Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – UNAERP CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA Operações Unitárias 3 Trocadores de Calor a Placas Fernanda Arantes Tangerino – 777.858 Priscila Bálico Fernandes – 777.863 Bianca Chieregato Maniglia – 800.501 Aristeu Soares Divindade Filho – 755.268 RIBEIRÃO PRETO – SP JUNHO 2010 Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa Sumário 1. Introdução 1 1.1. Descrição e modos de escoamento em trocadores de calor a placas 3 2. Dimensionamento de um trocador a placas 9 2.1. Balanço de energia no trocador 9 2.2. Obtenção do ΔTMLDT (média logarítmica das temperaturas ) 11 2.3. Estimativa inicial do coeficiente global de troca térmica (Ue-inicial) 15 2.4. Cálculo da área total de troca térmica (At) 16 2.5. Área de troca térmica para cada placa (Ap) 16 2.6. Cálculo do número de placas (Np) 21 2.7. Cálculo do fluxo mássico do fluido nos canais (Gc) 21 2.8. Cálculo do número de Reynolds para o escoamento nas placas (Re) 21 2.9. Cálculo do número de Prandtl para os fluidos (Pr) 22 2.10. Cálculo do coeficiente convectivo para os fluidos (h) 22 2.11. Correção da viscosidade pela temperatura de parede (Tp) 25 2.12. Cálculo do coeficiente global de troca térmica (Ue-real) 26 2.13. Perda de carga no trocador de placas 28 2.13.1. Perda de carga no canal (ΔPc) 28 2.13.2. Perda de carga por escoamento nos dutos e portas (ΔPp) 29 2.13.3. Perda de carga por presença de cota (ΔPh) 30 2.14. Cálculo da velocidade de escoamento dentro dos canais 31 3. Exemplo prático de dimensionamento 31 4. Bibliografia 42 Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 1 1. Introdução A grande competitividade industrial tem sido um incentivo para a constante otimização de processos e também o desenvolvimento de novos equipamentos, com o objetivo principal de reduzir os custos operacionais. Dá-se uma atenção especial à conservação de energia, e na necessidade de seu uso racional e eficiente, nos processos de recuperação de calor. Deste modo, o projeto e a operação de unidades de transferência de calor visam a minimização dos custos e maximização de sua eficiência. Com isso, o desenvolvimento de trocadores de calor mais compactos, econômicos e eficientes tem ganhado grande espaço. Surgindo então os trocadores de calor compactos (CHE - Compact Heat Exchangers), definidos como trocadores de calor que possuem uma grande densidade de área (>500 m²/m³), ou seja, possuem uma maior área superficial de troca em seu volume espacial ocupado, sendo que um trocador de calor casco-tubo convencional possui uma densidade de área em média de 100 m²/m³. Hoje em dia existem diversos tipos de CHEs disponibilizados pelos fabricantes para variadas aplicações: � Trocadores de calor do tipo placas - Trocadores de calor a placa gaxetados - Trocadores de calor a placa semi-soldados - Trocadores de calor a placa brasados � Trocadores de calor de placa-aletas; � Trocadores de calor em espiral; � Trocadores de calor casco-placa. A Figura 1 faz uma comparação entre os tamanhos de um trocador de calor casco-tubo convencional e um trocador de calor espiral. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 2 Figura 1. Tamanhos de um trocador espiral e um trocador casco-tubo. Na Figura 2 são apresentados alguns tipos de trocadores de calor compactos. Figura 2. Alguns tipos de trocador de calor compactos: (a) espiral; (b) casco-placa; (c) tubo-aleta; (d) placas brasadas; (e) placas soldadas; (f) placas gaxetado. Destes tipos, o que mais se destaca é o trocador de calor a placas do tipo gaxetado, por sua flexibilidade e alta eficiência térmica. Devido aos contínuos aperfeiçoamentos desde os anos 30, seu uso tem se intensificado no emprego de operações líquido-líquido com temperaturas e pressões moderadas, ganhando espaço Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 3 perante os tradicionais trocadores casco-tubo. Tendo em vista sua ampla utilização nos dias de hoje, tentaremos introduzir um método simples de projeto e dimensionamento para trocadores de calor a placas. 1.1 Descrição e Modos de Escoamento de Trocadores de Calor a Placas. Os trocadores de calor a placas, ou PHE (plate heat exchanger), são utilizados principalmente para trocas de calor entre líquidos e são amplamente utilizados em indústrias de processamento de alimentos e farmacêuticas devido às suas necessidades de limpeza constante e elevado controle das temperaturas dos processos. Eles são formados por um pacote de placas corrugadas, agrupadas e comprimidas em um pedestal. A Figura 3 exemplifica um trocador a placas e as partes que o constituem. Pode-se notar que o pedestal é composto por uma placa fixa, uma placa de aperto móvel, um barramento inferior e um superior onde as placas se encaixam, e parafusos de aperto. As conexões das tubulações podem ser ligadas tanto na placa fixa, quanto na móvel, porém é comum configurar o trocador para que a placa de aperto fique livre de tubulações, facilitando assim a desmontagem do trocador para limpeza. Figura 3. Partes de um trocador de calor a placas Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 4 Nos trocadores do tipo gaxetado, placas são seladas nas extremidades por gaxetas (diferente dos outros tipos, onde