça ao corpo. A integração de processos educativos, científicos e estéticos, reconhecendo-se quatro categorias principais de intervenção, as ginásticas: pedagógica, médica, militar e estética. As sessões de treinamento incluíam exercícios sem aparelhos, de fácil execução e revestidos de compromisso estético, além de saltos no cavalo, cambalhotas, jogos ginásticos, patinação e esgrima. Além disso, adotava-se uma rígida organização sequencial, além de combinar-se as atividades a cantos alegres para motivação dos praticantes. Foto: Okänd / Wikimedia Commons / Domínio Público Espaço para ginástica no Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (1900). RESUMINDO Em suma, o Método Sueco: Tem por base um sistema rígido para o desenvolvimento harmônico do corpo. Busca atingir todos os públicos. Aplica exercícios analíticos simétricos de fácil execução e dificuldade progressiva. Não faz uso de aparelhos. Combina os exercícios a comandos pela voz ou música. O sucesso da doutrina sueca fez com que o método se estendesse a outros países escandinavos, como Dinamarca, Noruega e Finlândia. Em particular, na Dinamarca, o Método Sueco passou por transformações e passou a ser chamado de Ginástica Racional, devido à sua sistematização com base na ciência e em objetivos perfeitamente definidos em categorias. No entanto, foi considerado por Niels Bukh (1880-1950) excessivamente rígido em relação aos exercícios realizados, por demais fundamentados em posições predefinidas. Desenvolveu-se, com isso, a Ginástica Básica Dinamarquesa ou Método Dinamarquês, em muito similar ao Método Sueco no que tange aos propósitos e princípios, porém assemelhando-se mais a uma Ginástica de Movimento do que a uma Ginástica de Posições. Da mesma forma que o Método Sueco, permeava na Escola Dinamarquesa o desejo de desenvolver moral e fisicamente a população, principalmente, com propósitos militares. Foto: Carl Slej/ Wikimedia Commons / Domínio Público Bukh criou uma expressiva escola de treinamento físico, na qual os ginastas executavam movimentos graciosos, rápidos e ritmados. Os exercícios eram subdivididos em categorias, conforme o objetivo de desenvolver a força muscular, a flexibilidade ou a destreza (velocidade, habilidade e coragem) de forma geral. Além disso, os movimentos eram executados como em nenhuma outra escola ginástica, em coreografias que se aproximam das modernas modalidades de Ginástica Acrobática e dança moderna. Interessantemente, a Dinamarca foi o primeiro país a implantar a ginástica como atividade escolar obrigatória. Desse modo, o Método Dinamarquês tem como característica: Movimentos suaves, contínuos e harmônicos. Exercícios com e sem aparelhos, com exercícios geradores de força muscular, flexibilidade e destreza. Forte motivação política. Outro método que decorreu das propostas de Pehr Henrik Ling foi a Ginástica de Calistenia, do grego kallistenés (kallós: belo; sthenos: força). Não se trata exatamente de um sistema de ginástica, mas sim de sequências de exercícios ginásticos analíticos ou localizados (separação por partes) com fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos, que podem fazer parte de qualquer sistema ginástico. Caracteriza-se por número elevado de repetições com contração máxima. Os exercícios completamente analíticos isolam as partes do corpo, prevenindo acidentes ou lesões. Foto: Shutterstock.com Flexão: exemplo de exercício de calistenia. Com o tempo, a calistenia incorporou características motivacionais ausentes da ginástica sueca ou dinamarquesa, como a motivação através da música e a variação de exercícios, que permanece até os dias atuais. A calistenia teve grande impacto no Brasil, sobretudo por influência da Associação Cristã dos Moços (ACM), que a introduziu no país em fins do século XIX. javascript:void(0) ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DOS MOÇOS (ACM) As ACMs são ramificações da Young Men’s Christian Association (YMCA), fundada em 1844. A YMCA tinha por objetivo oferecer trabalho e ser uma opção às ruas para os jovens. A prática de esportes e ginástica era amplamente incentivada nessas instituições. Foto: Shutterstock.com Ginástica de Calistenia. Método Alemão Uma região onde os movimentos nacionalistas assumiram especial expressão foi a atual Alemanha (então Prússia), uma vez que, no século XIX, o país ainda não tinha sido unificado e vivia em estado de beligerância com seus vizinhos. O desenvolvimento da ginástica, portanto, coadunava-se com esse ambiente, tendo como principal objetivo preparar os cidadãos para a defesa da pátria. O Método Alemão apoiou-se sobretudo nos trabalhos de Johann Christoph Friedrich Guts-Muths (1759-1839), Adolph Spiess (1810-1858) e Friedrich Ludwig Jahn (1778- 1852). Imagem: Autor desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público / Autor desconhecido: A presente imagem é regida pelos termos do art. 45, inciso II, da Lei nº 9.610/1998. Fica reservado ao autor eventual direito de se manifestar sobre a autoria. Guts-Muths (1759-1839). Guts-Muths foi considerado o precursor da ginástica pedagógica, a qual deveria ser organizada pelo Estado e praticada todos os dias por todos os cidadãos. No manual Gymnastik für die Jugend (1793), o pensador propunha exercícios físicos sistematizados que, ao serem praticados em contato com os elementos naturais, recuperariam a população de uma degenerescência física e moral advinda da vida nas cidades. Imagem: Leonard, Fred Eugene / Wikimedia Commons Adolph Spiess (1810-1858). Spiess estendeu essa preocupação à formação mais geral das crianças e dos jovens, advogando que a ginástica deveria ser inserida nas escolas e alcançar o mesmo patamar de importância que as demais disciplinas. Imagem: Lithograph Georg Ludwig Engelbach/ Wikimedia Commons / Domínio Público Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852). Jahn foi um pedagogo e ativista político, sendo considerado o principal responsável pela disseminação do Método Alemão entre os indivíduos. Imprimiu à ginástica um caráter militarista e extremamente patriótico. Jahn, considerado o “pai da Ginástica”, tendo atuado como professor polivalente em Berlim, no Instituto Plamann e adotando o nome de Friedrich em suas publicações, estudou Teologia, História e Linguística, além de trabalhar em várias obras, dentre elas Costumes Alemães e A Arte da Ginástica, nas quais se posicionou em relação à Ginástica Patriótica, ressaltando a importância da resistência corporal. Com o objetivo de preparar os jovens para aguerra, particularmente ancorado no desejo de expulsar as tropas invasoras de Napoleão e promover a unificação do império germânico, Jahn concebeu um sistema de exercícios que se valia dos elementos naturais da floresta de Hasenheide (campo dos coelhos), nos arredores de Berlim, além de aparelhos específicos para a sua prática. Eram criados percursos com vários obstáculos que deviam ser vencidos com habilidades específicas e força corporal. O nacionalismo extremo de Jahn fez com que cunhassem o termo Turnen (arte da destreza, ou dar meia volta, torcer, mexer, comandar, manobrar ou um grande desejo de movimento), em substituição à palavra de origem grega Gymnastik. Posteriormente, as atividades ficam conhecidas como Turnen ou, ainda, Vaterlandisch Turnen (Ginástica Patriótica). Os exercícios tinham objetivos que transcendiam a forma física, revestindo igualmente de caráter moral: alcançar autoconfiança, autodisciplina, independência, lealdade e obediência. Essas eram as metas a serem atingidas. Imagem: Mirt Alexander / Shutterstock.com Ilustração de um selo alemão em homenagem aos 200 anos da ginástica local de Friedrich Ludwig Jahn. As atividades do Turnen foram sendo sistematizadas aos poucos, até que, em 1811, foi criado o primeiro ginásio ao ar livre (Turnplatz). Como no inverno, a permanência em ambientes abertos não era possível, estabeleceu-se no mesmo parque um espaço fechado, criando-se com isso os primeiros aparelhos de ginástica. Apesar do caráter nacionalista, como método ginástico, o Turnen de Jahn enfatizava que se deveria fugir da rigidez escolar, e que as atividades não deveriam reproduzir as características de treinamentos militares. Antes, defendia-se que consistisse em ferramenta popular de educação, atribuindo importância à formação corporal em contraposição à espiritualização exclusiva. Os exercícios aplicados foram descritos em um de seus livros, Die Deutsche Turnkunst (1816), destacando-se o seguinte: Caminhar, correr, saltar ou pular (pular corda, saltos em altura, profundidade, distância e com vara). Balançar (salto sobre o cavalo, balanço de pernas e exercícios de montar e desmontar sobre o cavalo). Equilibrar-se, exercícios em barra fixa (balanço e sustentação) e barras paralelas (flexionar/estender