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Doença Celíaca

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Giovanna Faria 
 
Doença Celíaca 
 
DEFINIÇÃO: Enteropatia autoimune causada pela ação do glúten. 
 Acontece em indivíduos geneticamente predispostos 
 Doença poligênica: herança autossômica dominante 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
• Mais comum em meninas, brancas. 
• Agregação familiar 2-20% em pacientes de primeiro grau 
 
FISIOPATOLOGIA 
Depende de dois fatores: 
➔ Exposição ao glúten 
➔ Alterações imunológicas: acontecem em apenas indivíduos predispostos 
GLÚTEN: 
• Composto proteico que funciona como reservatório de prolamina. 
• A prolamina é a responsável pela lesão tecidual. É diferente em cada cereal, sendo mais presente 
no trigo como gliadina. 
 
Alterações imunológicas: 
• Celular: aumento dos linfócitos intra epiteliais, alteração da ação dos macrófagos, aumento das 
citocinas. 
• Humoral: alteração na síntese de anticorpos e aumento dos plasmócitos na mucosa jejunal 
 
Agressão do glúten a mucosa intestinal: 
• Redução do tempo de vida média das células absortivas 
• Amadurecimento insuficiente do enterócito jovem 
• Redução das enzimas de borda em escova 
• Aumento da produção de células jovens 
• Aumento de criptas 
• Infiltração da lâmina própria por linfócitos e plasmócitos 
 
Lesão intestinal 
• De grau decrescente: em intestino delgado 
• Enteroscopia: superfície lisa sem vilosidades com crateras esparsas 
• Histologia: atrofia vilositária e hiperplasia de criptas 
➔ Leva a má absorção, pela: 
o Redução da área absortiva 
o Alteração dos mecanismos de cisão molecular de nutrientes 
o Alteração nos processos de transporte intracelular de gorduras 
o Redução da digestão luminal de proteínas (deficiência de enteroquinase**) 
 
UBS 
**Enteroquinase: ativa as 
proenzimas pancreáticas 
que degradam proteína. 
 
Giovanna Faria 
 
 
 
QUADRO CLÍNICO: 
Início dos sintomas: 2º semestre de vida 
Com a introdução da alimentação complementar 
 
Formas clínicas: 
• Clássica (52%): síndrome disabsortiva 
o Anorexia, vômitos, irritabilidade, esteatorréia, desnutrição (baixo ganho ponderal, declínio 
da velocidade de crescimento), distensão abdominal (hipotonia muscular e ma absorção 
que gera gases). 
• Oligossintomática: ausência ou sintomas mais leves 
o SEMPRE com diarreia e distensão abdominal. 
o Baixo ganho ponderal, mas sem comprometer estatura. 
• Atípica: sem diarreia ou com diarreia discreta 
o Digestiva: anorexia, vômitos, distensão abdominal e constipação, frequente retardo de 
crescimento. 
o Extradigestivas: mais comum no pré-escolar. Alterações isoladas: edema, anemia, déficit 
estatural. 
 
DOENÇAS IMUNES ASSOCIADAS: 
• DM 
• Tireoidite 
• Dermatite herpetiforme 
• Deficiência de IgA 
• Psoríase 
• Alopecia areata 
 
Giovanna Faria 
 
• Síndrome de Down 
 
DIAGNÓSTICO: 
Se caracteriza por: 
• Síndrome de má absorção intestinal 
• Mucosa jejunal de aspecto celíaco 
• Remissão clínica e histológica quando submetida a dieta sem glúten 
• Recorrência clínica e histológica com reintrodução do glúten. 
Obrigatória: biopsia intestinal com mucosa celíaca 
Exames complementares: 
• Esteatorréia: esteatócrito ou sudan 3 
• Sorologia: antiglandina (baixa especificidade); antiendomisio e antitransglutaminase intestinal (os 
melhores, alta sensibilidade). Sempre dosar IgA e IgG. 
 
DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS: 
• Alergia alimentar 
• Fibrose cística 
• Desnutrição primaria 
• Parasitoses 
 
TRATAMENTO 
Medidas gerais: 
• Corrigir desidratação, hipoalbuminemia e anemia 
• Repor vitamina K (púrpura). 
 
➔ Dieta: exclusão do glúten por toda a vida 
o Trigo, malte, centeio, cevada, aveia 
➔ Nunca iniciar a dieta antes da biopsia (pode alterar resultado) 
➔ Exclusão lactose por 30 dias e sacarose por 15-30 dias: 
o Recuperar enzimas de absorção dos dissacarídeos. 
o Reintrodução progressiva 
 
Medidas com nova dieta: 
• Melhora inicial do apetite, humor e aspecto das fezes 
• Manutenção do peso inicial 
• Manutenção ou piora da distensão abdominal 
• Apetite voraz 
 
➔ Recupera peso em até 1 ano e estatura em até 3 anos 
➔ Celíacos negligentes tem maior frequência de linfomas, câncer de boca; esôfago e de faringe.

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