são soldadas ou brasadas entre si) e possuem orifícios de passagem nas extremidades para a distribuição dos fluidos. O conjunto de placas seladas forma uma seqüencia de canais paralelos por onde os fluidos de troca térmica circulam. A parte central da placa geralmente é corrugada para aumentar a turbulência do escoamento dentro destes canais e também para aumentar a resistência mecânica do pacote de placas. Estas, normalmente são de aço inoxidável, mas outros metais podem ser empregados como Titânio, Cobre/Níquel, Alumínio-latão. São dois os principais tipos de corrugação das placas: chevron ou herringbone (espinha de peixe) e intermating ou washboard (tábua de lavar). A Figura 4 mostra esses dois principais tipos. As ranhuras elevam a turbulência do escoamento e reduzem o valor do número de Reynolds crítico para valores entre 10 e 400, sendo que para um tubo liso de seção circular a transição possui um valor de Reynolds de 2.100. Figura 4. Os dois principais tipos de corrugação: washboard e chevron (SEC Heat Exchangers 2002) As gaxetas são feitas usualmente de borrachas butílicas ou nitrílicas, mas uma grande variedade de materiais compressíveis pode ser utilizada, dependendo das condições de operação e dos fluidos. São elas que garantem a circulação do fluido por Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 5 entre as placas de acordo com a configuração desejada, impedindo que os dois fluidos se misturem. O uso de placas com gaxetas eleva a eficiência do trocador e o torna compacto, entretanto há um aumento nos riscos de vazamento, o que impõe restrições para a pressão e a temperatura de operação. A Tabela 1 apresenta algunstipos de materiais de gaxetas e seus respectivos limites de temperatura. Tabela 1. Materiais de gaxetas e limites de temperatura Material Temperatura Máxima (°C) Borracha natural, neopreno 70 Borracha nitrílica 100 Borracha butílica 120 Silicone 140 Existem respiros nas gaxetas (Figura 5) que impedem a mistura dos fluidos no caso de vazamento e também facilitam a detecção dos pontos de vazamento. A Tabela 2 apresenta as características típicas e limites de operação para trocadores de placa. Já a Tabela 3 apresenta as principais vantagens e desvantagens de se usar esse tipo de trocador. Tabela 2. Características típicas e limites de operação para trocadores de calor a placas. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 6 Tabela 3. Principais vantagens e desvantagens dos trocadores de calor a placas. Fontes: APV do Brasil (1977); Shah e Focke (1988); Hewitt ET AL. (1994); Kakaç e Liu (2002) O espaço compreendido entre duas placas forma um canal de escoamento. O fluido entra e sai de um canal através de orifícios de passagem da placa, sendo o escoamento direcionado pela gaxeta (Figura 5). Quando as placas são alinhadas e comprimidas, os orifícios de passagem formam dutos de distribuição e de coleta. Estes dutos são conectados à tubulação externa através das placas (blocos) fixa e móvel. Dentro de um canal do trocador o fluxo pode ser diagonal ou vertical, dependendo do tipo de gaxeta utilizada. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 7 Figura 5. Tipos de fluxo em um canal O fluxo diagonal tende a melhorar a distribuição de fluido dentro do canal, evitando a formação de áreas de estagnação. Já o fluxo vertical tem a vantagem de ter desenho e montagem mais simples, onde as conexões de cada fluido ficam isoladas nos lados direito e esquerdo do trocador. Um conjunto de canais no qual o fluxo principal é distribuído, escoando em um único sentido, é denominado “passe”. Cada vez que ocorre uma mudança de sentido, muda-se de passe. Estes podem ser simples (passe único) ou multi-passes. O arranjo de passes mais convencional é o paralelo tipo U, pois é um arranjo de alta eficiência térmica (devido ao escoamento contracorrente nos canais) em que todas as conexões de tubulação localizam-se na placa fixa, deixando a placa móvel livre. O arranjo paralelo tipo Z não tem essa última vantagem, mas a distribuição do fluxo dentro do passe é melhor neste caso. Os arranjos em paralelo são normalmente empregados para vazões altas e os arranjos em série são preferidos para os processos com baixas vazões em que se deseja obter uma reduzida diferença de temperatura entre as correntes, podendo o Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 8 fluxo de escoamento ser concorrente, contracorrente ou misto, porém o escoamento contracorrente é predominante no trocador a placas. A seleção da configuração de um trocador é uma questão complexa, pois a configuração tem grande influência sobre o desempenho térmico e sobre a perda de carga. Quanto menor for o número de canais por passe, maior será a velocidade de escoamento nos canais (já que a corrente será dividida em menos canais) e maiores serão a perda de carga e o coeficiente convectivo de troca térmica. Usualmente o arranjo de passes é selecionado antes do dimensionamento do trocador, tendo como base a perda de carga disponível para as correntes. Em seguida, a carga térmica desejada é usada para cálculo da área total requerida, resultando no número de placas necessárias. Entretanto, precisa-se escolher um arranjo de passes que seja viável e compatível com o número