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História é Memória Padre Farías um esclarecido em Igaci-Al

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS – UNEAL
CAMPUS III PALMEIRA DOS ÍNDIOS ALAGOAS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA E MEMÓRIA:
Padre Farias Um Esclarecido em Igaci 
 
 MARCONDES SILVA DA ROCHA �
INTRODUÇÃO
A história oral é uma fonte de resgate de dimensão viva, podendo trazer grandes contribuições para a historiografia a qual, muitas vezes se faz necessário não só o uso de documentos variados e escritos trazendo com isso, inúmeras vantagens para os historiadores. A partir dessa concepção fez-se uso da história oral para resgatar a história do Padre Luiz Farias Torres precisamente na cidade de Igaci localizada no Estado de Alagoas. Suas realizações nos campos sociais, econômicos e religiosos foram de grandes repercussões para a cidade nos anos de 1969 até 2001 ano de seu falecimento. Ele foi um pároco notável na comunidade, sendo protagonista de inúmeros projetos de caráter social, sua história de vida é sempre relembra e contada em várias localidades do munícipio. Sendo apontado por muitos como um “esclarecido” em meio ao contexto local. Nesse sentido buscou-se recuperar essas lembranças, relatos e confirmações de sua notoriedade por meio de pessoas que fizeram parte diretamente dessa história ou simples testemunhas.
A historiografia contemporânea busca fazer uso da história oral em passado não muito remoto para o historiador ter como fazer uso das lembranças e relatos que quem pôde conviver determinado fato ou se quer seja capaz testemunhar.
Foi pretencioso encontrar pessoas que pudessem comprovar a importância de Luiz Farias para cidade de Igaci, nascendo desse modo uma indagação que será proposta a partir da hipótese: Revisitando histórias e memórias podemos identificarmos de fato a importância de Luiz Farias no munícipio de Igaci para chama-lo de esclarecido? Nasce dessa forma o objetivo primordial desse trabalho dando início uma busca por essas informações a partir das histórias e memórias dessa região. Pois, a história oral busca registrar, tornar perpétua lembranças, vivencias, impressões de indivíduos que compartilham essas informações com a coletividade tornando esses fatos do que se viveu mais rico, dinâmico e mais eficiente os quais, certamente de outra forma não seriam possíveis. 
No método de realização desse trabalho utilizou-se levantamentos de dados e fontes sejam elas escritas, documentais, imagens, ou relatos orais obtidos por meio de entrevistas e questionários em várias regiões circunvizinhas do munícipio iganciense. Dentre elas: Povoado Novo Rio, Sítio Palanqueta, Palmeira dos Índios e Maceió. As entrevistas foram caracterizadas por diálogos onde se deixou aberta as falas e pensamentos referentes a jornada de vida do Padre. A pesquisa teve amplo apoio nos teóricos Jacques Le Goff, Ciro Flamariom Cardoso, Eric Hobsbawm, Antônio Torres Montenegro, Verena Albertini dentre outros analisados.
 	O trabalho faz uma cronologia de vida e passos do padre a partir de informações obtidas nas entrevistas e fontes. Encontra-se divido em duas etapas, a primeira faz uma busca das informações de cunho familiar trazendo à tona sua origem, família, infância e vocação para o sacerdócio. A segunda etapa destaca sua vida como pároco e seus projetos na cidade de Igaci, abordando os envolvidos e resultados, mostrando como se encontram alguns que participaram desses projetos em especial a Casa Carinho e Alimento- C.C.A quando crianças, mostrando assim, os reflexos e consequências em suas vidas atualmente. Podendo assim, ser muito útil para uma possível produção historiográfica amplos detalhes e argumentos.