os braços e movimentos de balanço). Escalar, arremessar, puxar e empurrar, levantar e transportar, alongar-se, lutar, exercícios acrobáticos com e sem aparelhos. A unificação da Alemanha e a defesa contra os ataques de Napoleão, que derrotara a Prússia em Yena (1806), incentivaram e aumentaram os seguidores de Jahn. A ampliação do movimento Turnen fez com que adultos e jovens passassem a procurar a Hasenheide, sendo os alunos divididos em grupos segundo idade, categoria e capacidade. A participação de Jahn na preparação e execução da luta nacional de libertação contra o domínio napoleônico (1813-1815) foi decisiva. Estudantes universitários e ginastas em geral atenderam ao apelo nacionalista do Turnen e alistaram-se como voluntários na defesa do país. Porém, as grandes expectativas do povo alemão em relação à unificação do país no Congresso de Viena, depois da vitória sobre Napoleão, acabaram não se concretizando. Isso deu ensejo, principalmente entre os estudantes, a um movimento de oposição visando à construção da unidade alemã. A Ginástica, então, começava a inserir-se no cenário político-cultural daquele país. Se durante a guerra o Turnplatz foi destruído por vândalos e a quantidade de ginastas reduziu-se, em 1814 iniciou-se um processo de reconstrução e, em 1817, o campo ampliado podia acomodar de 1.400 a 1.600 ginastas. SAIBA MAIS Um Festival de Ginástica (Deutsches Turnfest) foi criado em comemoração à vitória na batalha de Leipzig (1814), realizado em 18 de outubro. Esses festivais eram orientados para a confraternização e a ludicidade, atraindo milhares de pessoas, passando a ser reproduzidos também em outros países. O sucesso de Jahn e seus seguidores praticantes do Turnen, que não apoiavam o regime vigente, fez com que, por motivos políticos, sua prática fosse proibida pelo governo prussiano. Ninguém mais poderia utilizar o campo e, por ordens superiores, deveriam encerrar-se todas as atividades de ginástica. Proibidas as atividades ao ar livre, os praticantes continuaram a exercê-las em locais fechados, reestruturando os aparelhos para locais tão pequenos quanto porões. Jahn foi perseguido por seus discursos em 1817, condenando a presença francesa na Prússia, sendo aprisionado entre 1819 e 1825 e então recluso à prisão domiciliar. Ele foi liberado em 1825, mas não podia ter contato com estudantes. Em 1842, foi totalmente redimido como cidadão e condecorado como herói. O imperador Frederico Guilherme IV aprovou proposta de ministros, no sentido de que os exercícios corporais fossem reconhecidos como parte indispensável da educação dos jovens e adotados no programa de educação popular. O sistema ginástico de Jahn passou a ser obrigatório em todas as escolas alemãs. Aceita-se, atualmente, que o Método Alemão lançou as bases do que se conhece pela modalidade competitiva atual da Ginástica Artística, tendo igualmente constituído a base para a estruturação da Ginástica Moderna, atual Ginástica Rítmica. VOCÊ SABIA A proibição do Turnen durou 22 anos (1820 a 1842) sendo chamada de “bloqueio ginástico”. Como consequência desse bloqueio, vários seguidores de Jahn partiram para o exílio, difundindo o Turnen por todo o mundo. Destaca-se entre eles Ernst Wilhelm Bernhard Eiselen (1792-1846), que teve atuação fundamental para salvar a Ginástica como método sistematizado durante essa época crítica. Em 1825, Eiselen abriu um salão de esgrima e em 1828 um salão para ginástica, ele também foi responsável por estimular a ginástica para moças. O crescente movimento ginástico na Europa promoveu a criação de várias federações nacionais, sendo a primeira delas a Sociedade Federal de Ginástica da Suíça, fundada em 1832, seguida pelas federações nacionais da Alemanha (1860), da Bélgica (1865), da Polônia (1867), da Holanda (1868) e da França (1876). Em 1881, foi fundada a Federação Europeia de Ginástica que, em 1921, transformou-se na Federação Internacional de Ginástica (FIG), órgão que rege a modalidade até hoje. RESUMINDO Em suma, o Método Alemão: Método Francês O Método Francês teve como base as ideias de Jahn e Guts-Muths, apresentando-se como instrumento de formação moral e patriótico. Contudo, tinha também preocupação com o desenvolvimento da sociedade em geral. Apesar de reconhecer o caráter utilitário da ginástica e a necessidade de uma base científica, buscava-se o desenvolvimento de forma mais geral, através de movimentos naturais que contribuíssem com o incremento da força física, destreza, agilidade e resistência. Os principais pensadores da escola francesa de ginástica foram Francisco de Amoros e Ondeaño (1770-1848), George Demeny (1850-1917) e, principalmente, George Hébert (1875-1957). Amoros apoiava-se nas ideias médicas vigentes, negando intervenções empíricas e defendendo uma ginástica de caráter unicamente utilitário. O médico francês Fernand Lagrange (1846-1909), por exemplo, declarava que a higiene nos exercícios não residia em esforço extenuante, mas, ao contrário, era trabalho contínuo e calculado. A prática dos exercícios, portanto, estaria atrelada à especificidade de seus objetivos. Por isso, os métodos ginásticos deveriam revestir-se de racionalidade. Nesse contexto, a Ginástica seria uma cultura que incorporaria exercícios higiênicos definidos de maneira racional e científica. Essa Ginástica Tinha como objetivo desenvolver um “espírito nacionalista” na população, buscando a defesa da pátria. Propunha exercícios analíticos com base científica. Revestia-se de caráter altamente higienista. Foi precursor da Ginástica Artística atual. científica compatível com os objetivos higienistas organizava-se principalmente dentro de instituiçõesmilitares, mas, aos poucos, sedimentaram uma forte tradição que se estenderia à Educação Física nas escolas. Imagem: Autor desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público / Autor desconhecido: A presente imagem é regida pelos termos do art. 45, inciso II, da Lei nº 9.610/1998. Fica reservado ao autor eventual direito de se manifestar sobre a autoria. Francisco de Amoros e Ondeaño (1770-1848). Já no início do século XX, propôs-se a sistematização de um Método Francês de Ginástica, para ser implantado em todas as escolas do país. Para essa tarefa, foram convidados nomes importantes da ginástica francesa, como George Demeny e George Hébert. A característica principal do método era a incorporação de princípios de outros métodos ginásticos, em ecletismo que absorveria ideias do Método Sueco e Método Alemão. Destacavam-se, nesse contexto, a teoria ginástica de Demeny (economia das energias) e o método natural de Hébert. Por influência de Georges Demeny, o Método Francês ganha contornos de cientificidade. Demeny foi um biólogo e pedagogo, praticante assíduo de ginástica, que se destacou por realizar análises de movimentos valendo-se de uma câmera cronofotográfica. Além de ter fundado a Sociedade de Ginástica Racional, trabalhou na Station Physiologique e na Escola de Ginástica Joinville-Le-Pont. A principal contribuição de Demeny foi organizar um método que se baseava na economia de esforços. Imagem: Georges Demeny / Wikimedia Commons / Domínio Público Análise de movimento de esgrima. Os exercícios deveriam ser prescritos a partir de orientações para que evitassem a fadiga física e mental, controlando-se a duração das atividades, temperatura ambiente, vestimenta adequada etc. Em publicação direcionada aos instrutores de ginástica – Guide du Maitre: chargé de l’enseignement des exercices physiques dans les écoles –, Demeny enfatizava que os exercícios ginásticos, esportes e jogos ao ar livres poderiam tornar-se um perigo, caso não fossem cercados de cuidados com regras da higiene observadas antes, durante e após as aulas. Imagem: Atelier Nadar / Wikimedia Commons / Domínio Público George Demeny (1850-1917). O Método Francês viria a consolidar-se definitivamente a partir da contribuição de Georges Hébert, para as quais o trabalho de Demeny revela-se fundamental. Hébert foi oficial da marinha francesa e teve contato com populações coloniais nas Américas, especialmente, da Martinica francesa. Em uma de suas viagens, ao presenciar a erupção do vulcão Monte Pelée em 1902, convenceu-se que faltava à juventude francesa formação para fazer frente a situações de grande demanda física, como catástrofes naturais ou guerra. Em suas observações, anotava que, ao realizar suas atividades cotidianas na natureza, o homem “selvagem” manifestava com plenitude suas habilidades físicas, lacuna que se fazia evidente ao homem “citadino”. Com base em pensadores como Jean-Jacques Rousseau, particularmente, a noção de “homem selvagem” que também inspirara pensadores como Guts-Muths ou Jahn, Hébert ressaltava o contato com a natureza como forma de desenvolver a aptidão, a resistência