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GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Priscilla Martins - Tiago Novaes 2GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Jon Clayton Cardozo da Rosa Revisora Introdução 3 SALÁRIO MOTIVA? 5 Alguns termos e conceitos importantes 9 ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS 14 DESCRIÇÃO DOS CARGOS 23 Métodos e técnicas para levantamento de informações relacionadas ao cargo 24 Análise e identificação dos Cargos 26 AVALIAÇÃO DOS CARGOS 34 Hierarquia de cargos 34 Comitê de Avaliação de Cargos 35 Métodos de avaliação dos cargos: 36 Elaboração do Manual de Avaliação 39 CLASSIFICAÇÃO DOS CARGOS 47 Pesquisa salarial 50 ESTRUTURA SALARIAL 55 Definição da política salarial 56 REMUNERAÇÃO 63 Benefícios Flexíveis 67 Gestão de Pessoas 71 Carreira em Y 92 Carreira em W 96 Carreira Proteana 104 Carreira Sem Fronteiras 108 Estudo das Gerações 134 3GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Introdução A gestão de carreiras e remuneração, é um dos temas mais discutidos atualmente nas empresas, pois ambos são fatores es- tratégicos para atração e retenção de pessoas. E, a implantação de programas relacionados a essas áreas se torna fundamental, para que as empresas possam reconhecer e recompensar ade- quadamente seus profissionais. Esses programas também possibilitam criar condições para melhor aproveitamento dos recursos humanos da empresa, visando a melhoria da qualidade e da produtividade e, para estabelecer um bom clima organizacional. Quando falamos em salário, montante que o trabalhador recebe pelo serviço que ele executa, podemos dizer que ele é um dos principais elementos da relação entre empresas e em- pregado. Porém, para o trabalhador, o salário é muito mais do que o seu sustento e não significa somente a sua subsistência, ele representa também reconhecimento e valorização. Já, para as empresas, a folha de pagamento representa um dos itens mais importantes do ponto de vista financeiro, por se tratar de um custo fixo oneroso, sobretudo no Brasil, onde os encargos trabalhistas são muito altos. Mas, a empresa também compreende que o salário não é somente um custo elevado, pois ele também é fator influen- ciador do clima organizacional e na produtividade. E, com a evolução da sociedade, novos modelos de remuneração foram criados para atingir os objetivos dos dois lados: trabalhador e empresa. Até o final do século 20, a maioria das empresas não esta- vam preocupadas com as questões relacionadas ao reconheci- mento, da valorização e nem de como o salário afetava o clima organizacional. Nesta época, que podemos identificar como Era Industrial, o principal foco estava no lucro e a remuneração feita exclusivamente em função da produtividade. 4GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Com a modernização das empresas, a preocupação com o lucro ainda é muito forte, pois ele é o objetivo final, mas agora o lucro é consequência de diversas outras questões. No cenário atual, que podemos identificar como Era do Conhecimento, falamos da valorização das pessoas, do capital humano, onde o lucro passa a ser o resultado com foco nas pessoas. E, uma das formas mais adequadas de se definir as estratégias da empresa para alcançar esses objetivos, e consequentemente obter maior lucro, é a implantação do programa de cargos e salários, que servirá de base para a gestão da remuneração e de carreira. Era Industrial Era do Conhecimento Lucro Lucro Produtividade Criatividade Relações rígidas Flexibilidade Liderança autoritária Liderança f lexível Valorizavam máquinas Valorizam pessoas – capital humano Curiosidade Histórica Antes de a humanidade inventar a moeda, a remuneração do trabalho humano era feita com mercadorias, como carneiro, porco, sal e peles. A palavra salário vem do latim “salarium argentum”, que na tradução literal significa “pagamento em sal”. A palavra salário, aliás, surgiu a partir da porção de sal que era dada como pagamento aos soldados na Roma antiga. Os soldados recebiam uma determinada quantidade de sal por seus serviços prestados ao Império Romano. A porção de sal destinada ao pagamento dos soldados da Roma antiga era considerada divina, pois além de ajudar na cicatrização, servia para conservar e dar sabor à comida. Os romanos passaram a considerá-lo um alimento divino, uma dádiva de Salus, a deusa da saúde. Vale ressaltar que, naquele período, o sal era uma iguaria rara e de alto valor. Sendo assim, ele era usado como moeda de troca. Os soldados podiam trocar o sal que recebiam do império por roupas, armas e alimentos. Por isso, termo salário se tornou tão popular e é usado até hoje para indicar a remuneração que o trabalhador recebe ao vender sua mão de obra. Fonte: https://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/origem-do-salario-e-do-calendario.html 5GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO SALÁRIO MOTIVA? O salário também tem uma importância psicológica que não devemos ignorar. Então, para que possamos administra-lo e tomar decisões assertivas, precisamos considerar algumas variáveis, e conhecer alguns aspectos do comportamento humano. Para isso, vamos olhar para as teorias de Herzberg e Maslow, que estudaram os fatores condicionantes do comportamento humano. 6GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Herzberg, desenvolveu a teoria dos dois fatores: higiênicos e motivacionais, sendo publicada em seu livro “A Motivação para Trabalhar” (The Motivation to Work). Seu objetivo era identificar os fatores que causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho. Fatores higiênicos (também conhecidos como extrínsecos ou ambientais): Dizem respeito às condições físicas do ambiente de trabalho, salário, benefícios sociais, políticas da organi- zação, clima organizacional, oportunidades de crescimento, entre outros. Estes fatores são suficientes apenas para evitar que as pessoas fiquem insatisfeitas e desmotivadas. A ausência desmotiva, mas a presença não é elemento motivador. Fatores motivacionais (também chamados de intrínsecos): Referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e às atividades relacionadas com o cargo em si. Incluem liberdade de decidir como executar o trabalho, uso pleno de habilidades pessoais, responsabilidade total pelo trabalho, definição de metas e objetivos relacionados ao trabalho e auto avaliação de desem- penho. A presença produz motivação, enquanto a ausência não produz satisfação. Resumindo, os fatores que causam a satisfação dos traba- lhadores estão relacionados ao seu trabalho, à tarefa desem- penhada, sua natureza, responsabilidade. Aqui se encaixam algumas ações como reconhecimento do trabalho exercido, o crescimento profissional, autorrealização, os desafios que são lançados e a capacidade de poder realizá-los. Segundo Herzberg, os fatores motivacionais são os respon- sáveis por resultarem em aumento de produtividade e satisfação. Os fatores que causam a insatisfação dos empregados são puramente ambientais, que não dizem respeito à tarefa desem- penhada. São relacionados à natureza das relações interpesso- ais, condições do ambiente de trabalho, políticas da empresa, salário, pacote de benefícios, entre outros. 7GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Herzberg diz “...fatores de higiene operam independentemente dos fatores de motivação. Um indivíduo pode ser altamente motivado em seu trabalho e estar insatisfeito com seu ambiente de trabalho”. Maslow, desenvolveu a teoria da hierarquia de necessidades, que determina as condições necessárias para que cada ser hu- mano atinja a sua satisfação pessoal e profissional. A teoria também é conhecidacomo pirâmide de Maslow, dividida em cinco níveis hierárquicos, cada um formado por um conjunto de necessidades. Existem as necessidades primárias (básicas) que são as fisiológicas e as de segurança. E, as necessidades secundárias, que são as sociais, estima e autorrealização. Segundo Maslow, para progredir na hierarquia é necessária a conquista das condições elementares da Pirâmide, passando para os próximos níveis, um a um, até alcançar o topo. Autorrealização Autoestima Sociais Segurança Básicas 8GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Abaixo, a explicação de cada uma delas: 1. Necessidades fisiológicas: São aquelas que se relacionam com o ser humano como ser biológico. Exemplo: comer, conforto físico, intervalos de trabalho, etc. 2. Necessidades de segurança: São aquelas que estão vinculadas com as necessidades de sentir-se seguro. Exemplo: conservar o emprego (emprego estável), plano de saúde, condições seguras de trabalho, etc. 3. Necessidades sociais: São necessidades de manter relações huma- nas com harmonia. Exemplo: sentir-se parte de um grupo, manter boas relações no ambiente de trabalho (colegas e líderes), etc. 4. Necessidades de estima: Existem dois tipos: a de reconhe- cer as próprias capacidades e de ser reconhecido por outras pessoas, devido a capacidade de adequação do indivíduo. Em geral é a necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos outros, responsável pelos resultados, promoções ao longo da carreira, feedback, etc. 5. Necessidades de autorrealização: Também conhecidas como necessidades de crescimento. Incluem a realização, aproveitar todo o potencial próprio, ser aquilo que se pode ser, fazer o que a pessoa gosta e é capaz de conseguir. Relaciona-se com as necessidades de estima: a autonomia, desafios no trabalho, etc. Resumindo, para alcançar uma nova etapa da pirâmide, a etapa anterior deve estar satisfeita, ao menos parcialmente. Isto se dá uma vez que, quando uma etapa está satisfeita ela deixa de ser o elemento motivador do comportamento do ser, fazendo com que outra necessidade tenha destaque como motivação. O indivíduo será sempre motivado pelas necessidades que se apresentarem mais importantes