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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 5 – mod XII Traumatismo raquimedular, coma e morte Introdução - Cerca de 5% dos pctes com TCE tem lesão associada na coluna, enquanto 25% dos pctes com trauma de coluna têm, pelo menos, TCE moderado. - 55% das lesões traumáticas da coluna ocorrem na região cervical, 15% na região torácica. 15% na região toracolombar e 15% na região lombossacra. - Em pctes com suspeita de lesão na coluna vertebral, manipulação excessiva e restrição inadequada de movimento pode causar danos neurológicos. - Se a coluna do pcte está protegida, o exame da coluna e a exclusão de lesão na medula podem ser adiados com segurança, especialmente se há instabilidade, como hipotensão ou insuficiência respiratória. - Uma boa mobilização pode ser apenas deixar o pcte em posição supina, sobre superfície firme com proteção da coluna quando se move. Anatomia e fisiologia COLUNA VERTEBRAL - 7 cervicais, 12 torácicas e 5 lombares. - Corpo vertebral na posição anterior: coluna de sustentação - Corpos vertebrais separados por discos intervertebrais e fixados entre si por ligamentos. - Facetas articulares, ligamentos interespinhosos e músculos paravertebrais contribuem para dar estabilidade à coluna. - Coluna cervical, pela mobilidade e exposição, é parte mais vulnerável a lesões. - Canal medular vai do forame magno até C2 inferior. Pctes assim chegam com aspecto neurológico normal. 1/3 dos pctes com lesão acima de C3 morre no local por apneia pela perda da inervação dos nervos frênicos. - Abaixo de C3, o diâmetro do canal medular é menor e lesões da coluna nesse nível tem maior probabilidade de causar lesão medular. Crianças x adulto - Crianças tem maior flexibilidade das cápsulas articulares e ligamentos interespinhosos, facetas e corpos vertebrais que tendem a deslizar com a flexão. - As diferenças diminuem até os 12 anos de idade quando a coluna cervical é mais parecida com a de um adulto. - A mobilidade da Torácica é mais restrita do que a mobilidade da coluna cervical, além de proteção adicional conferida pela caixa torácica. % de fratura é menor aqui. - Quando a lesão vertebral ocorre por fratura-luxação, quase sempre tem lesão da medula pelo canal medular torácico ser estreito. - Junção toracolombar é uma espécie de sustento entre região torácica inflexível e níveis lombares mais móveis. Isto a torna mais vulnerável a lesões, sendo que 15% de todas as lesões na coluna ocorrem nessa região. ANATOMIA DA MEDULA ESPINHAL - Em adultos, termina na altura de L1 como o cone medular. Abaixo deste nível está a cauda equina, um pouco mais resistente às lesões. Avaliação clínica dos tratos da medula espinhal Trato Localização Função Avaliação Cortico- espinhal Face póstero- lateral da medula Força motora ipslateral Contratura voluntária ou involuntária em resposta aos estímulos dolorosos Espino- talâmico Face anterolateral da medula Sensação dolorosa e de temperatura contralateral Estímulo com agulha Colunas dorsais Face póstero- medial da medula Propriocepção, vibração e sensação de toque ipslateral Sensação de posição dos dedos do pé ou da mão, ou pela sensação de vibração causada por um diapasão EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 - Quando um pcte não tem função sensitiva ou motora abaixo de determinado nível, é dito ter uma lesão completa da medula espinhal. - Lesão incompleta é aquela que permanece um certo grau de função; prognóstico é melhor do que o de uma lesão completa. DERMÁTOMOS - Área de pele inervada pelos axônios sensoriais dentro de uma determinada raiz nervosa. - Nível sensitivo é o dermátomo mais caudal com função sensitiva normal e muitas vezes pode ser diferente nos lados do corpo. - Dermátomos cervicais superiores (C1-C4) são variáveis quanto a sua distribuição cutânea e não são usados para localizar a lesão medular. - Nervos supraclaviculares (C2-C4) proporcionam inervação para a região que recobre o músculo peitoral. Sensibilidade aqui pode confundir os examinadores. Níveis medulares chaves e suas áreas de inervação