e a utilidade das ações. Em 1905, sumarizou essas ideias no manual de instruções intitulado L’Éducation physique : Projet Manuel de Gymnastique, particularmente, inspirado nas obras de Georges Demeny. Imagem: Agence Rol / Wikimedia Commons / Domínio Público Georges Hébert. Seu método racional de ginástica, contudo, tomaria forma definitiva na obra Guide pratique d’éducation physique, com primeira edição publicada em 1909 e revisada em 1916. À semelhança de outros movimentos ginásticos, Hébert deixava claro suas preocupações com a formação moral da juventude, defendendo princípios como força, destreza, altruísmo, caráter e sangue frio. O Método Natural de Hébert era composto de exercícios em 10 grupos de atividades: caminhada, corrida, quadrupedismo, saltar, trepar, equilibrismo, lançar, levantar-se, defesa e natação. Explorava-se, ainda, as possibilidades de exercícios com ou sem o uso de aparelhos, além de exercícios respiratórios, jogos, esportes e trabalhos manuais. RESUMINDO Em suma, o Método Francês: Tem como principal vertente a ginástica natural, com movimentos mais sintéticos que analíticos. Foto: Jubé, 2020, p.6. Método Natural de Hébert: escalada em um pórtico (esquerda) e mergulho de grande altura (direita). Método Inglês Não se pode dizer que existe um Método Inglês de Ginástica. Na verdade, a Escola Inglesa baseia-se nos jogos e esportes, de maneira que se considera ter nascido o esporte moderno na Inglaterra (séc. XIX), institucionalizando-se com regras precisas e formas definidas. A GINÁSTICA ERA POUCO DIFUNDIDA E CONSIDERAVA-SE O ESPORTE COMO O GRANDE MEIO PARA PROMOVER A EDUCAÇÃO, POR MEIO DAS SUAS CARACTERÍSTICAS: ORGANIZAÇÃO, REGRAS, TÉCNICAS E PADRÕES DE CONDUTA (TUBINO, 1999). No desenvolvimento dessa concepção, teve papel relevante Thomas Arnold (1795-1842), educador e historiador que, influenciado pela teoria da evolução das espécies de Charles Contrapõe-se a estereótipos do treinamento militar e propõe atividades em contato com a natureza. Leva em conta princípios científicos com a análise dos movimentos, além de incorporar preceitos e princípios pedagógicos e morais. Darwin (1809-1882), emprestou ao esporte três características principais: é um jogo, é uma competição e é uma formação. Arnold acreditava que o corpo era um meio para a moralidade, definindo o esporte como uma forma para fomentar princípios morais através de atividades corporais, impondo padrões aceitáveis de conduta ao desejo de dominação que, inevitavelmente, manifestava-se durante os jogos desportivos. Imagem: Goodman / Wikimedia Commons / Domínio Público Thomas Arnold (1795-1842). Quando dirigia o Colégio Rugby entre 1828 e 1842, Thomas Arnold incorporou as atividades físicas praticadas pela burguesia e aristocracia inglesas ao processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos e criassem regras e códigos próprios. Com isso, estimulava atitudes cavalheirescas na disputa desportiva, respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros. O esporte, portanto, revestia-se de características educacionais e socializantes, como cooperação, perseverança, tomada de iniciativa e respeito às regras, consideradas desejáveis para a vida em sociedade. Tais regras foram, paulatinamente, difundidas para outros educandários e à formação educacional na Inglaterra de forma geral, bem como a outros desportos competitivos que tiveram origem naquele país: atletismo, futebol, rúgbi, tênis, boxe, natação ou patinação desportiva. RESUMINDO Assim, o Método Inglês: CONSEQUÊNCIAS DO MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU As propostas do Movimento Ginástico Europeu introduziram modificações que se estenderam ao longo de todo o século XX. Contrapunham-se, por exemplo, em diversos países adeptos dos métodos ginásticos analítico ou sintético, o primeiro mais próximo do Método Sueco e o segundo das propostas de Hébert. Após o advento do Método Francês, o termo ginástica é banido dos textos oficiais e perde terreno diante de novas denominações (educação física e cultura física). Nasce a ginástica feminina, por volta de 1900, com rápido desenvolvimento demarcado pela criação da Fémina-Sport (1911) e União Francesa de Ginástica Feminina (1912). Dedica-se exclusivamente à elaboração de jogos e práticas atléticas. Promove a educação por meio do respeito às regras e aos padrões de conduta desejáveis na prática dos jogos desportivos. Deu ensejo às manifestações desportivas atuais. Imagem: Agence de presse Mondial Photo-Presse / Wikimedia Commons / Domínio Público Mulheres jogando basquete em Paris (1933). A partir de 1900, várias ramificações desses métodos ginásticos se desenvolveram. A ginástica funcional, parte da ginástica terapêutica, originou-se no trabalho de Ling e foi introduzida por Bess M. Mensendieck (1864-1957),como uma ajuda à emancipação da mulher. VOCÊ SABIA O ramo médico da ginástica funcional seguiu seu desenvolvimento dando origem à fisioterapia. A ginástica expressiva, com origem em François Delsarte (1811-1871), teve seu escopo expandido por Genevieve Stebbins (1857-1934) no sistema de ginástica harmônica, combinando a harmonia da dança com as sobrecargas dos aparelhos e dos movimentos ginásticos. Foto: Shutterstock.com Com base no trabalho de Delsarte, Rudolf Bode (1881-1970) e Heinrich Medau (1890-1974) desenvolvem concepções próprias de ginástica expressiva, com movimentos gerais desenvolvidos com alternância rítmica e ligados harmonicamente. As propostas de Bode fazem com que seja considerado o criador da Ginástica Moderna, posteriormente, denominada Ginástica Rítmica. Isadora Duncan (1877-1927) introduz formas artísticas de expressão corporal e motora a partir da dança, dando origem à dança moderna. Em termos pedagógicos, após resistência inicial, o conteúdo teórico e prático da ginástica passou a ser aceito nas instituições de formação de professores, tendo sido absorvido pelo movimento ginástico alemão e ampliando consideravelmente a participação da mulher nos clubes de ginástica. A ginástica voluntária (nascida na Suécia), destinada a lutar contra os malefícios da vida sedentária e urbana, se consolida, inspirando movimentos subsequentes como a Ginástica Geral ou Ginástica para Todos. Guts-Muths e Jahn trabalhavam por uma ginástica das massas, não inserida no contexto escolar. Desse movimento originou-se a Educação Rítmica pregada por Jacques-Dalcroze, incorporada posteriormente por Delsarte, Bode ou Medau na estruturação do que tornou conhecido como Ginástica Moderna, atual Ginástica Rítmica. Esse movimento integrava dança, ritmo e exercícios sistematizados com alguns aparelhos, na criação de sequências gímnicas. O Método Natural Austríaco foi muito influenciado pelas ideias de Guts-Muths, tendo como precursores os educadores Karl Gaulhofer (1885-1941) e Margarete Streicher (1891-1985). Nos anos 1920, após o desmembramento do Império Austro-Húngaro provocado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), iniciou-se reforma com vistas a regenerar física e moralmente a juventude por meio dos exercícios físicos. À semelhança do Método Alemão, o Método Austríaco propunha exercícios com fins higiênicos, mas evita a predominância de exercícios vigorosos e, por vezes, violentos. Ao combinar noções advindas das ciências médicas e pedagógicas, propunha atividades que fossem atrativas para as crianças, de forma a incentivar uma consciência higiênica e o desejo de manter hábitos de cuidado com o corpo e a saúde com atividades formativas e acrobacias (elementos gímnicos), jogos agonísticos coletivos, exercícios de compensação e postura (influência sueca) e exercícios estéticos (tradição do Turnen). Em suma, o Método Austríaco baseia-se em premissas simples e objetivas, valorizando condutas próximas à natureza, valendo-se de exercícios utilitários com abordagem lúdica. O MOVIMENTO DA GINÁSTICA PARA TODOS (GINÁSTICA GERAL) Com o passar do tempo, a sistematização gradativa das expressões corporais levou a uma estilização progressiva desses movimentos, com perspectivas de uniformização das diversas manifestações. Essas variações levaram à diferenciação das modalidades ginásticas, que se organizaram em sistemas próprios e internacionalizaram com a criação da Federação Internacional de Ginástica. No entanto, reconhece-se que a Ginástica para Todos constitui a base para as outras modalidades, combinando e reinventando-as de forma não competitiva. Na origem da Ginástica para Todos (antiga Ginástica Geral), destacam-se os Deutsche Turnfests (Festivais Alemães de Ginástica), eventos que marcaram o início da difusão da Ginástica na Europa. Imagem: Bundesarchiv, Bild 102-06313/ Wikimedia Commons / CC-BY-SA 3.0 Deutsche Turnfests em 1928. No entanto, o desenvolvimento do movimento de Ginástica para