para ele. Para finalizar, podemos concluir que essas teorias nos mostram que, não adianta a empresa tentar satisfazer as neces- sidades mais elevadas, se as básicas não estiverem resolvidas. Exemplo: a empresa oferece um excelente ambiente de trabalho, 9GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO uma remuneração atrativa, mas não paga os salários em dia, ou ainda, não tem critérios justos para promoção. Diante disto, as empresas devem buscar a melhor forma de realizar a administração de suas políticas, entre elas, a po- lítica de cargos e salários, bem como desenvolver modelos de remuneração alinhadas a estratégia da empresa, que atenda às necessidades da organização e de seus profissionais, aten- tando para a transparência em todo o processo, através uma comunicação clara e acessível a todos, pois dessa forma terão funcionários mais satisfeitos, motivados e comprometidos. E, será possível identificar os resultados destas ações nos índices de produtividade, qualidade, além de um clima organizacional satisfatório. Lembre-se, o salário, isoladamente, não é fator de moti- vação, mas é pano de fundo. Alguns termos e conceitos importantes • Salário: dentro muitos conceitos, podemos citar: contra- prestação pelos serviços prestados; • Salário Direto (base): representa o montante monetário definido para ser pago para um cargo em decorrência da natureza e complexidade das atividades/atribuições; • Salário Indireto: corresponde ao conjunto de benefícios sociais; • Salário mínimo: é o menor salário do País para uma jornada de 220 horas; • Salário normativo ou Piso salarial: é o salário definido para uma categoria de profissionais, mediante convenção coletiva ou dissidio da categoria; 10GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO • Progressão salarial: é o progresso do empregado dentro da classe salarial do cargo que esteja classificado, concebido normalmente em reconhecimento e incentivo pelo melhor desempenho; • Progressão horizontal: consiste na mudança de faixa nível salarial, dentro da mesma classe, ou seja, permanece no mesmo cargo, mas com alteração salarial; • Progressão vertical: implica mudança de classe e nível salarial, também conhecida como promoção; • Classes salariais: são agrupamentos de cargos em classes, compreende o grau de complexidade e responsabilidade das atribuições; • Faixas salariais: é a delimitação absoluta e relativa de cada classe salarial, tendo em vista a atração, o progresso e a reten- ção da mão de obra necessária as atividades de uma empresa; • Pesquisa salarial: é o levantamento de dados salariais em empresas selecionadas, com base em determinados cargos pré-estabelecidos; • Benefícios: são todos os benefícios (também chamado de salário indireto) fornecidos pela empresa, como: assistência médica e odontológica, alimentação, transporte, etc; • Remuneração: é a soma do salário direto e indireto; • Remuneração estratégica: uma união de diferentes ferra- mentas de remuneração, pensadas e planejadas levando em conta os objetivos da empresa e os anseios de seus colabo- radores, criando um vínculo entre eles; • Remuneração variável: uma forma de remunerar vinculada a metas de desempenho, incluindo participação nos lucros e/ou remuneração por resultados (PPLR); 11GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO • PPLR: é uma forma de remuneração variável, utilizada pelas empresas para cumpri- mento das estratégias das organizações. Visa o alinhamento das estratégias organiza- cionais com as atitudes dos funcionários dentro do ambiente de trabalho, pois só ocorre a distribuição dos lucros e/ou resultados quando algumas metas pré-estabelecidas são cumpridas (lei n° 10101, de 19/12/2000); • Função: é o conjunto de tarefas atribuídas a cada indivíduo na empresa; • Tarefa: é o trabalho que se deve concluir em determinado tempo; • Cargo: é a totalidade de funções especificamente exigidas dos ocupantes; análise de cargos: é o estudo que se faz sobre as tarefas que compõem o cargo e as exigências de seus ocupantes; • Descrição de cargos: consiste no registro dos deveres, métodos, condições de trabalho, equipamentos e demais materiais utilizados para o perfeito exercício das funções. É a exposição das tarefas de forma organizada; • Análise de cargos: é o estudo que se faz sobre as tarefas que compõem o cargo e as exigências de seus ocupantes; • Especificação de cargo: é a descrição dos requisitos necessários ao ocupante do cargo para o bom desempenho das atividades, como: experiência, formação, conhecimentos específicos etc. 12GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Síntese Neste capítulo, aprendemos que o salário é parte importante no contexto da remuneração, mas, que isoladamente não é fator de motivação, uma vez que a motivação está vinculada a diver- sos outros fatores que inf luenciam diretamente na satisfação ou insatisfação dos funcionários e, consequentemente trarão impactos positivos ou negativos nos resultados da empresa. Por este motivo, o plano de cargos e salários passa a ter um papel fundamental quando falamos em gestão de recursos humanos, pois ele será o alicerce para que possamos construir uma estrutura voltada à gestão das pessoas e de resultados. E, por fim, também conhecemos os principais termos utilizados neste contexto, para que possamos dar início aos estudos sobre a Administração de Cargos e Salários. 13GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Exercícios 1. Qual a relação entre salário e motivação? 2. O que é renumeração estratégica? 3. Qual a diferença entre progressão salarial, progressão vertical e progressão horizontal? 14GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS A administração de cargos e salários está presente em todas as organizações, seja de maneira forma ou informal. Consideramos de maneira formal, quandoa empresa tem organizada e estruturada um plano de cargos e salários. Mas, o que é um plano de cargos e salários? Podemos dizer que o plano de cargos e salários é uma ciência e, como tal, possui uma metodologia e requer passos bem definidos 15GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO para que se possa chegar a proposta final: implantação de um plano de cargos e salários, de forma completa e harmoniosa. Para que possamos entender melhor esta ciência, precisamos compreender sua importância, função e objetivos. Tomando o conceito de administração de salários enunciado por CHIAVENATO (1998: 373), temos: “como um conjunto de normas e procedimentos que visam a estabelecer e/ou man- ter estruturas de salários equitativas e justas na organização.” Essa equitatividade e justeza salarial garantem: a. uma remuneração compatível com o trabalhador e o cargo ocupado; b. uma recompensa adequada ao desempenho e dedicação do trabalhador; c. migração e retenção de mão-de-obra qualificada para cada cargo; d. ampliação da flexibilidade organizacional, garantindo uma migração interna dos trabalhadores, que podem colocar suas potencialidades na perspectiva de um encarreiramento; e. criação de um clima de aceitação dos sistemas de remune- ração adotados; f. manutenção da relação entre os interesses organizacionais e a política dialógica com os trabalhadores. Objetivos da Administração de Cargos e Salários a. Determinação de estruturas salariais capazes de atrair e reter o tipo de mão-de-obra que a empresa precisa para desenvolver suas atividades; b. Determinação de valores relativos dos cargos, através de sua avaliação; c. Corrigir distorções salariais, descobertas na avaliação dos cargos; d. Possibilitar a melhoria do clima social da empresa, através 16GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO do aumento da estabilidade dos funcionários; e. O estabelecimento de uma política salarial com base nos níveis dos cargos; f. Administrar melhor as despesas com a folha de pagamento; g. A manutenção do equilíbrio entre os interesses financeiros da empresa, suas obrigações e sua política de relações com os empregados; h. Obtenção de maior produtividade no trabalho; i. A determinação de linhas de acesso (progressões e promo- ções) e o aproveitamento adequado dos mais capacitados; j. Definição de responsabilidades, através das descrições dos cargos; k. Determinação de métodos e práticas de remuneração que evitem o uso ou manutenção de descriminações injustificadas; l. Prover os gestores de bons instrumentos para gerenciar salários. Podemos definir um plano de cargos e salários como sen- do um instrumento que estabelece a estrutura de cargos da empresa, ou seja, vai definir papéis e responsabilidades. Além disso, estabelece níveis salariais coerentes e compatíveis com a realidade da empresa e do mercado. E, para que o estudo deste plano seja bem feito, precisa- mos também analisar o salário sobre dois pontos distintos: sua importância para a empresa e para o funcionário. Equilíbrio interno e equilíbrio externo Conhecer internamente o valor dos cargos, a realidade da empresa e do mercado, faz com que tenhamos os necessários sub- sídios para estabelecer a política de cargos e salários da empresa. A administração de cargos e salários, está fundamentada em duas diretrizes básicas: equilíbrio interno e equilíbrio externo. 17GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Ambas as diretrizes devem ser consideradas, quando a empresa opta por ter um plano de cargos e salário formal, pois são pilares importantes para uma gestão eficiente e eficaz. Equilíbrio interno: remunerar o funcionário, levando em consideração o seu cargo e os demais cargos da empresa, como os cargos vão ser enquadrados, numa ordem de salários, de uma forma justa. Equilíbrio externo: remunerar o funcionário em níveis competitivos com o mercado de trabalho. Vale ressaltar que essas diretrizes devem ser combinadas quando estamos estruturando, ou mesmo revisando o plano de cargos e salários, pois os fatores básicos que condicionam os salários precisam estar alinhados a realidade da empresa, do ponto de vista orçamentário, assim como estar em harmonia com os fatores externos, pois a empresa precisa de salários competitivos em relação ao mercado, para poder atrair e, prin- cipalmente reter seus funcionários, que já estão qualificados e, ao saírem da empresa por questões apenas salariais, levam com eles a expertise do negócio, que é o diferencial competitivo de muitas organizações. Além disso, é importante mencionarmos que um alto índice de rotatividade implica diretamente nos custos da folha, seja em virtude das verbas rescisórias, ou ainda, pelo custo nem sempre contabilizado de treinar um novo funcionário, para que este atenda as expectativas do cargo. Para que o plano de cargos e salários seja implantado, e atenda aos objetivos acima, é importante conhecermos algumas atividades da área de administração de cargos e salário: a. Elaboração e revisão das descrições de cargos, através do levantamento de informações e identificação de atividades; b. Avaliação e classificação dos cargos – definição do valor relativo dos cargos e sua divisão em grupos de importância e complexidade; 18GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO c. Desenvolvimento da pesquisa de mercado – levantamen- tos dos salários, benefícios e práticas de remuneração do mercado; d. Elaboração, análise e manutenção da estrutura salarial (ta- belas salariais); e. Desenvolvimento, controle e operacionalização de normas e políticas salariais; Administração e controle das movimen- tações de pessoal, com base na política salarial; f. Administração e controle das movimentações de pessoal, com base na política salarial; g. Controle do custo de pessoal (orçamento de mão de obra); h. Elaboração e análise de indicadores da empresa com rela- ção à gestão de RH (absenteísmo, turnover, salário médio, etc.); i. Apoio com informações e documentos para a empresa, gestão e jurídico. Conhecemos os objetivos e a importância do plano de cargos e salários. Agora vamos conhecer as etapas para o de- senvolvimento do plano. Principais etapas para o desenvolvimento do plano 1. A primeira etapa, é a divulgação inicial do plano aos Ges- tores e funcionários da empresa, que podemos chamar de apresentação do projeto de implantação, destacando a res- ponsabilidade e a importância de cada um nesta fase inicial. É importante ressaltarmos aqui o primeiro passo desta pri- meira etapa: aprovação do projeto junto a Direção da empresa. Uma vez aprovada, é chegada a hora de dividirmos o projeto com a equipe de gestão e funcionários, pois a participação de todos será de grande importância para o sucesso do projeto. 2. A segunda etapa é o levantamento das atividades realizadas na empresa. É onde vamos conhecer e obter informações 19GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO sobre os cargos da organização. 3. A terceira etapa é a análise e identificação destes cargos. É a formalização dos deveres e responsabilidades de cada cargo, através das descrições de cargo. 4. Finalizada essas etapas, vamos para a etapa de avaliação dos cargos, para definir o valor relativo dos mesmos e, para que se possa atribuir o salário ao cargo. 5. Em seguida, com base em metodologias apropriadas, vamos para a etapa de classificação destes cargos. Até aqui, estamos falando do equilíbrio interno, pois es- tamos olhando para dentro da empresa. 6. Agora, nossa etapa seguinte, será a pesquisa salarial, ou seja, identificar práticas de remuneração do mercado, onde teremos subsídios para a definição do equilíbrio externo. É a partir do cruzamento entre o equilíbrio interno e ex- terno que construímos a estrutura salarial, ou seja, a tabela com os cargos e respectivos salários. 7. Finalizadas as etapas mencionadas acima, iniciamos a fase de implantação do plano de cargos e salários. Nesta etapa vamos olhar para as questões de enquadramento, impacto financeiro e custo de implantação.8. Uma vez que concluímos as etapas acima, vamos estabelecer as normas e procedimentos para poder fazer a administração do plano de cargos e salários, ou seja, normas para promo- ção, aumentos, entre outras situações de movimentação de pessoal dentro da organização. 9. Por fim, iniciaremos uma etapa tão importante quanto as já mencionadas. Estamos falando da divulgação o plano de cargos e salários, onde faremos a sensibilização dos gestores e funcionários sobre trabalho desenvolvido. 20GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO A empresa poderá se utilizar de palestras, treinamentos, informa- tivos e outros canais de comunicação para tal, no intuito de disseminar o que significa o plano de cargos e salários, minimizar interpretações negativas e também administrar as expectativas dos funcionários, que são muito comuns durante o processo de implantação do plano. Em síntese, é o ramo da administração de recursos humanos que se preocupa com o estudo, análise, interpretação e resolução de problemas de cargos e salários, a fim de possibilitar a empresa competir no mercado e, ao mesmo tempo, assegurar aos empregados uma compensação salarial justa, mantendo um equilíbrio entre os fatores básicos que condicionam os salários: valor de contribuição, dificuldade da tarefa e escassez da mão de obra. Dentre os desafios da implantação do plano de cargos e salários, podemos concluir que um de seus principais objetivos é estabelecer uma política eficaz para a gestão da remuneração e criar subsídios para o gerenciamento de carreiras, com vistas ao atingimento dos objetivos estratégicos da empresa. 21GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Síntese Neste capítulo, aprendemos sobre o que é um plano de cargos e salários, seus principais objetivos, as principais ativi- dades da área de recursos humanos para que o plano se torne realidade e, por fim, as etapas para a implantação do plano. Vale ressaltar que estas etapas precisam ser realizadas, pois uma é consequência da outra e darão base para a estruturação do plano. A participação da gestão neste processo é fator de sucesso, pois durante o processo estes serão peças chave para o levan- tamento das informações. Podemos dizer que uma descrição bem-feita é 50% do caminho, pois as etapas seguintes giram em torno da descrição, assim como tem inf luência direta nas questões relacionadas ao equilíbrio interno. É preciso conhe- cer a estrutura dos cargos da organização, para que possamos estabelecer um bom plano de cargos e salários. 22GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Exercícios 1. O que é o plano de cargos e salários? 2. Qual a diferença entre equilibro interno e equilíbrio externo? 3. Quais a principais etapas para a implantação do plano de cargos e salários? 23GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO DESCRIÇÃO DOS CARGOS Conforme mencionamos acima, a descrição dos cargos é parte fundamental do processo de implantação do plano de cargos de salários. É a formalização, em documento escrito, das atribuições, responsabilidades e especificações dos requisitos de um cargo na organização. É o processo que consiste em determinar os elementos ou fatos que compõem o dia a dia de um cargo e, pode ser considerado um processo dinâmico, já que acompanha a própria dinâmica das mudanças da empresa e dos cargos. 24GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Métodos e técnicas para levantamento de informações relacionadas ao cargo Para o desenvolvimento desta etapa, os métodos mais utilizados são: método de entrevista, aplicação de questionários, observação no local de trabalho, ou ainda, a combinação destes. Método da Entrevista: Consiste na elaboração de perguntas estruturadas que são realiza- das ao ocupante do cargo, em entrevista individual, com o objetivo de conhecer as atividades executadas. A entrevista é uma das formas de coleta de dados com maior po- tencial para ref letir de maneira fidedigna a realidade da empresa. Basicamente, o ocupante do cargo deverá responder a 3 perguntas, que são de grande importância para a obtenção das informações. É a descrição do cargo que nos dará subsídios para a avaliação e classificação dos cargos e, além disso, também servirá de bússola para o funcionário, quando falamos do plano de desenvolvimento e carreira dentro da organização. Podemos dizer que a descrição dos cargos é uma das ferramentas mais importantes para o plano, pois ela é a base das demais etapas, além de ser útil e ne- cessária para vários processos da gestão de pessoas. Vamos entender melhor o que é esta etapa e como realizá-la: Depois que os funcionários já sabem o que é o plano e para que serve, podemos iniciar o levantamento das atividades e tarefas, ou seja, o levantamento das informações relacionadas ao cargo. Entrevista Questionário Observação Informações para descrição dos cargos +/ou +/ou 25GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO 1. O que o funcionário faz? Quais as atividades executadas no dia a dia, referente ao seu trabalho? 2. Como ele faz? Como estas atividades são executadas? 3. Para que faz? Qual a finalidade de realização dessas atividades? Estas perguntas, além de serem necessárias para obtenção das informações sobre o cargo de forma fidedigna, também fornecerão subsídios importantes para outros processos da área de RH, como por exemplo: • Recrutamento e seleção de novos funcionários (o que faz?); • Treinamento e desenvolvimento (como faz?); • Avaliação de desempenho (para que faz?). Após o levantamento das atividades, o ocupante do cargo deve sinalizar ao entrevistador a ordem de importância das atividades, bem como sua a periodicidade de realização. As especificações do cargo também devem ser levantadas. As especificações podem ser consideradas como as qualificações mínimas necessárias para a realização das atividades exigidas pelo cargo. São elas: formação (escolaridade), conhecimento específicos (cursos e formações pontuais), experiência, etc. Método Questionário: Consiste na elaboração e aplicação de questionário estruturado, para obtenção de informações referentes as atividades executadas e as especificações do cargo. O questionário deve ser elaborado de forma clara o objetiva, e conter instruções precisas para o seu preenchimento, a fim de contemplar todas as informações necessárias para a análise dos cargos. Método observação: Consiste na verificação da execução das atividades do funcionário em seu posto de trabalho. Este método é mais utilizado no levan- tamento de informações de cargos operacionais, pois apresentam como característica trabalhos repetitivos e de fácil compreensão. 26GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Método combinado: Consiste na aplicação conjunta de dois métodos, o que pode facilitar o levantamento das atividades, amenizando as defici- ências que um método em separado pode apresentar, comple- mentando as informações ou mesmo duvidas de interpretação. Cada método apresentado possui vantagens e desvantagens. Cabe ao profissional da área de RH identificar qual deles deve ser utilizado, em função das necessidades da empresa, seus cargos e o tempo necessário para os levantamentos. Análise e identificação dos Cargos O processo de análise e identificação de cargos consiste em analisar e registrar as informações relacionadas com os cargos da empresa, ou seja, estudar e analisar as informações levantadas referente ao conteúdo do cargo e seus requisitos, com o auxílio dos métodos que conhecemos anteriormente. Tem como objetivo definir de forma organizada e sis- temática as informações coletadas, bem como identificar as nomenclaturas mais apropriadas para os cargos. Sugere-se que análise dos cargos seja realizada por categorias, para que Técnica de coleta de dados Vantagem Desvantagem Observação direta Garante a veracidade dos dados; Não requer do ocupante do cargo a paralisação do trabalho; É adequado para análise de tarefas simples e repetitivas. Requer tempo prolongado do analista, o que determina a elevação dos custos; Écontra indicada para análise de tarefas complexas. Questionário É um instrumento rápido e barato; Não requer treinamento de pessoal; Pode ser respondido oportunamente; Pode ser aplicado a um grande número de pessoas; É adequado para análise de cargos que envolvem atribuições complexas. Não pode ser aplicado a analfabetos ou pessoas com dificuldades para se expressar por escrito; Sua elaboração requer cuidadoso planejamento; Tende a ser superficial, pois de modo geral envolve poucas questões. Entrevista Maior f lexibilidade; Aplicação a qualquer tipo de cargo; Possibilidade de esclarecimentos de dúvidas; Obtenção dos dados a partir da pessoa que melhor conhece o cargo. Os custos com o treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas; Necessidade de paralisação do trabalho; A possibilidade de induzir a confusão entre opiniões e fatos; Frequente falta de motivação para responder às perguntas. 27GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO a mesma seja mais assertiva, por exemplo: • Cargos Operacionais: cargos cujos ocupantes executam ta- refas que envolvam operação de máquina e equipamentos, manutenção, conservação, entre outros e, que exigem conhe- cimentos adquiridos em cursos específicos ou profissionali- zantes e predominante aplicação de força muscular (ajudante de produção, operador de empilhadeira, soldador, pintor, etc). • Cargos técnicos administrativos: cargos cujos ocupantes exe- cutem atribuições que exigem desenvolvimento ou aplicação de conhecimentos tecnológicos ou metodológicos, em áreas de atividades especializadas, exigindo formação técnica ou equivalente, bem como atribuições burocráticas de natureza simples, repetitiva ou rotineiras, ou ainda trabalhos diversifi- cados e não sistematizados, envolvendo o desenvolvimento e aplicação de técnicas e métodos próprios, requerendo forma- ção universitária compatível com as suas atividades e efetivo exercício (auxiliar administrativo, técnico de enfermagem, técnico em edificações, analista financeiro, etc). • Cargos de gestão: cargos cujos ocupantes executam tarefas que envolvam o estabelecimento de políticas, diretrizes, pla- nejamento, supervisão, coordenação e orientação de atividades técnicas e administrativas para consecução de resultados desejados (coordenador de recursos humanos, gerente de unidade, diretor geral, etc) . Depois de analisados os cargos, é chegada a hora de definirmos a titulação dos cargos, ou seja, identificarmos os cargos descritos. Dica importante: Auxiliar é uma nomenclatura utilizada para caracterizar atividades administrativas e técnicas, enquanto as operacionais são denominadas de ajudante. Exemplo: auxiliar administrativo e ajudante de produção. Ao identificarmos os cargos com níveis, como por exem- plo: nível I, II e III, ou Júnior, Pleno e Sênior, é importante ressaltar que estes níveis devem estar definidos em razão das 28GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO responsabilidades atribuídas ao cargo e não unicamente para diferenciar salário. Por isso, a descrição fidedigna das atividades e sua análise são de grande importância para o plano, é através delas que podemos compreender o significado, a extensão, e a diferença de cada cargo, assim como o seu valor dentro da organização. Para finalizar, abaixo, temos as 5 etapas da composição da descrição: 1. Identificação do cargo - deve ser informada a titulação do cargo. 2. Descrição sumária das atividades – nada mais do que um resumo das responsabilidades principais. Em alguns modelos de descrição, pode-se utilizar o conceito de missão do cargo. 3. Responsabilidades principais – são descritas de forma pa- dronizada, onde encontraremos a resposta para 3 perguntas básicas: o que faz? Como faz? Para que faz? 4. Especificação do cargo – devem ser colocadas as qualifi- cações mínimas necessárias ao desempenho das atividades. 5. Aprovações – devem ter as assinaturas do ocupante do cargo, responsável da área é responsável pelo RH, afim de atestar as informações contidas no documento. Cada empresa possui o seu modelo de descrição, um modelo que ela entende ser o mais adequado para sua estrutura. Mas, é importante que a descrição forneça informações básicas, como as que estão mencionadas nas etapas acima, independente do modelo. Lembre-se, a descrição é a ferramenta base para o plano de cargos e salários e outros subsistemas do RH. Quanto mais completa, fidedigna ao cargo, melhor, pois assim ela será muito mais útil para os processos da área. 29GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Outro detalhe importante: a descrição não deve cair no esquecimento depois do processo de elaboração, ela precisa ser revisada e auditada periodicamente. Apresentamos a seguir, um modelo Descrição de Cargos: 30GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO 31GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Fonte: http://descricaodecargos.linkedrh.com.br/ CBO O CBO é a Classificação Brasileira de Ocupação. Cada cargo deve possuir o seu CBO, pois é este código que utilizamos como referência para informar aos diversos programas da política de trabalho do País a existência das ocupações existentes na empresa. Todos cargos existentes na empresa precisam possuir este código, pois é através do CBO que a empresa informar aos diversos programas da política de trabalho do País às ocupações Atualmente, o CBO possui uma plataforma eletrônica de consulta sob coordenação do MTE (Ministério do Trabalho), para que possamos pesquisar a nomenclatura de cargos, suas respectivas atividades e requisitos e, para que possamos identificar o CBO mais adequado para os cargos existentes na empresa. Conheça um pouco mais sobre o CBO, seu histórico e plataforma de consulta no site: www.mtecbo.gov.br 32GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Síntese Neste capitulo aprendemos sobre o que é a descrição de cargos e sua importância no plano de cargos e salários. É o passo inicial de todo o processo. É a partir da descrição que as demais etapas são realizadas e, quanto mais bem elaborad, mais utilidade terá, não somente para o plano, mas para as demais áreas do RH. Encontrar as respostas para as 3 perguntas básicas, nos permite contratar com maior assertividade, ter um programa de treinamento e desenvolvimento mais eficaz e ter subsídios para uma avaliação consistente e, principalmente, nos concede as informações necessárias para definirmos o valor relativo dos cargos. É através desta definição que o plano ganha seu desdobra- mento e chegamos a uma tabela salarial justa e bem equilibrada. É através da descrição também que o funcionário toma conhecimento sobre suas responsabilidades, quais resultados entregar. Além de ter acesso as informações que precisa para projetar sua carreira dentro da empresa, sabendo quais as exi- gências e requisitos são necessários para ocupar um novo cargo. Enfim, a descrição é o primeiro passo de uma longa ca- minhada, auxiliando a empresa em sua tomada de decisões e, auxilia também o funcionário para ele saiba quais caminhos deve percorrer para atingir seus objetivos profissionais. 33GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Exercícios 1. O que é a descrição de cargo e qual a sua finalidade? 2. O que é o processo de análise dos cargos e qual a sua importância? 