 2 MEMÓRIAS DE INFÂNCIA
 Através do uso da memória auxiliadora na historiografia tem-se obtidos muitos proveitos no que chamamos História do Tempo Presente. Essa nova etapa da história surgida a partir dos Annales no ano de 1930, distinguisse de datas e feitos heroicos ou tão pouco a uma história política concreta nas ideias de uma “elite” como a que prevalecia antes e consequentemente, havendo uma historiografia voltada para esses moldes. É Através da parceria dessa nova história que podemos destacarmos costumes, tradições, e crenças, é o estudo dos excluídos. A história oral auxilia na construção de identidades de grupos e transformação do meio social e a memória nos é privilégio do presente como pode ser observado no texto de Walter Benjamin:
A memória é tecida a partir do presente, empurrando-nos para o passado, numa viagem imperdível e necessária, fundamental para que possamos produzir outros encadeamentos, outros modos de compreender o acontecido, outras possibilidades de narrativa, significando e ressignificando nossa história e produzindo novos sentidos para a nossa vida e para a vida de outros (BENJAMIN, 1974, p. 695-700).
Conforme a citação, o presente que nos leva as lembranças do passado produzindo assim novos sentidos e significados. A memória age no sentido daquilo que foi vivido podendo retrazer no imaginário detalhes, costumes, culturas de algo que em algum determinado momento existiu. Nesse trabalho buscou-se utilizar as memórias coletivas daqueles que vivenciaram, que fizeram parte da história de vida da pessoa de Luiz Farias Torres, por ser trabalhada enquanto método conforme denota Vainfas e Cardoso: 
Há ainda os que consideram a história oral como um método de investigação e têm como pressuposto, portanto, defender a história oral como metodologia. Em nosso entender, a história oral, como todas as metodologias, apenas estabelece e ordena procedimentos de trabalho – tais como os diversos tipos de entrevista e as implicações de cada um deles para a pesquisa, as várias possibilidades de transcrição de depoimentos, suas vantagens e desvantagens, as diferentes maneiras de o historiador relacionar-se com seus entrevistados e as influências disso sobre seu trabalho –, funcionando como ponte entre teoria e prática. Esse é o terreno da história oral, o que, a nosso ver, não permite classificá-la unicamente como prática. Mas, na área teórica, a história oral é capaz apenas de suscitar, jamais de solucionar questões, ou seja, formula as perguntas, porém não pode oferecer as respostas (CARDOSO; VAINFAS, 2012, p 170).
A partir de tal concepção citada precisou-se organizar uma busca por informações partindo da origem de Farias e um pouco de seu perfil enquanto criança. Iniciou-se uma busca por alguma pessoa da linhagem do pároco Farias, tentou-se encontrar dessa forma, um algum familiar que pudesse ceder algumas informações sobre a infância, origem e via social capazes que contribuírem na pesquisa e conseguinte na produção historiográfica. Após algum tempo coletando informações na cidade, obteve-se a informação que havia uma irmã de Farias residindo em Palmeira dos Índios e no dia 03 de Maio de 2015 precisamente as 13:00 horas consegue-se chegar até Dona Teresinha Farias Torres (ver anexo), irmã do Padre Luiz Farias, atualmente dona de casa, reside em uma casa simples localizada no endereço Avenida alagoas em Palmeira dos Índios, que fica precisamente na saída da cidade que dá acesso a Palmeira de fora.
Não foi tarefa fácil encontrar Teresinha uma vez que, não possuía endereço ou se quer informações que levassem alguma rua o que delimitaria tal busca. Após horas e horas rodando buscando informações na cidade finalmente foi encontrada a residência. Ao ser atendido houveram as apresentações e explicações do proposito da visita. Foi um bom acolhimento por sinal; e então deu-se início um diálogo com relação ao seu irmão, Luiz Farias, a parti daí obteve-se informações de que são naturais da Serra da Mandioca, município de Palmeira dos Índios, tendo como pais Firmino Torres Neto que era agricultor e boiadeiro e Olívia Maria Torres agricultora, constituíam uma família composta no total por 10 filhos sendo Padre Farias o terceiro da linhagem, nascido em 14 de Fevereiro de 1930.Referente as memórias Dona Teresinha informam que seu irmão sempre foi uma criança boa e muito atenciosa; ela apresenta dificuldades em lembrar da infância de Luiz Farias devido ser muito nova com apenas 4 anos na época, ao ser perguntada sobre o que ela lembra ou sabia falar do menino Farias em sua infância ela responde do fato de sempre fazer sermões em meio aos campos no roçado em cima de carroças de burro ou carros de bois. Era tudo que com seguia lembrar da infância de seu irmão suas memórias estão submetidas a fase do pároco já em atividade e residindo em Igaci. 