Todos, relaciona-se estreitamente como a trajetória da Federação Internacional de Ginástica (FIG). Após a estruturação das Escolas Sueca e Alemã de ginástica, a partir dos trabalhos de Pehr Henrik Ling e Friedrich Ludwig Jahn, surgiram associações nacionais para o controle dos treinamentos e competições. Inspirado nesse crescimento, o belga Nicolas Cupérus idealizou e fundou a Federação Europeia de Ginástica (FEG), em 23 de julho de 1881, atual FIG, que unia todas estas novas associações. A FIG é a mais antiga dentre todas as associações esportivas internacionais, assumindo a atual denominação após a filiação dos EUA, em 1921. Enquanto esteve à frente da FIG, Cupérus demonstrava mais interesse pelos festivais de ginástica do que pelas competições. De fato, assumia que sua ideia de união e fraternidade entre os povos não incluía a competição, assim, o então vice-presidente da FIG, o holandês J. J. F. Sommer, idealizou a Gymnaestrada como um evento calcado nesses princípios, expandindo a prática dos diferentes métodos ginásticos. Nicolas Cupérus não chegaria a ver a proposta colocada em prática, pois faleceu em 1928 após 43 anos no exercício do cargo. Apenas em 1949, quando da realização da II Lingíada na Suécia, deu-se um passo definitivo para a realização do evento concebido por Sommer, com a discussão de uma proposta concreta de realização da Gymnaestrada (atualmente, “World Gymnaestrada”). Em 1953, teve lugar o I Festival Internacional de Ginástica (Roterdã, Holanda), popularizando-se definitivamente a denominação “Gymnaestrada”. Devido ao sucesso do festival, representantes de vários países começaram a pressionar a FIG no sentido de que se olhasse com mais dedicação para a prática da ginástica fora do âmbito competitivo. Assim, em 1979, formou-se uma Comissão de Trabalho de Ginástica Geral e, em 1984, oficializou-se o que foi então denominado Comitê Técnico de Ginástica Geral da FIG. O atual Comitê de Ginástica para Todos tem a finalidade de organizar eventos não competitivos de ginástica e fomentar a prática de Ginástica para Todos em todos os continentes. Isso é realizado especialmente pela organização quadrienal da Gymnaestrada Mundial, o evento oficial mais tradicional da FIG, reunindo cerca de 50 nações e mais de 25.000 ginastas. O evento reúne apresentações de “ginástica de demonstração”, cujo principal objetivo reside na interação social e compartilhamento do aprendizado e evolução gímnica. As apresentações têm foco na ginástica e no lazer, incluindo atividades com e sem aparelhos, danças e jogos desenvolvidos com base em movimentos ginásticos. Foto: Kelorer / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 Apresentação de grande grupo na Gymnaestrada. A ludicidade e a expressão criativa são pontos fundamentais da Ginástica para Todos. Não há regras rígidas preestabelecidas, favorecendo ampla participação e criatividade. Essa é a principal diferença das modalidades competitivas, que se caracterizam por seletividade, regras rígidas, especialização, comparação formal e classificação por pontos, visando sobretudo a superação dos adversários. No Brasil, existem vários grupos de Ginástica para Todos que se apresentam regularmente nas Gymnaestradas, apesar de sua prática ser pouco difundida. Em suma, a Ginástica para Todos diferencia-se das manifestações de ginástica competitiva pelas seguintes características: Desse modo, a Confederação Brasileira de Ginástica define como principais objetivos da Ginástica para Todos os seguintes tópicos (FERNANDES & EHRENBERG, 2012): OS MÉTODOS SUECO, ALEMÃO, FRANCÊS E INGLÊS. Estímulo à criatividade e à diversidade cultural (músicas, temas, movimentos etc.). Número indefinido de participantes. Liberdade de vestuário e materiais (convencionais ou não). Favorecimento da inclusão e prazer da prática. Não há competição entre os grupos. Oportunizar a participação do maior número de pessoas em lazer ativo com base nas atividades gímnicas. Integrar várias possibilidades demanifestações corporais às atividades gímnicas. Oferecer possibilidades de autossuperação individual e coletiva, sem a interferência de parâmetros comparativos com os outros. Oportunizar o intercâmbio sociocultural entre os participantes. Manter e desenvolver o bem-estar dos praticantes. Valorizar o trabalho coletivo, bem como a contribuição individual ao seu sucesso. A mestre Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti fala sobre o processo de desenvolvimento e as características individuais dos métodos ginásticos. VEM QUE EU TE EXPLICO! O Movimento Ginástico Europeu O Movimento Ginástico Europeu O Movimento da Ginástica para Todos (Ginástica Geral) O Movimento da Ginástica para Todos (Ginástica Geral) Principais objetivos da Ginástica para Todos Principais objetivos da Ginástica para Todos VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU NASCEU DE UM AMBIENTE EM QUE PREDOMINAVAM: A) Nacionalismo, militarismo e higienismo. B) Esteticismo, salutarismo e moralismo. C) Fascismo, nacionalismo e comunismo. D) Arrivismo, socialismo e pedagogicismo. E) Naturalismo, darwinismo e militarismo. 2. SÃO CARACTERÍSTICAS DA GINÁSTICA PARA TODOS: A) Atividades ao ar livre, com tônica fortemente comparativa entre os praticantes. B) Críticas à ginástica competitiva, por violar os preceitos da fraternidade entre os povos. C) Pequenos incrementos no tempo livre ocupado com atividades físicas que já acarretam impacto favorável nas taxas de morbimortalidade populacional. D) A contraposição entre as Lingíadas suecas e as Gymnaestradas gregas. E) Estímulo à criatividade e à diversidade cultural com uma abordagem eminentemente inclusiva. GABARITO 1. O Movimento Ginástico Europeu nasceu de um ambiente em que predominavam: A alternativa "A " está correta. O Movimento Ginástico Europeu decorreu da necessidade de uma população saudável para o trabalho e para a força militar. Em todo o continente europeu, os métodos de ginástica foram elaborados a partir das ideias sanitaristas vigentes na época. De certa forma, isso contribuiu para a difusão de preceitos higienistas, nacionalistas, pedagógicos e morais por meio da prática da Ginástica. 2. São características da Ginástica para Todos: A alternativa "E " está correta. A Ginástica para Todos fomenta a participação de maior número de pessoas em lazer ativo com base em movimentos ginásticos, sem parâmetros competitivos e oportunizando intercâmbio sociocultural entre os participantes. MÓDULO 2 Reconhecer o processo de desenvolvimento da Ginástica Artística e da Ginástica para Todos no Brasil GINÁSTICA ARTÍSTICA Descrevemos o processo de desenvolvimento da ginástica na Alemanha, esclarecendo que, por motivos políticos, sua prática foi proibida em toda a região depois das guerras napoleônicas, período que ficou conhecido como Bloqueio Ginástico (1820-1842). Essa medida forçou muitos jovens a deixarem o país, ajudando a expandir a modalidade no mundo inteiro. A Ginástica Artística teve início no Brasil com a colonização alemã na região Sul em 1824, instalando-se na cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, difundindo-se a seguir pelos estados de SC, PR, SP, RJ e ES. A partir daí, a modalidade passou a ser sistematizada no país, seguindo os preceitos do Turnen. Desse modo, o Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a iniciar oficialmente a prática da Ginástica Artística no Brasil. Durante muitos anos, a ginástica foi praticada apenas por alemães e seus descendentes. Em 1895, foi fundada a Liga de Ginástica do Rio Grande do Sul, primeira entidade desportiva com âmbito estadual instituída no Brasil. O primeiro torneio foi realizado em 1896, com domínio dos colonos alemães (15 das 24 medalhas). A predominância de praticantes alemães, aliás, é uma das razões que dificultam estabelecer um histórico preciso do desenvolvimento da modalidade nesse período inicial. A documentação existente foi escrita em alemão, com atas manuscritas e frequentemente usando caracteres góticos. Além disso, boa parte dessa documentação foi destruída por ocasião dos lamentáveis acontecimentos de agosto de 1942, quando o Brasil aderiu ao lado dos aliados na Segunda Guerra Mundial, ensejando manifestações de preconceito e de violência contra imigrantes alemães, italianos e japoneses. De maneira similar ao ocorrido na Europa, no Brasil, foram criadas diversas associações e federações regionais de Ginástica. Em 1942, a Federação Atlética Riograndense criou seu Departamento de Ginástica, que, 20 anos depois, deu origem à Federação Riograndense de Ginástica. Nesse mesmo ano, foi realizado o 1º Campeonato Estadual de Ginástica oficial naquele estado. Competições oficiais passaram a ser organizadas também em São Paulo, Rio de Janeiro e outras Unidades da Federação. Em 1948, fundou-se a Federação