de placas. Na Figura 6 são mostrados exemplos de arranjos em paralelo e em série para PHEs com nove placas. São também apresentados exemplos de arranjos multipasse simétrico e assimétrico. No caso simétrico, o número de passes é o mesmo para os dois fluidos. Figura 6. Algumas configurações possíveis para um trocador com oito canais. Os arranjos mostrados na Figura 6 são muito comuns, sendo o arranjo em paralelo onde cada corrente faz um passe único, e o arranjo em série onde o fluxo segue pelos canais mudando periodicamente de passe. Esses arranjos são obtidos Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 9 usando placas especiais com orifícios fechados que segmentam os dutos por onde cada fluido entra ou sai de cada canal. A Figura 7 mostra as possibilidades de perfuração das placas para determinar tipo de arranjo. Figura 7: Possibilidades de perfuração para uma placa (Dryden Aqua 2002) 2. Dimensionamento de um trocador a placas A partir de agora vamos introduzir um método simples para o dimensionamento de um trocador de calor a placas. Esse dimensionamento está voltado apenas para trocadores de calor a placas do tipo gaxetado com placas de corrugação do tipo chevron (pois são as mais amplamente utilizadas), mas pode ser extrapolado para alguns outros tipos como o de placas soldadas ou semi-soldadas. Os passos para o dimensionamento são detalhados a seguir. 2. 1. Balanço de energia no trocador A Tabela 4 resume os parâmetros importantes dos fluidos que serão usados para o balanço de energia. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 10 Tabela 4: Parâmetros de cada fluido no trocador de calor Parâmetro Lado Quente (q) Lado Frio (f) Temperatura de entrada do fluido (°C) Te,q fornecido Te,f fornecido Temperatura de saída do fluido (°C) Ts,q fornecido Ts,f fornecido Temperatura média das correntes (°C) Tm,q Tm,q = (Te,q + Ts,q)/2 Tm,f Tm,f = (Te,f + Ts,f )/2 Condutividade térmica (W.m-1.°C-1) kq tabelado kf tabelado Calor específico (J.kg-1.°C-1) cpq tabelado cpf tabelado Densidade (kg.m-3) ρq tabelado Ρf tabelado Viscosidade (kg.m-1.s-1) µq tabelado µf tabelado Vazão mássica do fluido (kg.s-1) wq obtido/fornecido wf obtido/fornecido Obs: Todas as propriedades físicas devem ser obtidas e calculadas para a temperatura média de cada corrente. Para determinar o balanço de energia em trocadores a placas, avalia-se inicialmente o mesmo de forma global, determinando a taxa de transferência de calor total. Em seguida, realiza-se o balanço energético para os canais que compõem a placa obtendo o perfil de temperatura ao longo desses canais. Contudo, para determinar balanço de energia assume-se que a temperatura no canal é uniforme e as placas das extremidades são adiabáticas. Para cada corrente de fluido que atravessa as faces da placa, tem-se o balanço de energia: Twcpq ∆= (1) Sendo ΔT a variação das temperaturas das correntes de cada face da placa )( se TTT −=∆ (2) As taxas de transferência de calor são determinadas por: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 11 )( ,, qsqeqqq TTcpwq −= (3) )( ,, fefsfff TTcpwq −= (4) Sendo o processo de troca térmica adiabático, tem-se: 0=+ fq qq (5) De (3) e (4) em (5) obtêm-se o Balanço de Energia Global: )()( ,.,, fefsffqeqsqq TTcpwTTcpw −=− (6) Sendo: wq= vazão mássica do fluido que passa pela face quente da placa [kg/s]; wf= vazão mássica do fluido que passa pela facefria da placa [kg/s]; cpq= calor específico do fluido que passa pela face quente da placa [J/kg.°C]; cpf=calor específico do fluido que passa pela face fria da placa [J/kg°C ]; Te,q= temperatura de entrada do fluido na face quente da placa [°C]; Ts,q=temperatura de saída do fluido na face quente da placa [°C]; Te,f=temperatura de entrada do fluido na face fria da placa [°C]; Ts,f =temperatura de saída do fluido na face fria da placa [°C]. 2.2. Obtenção da ΔTMLDT (média logarítmica das temperaturas) no PHE Pelo fato dos PHEs possuírem uma vasta gama de configurações e arranjos possíveis, existem casos (assim como nos trocadores casco-tubo) em que a operação não se configura como unicamente contracorrente ou concorrente, e a média logarítmica das temperaturas deve ser calculada então da seguinte forma: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 12 (7) Para levar em consideração o fato de o escoamento não ser puramente contracorrente ou concorrente, faz-se o uso do fator de correção F para a temperatura média logarítmica. Algumas relações podem ser levadas em conta para encontrar o fator de correção da temperatura, utilizando os parâmetros R1 e P1 e fazendo a leitura de seu valor em cartas de efetividade térmica. qsqe fefs TT TT P ,, ,, 1 − − = (8) fefs qsqe TT TT R ,, ,, 1 − − = (9) As Figuras 8 a 11 mostram algumas cartas de efetividade térmica para algumas configurações de trocador: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 13 Figura 8: Fator de correção para arranjo do tipo 2x1 Figura 9: Fator de correção para arranjo do tipo 3x1 Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 14 Figura 10: Fator de correção para o arranjo 3x2 Figura 11: Fator de correção para o arranjo 4x1 Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 15 Para arranjos simétricos do tipo 1x1, 2x2, 3x3 etc., consideram-se