Nível medular Lesão C5 Área do deltoide C6 1º quirodáctilo C7 3º quirodáctilo C8 5º quirodáctilo T4 Mamilo T8 Apêndice xifóide T10 Cicatriz umbilical T12 Sínfise púbica L4 Face medial da panturrilha L5 Espaço interdigital entre 1º e 2º pododáctilo S1 Face lateral do pé S3 Tuberosidade ísquia S4 e S5 Região perianal MIÓTOMOS - Cada raiz inerva mais de um músculo e a maioria dos músculos é inervada por mais de um nervo (geralmente 2). - Testam-se os músculos quanto à força em ambos os lados e graduados em uma escala de 6 pontos da força normal à paralisia. CHOQUE NEUROGÊNICO X CHOQUE MEDULAR Choque neurogênico resulta da perda do tônus vasomotor e da inervação simpática para o coração. - A lesão na medula espinhal cervical ou torácica alta (T6 ou acima) pode causar comprometimento das vias simpáticas descendentes. Essa perda de tônus provoca vasodilatação dos vasos sanguíneos viscerais e periféricos, redistribuição do sangue e hipotensão. - A perda da inervação simpática pode causar bradicardia ou incapacidade de responder com taquicardia à hipovolemia. - Choque hipovolêmico (hemorragia) é o tipo mais comum em pctes traumatizados e pode estar associado a choque neurogênico. Por isso, no choque, deve-se primeiro descartar outras fontes de sangramentos. - Os efeitos do choque não são revertidos com reposição volêmica isolada e a ressuscitação maciça pode resultar em sobrecarga líquida e/ou edema pulmonar. - Pode ser necessário usar vasopressor após reposição volêmica. Usar atropina para tratar bradicardia. Choque medular refere-se à flacidez (perda do tônus muscular) e à perda de reflexos que ocorrem imediatamente após a lesão da medula espinhal. Depois de um tempo, há espasticidade. EFEITOS DA LESÃO MEDULAR EM OUTROS SISTEMAS - Lesão na coluna vertebral trazem a preocupação de insuficiência respiratória. Hipoventilação pode ocorrer por paralisia dos músculos intercostais ou do diafragma. - A incapacidade de se perceber a “dor” pode esconder lesões potencialmente graves em qualquer outra parte do corpo. Lesões traumáticas da medula - Podem ser classificadas pelo nível, gravidade do déficit neurológico, tipo de síndrome medular e morfologia. NÍVEL EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 - Descreve o segmento mais caudal da medula espinhal que tem função sensitiva e motora normal em ambos os lados do corpo. - Nível sensitivo é usado quando se refere ao segmento mais caudal da medula espinhal com função sensitiva normal. - Nível motor definido com forma semelhante em relação a função motora. GRAVIDADE DO DÉFICIT NEUROLÓGICO - Paraplegia completa (lesão torácica) ou incompleta - Tetraplegia completa (lesão cervical) ou incompleta - Qualquer função motora ou sensorial abaixo do nível da lesão constitui uma lesão incompleta e deve ser documentada. - Sinais de lesão incompleta incluem qualquer sensação ou movimentos voluntários nos MMII, preservação sacral, contração voluntária do esfíncter anal e flexão voluntária do dedo do pé. - Reflexos sacrais, como o bulbo cavernoso ou contratilidade anal, não são preservação sacral. SÍNDROMES MEDULARES Síndrome central da medula é caracterizada por uma perda desproporcional maior de força motora nos MMSS do que nos MMII, com diferentes graus de perda sensitiva. - Ocorre após lesão por hiperextensão em pcte com estenose do canal cervical pré-existente. - É parecido com o de uma queda para frente, num impacto fatal. - Pode ocorrer com ou sem fratura ou luxação cervical. - Prognóstico e a recuperação são melhore do que com outras lesões incompletas. Estas lesões são encontradasem idosos, que sofrem queda da própria altura. Síndrome anterior da medula resulta da lesão nas vias motoras e sensitivas na parte anterior da medula. Caracterizada por paraplegia e perda bilateral das sensações de dor e temperatura. - As sensações da coluna dorsal são preservadas. Essas lesões tem um pior prognóstico entre as lesões incompletas e ocorre mais comumente após isquemia da medula. Síndrome de Brown-Séquard resulta de uma hemissecção da medula, devido a um trauma penetrante. - Perda ipslateral