Da família do Padre atualmente,2015, encontram-se apenas 3 irmãos vivos, um residente em Mato Grosso do Sul, outro em Maceió e Dona Teresinha em Palmeira dos Índios conforme já mencionado. Na sala da casa de Dona Teresinha encontra-se um quadro com fotografias de toda sua família, o quadro fica localizado na parede central da sala o que dá um grande destaque para quem chega, esse objeto serve como uma espécie de árvore genealógica, que define a ordem e nascimento de Luiz Farias e seus respectivos irmãos. Segue abaixo a foto do quadro: 
IMAGEM 1- Família Farias Torres. 
FONTE: Acervo do Autor.
Na Foto anterior nota-se a representação perfeita da família ao topo, os pais de Luiz Farias já mencionados anteriormente, partindo do sentido esquerda para direita tem-se a primogênita Leni seguida dos irmãos Narcizo, Padre Farias, Bernadete, José, Teresinha, Benício, Irene, Antônio, e Lu todos ao lado de Olívia Maria Torres. Todas essas informações, dados, datas e imagens foram adquiridas graças a entrevista oral com Dona Teresinha mostrando o quão importante é a história oral como auxiliadora na produção historiográfica como mostra Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas em seu livro Novos Domínios da História:
[...] na história oral, o objeto de estudo do historiador é recuperado e recriado por intermédio da memória dos informantes, e a instância da memória passa, necessariamente, a nortear as reflexões históricas, acarretando desdobramentos teóricos e metodológicos importantes; a narrativa, a forma de construção e organização do discurso são valorizadas pelo historiador (CARDOSO; VAINFAS, 2011, p.172).
Seguindo o sentido da citação na página anterior pôde-se obter uma organização nos levantamentos de dados os quais eram poucos conhecidos pela população igaciense que muito ouviu-se falar do Padre e suas realizações e tão pouco sabe-se de sua origem e familiares.
Com base nas informações contidas na imagem anterior é ainda é pertinente destacar no canto esquerdo inferior da imagem a moradia da família Farias no Serra da Mandioca. Segue abaixo a imagem aproximada:
IMAGEM 2- Antiga residência da família Farias.
FONTE: Acervo do autor.
	A imagem da página anterior mostra uma casinha simples em meio ao sítio localizado na Serra da Mandioca munícipio de Palmeira dos Índios. Foi ali que se deu início a história de vida do Padre Luiz Farias que desde cedo esboçava amplas vontades de seguir a vida voltada ao sacerdócio e ao bem comum, suas vontades, seus sermões lhe abriram as portas para seguir sua formação de pároco em Recife graças à intervenção do Padre da paróquia local o Padre Macedo. Teresinha relata que Luiz Farias saíra de casa aos 13 anos de idade deixando sua família, amigos e uma vida pobre e do campo. Ainda em Recife recebe a notícia que o pai havia falecido vítima de um acidente de carro, fora atropelado por um caminhão enquanto trabalhava o ano é 1953. Seguindo firme seus estudos no colégio Salesiano o qual instruía a formação sacerdotal e votos de castidades inspirado na doutrina de Dom Bosco, que foi um padre o qual dedicou a cuidar e salvar vidas de jovens abandonados, ajudando a transformá-los em cidadãos bons e honestos. Por meio da fé e da educação teve uma doutrina voltada ao bem comum fundou várias instituições, sempre que se refere ao Salesianos logo aparece a figura de Dom Bosco e seus projetos com os jovens carentes. De Recife Luiz Farias viaja para terminar seus estudos em São Paulo regressando á Palmeira dos Índios após sua formação. Ao chegar em sua terra natal é recebido com festas e novenas, foi realizar sua primeira missa na região onde viveu sua infância, conforme aponta Dona Teresinha: - “[...] quando meu irmão chegou e foi celebrar a primeira missa foi uma festa só…Até a igreja foi reformada para receber ele. (FARIAS, Teresinha, 2015)�. 