a situação de escoamento puramente contracorrente e o fator de correção são iguais a um. 2.3. Estimativa inicial do coeficiente global de troca térmica (Ue-inicial) A troca térmica entre os fluidos no trocador é realizada pela combinação dos efeitos convectivos do movimento das correntes, com o efeito condutivo através das paredes das placas. Normalmente, utiliza-se como referência a área total de troca térmica. Entretanto, diferente dos trocadores duplo-tubo (e semelhante ao casco- tubo), em que a área de troca é que é obtida a partir de um Ue calculado, para iniciar o projeto devemos estipular um valor inicial para este coeficiente (Ue-inicial). Podemos escolher como referência os valores da Tabela 5, que leva em conta o coeficiente entre o calor trocado, q, e a temperatura média logarítmica ΔTMLDT. Tabela 5: Valores típicos do Coeficiente global de troca térmica em trocadores de calor a placa. (ESDU - Engeneering Science Data Unit) Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 16 Obs: Podemos estimar também na tabela o custo por unidade (W/K) do aparelho de acordo com os valores de q/ΔTMLDT e U, e conseguir um custo aproximado do equipamento. - custos considerando placas de aço inox e pressão de operação de 10bar - para o uso de placas de titânio o custo é 1,7 a 2,0 vezes maior - se a pressão de operação for de 25 bar, os custos são 1,3 a 1,5 vezes maior. (fator de conversão 1£- 2,67R$) 2.4. Cálculo da área total de troca térmica (At) Em um trocador de calor a placas, a área total de troca térmica é correspondente à soma das áreas efetivas de troca de cada placa, podendo ser obtida pela equação de transferência de calor: (10) Sendo: At = área total de troca térmica [m 2]; q = carga térmica, ou calor trocado, no trocador [W]; Ue-inicial = coeficiente global de troca térmica [W.m -2.K-1]; ΔTMLDT = temperatura média logarítmica [°C]; F = fator de correção para o ΔTMLDT [-]. 2.5. Área de troca térmica para cada placa (Ap) Esta é uma parte delicada do projeto, pois depende das especificações das dimensões de cada placa. Mesmo tendo contínuos aperfeiçoamentos e seu uso intensificado ao longo do tempo, os trocadores a placa ainda têm uma barreira quando a questão é dimensionamento. Os cálculos de desempenho térmico e de perda de carga em PHEs muitas vezes são baseados em hipóteses simplificadoras como a de escoamento puramente Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 17 contracorrente, a de constância do coeficiente global de troca térmica ou a de fluidos com comportamento Newtoniano. Os métodos de cálculo encontrados na literatura são também restritos a certos tipos de configurações. Simplificações como estas comprometem o correto dimensionamento do trocador e a escolha de sua melhor configuração. Os métodos rigorosos de dimensionamento ainda são propriedade dos fabricantes do equipamento e são especializados nos modelos comercializados (Raju e Bansal, 1983b; Kakaç e Liu, 2002). Para novos projetos ou modificações no projeto original, é sempre necessário recorrer ao fabricante. Umas das informações sigilosas de grande importância e que os fabricantes não disponibilizam facilmente (a não ser que você compre o equipamento!!!), são as dimensões das placas utilizadas. Portanto temos que nos contentar em utilizar placas com dimensões pré-estipuladas de exemplos teóricos ou práticos. Um trocador de calor a placas pode ser visto como um pacote de Nt placas corrugadas, separadas entre si por gaxetas, formando (Nc = Nt – 1) canais de escoamento como mostrado nas Figura 12 e 13. As duas placas das extremidades, chamadas de placas de fechamento, não participam da transferência de calor, sendo considerado então Np como o número de “placas térmicas”, ou seja, o número de placas que efetivamente contribui para a transferência de calor obtido pela relação Nt = Np + 2. Figura 12: Seção transversal de um conjunto de placas, mostrando os canais de escoamento. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 18 Figura 13: Representação do pacote de placas e do escoamento alternado nos canais A Figura 14 mostra as principais dimensões de uma placa do tipo chevron. Figura 14: Principais dimensões de uma placa típica chevron Sendo: L = comprimento efetivo para troca térmica (medido entre as bordas dos orifícios); w = largura efetiva da placa (medida entre as gaxetas); Dp = diâmetro do orifício por onde os fluidos entram ou saem da placa; Lp = comprimento efetivo de escoamento (medido entre os centros dos orifícios); β = ângulo de inclinação das ranhuras chevron (muitos autores usam a direção do escoamento para determinar o ângulo de inclinação da ranhuma, ou seja, β* = 90° - β); b = profundidade média do canal (determinado de acordo com o comprimento do conjunto de placas e a espessura do canal); εp = espessura da placa. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 19 O fato das placas serem corrugadas faz com que a profundidade do canal não seja uniforme ao longo do comprimento do conjunto de placas. A profundidade média, b, é calculada então:(11) Sendo: b = profundidade média do canal [m]. Lpac = comprimento total do conjunto de placas [m]; εp = espessura da placa [m]; Nt = número de placas no conjunto [-]. Obs: Como as gaxetas são feitas de material elastoméricos, a espessura do canal vai depender do aperto dado aos parafusos de aperto do trocador, recomendando-se usar um valor médio de Lpac. A área de troca térmica de cada placa é w.L. Mas com a presença das ranhuras, a área real de troca térmica, Ap, é sempre maior do que o projetado, sendo esta diferença justificada pelo fator de alargamento da placa ф. (12) Sendo: w = largura efetiva de troca térmica da placa [m]; L = comprimento efetivo de troca térmica da placa [m]; Ф = fator de alargamento da placa [-]. Este fator de alargamento é obtido pela relação entre o comprimento desenvolvido (placa lisa) e o comprimento projetado da placa (corrugada). O valor deste parâmetro é normalmente fornecido pelo fabricante da placa e varia entre 1,15 Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 20 e 1,25, sendo o valor de 1,17 usualmente utilizado como uma aproximação (Kakaç e Liu, 2002), mas muitos fabricante fornecem apenas o valor de Ap. (13) Considerando que o diâmetro equivalente, De, de um canal seja o seu diâmetro hidráulico, definido como 4 vezes a razão do sua área de escoamento (Ae) pelo seu perímetro molhado (Pw). Para o caso de PHEs, o diâmetro hidráulico é obtido pela equação: (14) Obs: Muitos autores utilizam a simplificação De = 2.b A Tabela 6 mostra as principais dimensões de algumas placas comerciais, podendo variar apenas na angulação das ranhuras. Tabela 6: Características de algumas placas chevron comerciais (adaptado de Gut, 2003). M080 M100 M104 M125 M204 M250 M849 M1147 Caldo x Vapor Mosto Caldo x Caldo A p (m²) 0,080 0,100 0,104 0,125 0,204 0,250 0,849 1,147 1,387 1,423 2,054 L (mm) 626 511 580 537 740 762 1380 1400 1667 1540 1846 w (mm) 105 143 150 188 236 245 535 700 711 790 951 b (mm) 2,3 2,5 3,8 2,9 2,7 2,9 3,7 3,0 3,5 3,0 3,5 D p (mm) 37,0 43,0 40,0 64,0 59,0 83,0 150,0 150,0 272,0 250,0 331,0 εp (mm) 0,6 0,6 0,8 0,6 0,7 0,6 0,6 0,7 0,8 0,5 0,8 Φ 1,22 1,37 1,19 1,24 1,17 1,34 1,15 1,17 1,17 1,17 1,17 Obs: Os três últimos modelos são de placas existentes em trocadores de calor da Usina São Martinho S/A. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 21 2.6. Cálculo do número de placas (Np) A partir da área total de troca térmica At e na área efetiva de troca térmica de cada placa Ap, estima-se o número de placas efetivas do trocador Np: (15) CÁLCULO TÉRMICO PARA OS FLUIDOS QUENTE E FRIO. 2.7. Cálculo do fluxo mássico do fluido nos canais (Gc) (16) Onde Wfluido é a vazão mássica do fluido no canal (m.s -1) e Ncp é o número de canais por passe, dado por: (17) Onde: Nt = número total de placas no conjunto [-]; np = número de passes para cada fluido [-]. 2.8. Cálculo do número de Reynolds para o escoamento nas placas (Re) (18) Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 22 Onde: De = diâmetro equivalente (hidráulico) do canal [m]; Gc = mássico no canal [kg.m -2.s-1]; µfluido = viscosidade do fluido [kg.m -1.s-1]. 2.9. Cálculo do número de Prandtl para os fluidos (Pr) (19) Sendo: µfluido = viscosidade do fluido [kg.m -1.s-1]. cpfluido=calor específico do fluido [J.kg -1.K -1]; kfluido = condutividade térmica do fluido [W.m -1.K-1]. 2.10. Cálculo do coeficiente convectivo para os fluidos (h) Quando se utiliza placas do tipo chevron o coeficiente convectivo, assim como a perda de carga, dependem fortemente do anglo de inclinação das ranhuras. Quanto menor for o ângulo de inclinação (ou seja, maior a inclinação relativa ao escoamento β*), maior será o coeficiente de troca térmica e o fator de atrito. Mesmo com esforços intensivos em pesquisas sobre PHEs, correlações genéricas para a transferência de calor e fator de atrito ainda não estão disponíveis. Para trocadores do tipo gaxetado com placas chevron, algumas correlações para o número de Nusselt e o fator de atrito (baseados no diâmetro equivalente dos canais) são mostradas na Tabela 7. Mas como podemos ver, a maioria das correlações nos dá equações separadas para diferentes valores de β e não especifica os parâmetros utilizados que levaram em conta os efeitos dos canais corrugados. Além do mais, entender o fluxo dentro do canal de placas chevron é muito complicado, e por isso justifica-se o uso de um valor fixo de β para o conjunto de Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 23 placas, embora seja sabido que muitas vezes a configuração ótima do trocador é obtida quando se mescla placas com diferentes valores de inclinação. Tabela 7: Correlações para o fator de atrito de Fanning e o número de Nusselt em PHEs do tipo gaxetado. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 24 Tabela 7 (Continuação): Correlações para o fator de atrito de Fanning e o número de Nusselt em PHEs do tipo gaxetado. Uma correlação genérica proposta por Kumar é amplamente utilizada como uma aproximação muito válida para o número de Nusselt: (20) Os valores de Ch e n são obtidos pela Tabela 8, sendo Dh o diâmetro hidráulico (De), podemos ver que os valores de Ch, n, a5 e a6 aumentam de acordo com o aumento de β* = 90° - β, a transição para o regime turbulento ocorre em valores baixos de Reynolds (de 10 a 400) e por isso PHEs proporcionam valores mais elevados para o coeficiente de troca térmica. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 25 Tabela 8: Constantes para cálculo de transferência de calor e perda de carga em PHEs do tipo gaxetado. 2.11.Correção da viscosidade pela temperatura de parede (Tp) Na equação (20) para o cálculo dos coeficientes convectivos, é necessário o calculo dos fatores de correção de viscosidade (µq/µp) e (µf/µp), que por sua vez requer o conhecimento da temperatura de parede Tp. E segue-se o seguinte procedimento para o cálculo de Tp: a) Como a espessura das placas é muito pequena, assume-se que a temperaturas de parede para ambos os lados da placa é a mesma. b) Calculam-se os valores de hq e hf assumindo que os fatores de correção (µq/µp) e (µf/µp) são iguais a 1,0. c) Calcula-se a temperatura de parede (Tp) pela seguinte equação: (21) Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 26 d) Obtém-se então a viscosidade µp em tabelas, para a temperatura Tp calculada. e) Calcula-se os novos valores de (µq/µp) e (µf/µp). f)Recalcula-se os valores de hq e hf com os valores corrigidos de (µq/µp) e (µf/µp). g) Recalcula-se a Tp. O procedimento (a-f) é refeito até que haja a convergência nos valores de Tp ou dos fatores (µq/µp) e (µf/µp). Figura 15: Representação da temperatura de parede na placa. 2.12. Cálculo do coeficiente global de troca térmica (Ue-real) Para o cálculo do coeficiente global de troca térmica utilizamosa seguinte equação: (22) Sendo: Ue-real = coeficiente global de troca térmica [W.m -2.K-1]; hq = coeficiente convectivo de troca térmica do lado quente [W.m -2.K-1]; hf = coeficiente convectivo de troca térmica do lado frio [W.m -2.K-1]; Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 27 εp = espessura da placa [m]; kf = condutividade térmica do material da placa [W.m -1.K-1]; Rfq = fator de incrustação para o fluido no lado quente [m 2.K.W-1]; Rff = fator de incrustação para o fluido no lado frio [m 2.K.W-1]. A Tabela 9 mostra os valores da condutividade térmica para alguns metais ou ligas metálicas de materiais de placas: Tabela 9: Condutividade térmica de materiais de placas (Saunders, 1988) Quando se fala em incrustação nos trocadores a placa, encontramos mais um fator de grande importância para o correto dimensionamento de um equipamento. Além disso, os valores de Rf para PHEs são muito inferiores aos utilizados em trocadores tubulares, pois esta é reduzida devido à alta turbulência, aos acabamentos mais lisos do metal e à melhor distribuição dos fluidos pelos canais. No trabalho de Marriot (1971), constam valores recomendados de Rf processo envolvendo água, óleos lubrificantes, solventes orgânicos e vapor. Hoje em dia esta tabela ainda é altamente utilizada (APV do Brasil, 1977; Bond, 1981; Raju e Basal, 1983a; Kakaç e Liu, 2002) tendo sido atualizada poucas vezes. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 28 Tabela 10: Resistências de incrustação recomendadas para PHEs (Marriot, 1971) Portanto, quando se usa o fator de incrustação para trocadores tubulares no dimensionamento de PHEs, certamente este será superdimensionado. Cooper e Usher (1992) fazem uma aproximação de no máximo 20% do valor utilizado em trocadores tubulares. Para aplicações que não sejam água/água e não se possa estimar ao certo o fator de incrustação é sugerido um acréscimo de 25% na área total de troca calculada para o trocador limpo. 2.13. Perda de carga no trocador de placas A perda de carga no trocador de placas é causada por 3 fatores: - Perda de carga por atrito no escoamento dentro dos canais corrugados; - Perda de carga por escoamentos dos dutos de distribuição e orifício das placas; - Variação de pressão por mudança de cota. 2.13.1. Perda de carga no canal (ΔPc) A perda de carga no canal de escoamento pode ser determinada por: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 29 =∆ ρe cP c D GfLnP 22 (23) Sendo: f = fator de atrito [-]; L = comprimento efetivo de escoamento no canal [m]; np = número de passes [-]; Gc = fluxo mássico por canal [kg.m -2.s-1]; ρ = densidade do fluido [kg.m-3]; De = diâmetro equivalente [m]; O fator de atrito de Fanning, f, é calculado a partir da equação demonstrada abaixo, com três parâmetros empíricos a, a5 e a6. (24) Para placas do tipo chevron a = 0, em regime turbulento a5 = 0, e para regime laminar a6 =1, os valores das constantes a5 e a6 são obtidos na Tabela 8. 2.13.2. Perda de carga por escoamento nos dutos e orifícios (ΔPp) A perda de carga nos dutos de distribuição e orifícios das placas pode ser determinada por: P p p n G P =∆ ρ2 4,1 2 (25) Com fluxo mássico no orifício calculado por ( )2 4 p p D WG pi = (26) Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 30 Sendo: Dp= diâmetro do orifício [m]; np = número de passes [-]; ρ = densidade do fluido [kg.m-3]; Gp = fluxo mássico no orifício [kg.m -2.s-1;. W = vazão mássica do fluido [kg.s-1]. O valor de ΔPp não deve ultrapassar metade do valor total de perda de carga do fluido, porque esse fator não contribui para a troca térmica. Este fator ocorre quando a viscosidade do fluido é baixa, o passe é único e o diâmetro do orifício da placa é pequeno. 