motora (trato corticoespinhal) e da sensação de posição (coluna dorsal), associada à perda contralateral de dor e sensação de temperatura, começando de um a dois níveis abaixo da lesão (trato espinotalâmico). MORFOLOGIA - As lesões podem ser descritas como fraturas, fraturas- luxações, lesões medulares sem anormalidades radiográficas e lesões penetrantes. - Cada uma pode ser estável ou instável. - Determinar a estabilidade de um tipo particular de lesão nem sempre é fácil. - No TTO inicial, até saber se o pcte tem ou não lesão, deve-se considerar como tendo uma lesão instável. Logo, a movimentação desses deve ser restrita. Tipos específicos de lesão da coluna FRATURAS DA COLUNA CERVICAL - Pode ser de compressão axial, flexão, extensão, rotação, flexão lateral e tração. - Lesão da coluna vertebral em crianças é raro, <1% dos casos. Lesões C1-C4 são quase 2x mais comuns que as lesões inferiores. Crianças podem ter diferenças anatômicas e “esconder” a dor, dificultando o diagnóstico. Luxação Atlanto-Occipital – crânio cervical - São lesões incomuns e resultam de movimentos acentuados de flexão e tração, de natureza traumática. - A maioria dos pctes com essa lesão morre por destruição do tronco encefálico e apneia, ou lesões neurológicas extremamente graves. - Se ressuscitados na cena do trauma, podem sobreviver. Essa luxação é uma causa comum de morte nos casos da síndrome do bebê sacudido. Fratura do Atlas (C1) - Representam 5% das fraturas da cervical e até 40% estão associadas a fratura do áxis (C2). Fratura de C1 mais comum por explosão da vértebra (fratura de Jefferson). - Mecanismo típico da lesão é a sobrecarga axial, que ocorre quando um objeto pesado cai verticalmente na cabeça ou quando pcte cai, batendo a cabeça numa posição neutra. - Fratura de Jefferson: ruptura ant e post de C1, com deslocamento das massas laterais. Visualizada numa radiografia boca aberta da região C1 a C2 e pela TC. - Geralmente não estão associadas a lesões da medula; no entanto, são instáveis e devem ser tratadas com um colar cervical rígido. Fraturas unilaterais geralmente são estáveis. Até pcte ser examinado, tratar como instável. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 Subluxação por rotação em C1 - Frequente ver em crianças. Pode ocorrer após traumatismo de grande ou pequeno porte, com IVAS ou acompanhando a artrite reumatóide. - Pcte apresenta rotação persistente da cabeça (torcicolo). Não se deve forçar pcte a corrigir a rotação, deve ser imobilizado com a cabeça em posição rodada mesmo e encaminhado para TTO especializado. Fratura do áxis (C2) - A maior vértebra e com formato mais incomum. Suscetível a várias fraturas, dependendo da força e direção do impacto. - As fraturas de C2 são 18% de todas as fraturas da cervical. Fraturas do Odontoide - Aproximadamente 60% das fraturas de C2 envolvem ele, uma protuberância óssea bem definida que se projeta pra cima. Ele é mantido fixo pelo ligamento transverso. - Fraturas do tipo I envolvem a extremidade do Odontoide e são relativamente incomuns. - As fraturas do tipo II ocorrem na base e são as mais comuns. - As fraturas do tipo III ocorrem na base e estendem no corpo do áxis. Fraturas dos elementos posteriores - Geralmente é uma lesão causada por hiperextensão. Certifique-se de que os pctes com essa fratura sejam mantidos em colar cervical rígido adequado até que haja cuidado especializado. Fraturas e luxações - A área de maior flexão e extensão da coluna cervical ocorre em nível de C5-C6 e está mais vulnerável a lesões. - Em adultos, é comum haver fratura de C5, e Subluxação C5-C6. Há também Subluxação dos processos articulares e fraturas das lâminas, processos espinhosos, pedículos ou massas laterais. - Lesões acima de C6 podem resultar em perda parcial ou total da função respiratória. Ramon quebrou C5 e C6 - Incidência de lesão neurológica aumenta com as luxações das facetas e é mais severa com facetas luxadas bilateralmente. FRATURAS DA COLUNA TORÁCICA - Podem ser classificadas em: lesões de cunha por compressão anterior, lesões por explosão, fraturas de Chance e