No ano de 1969 foi lhe concebido a paróquia de Nossa Senhora em Igaci cidade localizada no agreste alagoano, próximo à Palmeira dos Índios a qual fazia parte tendo sua emancipação na data de 12 de Janeiro de 1959 pela lei nº 2087 de 27 Dezembro de 1959. � A partir de então começa suas revoluções de âmbito religioso, social, educacional e cultural em tão região. Havendo a criação do projeto de maior foco A Casa Carinho e Alimento – C.C.A, espelhando-se nas doutrinas de Dom Bosco.
3 PARA OS PREFERIDOS DE DEUS 
	Logo ao assumir a Paróquia de Igaci no em Fevereiro de 1969, Padre Farias encontra-se em uma região de seca, cidade muito precária com fortes indícios de pobreza. Nessa época Teresinha Farias Torres, irmã do Padre, relata que para ele se manter ministravas aulas de física na Escola Humberto Mendes localizada em Palmeiras dos Índios. 
 A intensão do Padre era trazer a comunidade para a Igreja tendo como a religião auxiliadora nos desafios da vida difícil da população igaciense. Nos anos seguintes cria o Clube de Mães e Jovens da cidade, nesses locais realizavam-se reuniões para ensinar culinária, bordados e costuras; para as jovens atividades esportivas, escolares e palestras religiosas. Houve grande participação do Padre no projeto de construções de cisternas nos munícipios da cidade como nos mostra o Senhor Antônio Gomes Sobrinho (ver anexo) Natural de Igaci residente no Sítio Novo Rio no período em entrevista “Padre Farias ajudou muito esse povo que sofria da seca, suas cisternas foram de grande ajuda para toda a população Igaciense.” (GOMES, Sobrinho, 2015)�.
A seguir no campo religioso criou a peregrinação de nossa Senhora da Saúde que consistia na visita de imagem da santa em noventa comunidades de Igaci. No campo social o Padre Farias trouxe escolas de primeiro e segundo grau, tendo a Escola Monsenhor Macedo como única do ensino de 2° grau na região. Nome dado a instituição como homenagem ao Padre que o ajudou em sua formação. Tal escola ainda existe sendo atualmente de domínio do munícipio com ensino fundamental. Seu maior projeto encontra-se na Casa Carinho e Alimento – C.C.A, onde seguindo o Padre eram os “preferidos de Deus” denominação criada a partir do evangelho “Quem acolhe o menor e ao bem conduz, a mim me acolhe” (Mc 9,30-37). O foco do trabalho era voltado aos jovens que muitas vezes eram abandonados ou desprezados.
 	 O ano de 1983 foi marcado por uma grande seca no Nordeste brasileiro e a fome se espalhou em várias famílias da região, havendo casos de mortes de crianças por falta de alimentos, foi então que o conselho paroquial de Igaci liderado pelo Padre Luiz Farias Torres decidiu fazer um trabalho em favor das crianças que estavam morrendo de fome surgindo então a Casa Carinho e Alimento tendo sua inauguração no dia 12 de Outubro de 1983. Consistia em um programa de dar casa, carinho e alimento as crianças carentes da região. 
O local para a realização desse projeto encontrava-se dividido em três grandes prédios residenciais, a casa número 1 que era a moradia dos meninos (ver anexo), a casa 2 que era a casa das meninas (ver anexo) e a C.C.A 3 a qual era uma colônia agrícola localizada no Sítio Colônia cerca de 10 Km da cidade de Igaci local o qual era desenvolvido atividades de campo, cultivo de alimentos e criação de animais além das atividades físicas e práticas de esportes dos meninos esse projeto então citado.
Em seu maio auge esse projeto obteve um grande número de crianças e Jovens carentes abandonados ou simplesmente deixados lá pelos pais que não dispunham de condições para criar seus própriosfilhos naquele momento. Na Casa Carinho e Alimento recebiam educação, moradia e alimento o padre preparava as crianças para a vida quando alcançassem a fase adulta mostrando-lhes boas ações e ensinamento do dia-a-dia sempre baseadas na passagem do evangelho. 