3. Quais as 3 perguntas básicas no processo de levantamento das informações dos cargos e qual a relação destas com as demais áreas do RH? 34GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO AVALIAÇÃO DOS CARGOS A avaliação dos cargos é uma etapa muito importante no desenvolvimento do plano de cargos e salários, pois avaliar cargos significa definir seu valor relativo, considerando a hierarquização de todos os cargos e definindo sua importância para a organização em comparação com as outras funções. Hierarquia de cargos Pela lógica, cargos com menor valor relativo devem ter salários menores do que os cargos com maior valor relativo, por exemplo: um Auxiliar de RH deve receber remuneração inferior à de um Analista de RH. 35GESTÃO DE CARREIRAE REMUNERAÇÃO Dessa forma, a empresa precisa conhecer e definir o peso deste cargo em relação aos demais, ou seja, precisa definir o que chamamos de hierarquia de cargos. Atribuir o salário ao funcionário e fazer isso de forma correta, é o objetivo do processo de avaliação de cargos, e deve ser realizado através de metodologias adequadas para garantir sua finalidade. Comitê de Avaliação de Cargos Avaliar cargo é uma etapa tão importante que não pode ser de responsabilidade apenas da área de RH, e por isso, sugere-se criar o que chamamos de Comitê de Avaliação de Cargos. Deve participar deste comitê o responsável pela área de RH, que representa a alta direção da empresa e terá como papel conduzir o comitê. O analista de RH, que neste contexto é olhar técnico, por conhecer os cargos em virtude das descrições e, os gestores da organização, que possuem o conhecimento aprofundado das áreas e respectivos cargos, auxiliarão na aná- lise e na definição do valor relativo destes cargos, ou seja, uma avaliação completa e consistente do ponto de vista técnico. Esse comitê vai participar dos comparativos, avaliações e da definição da estrutura hierárquica, ou seja, definir os cargos que valem menos e os cargos que valem mais. É através do comitê é que iremos garantir o equilíbrio e a uniformidade das avaliações, uma vez que as definições e ponderações foram realizadas em conjunto. Ainda, o comitê tem como objetivo zelar pelos critérios de avaliação e possibilitar maior aceitação das avaliações pelos demais colaboradores da empresa. O processo de avaliação de cargos para a empresa significa: 36GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO • Estabelecer uma estrutura de valores relativos para os cargos, ou seja, definir a importância que cada um deles tem dentro da organização; • Disciplinar as relações entre esses valores, compensando-os financeiramente de maneira equitativa; • Minimizar o efeito de decisões arbitrárias para determinação de salários, eliminado distorções; • Proporcionar um quadro estrutural claro das qualidades requeridas e das oportunidades que podem ser oferecidas. Métodos de avaliação dos cargos: Existem vários métodos que podem ser adotados neste processo, sendo recomendável uma análise prévia que possibilite a escolha adequada para cada organização. Pontes (2011) divide os métodos em não quantitativos, por escalonamento ou graus determinados; e quantitativos, por meio de pontos ou comparação de fatores. Segundo o autor, os métodos quantitativos garantem maior precisão nos resultados, uma vez que os métodos não quali- tativos, embora de aplicação menos complexa, sugerem maior subjetividade na aplicação. • Não quantitativos – escalonamento e graus predeterminados • Quantitativos – por pontos e comparação por fatores Iremos estudar os métodos de escalonamento e pontos, por serem métodos bastante utilizados nas empresas. Método Escalonamento: pode ser realizado de três formas: escalonamento simples, por comparação binária ou por meio de comparação binária pontuada. O primeiro é o mais fácil e 37GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO consiste na análise isolada realizada pelos membros do comitê que, posteriormente, se reúnem e fazem o con- senso sobre o escalonamento do cargo. A comparação binária permite a comparação de cargos pares a fim de possibilitar a sua hierarquização. Para cada comparação são adicionados ou subtraídos valores que resultarão no escalonamento final. A comparação binária pontuada é semelhante à comparação binária, porém, para cada adição ou subtração, um número de pontos é atribuído. Em termos de funcionamento, o método é simples, quando comparado a outros métodos, por exemplo, método dos pontos. Os cargos são escalonados ou hierarquizados de acor- do com as dificuldades ou valores relativos, ou seja, a sua importância para a empresa, de acordo com o julgamento de cada membro do comitê. Porém, esse método é caraterizado por ser bastante subjetivo, sendo a descrição em si a única referência para avaliação e julga- mento. Não há parâmetros preestabelecidos, ou seja, os critérios para a avaliação dependerão do entendimento de cada membro do comitê. Cargo Comparado Almoxarife Motorista Carpinteiro Mecânico Adição 1 Escalona- mento Almoxarife + + + +1 4 Motorista - - - +1 1 Carpinteiro - + - +1 2 Mecânico - + + +1 3 Escalonamento por comparação binária Ex: Almoxarife é + ou - importante que o motorista = mais (+) 38GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Método dos Pontos: a avaliação quantitativa por meio de pontos consiste na atribuição de valores aos fatores, de acordo com a quantidade de graus aplicados. Este processo resulta em uma pontuação final para cada cargo. Torna-se necessário também atribuir pesos aos fatores de forma que possibilite classificá-los de acordo com o grau de relevância. Fonte: https://www.metadados.com.br/blog/a-avaliacao-de-cargos-em-uma-organizacao/ Construção do Manual de Avaliação dos Cargos + =+ Relação de Cargos Fatores de Avaliação Cargos Avaliados O sistema de pontos consiste em comparar os cargos através de fatores, onde vamos estabelecer o valor relativo dos cargos. Para que possamos utilizar a metodologia de pontos, pre- cisamos criar o Manual de Avaliação. Esse manual é composto por fatores, que são desmembrados em graus. Os cargos serão comparados dentro destes fatores, através do graus, onde cada um vai receber uma pontuação e com isso podemos estabelecer o valor relativo dos cargos – cargos de maior e menor valor. 39GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Elaboração do Manual de Avaliação Como primeiro passo, precisamos definir os fatores de avalia- ção. São os fatores que diferenciam os requisitos entre os cargos. É através deles que vamos estabelecer a hierarquização dos cargos. Podemos dividir os fatores em quatro grandes áreas: • Requisitos mentais – Exemplo: escolaridade, experiências, complexidade, iniciativa. • Responsabilidades – Exemplo: responsabilidade por ma- teriais, equipamentos, erros, valores, decisões, supervisão. • Requisitos físicos – Exemplo: esforço físico, habilidade manual, concentração. • Condições de trabalho – Exemplo: ambiente de trabalho, riscos. Vale ressaltar que dependendo da categoria de cargos que vamos avaliar, alguns dos fatores podem ser mais aplicáveis do que outros. Com base na categoria de cargos que avaliarmos, iremos selecionar dentro destes quatro grandes grupos, quais os fatores que serão utilizados para a avaliação dos Cargos. Após definirmos os fatores, precisamos definir o significa- do deste fator, para que tenhamos um entendimento linear, ou seja, que o entendimento seja o mesmo para todos os membros do comitê de avaliadores. Por exemplo, se considerarmos como fator de avaliação a responsabilidade por resultados, o significado deste valor pode- ria ser: Este fator dimensiona o impacto da atuação do ocupante do cargo na obtenção dos resultados comerciais, econômicos, financeiros e administrativos objetivados pela empresa. 40GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO O próximo passo, após definirmos os fatores, é a definição do número de graus que cada fator terá, ou seja, uma grade de complexidade, onde cada fator será subdivido em graus. Os graus seguem uma régua de complexidade, onde o Grau A dever ser menor que o Grau B, que deve ser menor que o Grau C e, assim, sucessivamente, até o grau de maior complexidade. Vamos a um exemplo: Vale ressaltar que também precisamos olhar para a defi- nição dos cargos chave, ou seja, uma amostra significativa dos cargos da empresa, para que possamos estudar os possíveis cenários, ou seja, o número de graus dos fatores, para termos uma definição final. Não existe um número de graus, assim como fatores, de- terminado, tudo vai depender da análise e necessidades da empresa. Podemos considerar como aspectos importantes para os cargos chave: Serem representativos das várias áreas da empresa; Serem representativos dos váriosníveis salariais da empresa; Cargos que apresentem alta frequência, ou seja, um número significativo de ocupantes; FATOR: INSTRUÇÃO Significado: Este fator mede o grau de escolaridade mínimo exigida para a execução e compreensão das responsabilidades do cargo. GRAU Definição A Ensino médio completo B Curso técnico completo C Curso superior em andamento D Curso superior completo E Especialização na área completa Quadro 01 – relação entre fator e grau 41GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Apresentem requisitos variados, para que possamos testar os fatores e graus correspondentes. Exemplo, ainda utilizando o Fator Instrução como referência: Ponderação e pontuação do Manual de Avaliação Agora que temos a definição dos fatores e a subdivi- são dos graus, precisamos estabelecer o peso dos fatores, para que posteriormente, possamos definir o valor dos pontos para cada grau. Esse estudo pode ser feito através do comitê de avaliação. Neste método, os integrantes do comitê deverão escalonar os fa- tores em ordem de importância, definindo o percentual de cada fator. E, a pontuação dos graus é obtida através de uma progressão aritmética (PA) ou progressão geométrica (PG). Para darmos sequência aos nossos estudos, vamos utilizar a progressão aritmética (PA). Vamos a um exemplo: Cargos Grau Assistente comercial B Auxiliar administrativo A Assistente de Rh C Analista Financeiro D Arquiteto E Cargos chave Nível de instrução Auxiliar administrativo Ensino médio Assistente comercial Curso técnico Assistente de Rh Curso superior em andamento Analista