fraturas-luxações. Devido a rigidez da caixa torácica, a maioria dessas fraturas são estáveis. - A sobrecarga axial com flexão produz uma lesão em cunha por compressão anterior. O encunhamento geralmente é pequeno e a redução anterior do corpo vertebral raramente é mais que 25% da face posterior. - A lesão por explosão é causada por compressão vertical-axial. - As fraturas de Chance são fraturas transversas no corpo vertebral. São causadas por flexão em torno de um eixo anterior à coluna vertebral e são mais observadas após colisões automobilísticas em que o pcte usava cinto de segurança de dois pontos e foi colocado inadequadamente. - As fraturas-luxações são relativamente incomuns na coluna torácica e lombar. Essas lesões quase sempre resultam de flexão extrema ou traumatismo contuso severo na coluna, que provoca ruptura de elementos posteriores da vértebra. Pela relação com a medula, traumas assim resultam em déficits neurológicos completos. - Fraturas de compressão simples geralmente são estáveis e muitas vezes tratadas com um colete rígido. - Fraturas por explosão, fraturas de Chance e fraturas- luxações são instáveis e quase sempre requerem fixação interna. FRATURAS DA JUNÇÃO TORACOLOMBAR (T2-L1) - Devidas à imobilidade da coluna torácica em comparação com a coluna lombar. Geralmente são instáveis ao combinar hiperflexão e rotação. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Pctes que caem de grande altura e motoristas que usam cinto de segurança e no impacto sofrem flexão severa com grande transferência de energia cinética. - Medula espinhal termina como o cone medular em nível de L1. Lesões nessa parte resultam em disfunção vesical e intestinal, bem como diminuição da sensação e força nos MMII. - Geralmente são pctes vulneráveis ao movimento rotacional, por isso seja extremamente cuidadoso ao fazer rolamento em bloco. FRATURAS LOMBARES - Sinais radiográficos associados a uma fratura lombar são semelhantes aos faz fraturas torácicas e toracolombares. - Por acometerem apenas a cauda equina, a probabilidade de um déficit neurológico completo é menor com essas lesões. LESÕES PENETRANTES - Frequentemente resultam em um déficit neurológico completo quando a medula está no caminho do agente envolvido. - Esses déficits podem resultar da transferência de energia associada a um projétil de alta velocidade que passa perto da medula ao invés de atravessar. - Geralmente são estáveis, a menos que o projétil destrua uma boa porção da vértebra. LESÕES CONTUSAS DAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS E VERTEBRAIS - Reconhecimento e TTO precoce dessas lesões podem reduzir o risco de AVC do pcte. - Lesões de C1 a C3, subluxação e fraturas com forame transverso são indicações de quando se deve pesquisar lesões das artérias carótidas e vertebrais. Avaliação radiológica COLUNA CERVICAL - A imobilização da coluna vertebral permite maior flexibilidade no uso de prancha longa e colar cervical. - Existem duas opções para pctes que necessitem de avaliação radiográfica da coluna cervical. TC multidetector do occipital para T1 com reconstrução sagital e coronal. Ondenão tem esse, faz-se uma radiografia que mostra do occipital a T1, lateral, AP e transoral. - Se as imagens forem boas a bem interpretadas, as lesões instáveis podem ser detectadas com sensibilidade > 97%. - Não se deve remover o colar até passar por avaliação neurológica e da coluna cervical, incluindo palpação durante o movimento em todos os sentidos, e sejam excluídas as lesões. Regra canadense de coluna cervical - Critérios que obrigam radiografia? Idade > 65 anos, queda > 1metro, acidente automobilístico com ejeção, capotamento, >100km/h, acidente de bicicleta; parestesia nas extremidades. - Se o pcte está “bem” e consegue rodar o pescoço 45° para D e E, não radiografa. Se não consegue, radiografa. Mnemônico NEXUS N: déficit neurológico E: “etílico” álcool/intoxicação X: “extreme” lesões graves que causam distração, desvia atenção U: “unable” incapaz de relatar seu histórico (nível de consciência alterado) S: “spinal” sensibilidade na coluna (linha média) - Nível