A C.C.A era uma organização independente sem vínculos políticos sem contribuições de órgãos públicos tudo era a partir de doações alimento vinha de doações da FUNABEM�. Existia ainda uma associação da Alemanha, onde o Padre levava consigo as fotos e o histórico das crianças e com isso, conseguia “padrinhos” para elas, tal associação não fora encontrada ainda nos dias atuais devido poucas fontes referentes a mesma ou por já encontra-se inexistente o que seria opção para uma nova pesquisa em um tempo futuro. A imagem na página seguinte foi conseguida por um dos “filhos”� da C.C.A de nome Daniel em seu blogger na internet que atualmente não está mais disponível não foi possível entrevistas ou maiores informações uma vez que, os contatos foram perdidos. Ver imagem a seguir:
IMAGEM 3- Padre Farias na Alemanha com seus doadores ao fundo, irmã Cecília.
FONTE: Acervo do Autor.
A imagem identifica o Padre Farias na Alemanha em busca de doações, As demais formas de se obter alimentos, principal preocupação, era proveniente da C.C.A 3, a Colônia, onde se produziam, frutas, raízes e legumes para alimentar as inúmeras crianças por meio do cultivo da terra além da criação de animais como: galinhas, porcos, gado e criatórios de peixes para servirem de alimentos. A imagem na página a seguir mostra várias crianças no momento de umas das refeições diárias com a presença do Padre Luiz Farias fazendo sempre os diálogos da importância e valorização do alimento para suas crianças, além das orações comuns antes de cada refeição conforme imagem na página seguinte:
IMAGEM 4- Refeitório da C.C.A.
FONTE: Acervo do Autor.
Na imagem encontra-se Padre Luiz Farias ao centro da foto, rodeado por inúmeras crianças em momento antes da refeição, prática comum segundo o padre para fortalecer cada vez mais a importância do alimento na vida. O refeitório da imagem era localizado no prédio de nome C.C.A 1, onde consistia em um grande espaço com várias mesas e bancos sem repartições, ou divisões conforme nota-se na imagem mostrada acima. Detalhe este para que não houvessem possíveis diferenças entre os jovens sendo comuns uns com ou outros.
A educação e organização na Casa Carinho e Alimento tinha como doutrina manter o jovem sempre ocupado com a prática de esportes como o futebol e a natação, atividades realizadas na Colônia Agrícola, conseguinte por meio as atividades do trabalho na agricultura e nas atividades educacionais e religiosas para que, segundo o Padre, não houvesse enfado do jovem na casa podendo assim causar intrigas e brigas entre as próprias crianças. A imagem a seguir foi remasterizada de documentários em vídeos disponibilizado por Cícero Brandão que fora entrevistado por ter feito parte dessa instituição. A imagem na página a seguir demonstra o momento de atividade física dos meninos na C.C.A 3:
IMAGEM 4- Atividade de Natação na Casa Carinho e Alimento.
FONTE: Acervo do Autor.
As crianças desenvolviam a atividade de natação, conforme visto em imagem apresentada a cima, que proporcionava uma imensa alegria entre os jovens, era proporcionada graças a essa pisciana improvisada conforme imagem de paredes na cor azul, com água retirada dos açudes e barragens que existiam ali próximo. As meninas aprendiam a cantar nos corais, aprendiam as artes manuais como bordar, tricotar e a pintura de tecidos. A imagem a seguir destaca as meninas expondo seus bordados:
IMAGEM 5- Meninas da C.C.A expondo seus bordados.
FONTE: Acervo do Autor.
A prática de bordar além de outras atividades manuais já mencionadas anteriormente era sempre supervisionada por freiras as quais ficavam responsáveis pela educação e cuidados das crianças do sexo masculino, e a cada trabalho concluído aconteciam exposições entre todos da C.C.A. para mostrarem os resultados e avanços como expõe a imagem anterior esse momento. Nela, imagem, nota-se o momento exato das apresentações dos trabalhos manuais ao entrevistador de um documentário local sobre a Casa Carinho e Alimento seu funcionamento realizado no dia 24 de Março de 1990, disponível atualmente em algumas cópias na Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Igaci, e por alguns dos “filhos” desse projeto.