Paulista de Ginástica e Halterofilismo, que, em 1956, desmembrou-se em entidades específicas, dando origem à Federação Paulista de Ginástica. Em 1950, foi fundada no Rio de Janeiro a Federação Metropolitana de Ginástica, embrião da atual Federação de Ginástica do Estado do Rio de Janeiro. Em 1951, essas federações filiaram-se à Confederação Brasileira de Desportos e à FIG, completando-se o processo de institucionalização nacional e internacional da Ginástica brasileira. Nesse mesmo ano, na cidade de São Paulo, organizou-se o I Campeonato Brasileiro de Ginástica, com a participação das seleções de Ginástica Artística (então denominada Ginástica Olímpica) masculina dos estados de RS, SP e RJ. A primeira participação feminina ocorreu em 1952, no II Campeonato Brasileiro em Porto Alegre (RS). Também em 1951, deu-se a primeira participação internacional do Brasil em competições, nos Jogos Desportivos Pan-Americanos de Buenos Aires, Argentina. Em 1954, a Ginástica Artística brasileira participou do Campeonato Mundial em Roma e, em 1978, disputou pela primeira vez com equipe completa feminina o Campeonato Mundial da França. Com o desmembramento da Confederação Brasileira de Desportos em confederações especializadas por desporto, criou-se em 1978 a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), que passou a ser a entidade representante do Brasil junto à FIG. Em 1980, nos Jogos Olímpicos de Moscou, o Brasil foi pela primeira vez representado pelos ginastas João Luiz Ribeiro e Claudia Magalhães. Daí para frente, o país passou a participar sistematicamente dos campeonatos oficiais promovidos pela FIG. A história da Ginástica Artística no Brasil pode ser dividida em três períodos (PÚBLIO, 2006): HEROICO ESTRUTURAÇÃO AFIRMAÇÃO O período heroico compreenderia a chegada dos imigrantes alemães em 1824, com o início da disseminação da modalidade no país, até 1950, quando se propôs a realização da primeira competição em nível nacional. Alguns fatos foram marcantes nesse período, vejamos: Em 1851, foi fundada a Deutsche Turnverein zu Joinville, hoje, Sociedade Ginástica de Joinville (SC), reconhecida como a mais antiga Sociedade de Ginástica da América do Sul. Em 1867, foi fundada a Deutscher Turnverein em Porto Alegre (RS), hoje, Sociedade de Ginástica Porto Alegre (SOGIPA), primeira sociedade de ginástica criada no estado considerado o berço da Ginástica Artística brasileira. Em 1895, foi fundada a Liga de Ginástica do Rio Grande do Sul, primeira entidade desportiva com âmbito estadual, que proveu modelo para a criação de entidades esportivas semelhantes em outras Unidades de Federação. Em 1896, foi realizado o 1º Torneio de Ginástica no Brasil, na cidade de Hamburgo Velho (RS). Em 1910, foi realizado no Rio de Janeiro o campeonato de Ginástica Artística entre os Clubes Ginástico Paulista de São Paulo e Ginástico Desportivo do Rio de Janeiro, repetido ao longo de 25 anos e servindo de base para outros campeonatos entre clubes. Em 1950, foi realizado em São Paulo um torneio nacional reunindo equipes da SOGIPA (RS), Clubes Ginástico Paulista de São Paulo e Ginástico Desportivodo Rio de Janeiro, quando se propôs a organização de campeonatos nacionais periódicos. A partir desse momento, Públio (2006) considera ter início o período de estruturação, entre 1951 e 1978, marcado pela institucionalização na Ginástica Artística no Brasil, com filiação à FIG e criação da Confederação Brasileira de Ginástica. Enfim, no período da afirmação, de 1979 até os dias hoje, os ginastas brasileiros começam a ter reconhecimento internacional, com participação regular nos principais eventos mundiais. Além disso, resultados expressivos começam a ser obtidos nos principais campeonatos da FIG, a partir do final dos anos 1990. Foto: BW Press / Shutterstock.com javascript:void(0) Nos últimos anos, a Ginástica Artística brasileira atingiu um nível técnico que a credencia a disputar competições em igualdade de condições com países em que a modalidade é mais tradicional, com destaque às participações em campeonatos mundiais, Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos. O desafio, contudo, continua na maior disseminação da prática da atividade, de maneira que haja renovação de valores que possam manter o desempenho de alto nível que suas equipes alcançaram. GINÁSTICA PARA TODOS (ANTIGA GINÁSTICA GERAL) A exemplo de outros países, a prática da Ginástica no Brasil incorporou, ao longo dos anos, aspectos dos Métodos Sueco, Alemão e Francês. Essas influências atenderam às exigências dos treinamentos militares, mas aos poucos se espraiaram ao esforço nacional de formação das crianças e jovens, sendo então inseridos no currículo nacional de ensino. VOCÊ SABIA Em 1838, introduzia-se pela primeira vez a prática da Ginástica em um educandário público, o atual Colégio Pedro II do Rio de Janeiro (antigo Ginásio Nacional). Alguns anos mais tarde, em 1851, essa modalidade era incluída por lei nos currículos das escolas primárias do Rio de Janeiro. Em 1870, o Governo Imperial manda imprimir e distribuir nas escolas o Novo Guia para o Ensino da Ginástica nas Escolas Públicas da Prússia. Em nível nacional, essa tendência se consolida em 1882, quando Ruy Barbosa emite o Parecer sobre a Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública, sugerindo a inclusão da Ginástica nos cursos normais e escolas primárias do Brasil. Foto: Shutterstock.com A partir desse estágio até os anos 1930, a Ginástica, principalmente, influenciada pelo Método Alemão, prevaleceu como atividade na Educação Física Escolar. A partir de 1930, oficializou-se o Método Francês no sistema escolar brasileiro, adotando-se o Método Natural de Hébert como referência. Fora do âmbito educacional, destaca-se a adoção, em 1893, da Ginástica Calistênica como atividade formal pela Associação Cristã de Moços (ACM), que também implantaria no Brasil atividades desportivas como o voleibol ou basquetebol. A prática da Ginástica, então, começava a influenciar toda a sociedade. Um reflexo desse período foi a criação pelo professor Oswaldo Diniz Magalhães de uma metodologia própria de ginástica, divulgada por mais de 40 anos no programa de rádio A Hora da Ginástica. O programa tinha repercussão nacional e foi decisivo na popularização da modalidade no país. A Ginástica prevaleceu como base dos programas de Educação Física Escolar até os anos 1950. No campo da Ginástica Geral, pode-se pensar que sua origem no país se associa com eventos e festivais que reuniam grande número de ginastas, fossem eles militares ou estudantes, que se apresentavam em locais públicos. A beleza dos espetáculos baseados em coreografias sincronizadas agradou aos assistentes, popularizando a modalidade na primeira metade do século XX. Em 1953, chega ao Brasil a professora Ilona Peuker, logo após a realização da “1ª Gymnaestrada”. Para Santos (2006), a chegada da professora Peuker é considerada um dos marcos mais importantes para a evolução da Ginástica Geral no Brasil. Com sua radicação no país, a modalidade começa a assumir contornos definitivos, com referenciais diversos daqueles até então vigentes. Especializada em Ginástica Moderna, Ilona Peuker era formada em Dança e Ginástica Rítmica-Artística na Escola de Valerie Dienes na Hungria (1936), tendo angariado grande experiência no ambiente da Ginástica na Europa, inclusive dirigido a União Austríaca de Ginástica e Esportes. Ao ministrar vários cursos pelo país, contribuiu decisivamente para difundir a modalidade. Ilona Peuker percebeu o enorme potencial da cultura brasileira para desenvolver um trabalho voltado para a Ginástica Geral com base nos preceitos da Ginástica Moderna, até então somente feminina. O início de suas atividades como professora e técnica se deu entre os anos de 1953 e 1955, quando ministrou aulas extracurriculares na Faculdade de Educação Física e Desportos da então Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), convidada pelo diretor da Faculdade, professor Alberto Latorre de Faria. Dentre as alunas que frequentaram suas aulas, selecionou e convidou algumas para treinamento no Instituto Bennett. Assim, fundou em 1956, no Rio de Janeiro, o Grupo Unido de Ginastas (GUG), adaptando em seu trabalho os conceitos da Ginástica Moderna à realidade e cultura locais, lançando as bases do desenvolvimento da Ginástica Geral no Brasil. Foto: FORTEPAN / Romák Éva / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 2ª Gymnaestrad - Zagreb, Iugoslávia. Em 1957, 13 ginastas do Grupo Unido de Ginastas (GUG) representaram o país pela primeira vez na “2ª Gymnaestrada” (Zagreb, Iugoslávia). A criatividade das formas elaboradas por Ilona Peuker atraiu a atenção, valendo ao seu grupo convites para vários eventos internacionais. Em 1975, na “6ª