alterado de consciência Glasgow < 15 Desorientação no tempo e espaço Incapacidade de se lembrar de 3 objetos em 5 minutos Resposta lenta ou inadequada aos estímulos externos - Não há uma explicação sobre o que é uma lesão que tira a atenção. Condição que o examinador considere incapacitar o pcte e colaborar no exame físico de uma segunda lesão. Ex: Fratura de ossos longos Lesão abdominal, consulta com cirurgião Laceração extensa Grandes queimados Qualquer outra lesão com disfunção aguda - Aproximadamente 10% dos pctes com fratura cervical têm uma segunda fratura de coluna vertebral não contígua. - Quando há déficits neurológicos, recomenda-se RM para detectar qualquer lesão compressiva de tecido mole que não possa ser detectada nas radiografias simples ou TC, como hematoma epidural ou hérnia de disco traumática. COLUNA TORÁCICA E LOMBAR - As indicações para radiografia são as mesmas. - Devido à possibilidade de úlceras por pressão, não espere o resultado do exame para retirar o pcte da prancha rígida. Conduta geral - Tratamento básico das lesões da coluna e medula inclui imobilização, reposição volêmica, medicações e transferência, se indicação. IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 - Pcte em decúbito dorsal sem girar ou dobrar a coluna vertebral, numa superfície firme com um colar cervical rígido e de tamanho apropriado. - Um colar semirrígido não garante restrição completa do movimento da coluna cervical. A complementação com tirantes e imobilizadores laterais de cabeça fixos à prancha longa é mais eficaz. - A manobra de rolamento é feita para avaliar a coluna e remover a prancha longa, limitando a movimentação da coluna. REPOSIÇÃO VOLÊMICA - Quando não tem suspeita ou detecção de hemorragia, a hipotensão deve ser interpretada como ocorrendo por choque neurogênico. - Pcte com choque hipovolêmico geralmente tem taquicardia; choque neurogênico tem bradicardia. - PA não melhora após infusão de líquidos e não se encontrou focos de sangramentos, usam-se criteriosamente VASOPRESSORES. - FENILEFRINA, DOPAMINA OU NORA são recomendados. MEDICAÇÕES - Não se tem indicação de corticoides para lesão na medula espinhal. TRANSFERÊNCIAS - Pctes com fraturas de coluna ou déficits neurológicos devem ser transferidos para um centro capaz de realizar o TTO definitivo. Coma - É o estado em que o indivíduo não demonstra conhecimento de si próprio e do ambiente – caracterizado pela ausência ou diminuição do nível de consciência. O paciente não responde aos estímulos ambientais nem verbais vigorosos. - Mantém-se constantemente em sono profundo. - É o máximo do rebaixamento da consciência (capacidade de ser alertada) - Ele pode ser precedido de estados pré-comatosos. ESTADOS PRÉ-COMATOSOS - TORPOR – Sono profundo com pouca resposta aos estímulos. Sons ininteligíveis. - SONOLÊNCIA – Sono persistente, mas facilmente acordável, com breves períodos de lucidez. - LETARGIA – Não resposta a estímulos auditivos, com breves períodos de lucidez. - ESTADO CONFUSIONAL – Perda total de atenção, mantendo um quadro de fala inapropriada e incoerente. Pode vir associado à agitação psicomotora, quando é chamada de delirium. FISIOPATOLOGIA - A vigília é formada por uma rede de neurônios e suas conexões no tegmento central da ponte e mesencéfalo que recebe aferências em cada nível conforme ascende para prosencéfalo, tálamo e córtex. - O dano a esta rede neuronal por trauma, isquemia, hipóxia, edema ou ataques metabólicos ou tóxicos leva ao coma quando o sistema ativador ascendente é perturbado. GRAUS DE COMA - VIGIL – Alerta total - LETARGIA – Olho fechado, mas desperta facilmente - OBNUBILAÇÃO – Necessita de estímulos fortes com confusões. - TORPOROSO – Necessita de estímulo doloroso e contínuo - COMA – NÃO ACORDA COM QUALQUER ESTÍMULO. - Estruturas localizadas na formação reticular da ponte e mesencéfalo constituem o sistema reticular de ativação ascendente SARA que se projetam para o CÓRTEX – tendo sobre esta ação estimuladora na manutenção do estado de vigília. - Impulsos colinérgicos, histaminérgicos – sustentam o centro da atividade