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Terminalidade da vida Introdução Essa questão da terminalidade da vida é ainda uma polêmica entre o meio médico, pois esbarra em preceitos éticos que devem ser seguidos. Atendimento a pacientes terminais • O que o paciente sabe sobre seu diagnóstico e prognóstico • Este fato se relaciona com o exercício da autonomia • Só pode se autodeterminar, de modo adequado, aquela pessoa com pleno conhecimento dos fatos médicos ligados à sua doença • O acesso à verdade é essencial • Porém, o direito à verdade nem sempre obriga os médicos a dizer a verdade para os pacientes em todos os momentos • O médico prudente vai avaliar cada caso tentando pesar os prós e contras das duas alternativas: o Dizer a verdade ou o Omitir dados do paciente Em seu julgamento: • Considerará que, somente um fato moral muito relevante, em termos de beneficência, poderá justificar uma ação de ignorar o direito do paciente à verdade e, consequentemente, de que o paciente Informação e o código de ética médica É vedado ao médico: • Deixar de informar ao paciente o dx, prognóstico Quais medidas usar para manter um paciente vivo? • Medidas ordinárias: são as convencionais, de baixo custo, pouco invasivas e tecnologicamente simples • Medidas extraordinárias: invasivas, caras, heroicas e de tecnologia complexa • Medidas fúteis: são aquelas com baixíssima chance de serem eficazes, não importando o número de vezes em que é utilizada. * Tratamento fútil • A futilidade deve ser definida em função da relação existente entre a terapêutica e o cuidado • Um tratamento é considerado fútil quando não tem probabilidade de valor terapêutico, isto é, quando agrega riscos crescentes sem um benefício associado Importante: não alterará a situação de terminalidade e cuja suspensão é chamada suspensão de esforço terapêutico Entretanto, quando o objetivo é o cuidado do paciente, as medidas não são fúteis, uma vez que visam o conforto do paciente – são os chamados cuidados paliativos. Outras questões • É imperioso verificar que o paciente terminal deve ser cuidado de modo digno, recebendo tratamentos ordinários para lhe amenizar os sofrimentos e assegurar- lhe a qualidade de vida o Pois o ser humano tem outras dimensões além da biológica (visão holística), de forma que aceitar o critério da qualidade de vida significa estar à serviço da vida e da pessoa. Objetivos dos cuidados paliativos • Permitir que o processo natural de fim da vida decorra nas melhores condições possíveis, tanto para o doente como para a família e, bem como, para o profissional. O médico deve ou pode ajudar o paciente a morrer? Esta pergunta remete ao conceito de eutanásia. • É traduzida como uma “boa morte”, “morte apropriada”; • Termo proposto por Francis Bacon; • Atualmente, entende-se que a eutanásia é quando uma pessoa causa deliberadamente a morte de outra pessoa que está mais fraca, debilitada ou em sofrimento; • Caracterização da eutanásia – de duas formas: o A intenção – de fazer o ato propriamente dito o Efeito da ação • Classificação de eutanásia: o Ativa: ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins misericordiosos por uma ação positiva. o Passiva/indireta: a morte do paciente ocorre dentro de um quadro terminal ou porque não se inicia uma ação médica ou porque há interrupção de uma medida extraordinária, com o objetivo de minorar o sofrimento o Eutanásia voluntária: quando a morte é provocada atendendo a vontade do paciente o Eutanásia involuntária: quando a morte é provocada contra a vontade do paciente o Eutanásia não voluntária: quando a morte é provocada sem que o paciente tenha manifestado sua posição em relação a ela Suicídio assistido • A assistência ao suicídio de outra pessoa pode ser feita por atos – prescrição de doses altas de medicação e indicação de uso, ou de modo passivo, através da persuasão ou encorajamento Q U A N T O A O C O N S E N T IM E N T O D O P A C IE N T E Q U A N T O A O T IP O D E A Ç Ã O • Em ambas as formas a pessoa que contribui para a ocorrência da morte da outra, compactua com a intenção de morrer por meio do uso de agente causal Eutanásia, suicídio assistido e futilidade • Ambos são claramente diferentes das decisões de retirar ou de não implantar um tto que não tenha eficácia ou que gere sérios desconfortos, unicamente para prolongar a vida de um paciente • Ao contrário da eutanásia e do suicídio assistido, esta retirada ou não implantação de medidas fúteis não agrega outra causa que possa conduzir à morte do paciente. Mistanásia • Seria