2.13.3. Perda de carga por presença de cota (ΔPh) Ocorre devido a uma variação de cota entre a entrada e a saída do fluido, de altura igual a Lp. ∆Ph = ρgLp (27) Logo, a perda de carga total para o sistema é a soma das contribuições das equações 25, 26 e 27: (28) Quando não há informações sobre a posição das tubulações de entrada e a saída do fluido, ou quando esta posição provoca uma perda de carga desprezível, desconsidera-se ΔPh e a equação geral para a perda de carga fica: p p e pp t n G D GfLn P + =∆ ρρ 2 4,1 2 22 (29) Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 31 Na literatura encontram-se as seguintes faixas usuais para perda de carga em trocadores de calor (Tabela11): Tabela 11: Valores sugeridos de perda de carga máxima admissível em trocadores de calor. 2.14. Cálculo da velocidade de escoamento dos fluidos dentro do canal (30) Segundo Kho e Müller –Steinhagen (1999) a faixa típica de velocidade de escoamento do fluidos em PHE está entre 0,1 a 1 m/s. Thonom et al. sugere que os fluidos tenham uma velocidade de escoamento superior a 0,3m/s para evitar a formação de zonas de estagnação ou incrustação. 3. Exemplo prático de dimensionamento - Dimensionar um trocador de placas para resfriar uma corrente de água, em vazão de 40000 kg/h, de temperatura 60 °C para 45 °C, utilizando para isso uma corrente de água fria a 25 °C com saída de 40 °C. O fator de incrustação a ser usado para ambos os fluídos é de 0,0001 m².K/W. Deve-se especificar as características de cada placa (tipo, ângulo, área, profundidade e largura do canal),. bem como número de placas, número de passes e área de troca. (1) Inicialmente vamos considerar um arranjo 1x1 em contracorrente do tipo U. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 32 (2) Monta-se a tabela das propriedades físicas das correntes para a utilização no balanço de energia. Parâmetro Água no lado quente (q) Água no lado frio (f) Temperatura de entrada do fluido (°C) Te,q 60,0 Te,f 25,0 Temperatura de saída do fluido (°C) Ts,q 45,0 Ts,f 40,0 Temperatura média das correntes (°C) Tm,q 52,5 Tm,f 32,5 Condutividade térmica (W.m-1.°C-1) kq 0,647 kf 0,619 Calor específico (J.kg-1.°C-1) cpq 4182 cpf 4178 Densidade (kg.m-3) ρq 986,6 Ρf 995,0 Viscosidade (kg.m-1.s-1) µq 5,26E-04 µf 8,44E-04 Vazão mássica do fluido (kg.s-1) wq 11,11 wf Obtido (3) A vazão de água de resfriamento necessária e o calor trocado são então obtidos pelas equações (4) e (6): frio quente friofrio quentequente Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 33 (4) Pela equação (7), a temperatura média logarítmica é: Neste caso consideramos ΔTMLDT = ΔT1=ΔT2 = 20°C. E como a princípio foi assumido um arranjo simétrico 1x1, considerado puramente contracorrente F=1. (5) O valor do coeficiente global de troca térmica inicial é estimado usando a Tabela 5. Para a aplicação água/água o valor indicado é Ue-inicial =5500 W.m -2.K-1 (q/ ΔTMLDT ≈ 35000 W/K) (6) Calcula-se assim a área total de troca térmica de projeto pela equação (10): (7) A área de troca térmica de cada placa, diâmetro equivalente dos canais, e o número de placas total e efetivo do projeto foram calculados utilizando as equações (12), (14) e (15), e os dados da placa modelo M250 da tabela 6: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 34 (8) Fazendo o cálculo do fluxo mássico nos canais pelas equações (16) e (17): É preferível ter configurações simétricas, ou seja, com o mesmo número de canais por passe. Mas quando o número total de placas é par, um dos fluidos ficará com um canal a mais do que o outro. Neste caso como Nt =27, temos Ncp,q = Ncp,f =13 canais. (9) Calculando-se o número de Reynolds e Prandtl em cada canal pelas equações (18) e (19) tem-se: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 35 (10) Com o valor de Reynolds, utilizando placas com angulação 45° e o fator de correção da viscosidade na parede inicialmente = 1, encontra-se o Nusselt e o coeficiente convectivo de cada fluido, através da equação (20), as constantes Ch e n são obtidas na Tabela 8. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 36 (11) Obtendo a temperatura da parede através da equação (21): Com a temperatura de parede encontrada de 35,9 °C, a viscosidade na parede é µp= 7,08E-04 kg.m-1.s-1. Calculando o fator de correção entre as viscosidades temos: Recalculando os coeficientes convectivos para a nova relação de viscosidades encontramos: Para os novos valores de coeficientes convectivos da primeira interação, calcula-se novamente a temperatura de parede, para verificar se houve convergência, obtendo um valor de Tp’ = 34,5°C. Como não houve convergência entre as temperaturas de parede, calcula-se novamente os valores do fator de correção das viscosidades, agora com µp= 7,13E -04 kg.m-1.s-1. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 37 Como houve a convergência para o valor dos fatores de correção de viscosidades, termina aqui as iterações e os valores utilizados serão os de hq corrigido e hf corrigido. (12) Calculando-se o valor de Ue-real pela equação (22) e os dados de condutividade térmica da placa pela Tabela 9 obtemos: (13) Calculando a área de troca térmica necessária para o trocador temos: Portanto, vemos que a área necessária é maior do que a área de projeto inicial. Então podemos fazer a seguinte relação de excesso de área (EA): (26) Como o excesso deu negativo, dizemos que há um déficit de área de 41,19% na área projetada inicial para atender a troca térmica imposta ao trocador, o equipamento está subdimensionado. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 38 (14) Faz-se então uma análise crítica das resistências térmicas para encontrar algum problema no dimensionamento, a tabela a seguinte mostra os dados obtidos inicialmente: Contribuições das resistências térmicas para o cálculo de Ue Resistências térmicas Valor (m2.K.W-1) Porcentagem de contribuição hq 3,50 E-05 11,3% hf 3,89E-05 12,6% εp 3,53E-05 11,4% Rfq 1,0 E-04 32,3% Rff 1,0E-04 32,3% Soma 3,09-04 100,0% Como podemos observar, as resistências de incrustação estão tendo uma grande contribuição para o abaixamento do valor Ue. Como visto, temos na Tabela 10 os valores recomendados para as resistências de incrustação em PHEs, e os valores encontrados para água são muito inferiores do que os fornecidos no exemplo, vamos adotar os valores para Rf de 3,4E -05 m2.K.W-1 para água tratada encontrados na tabela para que possamos obter um dimensionamento mais correto. (15) Recalculando o valor de Ue-real com os novos valores de Rf temos: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 39 Contribuições das resistências térmicas para o cálculo de Ue Resistências térmicas Valor (m2.K.W-1) Porcentagem de contribuição hq 3,50 E-05 19,8% hf 3,89E-05 21,9% εp 3,53E-05 19,9% Rfq 3,4E-05 19,2% Rff 3,4E-05 19,2% Soma 1,77-04 100,0% Um valor muito melhor do que o obtido anteriormente. (16) Recalculando o valor para a área total de troca térmica necessária temos: Assim, vemos que a nova área necessária é bem menor do que a área de projeto inicial. Voltando a fazer a relação de excesso de área temos: Vemos então que o trocador projetado tem um excesso de área de apenas 2,64% sendo então viável e econômico para a aplicação proposta. (17) A perda de carga no PHE é obtida pelas equações (23), (24), (25), (26) e (29), primeiro é calculado o fator de atrito de Fanning para cada fluido: Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 40 A Perda de carga nos canais de escoamento é então calculada por: =∆ qe qP q D GcfLn Pc ρ 22 psiPaPcq 2,161118396,986.004,0 )1203.(1.762,0.217,0.2 2 == =∆ =∆ fe fP f D GcfLn Pc ρ 22 psiPaPc f 8,17122451995.004,0 )1,1204.(1.762,0.239,0.2 2 == =∆ A perda de carga pelo efeito dos dutos e orifícios fica: ( )2 4 p q q D W Gp pi = ( ) 12 2 ..6,2053083,0 11,11.4 −− == smkgGpq pi ( )2 4 p f f D W Gp pi = ( ) 12 2 ..5,2055083,0 12,11.4 −− == smkgGpq pi Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 41 qP q q q n Gp Pp , 2 2 4,1 =∆ ρ psiPaPpq 4,029921.6,986.2 )6,2053(4,1 2 == =∆ fP f f f n Gp Pp , 2 2 4,1 =∆ ρ psiPaPpq 4,029731.995.2 )5,2055(4,1 2 == =∆ Portanto a perda de carga total para cada fluido é: Vemos que a perda de carga se encaixa dentro da faixa admissível para trocadores de calor com líquidos (10 a 25 psi). Para conferência calculamos a velocidade dos fluidos nos canais pela equação (30) e obtemos os valores: O valor encontra-se próximo da faixa recomendada por Thonon et al. (1999) que é de 0,1 a 1,0m/s. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 42 4. Bibliografia 1) APV do Brasil S.A. Seminário Paraflow. São Paulo 1977 2) Dryden Aqua. Scotland. Plate Heat Exchanger Operating& Instruction Manual. 3) Hewit, G.F.; Shires, G.L.; Bott, T.R. Process Heat Transfer. Boca Raton: CRC Press, 1994. 4) Kakaç, S.; Liu, H. Heat Exchangers: Selection, Rating and Thermal Design. 2.Ed. Boca Raton: CRC Press 2002. 5) Marriot, J. Where and How to use Plate Heat Exchangers Chemical Engineering, v.5. p.127-134, 1971. 6) Saunders, E.A.D. Heat Exchangers: Selection Design & Construction. Harlow (UK): Longman S.&T., 1988. 7) Shah, R.K.; Sekulié, D.P. Fundamentals of Heat Exchanger Design. Hoboken: John Willey & Sons, 2003. 8) Shah, R.K.; Focke, W.W. Plate Heat Exchanger and their design theory. Heat Transfer Equipment Design. Hemisphere P.C. p,227-254, 1988. 9) Wang, L.; Sundén, B. Manglik, R.M. Plate Heat Exchangers: Design, Applications and Performance. Southampton: WIT Press, 2007. 10) Kho, T.; Müller-Steinhagen, H. An Experimental and Numerical Investigation of Heat Transfer, Fouling and Fluid Flow in Flat Plate Heat Exchangers. Chemical Engineering Research and Design. V.7. A. p.124-130, 1999. 11) Bond, M.P. Plate Heat Exchanger for Effective Heat Transfer. The Chemical Enginner. April, p.162-167, 1981. 12) Usher, J.D. Evaluating Plate heat Exchangers. Chemical Engineering, February 23. p.90-94, 1970. 13) Gut, J.A.W. Tese de doutorado apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia. São Paulo, 2003 14) Hesselgreaves, J.E. Compacte Heat Exchangers: Selection, Design and Operation. Pergamon: Elsevier Science & Technology Books, 2001. 15) Cao, E. Heat Transfer in Process Engineering. United States, McGraw-Hill Books, 2009. Operações Unitárias 3 – Trocadores de Calor a Placa 43 16) Kuppan, T. Heat Exchanger Design Handbook. Basel: Marcel Dekker, 2000. 17) Best Practice Programme – Energy Efficiency. Compact heat Exchangers a Training Package for Engineers. UK: ESTU, 2000. 18) Kumar, H. The Plate Heat Exchanger: Construction an Design. 1st UK National Conference on Heat Transfer. Leeds, 1984. 19) Enginnering Science Data Unit (ESDU). Em www.esdu.com.
Compartilhar