que sustenta a vigília. - Para que se tenha coma – Lesão no nível da SARA (comprimida – HIC, Herniação cerebral; Lesada – AVE isquêmico), córtex cerebral bilateralmente ou ambos, levam a diminuição da consciência. Distúrbios metabólicos, tóxicos, infecciosos e hipotermia. AVALIAÇÃO DO PACIENTE COMATOSO - Sinais vitais e observar respiração. - Devemos sempre perguntar ao familiar sobre doenças de base. - A presença de pupilas fotorreagentes e ausência de sinais focais, hiper-reflexia, Babinski bilateral, mioclonia e flapping são sugestivos de coma metabólico - Exame neurológico – Escala de avaliação escore quatro 1. Resposta Ocular a. Pálpebras abertas espontaneamente, procurando ou piscando com comando b. Pálpebras abertas, mas não procurando c. Pálpebras fechadas, mas aberta com som d. Palp fechada, mas aberta com est. Dor e. Pálpebras fechadas mesmo com dor 2. Resposta motora a. Polegar elevado, punho fecha, sinal de paz b. Localiza estímulo deflagrado pela dor c. Resposta flexora à dor d. Resposta extensora à dor e. Nenhuma resposta À dor ou estado mioclônico generalizado. 3. Reflexos do tronco encefálico EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 a. Reflexos pupilares e corneanos presentes b. Uma pupila dilatada e não reativa à luz c. Reflexos pupilares ou corneanos ausentes d. Reflexos pupilares e corneanos ausentes e. Reflexos pupilares, corneanos e de tosse ausentes 4. Respiração a. Ñ intubado, padrão respiratório regular b. Ñ intubado, padrão respiratório de Cheyne- Stokes c. Ñ intubado, padrão respiratório irregular d. Freq respiratória cima da taxa do ventilador e. Frequência na taxa do ventilador ou apneia - Laboratório - Hemograma, glicose, ureia e creatinina, protombina, gasometria, TGO, TGO, EEG, TC, EEG, RM, PIC. ABORDAGEM AO COMATOSO - Intubação se Glasgow <=8. Qualquer instabilidade respiratória indica intubação com ventilação mecânica. - Estabilizar pressão - Suplemento de O2, acesso venoso - Glicose EV - Tratar crise epilética com fenitoína - ALCOÓLATRAS – Tiamina e glicose NÍVEL DE CONSCIÊNCIA - Palmas perto da orelha e Estímulo doloroso (compressão esternal) - RESPOSTA DO PACIENTE – Abertura dos olhos, vocalização, retirada do estímulo. - PUPILAS – Fundamentais na avaliação do estado de coma. - REFLEXOS DE TRONCO – Devem ser testados – fotomotor e consensual, oculocefálico e oculovestibular. - TC DE CRÂNIO – indicada em todo paciente comatoso onde diagnóstico não foi esclarecido nos exames iniciais. Estado vegetativo – p. 7696 Cecil - Distúrbio deconsciência no qual a vigília é mantida, mas a consciência de si mesmo e do ambiente está totalmente ausente. Pode ser transitório entre recuperação do coma para consciência ou pode ser crônica e imutável. FISIOPATO - Lesões cerebrais difusas ou multifocais que desconectam os córtices cerebrais do tálamo, mas poupam o tronco encefálico e hipotálamo. - Dois distúrbios clínicos possuem patologias diferentes: lesão hipóxica-isquêmica afeta os neurônios corticais, talâmicos e cerebelares; enquanto a lesão axonal difusa causa o cisalhamento dos axônios na junção das substâncias branca e cinzenta no córtex. Morte encefálica - Não há possibilidade de recuperação da função encefálica. Glasgow = 3 Pupilas não reativas Ausência de reflexos do tronco cerebral Ausência de esforço ventilatório espontâneo no teste de apneia Ausência de fatores de confusão (intoxicação álcool, drogas ou hipotermia) - Estudos que podem ser usados para confirmar o diagnóstico de morte encefálica: Eletroencefalografia Estudos de FSC Angiografia cerebral - Hipotermia ou coma por barbitúricos podem imitar a morte encefálica. Logo, só pode fazer diagnóstico depois que os parâmetros fisiológicos estiverem normalizados e a função do SN não seja afetada por medicamentos. - Se houver alguma dúvida, especialmente em crianças, fazer avaliações seriadas com intervalo de horas pode ser útil para confirmar a impressão clínica inicial. - Notificar agências de captação de órgãos antes de interromper medidas artificiais de suporte à vida. Testes para morte encefálica 1. Pré-condições mostrando