Gymnaestrada” (Berlim, Alemanha), o Brasil fez-se representar por quatro grupos diferentes, totalizando 65 ginastas. Pela primeira vez, um deles não era do Rio de Janeiro, fugindo da influência da Ginástica Moderna – um Grupo Folclórico da Paraíba buscava outras expressões, como a dança folclórica. Em âmbito nacional, o primeiro evento formal de Ginástica Geral ocorreu em 1960 com o I Festival Nacional de Ginástica, organizado pela Federação Paulista de Ginástica até 1966, com a participação dos principais grupos do país. O SUCESSO DO TRABALHO DE ILONA PEUKER FOMENTOU O SURGIMENTO DE NOVOS GRUPOS, MUITOS ORIENTADOS PELAS DISCÍPULAS FORMADAS NO GUG, COM CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS E INOVADORAS. EM CONSEQUÊNCIA, NOVOS FESTIVAIS FORAM SENDO ORGANIZADOS, ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DA GINÁSTICA GERAL NO PAÍS. A quantidade cada vez maior de apresentações (em escolas, clubes etc.) fez com que os interessados na modalidade organizassem, em 1981, o “1º FEGIN na Escola Técnica Federal de Ouro Preto (MG), evento em que se selecionavam, pela primeira vez, os grupos que representariam o país em uma Gymnaestrada. Esse evento tornou-se referencial para os futuros festivais da modalidade no país. Em 1984, criou-se o Comitê Técnico de Ginástica Geral da FIG, assim, iniciou-se um processo mais intenso de divulgação da Ginástica Geral nas diversas federações internacionais filiadas à FIG, inclusive na CBG. A Ginástica Geral foi introduzida oficialmente na CBG em 1986, recebendo grande impulso a partir de 1991, refletido na expressiva participação nas Gymnaestradas Mundiais subsequentes. Em 1988, organizou-se o 1º Curso Internacional de Ginástica Geral no Brasil, evento promovido e ministrado pela FIG em Rio Claro, São Paulo. Em 1992, o Comitê Técnico da modalidade na CBG propôs a criação da Gymnaestrada brasileira, fato que se concretizou com a realização da primeira edição deste evento em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, com a denominação de Gymbrasil. O evento consolidou-se e é realizado anualmente. Em 1991, na Gymnaestrada de Amsterdã, Holanda, o perfil da participação brasileira em Gymnaestradas mundiais teve modificações relevantes, decorrentes do investimento na difusão da modalidade no país. Com 114 integrantes distribuídos em nove grupos, cinco de São Paulo, doisdo Rio de Janeiro, um de Minas Gerais e um de Pernambuco, oriundos de colégios, clubes e universidades, as apresentações fundamentaram-se em diversas manifestações gímnicas, como tumbling, Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica e Ginástica Acrobática, além de outras formas de práticas corporais como a dança. Nesse evento, a delegação brasileira participou pela primeira vez de uma “Noite Nacional”, na “Noite Luso- brasileira”, e o Grupo Ginástico Unicamp, Campinas, São Paulo, foi convidado a participar das apresentações do “FIG Gala”. A MAIOR DELEGAÇÃO BRASILEIRA ENVIADA A UMA GYMNAESTRADA OCORREU EM 1995, EM BERLIM, ALEMANHA (SANTOS, 2006). Foram 23 grupos com um total de 662 integrantes; dez de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro, quatro de Sergipe, três de Minas Gerais, um do Mato Grosso e um de Pernambuco. Os elementos gímnicos incluíram fundamentos da Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática, Ginástica Aeróbica, trampolim e dança. Além do Grupo Ginástico Unicamp, outros grupos – Colégio Juvenal de Campos, Nova Friburgo Country Clube, Clube Campineiro de Regatas e Natação e Sociedade Hípica de Campinas – foram convidados a participar do “FIG Gala” numa única coreografia. Também foi nesta 10ª Gymnaestrada que teve lugar a primeira Noite Brasileira e a primeira participação do Brasil no “FIG Fórum”. ATENÇÃO Hoje, denominada Ginástica Para Todos, a Ginástica Geral consiste na modalidade que talvez reúna o maior número de praticantes no país, com grupos cujos trabalhos têm qualidade internacional, sendo ainda a modalidade que tem a maior representatividade internacional em número de ginastas envolvidos. Por exemplo, na 16ª World Gymnaestrada, última edição do evento em 2019 (Dornbirn, Áustria), o Brasil fez-se presente com uma delegação de 603 integrantes, representando oito estados (CBG, 2019). Houve representação em praticamente todas as esferas do evento: momento científico, apresentações pelas cidades, apresentações nos Halls oficiais, Noite da União Pan-Americana e workshops. Foi a segunda maior delegação da América e a 10ª no geral. As apresentações foram variadas na temática e forma, incluindo coreografias com base na ginástica rítmica, acrobática, aeróbica, trampolim e dança. Foram 24 grupos representando os estados do Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo. A GINÁSTICA NO BRASIL E O MOVIMENTO GINÁSTICA PARA TODOS A mestre Patrícia Arruda de Albuquerque Farinatti fala sobre o movimento Ginástica para Todos e a evolução da ginástica no Brasil. VEM QUE EU TE EXPLICO! Ginástica Artística Ginástica Artística Período heroico, de estruturação e afirmação Período heroico, de estruturação e afirmação Ginástica na escola Ginástica na escola VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ENCONTRA-SE NA ORIGEM DA PRÁTICA DA GINÁSTICA ARTÍSTICA NO BRASIL: A) A chegada de grupos ciganos, com forte tradição circense/acrobática, no começo do séc. XX. B) A migração alemã durante o bloqueio ginástico entre os anos 1820 e 1840. C) A migração italiana, durante a Primeira Guerra Mundial, particularmente na região Sul do país. D) A migração de praticantes russos, fugindo do movimento Bolchevique de 1917. E) O desejo do Governo Imperial em introduzir novos métodos de treinamento nos quartéis. 2. EM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA GINÁSTICA PARA TODOS NO BRASIL, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA: A) Deu-se de forma independente do movimento da Ginástica Geral no seio da FIG. B) Foi influenciado pelos princípios da Ginástica Moderna, difundidos no país por Ilona Peuker. C) Teve como base a Ginástica Geral argentina, implantada no país por Enrique Rapesta. D) Iniciou-se a partir de grupos folclóricos nordestinos, que associaram o Método Sueco à dança. E) Trata-se da modalidade da Ginástica com os melhores resultados competitivos internacionais, em virtude do grande número de praticantes. GABARITO 1. Encontra-se na origem da prática da Ginástica Artística no Brasil: A alternativa "B " está correta. A Ginástica Artística teve início no Brasil com a colonização alemã na região Sul em 1824, primeiramente, no RS e, depois, difundindo-se para: SC, PR, SP, RJ e ES. Pode-se afirmar que o RS foi o primeiro estado a iniciar oficialmente a prática da Ginástica Artística no país. 2. Em relação ao desenvolvimento da Ginástica para Todos no Brasil, assinale a opção correta: A alternativa "B " está correta. Ilona Peuker percebeu o potencial da cultura brasileira para desenvolver um trabalho voltado para a Ginástica Geral com base nos preceitos da Ginástica Moderna. Fundou o Grupo Unido de Ginastas (GUG), adaptando em seu trabalho os conceitos da Ginástica Moderna à realidade e cultura locais, lançando as bases do desenvolvimento da Ginástica para Todos no Brasil. MÓDULO 3 Reconhecer a estrutura organizacional e as modalidades contemporâneas da ginástica ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA GINÁSTICA – FIG E CBG O crescente movimento ginástico na Europa promoveu a criação de várias federações nacionais, sendo a primeira delas a Sociedade Federal de Ginástica, da Suíça, fundada em 1832, seguida pelas federações nacionais da Alemanha (1860), da Bélgica (1865), da Polônia (1867), da Holanda (1868) e da França (1873). Na Bélgica, em 1881 teve lugar o Festival Federal de Ginástica, com participação de todas as federações existentes, fundando-se o Comitê Permanente das Federações Europeias de Ginástica, embrião da Federação Europeia de Ginástica (FEG), encabeçada por Nicolas Cupérus e com participação da Bélgica, França e Holanda. 1896 A ginástica entrou no cronograma dos primeiros Jogos Olímpicos da nova era. 1903 Sete anos mais tarde, por incentivo da Federação Francesa de Ginástica, a FEG organizou seu primeiro Campeonato Mundial, de prática exclusivamente masculina. Foi graças a essa iniciativa que a primeira modalidade, a Ginástica Artística, tornou-se competitiva, surgida em torneios internacionais. 1928 As mulheres tiveram suas primeiras participações olímpicas. 