Financeiro Curso superior completo Arquiteto Especialização na área completa Quadro 02 - relação entre cargo e nível de instrução exigido para ocupação do cargo Quadro 03 – relação entre cargo e grau, referente ao Fator Instrução 42GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Para que possamos encontrar a pontuação que cada cargo receberá, considerando a avaliação dos fatores e graus cor- respondentes, vamos partir da premissa de que o Manual de Avaliação terá a pontuação máxima de 1.000. Para calcularmos a pontuação máxima de um grau, segui- mos a seguinte lógica: se o fator instrução tem um peso de 25% e a pontuação máxima do manual é de 1.000, encontramos o valor, calculando 25% de 1.000, e encontraremos 250. Ou seja, a maior pontuação que um cargo pode receber, quando avaliarmos o fator instrução é de 250 pontos. Para calcularmos a pontuação mínima de um grau, consi- deramos 10% do valor do grau máximo, que neste caso, será 25. Agora que conhecemos a menor e a maior pontuação do grau, através da aplicação do conceito de PA, vamos calcular os pontos de todos os graus, do fator instrução. As progressões aritméticas elevam-se segundo uma razão somada a cada um dos termos: Fórmula do cálculo: q = na - a1 n – 1 Onde: q = razão an = último termo a1 = primeiro termo n = n° de termos a interpolar Fatores de avaliação Peso do fator Instrução 20% Experiência 15% Iniciativa 25% Complexidade da tarefa 30% Responsabilidade por supervisão 10% A soma dos pesos de ver igual a 100% = 100% 10 12 14 16 Primeiro termo Termos Último termo 43GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Vamos a um exemplo, considerando todos os elementos acima: Cálculo: r = An - A1 N - 1 r = 200 - 20 4 r = 45 Resposta: Fator Peso Graus Instrução 20% A B C D E 20 ? ? ? 200 Grau mínimo Grau mínimo Fator Peso Graus Instrução 20% A B C D E 20 65 110 155 200 Exemplos diversos: Exemplos encontrados no site: https://livros-e-revistas.vlex.com.br/vid/avaliacao-cargos-metodos-quantitativos-637908977 44GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Fonte: https://cargosalariosricks.wordpress.com/2010/06/05/fatores-de-avaliacao-de-cargos/ O método de pontos, por utilizar dados estatísticos, pode ser considerado mais objetivo, em relação ao método de esca- lonamento, que é um método mais simples e subjetivo. Mas, ambos os métodos podem ser utilizados para definir o valor relativo ou peso dos cargos dentro da organização, assim como os cargos de maior ou menor remuneração. Cabe a empresa, analisar sua estrutura atual e identificar o método mais adequado. Vale lembrar que plano de cargos e salário deve manter-se em constante revisão, portanto, a em- presa pode iniciar seu plano utilizando o método mais simples e, posteriormente migrar para o método de pontos. 45GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Síntese Neste capítulo aprendemos sobre a avaliação dos cargos. Essa etapa consiste na definição do valor relativo ou peso do cargo para a empresa. Para que possamos encontrar este valor relativo, é necessária a utilização de métodos adequados, que podem ser quantitativos ou não quantitativos. Encontrar o valor relativo dos cargos é crucial, pois após esta etapa, que chamamos de hierarquização dos cargos, teremos as informações que precisamos para classificar estes cargos e darmos sequência ao plano de cargos e salários. 46GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Exercícios 1. O que são métodos não quantitativos? 2. O que são métodos quantitativos? 3. O manual de pontos corresponde a qual método? 4. No que consiste o manual de pontos? 47GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO CLASSIFICAÇÃO DOS CARGOS Após definirmos a hierarquia dos cargos, a próxima fase é a classificação dos cargos dos grupos ou classes, visando a otimização da gestão salarial, ou seja, não basta somente avaliarmos os cargos, precisamos classificar esses cargos em grupos, para facilitar a administração salarial. Para que possamos fazer a classificação dos cargos, preci- samos de um indicativo de quantos grupos ou classes devemos utilizar para fazer essa classificação. 48GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Neste caso, para não partirmos do zero, podemos utilizar a uma fórmula matemática, a fórmula de Sturges: Fórmula de Sturges K = 1 + 3,3 x log n K: Número de classes ou grupos N: Quantidade de cargos A aplicação desta formula, que dá origem a esta tabela, é impor- tante para que tenhamos um indicativo de quantos grupos podemos ter para classificar uma determinada quantidade de cargos. Este número deverá ser um referencial de partida, caben- do ao profissional da área de remuneração, com base em sua experiência, avaliar a necessidade de definir da melhor forma técnica a quantidade ideal de grupos, mas ele não deve ser muito diferente do alcançado pela fórmula de Sturges. Desta forma, fazendo-se a avaliação de cargos, seja pelo mé- todo de escalonamento ou de pontos, a classificação dos cargos será um produto, uma tabela onde os cargos estarão agrupados, conforme o valor relativo para a empresa. Vamos ver agora como utilizar o sistema de classificação de cargos quando utilizamos o método de escalonamento: Quantidade de Cargos Número de Classes 1 1 2 2 4 3 8 4 16 5 32 6 65 7 130 8 260 9 530 10 49GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Quando a empresa optar por utilizar o método de escalona- mento, é necessário fazer uma análise cuidadosa de cada cargo para a definição dos grupos correspondentes, considerando aspectos como: responsabilidades, complexidades, formação, experiencia, entre outros. Outro aspecto importante a ser con- siderado é a pesquisa salarial. Como já conhecemos a hierarquia dos cargos, faremos uma análise em conjunto dos cargos, determinando uma forma de ra- ciocínio para que possamos administrar os cargos no mesmo grupo. Vamos ver agora como utilizar o sistema de classificação de cargos quando utilizamos o método de pontos: Quando a avaliação dos cargos é feita pelo método de pontos, podemos construir uma tabela de intervalo de pontos, utilizando, por exemplo, uma progressão aritmética (PA). Exemplo: Temos o cálculo da fórmula de Sturges, considerando 10 grupos. Sabemos que a pontuação mínima que um cargo pode ter den- tro do manual de avaliação é 100 pontos e, a pontuação máxima é 1.000 pontos. Construção da tabela PA Razão = AN - A1 N Razão = 1.000 - 100 10Razão = 90 Grupo Cargos 1 Secretária 2 Auxiliar Administrativo Auxiliar Finanças Auxiliar de Pessoal 3 Assistente Administrativo Assistente Comercial Assistente de Pessoal 4 Analista Contábil Analista Finanças Analista de Pessoal Comprador 50GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Conhecendo o resultado da avaliação do cargo, conseguimos entender e chegar na classificação dele, por exemplo: Cargo X = 110 pontos - cargo do grupo 1 Cargo Y = 320 pontos = cargo do grupo 3 Cargo W = 580 pontos = cargo do grupo 6 Cargo Z = 960 pontos = cargo do grupo 10 Desta forma, estabelecemos a classificação dos cargos, quando utilizamos o método de pontos. E, podemos concluir que a hierarquização dos cargos, seja pelos métodos de escalonamento ou método de pontos, é fundamental para a elaboração do plano de cargos e salário da empresa. Pesquisa salarial A pesquisa salarial, conforme mencionamos anteriormente, também é parte importante na construção do plano de cargos e salários, pois servirá como base para a construção da tabela salarial da empresa. A pesquisa pode ser realizada pela própria empresa, ou por meio da contratação de uma empresa especializada. Existem diversas metodologias para se realizar a pesquisa GRUPO MÍN. MÁX. 1 100 190 2 191 280 3 281 370 4 371 460 5 461 550 6 551 640 7 641 730 8 731 820 9 821 910 10 911 1000 +90 +90 51GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO salarial. A mais indicada é por meio da pesquisa direta com empresas da mesma área de atuação. Mas é comum as empresas oferecerem resistência, por receio de fornecem informações sigilosas para empresas concorrentes. Neste caso, é necessário recorrer a outras fontes, como empresas ou sites da internet que comercializam esses dados. Existem também, empresas especializadas neste tipo de informação. Exemplo: Tipos de pesquisa • Implantação: é a pesquisa que fornecerá dados de mercado para cálculo da estrutura e composição da política salarial. • Manutenção: é a pesquisa que fornecerá subsídios para teste de comparação e atualização da estrutura salarial da empresa. • Específica: é a pesquisa de determinados cargos para atender necessidades momentâneas, como por exemplo: recrutamento (salário de admissão); turnover; cargos novos; entre outros. Na região da serra gaúcha, temos por exemplo, a pesquisa da ARH Serrana. Vejamos algumas informações sobre este modelo de pesquisa: O que é a pesquisa: A Pesquisa Salarial e Indicadores de RH têm por ob- jetivo coletar e organizar dados sobre os salários praticados e indicadores de gestão em determinado espaço geográfico, 52GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO identificando a realidade de vários segmentos de mercado, contribuindo para a tomada de decisão alinhada a estratégia da empresa, apoiando a sustentabilidade dos negócios. Áreas de atuação: A pesquisa conta com mais de 500 cargos, envolvendo todas as áreas da empresa e vários segmentos tais como: industrias, comércio, serviços, hospitais, entre outros, em empresas de pequeno, médio e grande porte. A pesquisa abrange os seguintes grupos ocupacionais e segmentos: • Administração Geral, • Recursos Humanos, • Administrativo/Financeiro, • Informática, • Suprimentos, • Qualidade, • Engenharia, • Produção, • Comercial, bem como segmentos de mercado hospitalar, plástico, moveleiro, de varejo, de logística, entre outros. Benefícios: Com a pesquisa salarial da ARH Serrana você poderá: • colaborar com as