Buscar

OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO

Prévia do material em texto

OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO
PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO
1. Conceito:
Os princípios são importantes componentes do sistema jurídico, pois ajudam decisivamente na formação e interpretação das normas jurídicas. 
Além disso, são diretrizes e postulados que inspiram o sentido das normas e regulamentam as relações jurídicas.
Os princípios têm algumas funções, dentre elas:
· Função Normativa: os princípios integram o ordenamento jurídico, ou seja, são fontes supletivas, que atuam quando há lacunas ou omissões na lei (art. 4º LINDB/art. 8º CLT)
Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
· Função Interpretativa: os princípios servem como orientador aos interpretes e aplicadores das normas, quanto ao seu real alcance e sentido.
· Função Informadora: são fontes de inspiração ao legislador e de fundamento para novas disposições normativas.
2. Princípios em espécie:
2.1- PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO
No direito material (direito do trabalho) por reconhecer a hipossuficiência do empregado, trata-se desigualmente os desiguais, por aplicação do:
1) in dubio pro operário – na dúvida, pro trabalhador
2) condição mais benéfica – na dúvida, vale a condição mais benéfica ao trabalhador
3) norma mais favorável - na dúvida, vale a norma mais benéfica ao trabalhador
No Processo do trabalho também há aplicação de regras que beneficiam aquele que é considerado a parte mais fraca. Exemplo:
· Se o ausente é o reclamante o processo é extinto sem resolução de mérito. Caso o ausente seja o reclamado, será aplicada a revelia. (# tratamentos). (844 CLT)
2.2-PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO Art. 852-E Art. 846 e 850 Art. 764 da CLT
Extremamente importante no processo do trabalho. Verdadeira fixação do legislador. Por meio dela são extintos milhares de processo do trabalho por ano. Há dois momentos obrigatórios para a proposição da conciliação:
1. No início da audiência (Art. 846 CLT)
2. No final da audiência (Art. 850 CLT)
Ao ser homologado o acordo, o juiz sentenciará extinguindo o feito com resolução de mérito. Porem o magistrado não é obrigado a aceitar o acordo. Segundo a sumula 418 do TST, é ato facultativo do juiz. 
O magistrado não está obrigado a aceitar o que foi proposta pela parte. 
A única forma de desfazer o acordo é através de ação rescisória (sumula 259 do TST).
A reforma trabalhista inseriu o procedimento de homologação extrajudicial (ou seja, homologa também acordos antes do ajuizamento das demandas trabalhistas).
2.3-PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTERLOCUTORIAS 
(ART 893 §1º CLT)
São incabíveis recursos de decisões proferidas no curso do processo, devendo a parte aguardar ser proferida decisão final para recorrer. Tal PP está totalmente atrelado a celeridade processual da Justiça do trabalho. Há algumas exceções. Não significa que não caiba recurso contra as decisões interlocutórias, mas sim que não cabe de imediato, só quando for recorrer da sentença.
2.4-PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI 
(ART 791 CLT)
Possibilidade de as partes ajuizarem por elas mesmas as suas ações sem necessidade advogado. As exceções são ditadas pela SUMULA 425 TST o que permite dizer que tal pp (jus postulandi) foi mitigado. As exceções são:
1) Mandado de segurança
2) Ação rescisória
3) Ação cautelar
4) Recursos direcionados ao TST
Mais uma restrição é o art. 855-B ao afirmar que o acordo extrajudicial deve ser assinado por advogado.
2.5) PRINCÍPIO DA ORALIDADE
(Art. 840, 847,850 CLT)
Muitos dos atos processuais podem ser realizados oralmente na justiça o que facilita o Jus Postulandi. Prevalência dos atos orais praticados em audiência, incluindo as provas. Vale destaque aos seguintes atos que podem ser realizados oralmente:
· Petição inicial: 840 CLT pode ser escrita ou oral por opção do autor
· Defesa pode ser oral (em 20 minutos) art. 847 CLT 
· Razoes finais: art. 850 CLT (em até 10 minutos para cada parte)