1934 As mulheres tiveram as primeiras disputas em Campeonatos Mundiais. Em 1921, a FEG tornou-se a Federação Internacional de Ginástica, quando os primeiros 16 países não europeus foram admitidos na entidade, sendo os EUA o primeiro país a integrar a nova Federação. A FEG é considerada a organização internacional mais antiga responsável pela estruturação da ginástica. VOCÊ SABIA Nicolas Cupérus continuou na presidência da FIG até 1924, consolidando-a como entidade representativa da ginástica e suas modalidades em âmbito mundial – a FIG é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional como a maior autoridade internacional sobre a Ginástica. A FIG regulamenta e supervisiona as atividades de oito modalidades de Ginástica: Ginástica para Todos, Ginástica Artística Feminina, Ginástica Artística Masculina, Ginástica Rítmica, Trampolim (incluindo minitrampolim duplo e tumbling), Ginástica Aeróbica, Ginástica Acrobática e Parkour. Conta com 148 federações nacionais e continentais afiliadas, com sede em Lausanne, Suíça. Aceita-se apenas uma federação por país, que deve ser também reconhecida por sua autoridade nacional máxima; no Brasil, o Comitê Olímpico Brasileiro. COMO FILIADAS DIRETAS E RESPONSÁVEIS PELAS FEDERAÇÕES NACIONAIS, ESTÃO A UNIÃO EUROPEIA, A UNIÃO PAN-AMERICANA, A UNIÃO ASIÁTICA E A UNIÃO AFRICANA DE GINÁSTICA. A FIG tem como principal atribuição a organização e a realização dos Campeonatos Mundiais de Ginástica e da Copa do Mundo de Ginástica Artística, assim como regulamentar as competições oficiais e a Gymnaestrada, estabelecendo normas e compondo os calendários dos eventos internacionais, sejam eles competitivos ou não. A FIG tem estrutura hierárquica e não autônoma, ou seja, seus segmentos trabalham em conjunto. Administrativamente, é regida por um Congresso, um Conselho, um Comitê Executivo e uma Comissão Presidencial. Tais autoridades estão submetidas diretamente ao comando do presidenteda entidade. Existem ainda sete comitês técnicos, que administram suas respectivas modalidades, e o Secretário Geral, eleito pelo Comitê Executivo. Foto: Shutterstock.com No Brasil, a Ginástica organizou-se da seguinte forma: Com a chegada dos imigrantes alemães durante o Bloqueio Ginástico. Formação de associações e federações locais e criação de torneios e campeonatos por elas organizados. Criação de federações em estados de maior repercussão, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Filiação dessas federações à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), em 1951, entidade máxima do desporto nacional à época. Filiação da CBD à FIG. Com a extinção da CBD, no final da década de 1970, foi criada a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), representando a ginástica brasileira junto à FIG. A CBG integra as mesmas modalidades ginásticas regidas pela FIG. Atualmente, tem sede em Aracajú, Sergipe. As Federações Estaduais filiadas são 24, localizadas em 23 Unidades da Federação e Distrito Federal. A CBG é responsável pela organização de todas as competições oficiais em território brasileiro, oferecendo suporte a atletas, técnicos e árbitros em competições internacionais. Tem ainda a atribuição de distribuir às Federações Estaduais e fazer aplicar os códigos de pontuação de cada modalidade. Sua estrutura conta com as seguintes unidades administrativas: PRESIDÊNCIA E VICE-PRESIDÊNCIA DIRETORIA CONSELHO FISCAL COMITÊS TÉCNICOS ESPECÍFICOS A entidade também convoca e organiza as seleções de acordo com a modalidade competitiva e com os regulamentos internacionais. As seleções permanentes são: GINÁSTICA ARTÍSTICA Masculina e feminina (11 atletas cada). GINÁSTICA RÍTMICA Seleção individual (7 atletas) e conjunto (6 atletas). TRAMPOLIM ACROBÁTICO Masculina e feminina (3 atletas cada). AS MODALIDADES DA GINÁSTICA As disciplinas competitivas supervisionadas pela FIG vêm aumentando ao longo do tempo, adaptando-se às demandas do desporto. Atualmente, elas compreendem oito modalidades, considerando a ginástica artística feminina e masculina enquanto modalidades distintas, como descritas a seguir. GINÁSTICA PARA TODOS Conforme já discutido, as origens e o desenvolvimento da Ginástica para Todos são estreitamente ligados à história da própria FIG. É a única forma não competitiva de Ginástica inserida na entidade que organiza festivais periódicos da modalidade – a cada quatro anos, as Gymnaestradas Mundiais (World Gymnaestradas). Em termos históricos e culturais, a Ginástica para Todos encontra-se na raiz de todas as atividades da FIG, tendo consistido na modalidade preferida de seu primeiro presidente, o belga Nicolas Cupérus. Logo, compreende-se que sua prática seja um ponto de junção de todas as demais modalidades, bem como de outras possibilidades de expressão corporal, resultando em sequências ricas e criativas, por vezes, envolvendo dezenas de praticantes. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) As propostas são livres, apesar de sempre baseadas em elementos gímnicos, dando margem à expressão de aspectos multiculturais. Gymnaestrada 2011, performance. O ASPECTO MAIS IMPORTANTE DA GINÁSTICA PARA TODOS É A REALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS GÍMNICOS COM PRAZER E ORIGINALIDADE. SAIBA MAIS No Brasil, acontecem festivais periódicos de Ginástica para Todos, denominados GymBrasil. Atualmente, sua frequência é bienal. GINÁSTICA ARTÍSTICA (FEMININA E MASCULINA) A Ginástica Artística foi a primeira ramificação competitiva da modalidade. Originou-se de uma combinação de exercícios sistemáticos, criados para diferenciar suas técnicas daquelas dos movimentos artísticos (como dança ou expressão corporal) e das práticas militares, mais centradas na força. VOCÊ SABIA A Ginástica Artística foi a primeira modalidade inserida nos Jogos Olímpicos Modernos, logo em sua primeira edição em 1896 – por essa razão, foi conhecida por muitos anos como Ginástica Olímpica. A Ginástica Artística é dividida em vertentes feminina e masculina, que competem separadamente com exercícios e códigos de pontuação específicos. Nas competições, a pontuação total é obtida a partir de: Notas de partida Determinadas pelo grau de dificuldade a que o atleta se propõe. & Execução Determinadas pela qualidade técnica da realização dos movimentos propostos. Em geral, nas fases classificatórias das competições internacionais, os primeiros 24 colocados avançam para as finais “individuais gerais”, enquanto as oito primeiras nações avançam para a final por equipes (coletiva), e os oito mais bem colocados em cada prova avançam para as finais “individuais por aparelho”. Foto: Shutterstock.com Na modalidade feminina, a ordem olímpica inclui quatro provas em aparelhos diferentes, em geral, sob a forma de circuito: salto, barras assimétricas, trave de equilíbrio e solo. Foto: Shutterstock.com Na modalidade masculina, as provas são cumpridas na seguinte ordem: solo, cavalo com alças, argolas, salto, barras paralelas e barra fixa. javascript:void(0) javascript:void(0) GINÁSTICA RÍTMICA As origens da Ginástica Rítmica advêm dos preceitos da Ginástica Moderna, desenvolvida na primeira metade do século XX sob influência dos movimentos ginásticos que tiveram lugar na Europa Central ao longo do século XIX, sobretudo o Método Alemão. Abraçava-se a sistematização proposta por Guts-Muths e Jahn, mas criticava- se o excessivo rigor das sessões de treinamento, especialmente na ginástica feminina. SAIBA MAIS A partir de influências da Pedagogia e da Psicologia, passou-se a incluir nas rotinas elementos de música, expressão artística e dança, perseguindo-se uma combinação de educação corporal e musical. A disseminação da prática da Ginástica Moderna deu-se em especial na antiga União Soviética (URSS), onde passara a ser ensinada como manifestação da Ginástica Artística, mas com um sistema organizado usando aparelhos e competições próprios. Aliás, a herança de musicalidade na Ginástica Artística feminina data desse período. Em 1948, a URSS organizou a primeira competição da modalidade, levando naturalmente à fundação de uma Liga Internacional de Ginástica Moderna, em 1951, assumindo como primeiro presidente Henrich Medau, professor e músico alemão, considerado um dos seus precursores. No âmbito internacional, a modalidade teve várias denominações: Ginástica Moderna (1963), Ginástica Rítmica Moderna (1972), Ginástica Rítmica Desportiva (1975) e, enfim, Ginástica Rítmica (1998). Foto: Shutterstock.com Ginástica Rítmica. A Ginástica Rítmica desenvolveu-se da seguinte forma: 1948 Nos Jogos Olímpicos de 1948, as provas de Ginástica Artística incluíam duas competições rítmicas por equipe, uma delas com aparelho e a outra com mãos livres. 1952 Na edição seguinte dos Jogos, em 1952, em Helsinque, a Ginástica Moderna foi incluída como esporte de demonstração. 1962 Dez anos depois, o 41º Congresso da Federação Internacional de Ginástica (Praga, antiga Tchecoslováquia) reconheceu a Ginástica Moderna como modalidade independente. 1963 Em 1963, ocorreu o I Campeonato Mundial (Budapeste, Hungria). 