irreversibilidade: todos necessários • Presença de uma lesão encefálica estrutural suficiente para produzir todos os sinais clínicos • Ausência de encefalopatia tóxica ou metabólica significativamente reversível: Nenhuma intoxicação por fármaco depressivo Nenhum bloqueio neuromuscular (usar eletroneurografia, se incerto) Nenhuma hipotermia grave Nenhuma hipotensão grave • Testes sequenciais repetidos ou um teste seguido de um teste de fluxo sanguíneo confirmatório 2. Sinais mostrando a completa cessação de todas as funções encefálicas clinicas: todos necessários • Coma: Nenhum movimento espontâneo, nenhuma resposta a qualquer estímulo, e nenhum movimento reflexo integrado pelo cérebro • Apneia: Sem respiração ou esforço respiratório quando PACO2 ≥ 60 mmHg enquanto protegendo o PaO2 • Arreflexia do tronco cerebral: todos os necessários - Ausência de reflexos pupilares à luz ou escuridão EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 8 - Ausência de reflexos corneanos - Ausência de movimento facial quando estimulado nocivamente - Ausência de reflexos vestíbulo-oculares testados por irrigação calórica do conduto auditivo externo com 50 mL de água gelada - Ausência de reflexos faríngeos e de traqueia à sucção do tubo endotraqueal 3. Testes confirmatórios: opcional, mas desejável; preferência por neuroimagens - Neuroimagens que mostram a completa ausência de fluxo sanguíneo intracraniano: um teste Angiografia por radioisótopos intravenosa Exame de Doppler transcraniano Angiografia tomográfica computadorizada Angiografia por ressonância magnética ou difusão Tomografia computadorizada por emissão de fóton único - Teste eletrofisiológico (usar somente se a pressão intracraniana não estiver elevada) Eletroencefalografia + potenciais evocados do tronco encefálico + respostas somatossensoriais evocadas: todos os isoelétricos PROTOCOLO BRASILEIRO PARA DETERMINAÇÃO DE MORTE ENCEFÁLICA - 2 exames clínicos, feitos por diferentes profissionais: a. menos de 7 dias e prematuros: não há consenso adequado a esta situação b. de 7 dias a 2 meses incompletos: 48h c. de 2 meses a 1 ano incompleto: 24h d. de 1 ano a 2 anos incompletos: 12h e. acima de 2 anos: 6h - Além disso, precisa-se de exames diagnósticos de morte encefálica, de 2 modalidades: Exames que mostram falta de atividade encefálica: eletroencefalograma, potenciais evocados, dosagem de neuro-hormônios como vasopressina. Exames que demonstram ausência de fluxo vascular encefálico: angiografia encefálica, por cateterismo de ambas as carótidas e vertebrais, angiografia com isótopo radioativo, TC com substância de contraste, cintilografia de perfusão cerebral, Doppler transcraniano. ASPECTOS LEGAIS E ÉTICOS Lei 9434/97: “Art. 3o - A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser (1) precedida de diagnóstico de morte encefálica, (2) constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina” RESOLUÇÃO CFM No 1.826/2007 – Art. 1o É legal e ética a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando determinada a morte encefálica em não-doador de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante, nos termos do disposto na Resolução CFM no 1.480, de 21 de agosto de 1997, na forma da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. O cumprimento da decisão mencionada no caput deve ser precedida de comunicação e esclarecimento sobre a morte encefálica aos familiares do paciente ou seu representante legal, fundamentado e registrado no prontuário Data e hora registradas na Declaração de Óbito serão as mesmas da determinação de morte encefálica. QUEM DECIDE DOAR → Doação presumida deve-se consultar a família (Art. 4.°, Lei 9.434/97: cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte). INCAPAZES – Ambos os pais ou responsáveis legais decidem. PESSOAS NÃO IDENTIFICADAS – Vedada remoção de órgãos. FAMÍLIA DUVIDA DA ME – PEDE QUE UM MÉDICO DE CONFIANÇA VERIFIQUE Art. 3.° , § 3o, da Lei 9.434: “Será admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato da comprovação e atestação da morte encefálica”.
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