Buscar

Fibromialgia: Dor Crônica e Sensibilização Central

Prévia do material em texto

ACADÊMICO: BRUNO JESUS SILVA/ UFFS/ ATM: 2022 
FIBROMIALGIA 
Atualmente, fibromialgia corresponde a dor musculoesquelética sem causa definida, sendo uma 
dor difusa. Mais modernamente ainda, pode ser chamada de desordem de dor centralizada ou 
sensibilização central, pois, muito provavelmente, a dor do paciente se dá por uma disfunção do 
SNC. 
Essa dor crônica pode gerar vários problemas na vida do paciente, como por exemplo desordens 
afetivas, de mobilidade, financeiras, para fazer as atividades do dia a dia e tentativas de suicídio. 
A fibromialgia afeta negativamente a qualidade de vida do paciente, bem como a sua família e 
sociedade. 
É conhecida como sendo uma doença mais comum em mulheres (20 a 55 anos). É bastante 
prevalente, estudos apontam que 4% da população seja portador. Tem distribuição universal, sem 
distinção de raças. Pode aparecer em crianças também, embora não seja muito comum, 
Se cararacteriza dor musculoesquelética difusa e rigidez em articulações e músculos, então, o 
paciente costuma referir que “dói todo o corpo” (coluna, tórax, região cervical, região da nuca, 
joelhos – existe vários pontos que antigamente serviam para critério diagnóstico de fibromialgia). 
A dor pode ter um caráter de queimação/lancinante/agulhadas, as mudanças de temperatura 
costumam causar agravo na dor. Hiperalgesia (dor excessiva ao estímulo leve) e alodinia (dor 
apenas ao toque) também são comuns. 
A dor pode classificada como nociceptiva (estímulo dos terminais periféricos), dor neuropática 
(envolvimento do SNP, por exemplo neuropatia do diabetes e do herpes zoster) e existem a dor 
de sensibilização central (é a hipótese que tenta explicar a fibromialgia). Teoria indicam que o 
eixo hipotálamo-hipófise estaria alterada, seja por doença psiquiátrica, distúrbios do sono, pela 
redução de neurotransmissores como norepinefrina e serotonina, aumento de opióides, glutamato, 
substância P e outros. Pode ter um componente genético. A violência também pode contribuir 
para sensibilização do SNC, bem como a síndrome do estresse pós traumático, dificuldade de 
acesso a tratamento, suporte familiar e trabalho não ético. Baixa escolaridade, mobilidade 
ocupacional baixa também ajudam na evolução da dor crônica. Gatilhos para dor crônica: acidente 
de carro, cirurgia, ferida por armas de fogo, diagnósticos inesperados, etc. 
Não é uma doença só de dor difusa, apesar de ser a principal característica. Muitos pacientes 
procuram ajuda médica por estarem deprimidos, ansiosos e constantemente cansados, 
dificuldades de concentração, memória, discurso, por terem insônia ou sono ruim, 
dificuldade entrar no sono profundo (fase IV). Logo, é uma doenças que envolve várias 
especialidades. 
Doenças ou síndromes associadas: síndrome do cólon irritável, urgência urinária, cefaleias, 
síndrome das pernas inquietas, síndrome da fadiga crônica, síndromes pré-menstruais, dor em 
ATM, dor torácica não cardíaca, Apneia Obstrutiva do Sono, depressão, ansiedade, distúrbio de 
personalidade. 
Possíveis causadores: infecções, estresse, ansiedade, frio, mudanças de temperatura, 
exercícios, trauma, doenças que cursam com dor crônica (AR, EA). Sempre perguntar o nível 
a dor. 
EXAME FÍSICO: 
 ACADÊMICO: BRUNO JESUS SILVA/ UFFS/ ATM: 2022 
Envolve palpação dos músculos. Geralmente, não se encontra sinovite (edema, calor e rubor 
articular). 
Critérios diagnósticos: deve-se ter dor crônica com mais de três meses, sempre associando aos 
outros sintomas. Excluir os outros diagnósticos (história, exame físico, hemograma, VHS, PCR, 
TSH), mas evitar exames desnecessários. 
Os critérios atuais da fibromialgia: 
Índice de dor generalizada Escala de sintomas somáticos (0 a 3) 
Cintura escapular D e E (D vale 1 ponto e E 
vale mais 1 ponto) 
Cognitivos 
Braço D e E Sono não reparador 
Antebraço D e E Fadiga 
Quadril D e E Somas dos sintomas que ocorreram nos 
últimos seis meses: cefaleia, dor ou cólicas 
abdominais baixa e depressão. 
Coxa D e E Total = 12 pontos 
Perna D e E 
Tórax 
Abdome 
Mandíbula D e E 
Coluna lombar 
Coluna dorsal 
Coluna cervical 
Total = 19 pontos 
 
Critérios diagnósticos ACR para fibromialgia (2011): IDG for maior ou igual a 7 e ISS maior ou 
igual (12 ou mais) a 5 ou IDG maior ou igual a 5 e ISS maior ou igual a 9 (14 ou mais) + mínimo 
3 meses de sintomas + ausência de outra doença que poderia explicar o quadro. (Ver os locais de 
dor). 
Revisão dos sintomas: buscar sinais e sintomas associadas a outras doenças que cursam com dor 
crônica (AR, LES, espondiloartrites, síndrome de Sjogren, polimialgia reumática, metástases 
ósseas, hipotireoidismo, osteomalácia, polimiosite, polineuropatia). 
Prevenção é possível? Talvez, se houver como intervir nas situações que predispõe a dor 
crônica, como baixo nível socioeconômico, litígio, estar desempregado, obesidade, depressão e 
ansiedade, história de abuso, catastrofização, preocupação somática excessiva, dependência de 
 ACADÊMICO: BRUNO JESUS SILVA/ UFFS/ ATM: 2022 
opióides, altos níveis de dor, atendimento em centros terciários. Muitos terão mau prognóstico. 
No entanto, uma porcentagem de pacientes irá melhorar e até mesmo deixará de se encaixar nos 
critérios diagnósticos. Deve-se tratar a dor aguda e subaguda, pois o não tratamento pode ser um 
fator de risco para desenvolvimento de dor crônica. 
O tratamento é dividido em não farmacológico e farmacológico. A educação do paciente é 
fundamental, positivando os sintomas (nunca falar que não encontraram nada no paciente), terapia 
física – em especial exercícios aeróbicos, terapia cognitivo-comportamental, ou seja, é uma 
terapia multidisciplinar. 
Do ponto de vista medicamentoso, pode-se usar gabapentinóides (Gabapentina), os duais 
(ISRSN) como a desvenlafaxina e os ADTs. ISRS também podem ser usados quando o paciente 
tem depressão ou ansiedade, como a fluoxetina. Gabapentinóides e ADTs são usados em 
pacientes com insônia. Ciclobenzaprina também é uma opção.

Continue navegando