1980 Em 1980, o Comitê Olímpico Internacional definiu que, a partir dos Jogos Olímpicos de 1984, a modalidade integraria o programa dos esportes olímpicos. Para Alonso e Crause (2006), dois eventos foram marcantes para o início da prática da Ginástica Rítmica nos anos 1950 no Brasil. Entre 1953 e 1954, a professora austríaca Margareth Fröhlich ministrou aulas de Ginástica Feminina Moderna no III Curso de Aperfeiçoamento Técnico e Pedagógico, promovido pelo Estado de São Paulo. Também em 1953, chega ao Brasil a professora húngara Ilona Peuker, cujos cursos e apresentações de seu grupo (o Grupo Unido de Ginastas — GUG) contribuíram decisivamente para difundir a Ginástica Moderna no país, modalidade que ofereceu as bases para a atual Ginástica Rítmica. A GINÁSTICA RÍTMICA É UMA MODALIDADE EXCLUSIVAMENTE FEMININA. SEUSEXERCÍCIOS SÃO TODOS TRABALHADOS NO SOLO E REALIZADOS COM APOIO DE MÚSICA INSTRUMENTAL E CINCO DIFERENTES APARELHOS – ARCO, MAÇAS, CORDA, BOLA E FITA. HÁ DOIS TIPOS DE PROVAS: INDIVIDUAL E CONJUNTO. NAS PROVAS DE CONJUNTO, COMPOSIÇÕES SÃO EXECUTADAS POR CINCO GINASTAS. AS ROTINAS ENVOLVEM MOVIMENTOS ASSOCIADOS À DANÇA COM NÍVEIS DE DIFICULDADE VARIADOS, ESTREITAMENTE RELACIONADOS À MANIPULAÇÃO DOS APARELHOS. SÃO AINDA PERMITIDOS ELEMENTOS PRÉ- ACROBÁTICOS, COMO ROLAMENTOS OU ESPACATES. AS COMPETIÇÕES, GERALMENTE, INCLUEM DUAS FASES QUALIFICATÓRIAS, POR EQUIPES E INDIVIDUAL GERAL, QUE PRECEDEM FASES FINAIS RESPECTIVAS. Na classificação individual, leva-se em conta o desempenho em quatro aparelhos predefinidos pela FIG ou Comitê Olímpico Internacional (COI). Enquanto, na prova coletiva, são utilizados dois aparelhos diferentes distribuídos para as cinco ginastas. GINÁSTICA AERÓBICA DESPORTIVA A FIG define a Ginástica Aeróbica Desportiva como a habilidade de executar continuamente padrões de movimentos complexos e de alta intensidade ao ritmo de uma música. O treinamento aeróbico por meio de exercícios ginásticos teve grande difusão durante os anos 1980, derivando em modalidades como a dança aeróbica, base da atual Ginástica Aeróbica Desportiva. Com o tempo, rotinas desse tipo de exercícios tornaram-se também uma modalidade competitiva, a qual foi incorporada à FIG em 1995, passando a entidade a regulamentar e organizar campeonatos específicos. Na primeira edição do Campeonato Mundial da modalidade, 34 nações participaram da disputa. Ginástica Aeróbica Desportiva. Os elementos executados pelos ginastas requerem níveis elevados de força, agilidade, flexibilidade e coordenação, mas movimentos acrobáticos tipicamente realizados nas rotinas de Ginástica Artística não são realizados. As rotinas devem demonstrar a capacidade de execução de movimentos contínuos com alta demanda cardiorrespiratória, de flexibilidade e força, incluindo sete passos básicos: marcha, corrida (Jogging), chute baixo, chute alto, polichinelo, elevações de joelho, lunge (Afundo). JOGGING Corrida de baixa intensidade. AFUNDO javascript:void(0) javascript:void(0) Exercício localizado para membros inferiores. ATENÇÃO As competições são divididas em provas individuais (femininas e masculinas) e coletivas (pares mistos, trios e sextetos). Apesar de haver campeonatos internacionais regulares, a modalidade ainda não faz parte do calendário olímpico. GINÁSTICA DE TRAMPOLIM A Ginástica de Trampolim tem origem circense e lúdica, tendo sido utilizada em treinamento militar de paraquedistas. Foi aprimorada e institucionalizada como modalidade esportiva nos anos 1930-1940 pelo ginasta George Nissen (1914-2010). O primeiro campeonato ocorreu em 1948, nos EUA, e a modalidade foi inclusa nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México (1955). O aumento de países interessados levou à criação da Federação Internacional de Trampolim em 1964, que passou a organizar e regular as competições internacionais. Em 1988, essa entidade foi reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1999, entrou na FIG como modalidade ginástica competitiva, tornando-se enfim desporto olímpico nos Jogos de Sidney (2000). Foto: Bauken77 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 Ginástica de Trampolim. Nas competições, mortais e piruetas são executados a cerca de oito metros de altura e requerem precisão técnica e controle preciso do corpo. As competições são individuais ou sincronizadas, masculinas ou femininas. São quatro as provas da modalidade: TRAMPOLIM INDIVIDUAL TRAMPOLIM SINCRONIZADO DUPLO MINITRAMPOLIM TUMBLING DESSAS, APENAS AS DUAS PRIMEIRAS FAZEM PARTE DO PROGRAMA OLÍMPICO. No trampolim individual, os ginastas executam séries com 10 elementos técnicos aéreos, enquanto no trampolim sincronizado, dois ginastas do mesmo sexo executam séries em sincronia, valendo-se de dois trampolins do mesmo tipo utilizado nas provas individuais. A prova de duplo-minitrampolim consiste na combinação da corrida do tumbling com os saltos verticais do trampolim. O ginasta executa uma corrida preparatória no solo para a impulsão na primeira parte do aparelho. Em seguida, é realizada uma acrobacia aérea, para então se impulsionar na segunda parte do aparelho e executar um segundo elemento acrobático, sem interrupção. Finalizando num colchão de aterrissagem. No tumbling, as séries são compostas por oito exercícios acrobáticos realizados ininterruptamente em linha reta, sobre uma pista elástica de 25m. O sistema de pontuação segue modelo parecido com o aplicado à Ginástica Artística, com notas máximas sendo definidas para cada acrobacia, perdendo-se pontos em função de falhas ou imperfeições técnicas em sua realização. GINÁSTICA ACROBÁTICA À semelhança da Ginástica de Trampolim, a Ginástica Acrobática tem origens circenses, tendo-se sistematizado como modalidade competitiva apenas no século XX. As rotinas consistem em exercícios praticados com parceiros e sem aparelhos, cujo objetivo fundamental é controlar os movimentos de equilíbrio executados em pares ou em grupos, valendo-se de variações de posições em solo ou no ar. As sequências são executadas com música em um tablado de 12 x 12m, requerendo expressão e movimentos do corpo ritmicamente sincronizados. Foto: Trampoline club du Dauphiné / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 Ginástica Acrobática. As competições incluem cinco divisões: Duplas femininas Masculinas ou mistas Trio feminino Quarteto masculino. ATENÇÃO Cabe notar que a Ginástica Acrobática ainda não faz parte dos desportos apresentados nos Jogos Olímpicos. PARKOUR O Parkour é um tipo de atividade física desenvolvido nos anos 1980, na França. Em sua origem há elementos do Método Natural de Hébert, o qual propunha, entre as suas atividades, percurso concebido para treinamento militar, denominado parcours militaire. Disso, aliás, deriva o nome da modalidade. Com base nas características do parcours militaire, o francês David Belle estruturou uma série de movimentos com a proposta de usar os elementos do meio ambiente como obstáculos a serem ultrapassados. Seu pai foi treinado nas Forças Armadas, tendo servido na Guerra da Indochina e depois atuado como bombeiro. Nessas corporações, obteve recordes em saltos, arremessos com vara e subida em corda, fatos que influenciaram na concepção de Parkour desenvolvida por David Belle. O PRATICANTE DO PARKOUR É CHAMADO DE TRACEUR (EM TRADUÇÃO LIVRE, TRAÇADOR DE ROTA), DE ONDE A DENOMINAÇÃO INGLESA TRACER, USUALMENTE, APLICADA. EM LINHAS GERAIS, O OBJETIVO É SUPERAR OBSTÁCULOS FÍSICOS OU IMAGINÁRIOS DA FORMA MAIS RÁPIDA E EFICIENTE POSSÍVEL. A MODALIDADE PODE SER PRATICADA TANTO INDIVIDUALMENTE QUANTO EM GRUPO. NO ENTANTO, TRATA-SE AINDA DE UMA PRÁTICA POUCO EXPLORADA EM TERMOS DE FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA, O QUE TORNA DIFÍCIL SUA CATEGORIZAÇÃO. POR OUTRO LADO, SUA CONCEPÇÃO DE BASE É MUITO SIMPLES: TRAÇA-SE E EXECUTA-SE UMA TRAJETÓRIA RÁPIDA E EFICAZ PARA IR DE UM PONTO A OUTRO. Foto: Rave NIK / Shutterstock.com O Parkour. Via de regra, são utilizadas corridas, variações de movimentos quadrupedais, rolamentos, escaladas, equilíbrios e saltos, dentre outras formas de movimento. Movimentos acrobáticos não precisam ser necessariamente realizados, mas podem ser aplicados quando aceleram para a superação do obstáculo, ou mesmo por motivos estéticos. Esse é particularmente o caso do Free Running, vertente mais artística do Parkour desenvolvida por Sébastien Foucan. A disseminação do Parkour foi rápida, principalmente, com apoio das redes sociais e internet. Isso não passou despercebido à FIG, que reconheceu a modalidade em 2017, com objetivo de alcançar públicos mais jovens. Assim, em 2018, durante congresso realizado em Baku, Azerbaijão, a entidade aprovou a inclusão do Parkour como uma de suas modalidades. Naquela oportunidade, agendou-se para abril de 2020, em Hiroshima, Japão, o I Campeonato
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