empresas na obtenção das informações salariais praticadas na sua região de abrangência; • fornecer às empresas um instrumento com o diagnóstico completo e confiável para tomada de decisão na área de remuneração; • fornecer dados comparativos da sua empresa com o mercado geral (todas as empresas participantes) ou com o mercado selecionado; • ficar por dentro das tendências de mercado, por meio dos indicadores de RH. Fonte: http://arhserrana.com.br/produtos/pesquisas/ 53GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Síntese Neste capítulo aprendemos sobre a classificação dos cargos. Vimos que a hierarquização dos cargos é fundamental para que possa- mos chegar a etapa de classificação, independentemente do método utili- zado. Podemos considerar a classificação dos cargos como a última etapa relacionada aos cargos. Até aqui, nosso olhar estava focado no equilíbrio interno, ou seja, entender o valor relativo de cada cargo para a organização. Uma vez que encontramos este equilíbrio interno, recomenda-se que a empresa redirecione seu olhar para o equilíbrio externo através da pesquisa salarial, ou seja, avaliar o funcionário em relação ao mercado, identificando o posicionamento destes cargos no mercado, qual o valor relativo destes e a remuneração praticada, pois é importante remunerar o funcionário em níveis competitivos com o mercado de trabalho, para fins de retenção. Quando olhamos apenas para o equilíbrio interno, estamos remuneran- do o funcionário apenas com base em critérios estabelecidos internamente. Essa relação é fundamental para que tenhamos plano de cargos e salários atrativo. 54GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Exercícios 1. O que é a classificação dos cargos? 2. Qual a finalidade desta etapa? 3. Qual a importância da pesquisa salarial após a etapa de classificação dos cargos? 55GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO ESTRUTURA SALARIAL A estrutura salarial da empresa é feita a partir da definição dos cargos internos da empresa do equilíbrio interno), balizando-se a partir das práticas de mercado, como por exemplo, a pesquisa salarial (equilíbrio externo). A estrutura salarial é de grande importância dentro do sis- tema de remuneração, pois serve de base para a administração das movimentações de cargos e salários da empresa. Quando a empresa adota uma estrutura salarial formal, passa a ter parâmetros concretos para contratação, promoção, aumentos salariais, entre outros, e deixa de ficar no achismo, incorrendo, muitas vezes, em erros que afetam a produtividade e o clima organizacional. 56GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Definição da política salarial Para Chiavenato a política salarial é “o conjunto dos prin- cípios e diretrizes que ref letem a orientação e a filosofia da organização, no que tange aos assuntos de remuneração de seus empregados”. A política consiste na definição da estratégia de adminis- tração salarial, estabelecendo o posicionamento da empresa frente ao mercado. A política pode ser moderada, ou seja, a média salarial de mercado é o ponto central da faixa salarial. A política pode ser agressiva, ou seja, a média salarial de mercado está posicionada no ponto inicial da faixa salarial. A política passiva, ou seja, a média salarial de mercado está posicionada no último nível da faixa salarial. Faixas salariais Para a determinação das faixas, devemos levar em consi- deração: Amplitude da faixa salarial, ou seja, o percentual de cresci- mento do salário entre o valor mínimo e máximo. No mercado, esta amplitude varia entre 20% e 60%. Percentual entre steps (degraus), ou seja, qual deve ser o valor percentual entre o valo mínimo é máximo. No mercado, esta amplitude varia entre 4% e 8%. Exemplo: Salário de Admissão Step 1 Step 2 Step 4 Step 5 R$ 1.000 1.257,43 1581,14 1988,18 2.500,00 57GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Implantação Definida a estrutura salarial, é chegada a hora de realizar um estudo de enquadramento de cargos e salários, pois como a empresa trabalha em uma estrutura salarial antiga, pode haver uma série de distorções. Por exemplo: alguns cargos podem estar com os salários acima do valor estipulado no novo plano. Mas, atenção: a legislação não nos permite diminuir salário de funcionários. Em contrapartida, alguns cargos podem estar com os sa- lários abaixo do valor estipulado no novo plano. Neste caso, se faz necessário realizarmos alguns ajustes (que chamamos de enquadramentos). Mas, para isso, precisamos estar alinhados com a direção e com a área financeira, pois estesreajustes trarão impactos orçamentários significativos na folha. Após realizarmos o estudo, com os respectivos enqua- dramentos, podemos aferir qual o impacto financeiro para a empresa com o novo plano de cargos e salários, e a diretoria da empresa, cabe a análise de viabilidade econômica para a implantação. Após aprovação do plano pela diretoria, a área de gestão de pessoas, em conjunto com o comitê, definirá as regras para a movimentação das pessoas dentro da estrutura de cargos e salários. Cabe também a área de gestão de pessoas, munir os gestores de área com todas as informações sobre o plano, uma vez que estes serão peças fundamentais na disseminação e cumprimento da política salarial. A política de cargos e salários deve ser conhecida por todos, mas principalmente pelos gestores. Eles precisam conhecer as diretrizes, as regras e procedimentos, para que possam exercer seu papel de liderança, realizando a gestão da sua equipe. 58GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Não é o RH quem define se um funcionário receberá ou não um aumento salarial, ou uma promoção, mas sim o gestor, que tem o papel de avaliar o desempenho de cada membro de sua equipe e, através das políticas estabelecidas pela empresa, com as devidas aprovações, realizar as movimentações por ele definidas. Sendo a política salarial o instrumento utilizado para es- tabelecer as diretrizes da administração salarial, abaixo, elen- camos alguns elementos indispensáveis que devem fazer parte deste documento: • Questões relacionadas promoção, onde relacionamos os pré-requisitos para que o empregado possa assumir um novo cargo; • Questões relacionadas a aumento salarial, onde relacionamos os pré-requisitos para a evolução do salário do funcionário dentro do mesmo cargo; • Questões relacionadas aos aspectos legais que influenciam a administração de cargos e salários e devem ser cuidado- samente analisadas a aplicadas, para evitar reclamatórias trabalhistas. Veja alguns exemplos: Equiparação salarial – artigo 461: CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943 Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabeleci- mento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 59GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Irredutibilidade salarial, artigo 468: CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943 Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamen- te, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Veja mais exemplo no site: https://www.jusbrasil.com.br Texto de apoio, referente ao tema: Como lidar com as expectativas de introdução ou revisão de um Plano de Cargos e Salários Quando se fala em introduzir ou rever o Plano de Cargos e Salários, muitos Diretores, Gerentes e mesmo profissionais de Recursos Humanos ficam preocupados com a questão das repercussões que a expectativa dos funcionários pode gerar. Há um mito sobre a questão das expectativas. Expectativa é esperança. Quem vive sem esperança? Na experiência do dia-a-dia da consultoria, o que se nota é exatamente o oposto do que se teme. Quando há expectativa, há uma atmosfera favorável a uma comunicação de qualidade com os funcionários. A expectativa dos funcionários é um sinal de que o corpo organizacional está vivo e vibrando. Uma empresa em que seus funcionários não tenham expectativas de melhorar de vida, de melhorar profissionalmente, de melhorar seus salários, provavelmente está condenada a vegetar e até a desaparecer ou trocar de dono. Como transformar essa aparente ameaça em oportunidade? Utilizando uma comunicação de qualidade, aberta, sincera, sem 60GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO meias palavras, sem hesitações. Muitos Diretores e Gerentes receiam ser mal compreendidos pelos funcionários. Como re- sultado desse receio sem fundamento, acabam instruindo seu departamento de Recursos Humanos a tratar seus funcionários como se fossem todos imaturos. Qualquer funcionário que esteja na ativa tem condições de entender perfeitamente qualquer comunicação sobre o plano de cargos e salários. Sim, os funcionários de pouca instrução sabem o que é um "parâmetro de mercado", um "salário adequado", mesmo que não consigam dar a definição desses termos. Quando os funcionários recebem informações claras sobre o que a empresa está fazendo nessa área e como vai funcionar o sistema de cargos e salários, eles têm uma nova perspectiva para planejar o que fazer para transformar suas expectativas (esperanças) em realidade. Por exemplo, saber que "carreira" é um dos lados de uma moeda. O outro lado é "sucessão". A empresa quer ter pessoas preparadas para suceder pessoas que saem da empresa. O fun- cionário pode aproveitar essas oportunidades para avançar sua carreira. Um Gerente que sai da empresa pode provocar pro- moções em cascata. Fica claro para o funcionário que "progredir na carreira" depende de ele estar preparado e atento. Quando o cavalo da necessidade de uma sucessão na empresa "passar arreado", o funcionário que estiver mais preparado poderá montá-lo. Os funcionários sabem que há poucos cargos de Diretor, de Gerente, de Supervisor. Sabem que a empresa não pode garantir a carreira de ninguém. O que eles precisam é saber como funcionam as regras para promoções, reajustes salariais, transfe- rências de área, assuntos esses que tem a ver com suas carreiras. Regras claras ajudam o funcionário a não manter crenças falsas, como um futuro garantido na empresa. A carreira dele pode ser feita passando por várias empresas. Ele pode começar como mensageiro numa empresa e terminar como presidente de outra 20 anos depois, por exemplo. Fonte: http://www.promerito.com.br 61GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Síntese Neste capítulo aprendemos sobre questões relacionadas a estrutura salarial e definição da política salarial. É necessário estabelecer as diretrizes e critérios do plano, formalmente, para que haja transparência em relação a movimentação de pessoal entre as faixas salariais (progressão) e mudança de níveis (promoção). Além disso, ter as regras do jogo bem de- finidas facilita na administração do plano e faz com que os funcionários comprem a ideia e joguem conforme as regras do jogo. Essa transparência gera harmonia entre empresa e funcionário, trazendo maior satisfação para o funcionário e melhores resultados para a empresa. 62GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Exercícios 1. O que é a política salarial? 2. Quais os elementos que devem constar na política? 3. O que são faixas salariais? 63GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO REMUNERAÇÃO Nos capítulos anteriores, estudamos sobre cargos e salários e os conceitos referente ao tema. Agora, quero convidar você para irmos um pouco além, vamos falar de remuneração, em um contexto mais amplo. Quando me refiro a um contexto mais amplo, é porque quero te convidar para olhar o universo da remuneração com outros olhos, pois temos por hábito, quando estamos no papel de funcionário, olhar apenas para a questão salário. E, a em- presa, por sua vez, também tem um pouco deste olhar. 64GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Ao longo da minha caminhada, aprendi que remuneração é tudo aquilo que ganhamos ou deixamos de gastar. Depois que entendi o significado desta frase, passei a en- xergar o salário com outros olhos e perceber que ele é apenas uma parte da nossa remuneração. Mas o que isso significa? Significa que, além do salário, que é a contraprestação do nosso serviço, a empresa nos concede outras possibilidades de ganho, que não são necessariamente monetários e, que estes fazem parte do pacote da remuneração.Um exemplo comum é o benefício. O beneficio é a parte indireta da remuneração. Os benefícios mais comuns são: vale transporte, vale refeição ou alimentação e, plano de saúde. Esses benefícios nos são concedidos, mas não os enxergamos como parte da remuneração, e se quer sabemos o valor deles. O exercício aqui é: monetizarmos esses benefícios, ou seja, entender o valor de cada um deles e somarmos ao nosso salário. Ao fazermos esse cálculo, vamos perceber que a nossa remuneração é maior que o salário, isoladamente. Se temos acesso a essas facilidades, isso significa, por exemplo, que não será necessário dedicar parte do salário para pagar um plano de saúde. Caso a empresa não disponha de um plano de saúde para o ofertar ao funcionário, o mesmo precisaria dedicar uma parte do salário para ter acesso a um plano e, ao final das contas, sobraria menos dinheiro, ou seja, o salário ficaria menor. Quanto maior o leque de benefícios oferecidos pela empre- sa, menor será o montante do nosso salário dedicado para ter acesso a essas facilidades, e teremos mais dinheiro no bolso. 65GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Por isso, a frase: remuneração é tudo aquilo que ganhamos (salário), ou deixamos de gastar (benefícios e outros), passa a ter sentido e, com isso, a palavra de ordem é remuneração, e não mais apenas salário. Quando buscamos o conceito de remuneração, encontramos: remuneração é conjunto de tudo o que é dado pelo empregador ao empregado em troca da execução do seu trabalho, incluindo o seu salário. Ou ainda, salário é sempre remuneração, mas remuneração nem sempre é salário. E é nesta linha de raciocínio que vamos tratar a questão remuneração. Uma remuneração atrativa e capaz de reter os funcionários, precisa ser amplificada e atender as expectativas de ambas as partes: funcionário e empresa. Vamos analisar a imagem abaixo: Podemos interpretar essa imagem da seguinte forma: a remuneração é sustentada por 3 pilares, que são: O salário, que é a parte fixa da remuneração. Os benefícios, que é o salário indireto. Comissões, Plano de metas, PPLR, am- bos relacionados a parte variável da remuneração, ou seja, atrelado a obtenção de resultados. Quando olhamos para o pilar salário, vamos nos remeter aos capítulos estudados anteriormente, onde aprendemos a Remuneração Remuneração Benefícios Plano de Metas/PPLR 66GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO atribuir o valor relativo do cargo. Quando olhamos para o pilar benefícios, vamos falar da gestão destes benefícios, que poderá ser ofertado em um formato tradicional ou em um formato mais f lexível. Vale ressaltar que há uma legislação específica sobre a concessão dos benefícios e esta precisar ser respeitada, para evitar passivos trabalhistas. CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943 Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 458 § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão con- sideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I - vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a pres- tação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II - educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) IV - assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) V - seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VI - previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VII - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VIII - o valor correspondente ao vale-cultura. (Incluído pela Lei nº 12.761, de 2012) Conheça mais sobre a Lei no site: www.jusbrasil.com.br www.guiatrabalhista.com.br 67GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO Benefícios Flexíveis Quando falamos da f lexibilização dos benefícios, hoje co- nhecido como Benefícios Flexíveis, falamos da possibilidade do funcionário ter a opção de escolher qual benefício estaria mais adequado ao seu momento de vida, mas respeitando todos os aspectos legais previstos em Lei. A seguir, temos alguns trechos da reportagem do site exa- me, onde a diretora de recursos humanos da Cardif, Cynthia Jobim, fala sobre a experiência e as vantagens de implantar os Benefícios Flexíveis. São Paulo – Os benefícios f lexíveis chegaram ao Brasil na década de 1990 e fizeram brilhar os olhos dos gestores de recursos humanos. Afinal, era a chance de oferecer algo ino- vador e tratar cada funcionário como único. Mas não vingou. A inf lexibilidade da legislação trabalhista brasileira e a com- plexidade na montagem do pacote assustaram as empresas e frearam o avanço do chamado BeneFlex no país. Depois de anos na geladeira, porém, essa alternativa volta a chamar atenção da área de RH. Embora apenas 2% das 236 68GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO organizações ouvidas pela consultoria Towers Watson em sua Pesquisa Anual de Benefícios disseram já usar o sistema, 31% dos gestores de RH afirmaram que pretendem fazê-lo e 21% já chegaram até a encomendar estudo de viabilidade. “A fase agora será mais de convencimento da alta direção das empresas do que propriamente do pessoal de RH”, sinte- tiza o consultor sênior da área de benefícios e saúde da Towers Watson, César Lopes. O prenúncio de uma onda de adesões se explica por dois principais motivos. O primeiro é que o BeneFlex se mostra uma poderosa arma de atração e retenção num momento de disputa ferrenha pelos melhores profissionais. O segundo é que os velhos fantasmas relacionados a esse sistema estão sendo superados, embora sejam ainda eventualmente citados pelas companhias como justificativas para adiar a adesão ao sistema, como o receio de se tornar mais vulnerável a processos trabalhistas. “Esse risco é totalmente eliminado quando o programa é bem desenhado”, assegura a consultora Andrea Huggard-Cai- ne, considerada uma das maiores especialistas no tema. Ela lembra que o que causou dificuldades no passado e fez com que os benefícios f lexíveis ganhassem certa má fama no país foi a tentativa de transportar o modelo americano para o Brasil sem levar em conta as diferenças de legislação. Relação ganha-ganha Desde que adotou um programa de benefícios f lexíveis, há três anos, a Cardif — seguradora de origem francesa pertencente ao grupo BNP Paribas, presente em mais de 40 países — viu o nível de satisfação plena com o pacote subir de 66% para 85%, de acordo com a pesquisa interna de clima. A principal razão que a levou a se decidir pela adoção da prática é a baixa idade média dos colaboradores, de 28 anos. “Esse público não gosta de imposições e valoriza muito a pos- 69GESTÃO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO sibilidade de fazer as próprias escolhas”, diz a diretora de RH e responsabilidade social, Cynthia Jobim. Uma das mudanças mais adotadas foi o aumento do valor do tíquete-refeição e a redução do vale-alimentação, pois a maioria dos jovens almoça fora com frequência e raramente faz grandes compras em supermercados. Em empresas com perfil jovem, como a Cardif, a f lexibi- lização dos benefícios tende a resultar em ganho financeiro, já que os jovens costumam optar pelo plano de saúde mais básico. Foi o que fez o analista da área contábil da Cardif, Rodrigo Oliveira, de 25 anos. Solteiro e sem filhos, ele está usando os créditos que sobraram para financiar parte do curso de inglês — um ganho equivalente a 135 reais por mês. “As companhias em que trabalhei antes não ofereciam essa possibilidade. Sem dúvida é um diferencial”, diz Rodrigo. A subsidiária
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