· Protesto em audiência: Sendo proferida decisão interlocutória deve a parte manifestar seu protesto de forma oral para evitar a preclusão em relação a matéria; O protesto é a demonstração do inconformismo com a decisão proferida, não sendo um recurso, mas a inclusão da informação na ata da audiência.
2.6) PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
O juiz deve tentar concentrar a maior parte dos atos processuais em uma única audiência, para que a sentença seja prolatada o mais rápido possível. Art. 849 da CLT: A audiência será contínua (hoje, é quase impraticável a audiência "una", e, portanto quase todos os magistrados do trabalho costumam partilhar a audiência em três sessões: 
- Audiência de conciliação (inaugural), 
- Audiência de instrução e 
- Audiência de julgamento. 
No entanto, segundo o art. 852-C, as demandas que seguem o procedimento sumaríssimo deverão ser de fato unas).
2.7) PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FISICA DO JUIZ:
O juiz que instruiu o processo deve ser o que vai proferir a sentença. 
Claro que há exceções como férias, doença, promoções do magistrado, ...
2.8) PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:
Não está expresso na CF/88 e nem na CLT porém a CF não assegurou o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório. Entretanto, é um princípio implícito em virtude de Convenções Internacionais assinadas pelo Brasil. A Súmula 303 do TST regulamenta a aplicação deste princípio na Justiça do Trabalho.
2.9) PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL: 
(ART. 765 DA CLT)
O que o juiz busca no processo é a verdade dos fatos, e não a verdade meramente formal ou documental (semelhança com o princípio da primazia da realidade).
Ex1: Juiz pode até mesmo comparecer em diligência com as partes para ver quem está falando a verdade.
EX2: Reclamação trabalhista em que a reclamante requer o reconhecimento do vínculo de emprego com a empresa “GHJ Ltda.”. A empresa reclamada, por sua vez, nega o referido vínculo, alegando que a reclamante não trabalhou para ela, não tendo, inclusive, jamais ingressado no interior do estabelecimento. O Magistrado converteu a audiência em diligência e se dirigiu à empresa reclamada com as partes. No local, o Magistrado solicitou que a reclamante indicasse o banheiro feminino. Esta não soube indicar e o Magistrado percebeu qual das partes estava faltando com a verdade.
2.10) PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA:
Possibilidade de a justiça do trabalho estabelecer o seu poder normativo, de proferir a chamada sentença normativa de cunho obrigatório para os sindicatos dos trabalhadores e sindicatos patronais, caso não haja o acordo entre eles. 
Art. 114, § 1º da CF/88. Chamado também de jurisdição normativa ou nomogênese derivada: a Justiça do Trabalho exerce o Poder Normativo, pelo qual substitui as partes na resolução de um conflito coletivo de natureza econômica. É feito por uma ação chamada dissídio coletivo. Na prática, pode-se estabelecer normas e condições de trabalho".
2.11-PRINCÍPIO DA CELERIDADE
É um reflexo direto da simplicidade e da informalidade dos atos. O Processo Trabalhista, por cuidar, na maior parte dos casos, de verbas salariais que serão usadas para a subsistência da parte, deve ser realizado de maneira rápida e simples. É o fato de que o empregado deve receber mais rapidamente as verbas que lhe são devidas, porque é de natureza alimentar, devendo assim, haver simplificação de procedimento.
2.12- PRINCÍPIO DISPOSITIVO
Também conhecido como princípio da inércia da jurisdição, o princípio dispositivo preconiza que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
A inércia se restringe apenas à iniciativado processo, pois uma vez provocada a Jurisdição, ou seja, uma vez ajuizada a demanda, haverá o impulso oficial para o andamento do processo.
O direito processual trabalhista, contudo, em homenagem à celeridade que é uma de suas marcas, bem como à simplicidade que é um de seus vetores, concebe algumas mitigações ao princípio, como por exemplo, a execução ex officio pelo juiz, prevista no art. 878, da CLT. (MODIFICADO PELA LEI 13.467/2017).

Continue navegando