uma “eutanásia social” – fora e antes da hora • A morte miserável, por omissão, por negligência (más práticas profissionais), por incompetência ou insuficiência de assistência à saúde ou ainda por erros médicos Tradição hipocrática • Médicos e outros profissionais de saúde se dedicam a proteger e preservar a vida • Uma vez aceita a prática de eutanásia como um ato médico, os médicos teriam também a tarefa de causar a morte • A participação na eutanásia não somente alteraria o objetivo da atenção à saúde como também poderia influenciar de modo negativo a confiança para com o profissional, por parte dos pacientes. Outros termos importantes • Distanásia: morte lenta, agoniante, com muito sofrimento por tempo prolongado. É eticamente inadequada. • Ortotanásia/morte natural: curso natural da patologia e uma atuação correta e adequada frente à morte. Não deve ser confundida com a palavra eutanásia, pois o termo está associado aos cuidados paliativos adequados que devem ser prestados aos pacientes nos momentos finais de sua vida. Declaração de Madrid Declara que a eutanásia é uma prática inadequada, não impedindo o medico de respeitar o desejo do paciente ao permitir o curso natural do processo de morte na fase terminal da doença. Código de ética médica e a eutanásia É vedado ao médico: • Deixar de usar todos os meios disponíveis de dx e tratamento cientificamente reconhecidos em favor do paciente (desde que sejam reconhecidos cientificamente) • Abreviar a vida do paciente, ainda sob autorização do representante legal Novo código de ética médica • Nos casos de doenças terminais e incuráveis, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis, sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis/obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, se impossível, a de seu representante legal. Diretiva antecipada de vontade • CFM estabeleceu os critérios para que qualquer pessoa maior de idade e consciente possa definir junto ao seu médico quais os limites terapêuticos na fase terminal; • Entende-se como regras que estabelecem critérios sobre uso de tratamento considerados invasivos/dolorosos em casos clínicos em que não há qualquer possibilidade de recuperação • Assim, o paciente que optar pelo registro de sua diretiva antecipada de vontade poderá definir com seu médico quais procedimento considerados pertinentes e aqueles aos quais não quer ser submetido • Também conhecida como testamento vital, é o registro do desejo expresso do paciente em documento, o que permitirá que a equipe que fornece suporte siga a orientação • +18 anos ou emancipada • Isso se concretiza pelo interessado estar em pleno gozo de suas faculdades mentais, lúcido e responsável por seus atos perante a lei o OBS.: não cabe às crianças e adolescentes nem aos pais (PROVA) • Na própria ficha/prontuário, porém, expressamente autorizado pelo paciente • Não requer testemunhas, pois o médico tem fé pública; • Sem cobrar valor adicional – esse registro faz parte do atendimento • Se o paciente quiser, poderá registrar em cartório • Só o paciente pode alterar • Familiares não podem contestar a escolha do paciente • Avanço na relação médico paciente• Possibilidade de ortotanásia • Compromisso humanitário e ético atendendo a vontade do paciente terminal e não usando medidas fúteis para prolongar a vida • • No texto, o desejo deverá ser mencionado pelo médico, de modo minucioso, que o paciente está lúcido, consciente de seus atos e que compreende a decisão tomada A diretiva antecipada de vontade e eutanásia Só deverá ser seguida pelo médico quando se tratar de situações de emprego de meios artificiais, desproporcionais, fúteis e inúteis para prolongar a vida ....... Importante: médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de vontade do paciente ou representante que, em sua análise, estiverem em desacordo com os preceitos ditados pelo CEM. CEM – princípios fundamentais • Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará realizar procedimentos desnecessários e fornecerá aos pacientes todos os cuidados paliativos adequados. • No processo de tomada de decisões, o médico aceitará as escolhas dos pacientes desde que adequadas para o caso e reconhecidas cientificamente Casos em repercussão • Atleta paraolímpica campeã com doença degenerativa marcou uma data para morrer • Homem uruguaio de 90 anos mata esposa com 96 anos com tiro sob pedidos da mulher Países que legalizaram eutanásia • Suíça – suicídio assistido, mas não eutanásia • Luxemburgo • Canadá • EUA – alguns estados • Colômbia