Não restam dúvidas que Padre Luiz Farias foi um grande percursor em se tratando de acolher esses menores na maioria das vezes abandonados, proporcionando-lhes, um lar uma educação e uma preparação para vida ao atingirem a fase adulta. Em maior definição sobre o que realmente era a C.C.A o Padre expõe seu amplo sentido em entrevista filmada conforme dito anteriormente sobre a Casa Carinho e Alimento quando lhe foi perguntado sobre o que era esse projeto tem-se que: “[...] Era fazer com que a criança tivesse experiência de casa, carinho e alimento e que mais tarde quando fossem quando forem pais e mães eles saibam organizar suas casas, dando aos seus filhos não a rua como eles tiveram. (FARIAS, 1990)�. Assim, percebe-se a importância na vida dessas pessoas da presença do Padre Farias e seus projetos para aqueles menos favorecido.
 Os objetivos do Padre citados acima foram parcialmente alcançados pois, hoje existem vários filhos da C.C.A os quais têm boas formações acadêmicas, boas condições de vida, família, trabalho onde muitos são professores, funcionários públicos, tabeliões, e várias outras profissões espalhadas pelo Brasil a fora graças a formação e ajuda que tiveram quando crianças. Atualmente essas pessoas são eternamente gratas ao seu tutor e ensinamentos os quais foram imprescritíveis em suas vidas e formações como ver-se-á no capítulo a seguir referente as entrevistas realizadas com alguns desses personagens que viveram e se formaram graças ao Padre Farias e a Casa Carinho e Alimento.
Padre Luiz Farias morre em 25 de Junho de 2001, por causas naturais aos 71 anos de idade. Seus feitos e realizações encontram-se espalhados por toda Igaci, são ruas, escolas e até na letra do hino da cidade o qual foi de sua autoria recebem seu nome. Após sua morte a C.C.A não teve mais como resistir, não houve interesse da paróquia em dar seguimento ao projeto, não havia mais ali o seu protagonista maior. Atualmente os prédios que abrigaram inúmeras crianças carentes foram transformados em escola do munícipio. Sede 3, nos dias atuais são terras privadas e transformadas em pastagens e roçado, ainda existem vestígios das construções e invenções do padre por todo o terreno, como por exemplo a piscina vista em imagem anteriormente, e outros reservatórios e galpões. CCA 1 hoje é a Escola Municipal Casinha Feliz conforme a imagem a seguir mostra:
IMAGEM 6- Local onde Funcionava a CCA 1.
FONTE: Acervo do Autor.
 A escola apresentada na imagem encontra-se localizada na rua Carlos Pontos, na cidade de Igaci, atende crianças do ensino básico. Este era o local que guarda inúmeras memórias de muitos que passaram e foram guiados e orientados graças a presença e ensinamentos do Padre Farias.
Percebeu-se até então, que boas lembranças estão presentes na vida não só destes que foram acolhidos, mas de uma boa parcela da população Igaciense tendo como o Padre Luiz Farias Torres um esclarecido aquele que trouxe, sabedoria, educação e transformação na vida social das pessoas, por isso seu nome encontra-se presente nas memórias e corações dos que com ele conviveram de forma direta ou indireta.
4 ENTRE O PASSADO E A MEMÓRIA
Tendo em vista que “[...] o trabalho do profissional de história exige um exercício de memória, de resgate da produção do conhecimento sobre qualquer tema que se investigue. ” (MARLEBA, 2006.pag.56) Assim faz-se necessário uma definição primordial para que se compreenda esse produto final da prática do historiador conforme Oliver Carbonell define sobre o que seria historiografia:
O que é historiografia? Nada mais é que ahistória do discurso- um discurso escrito e que se afirma verdadeiro – que os homens têm sustentado sobre o seu passado. É que a historiografia é o melhor testemunho que podemos ter sobre as culturas desaparecidas, inclusive sobre a nossa – supondo que ela ainda existe e que a semi - amnesia de que parece ferida não é reveladora da morte. Nunca uma sociedade se revela tão bem como quando projeta para trás de si a sua própria imagem (CARBONELL, 1987 Apud MARLEBA, 2006, pag. 20).
Nesse sentido buscou-se a maneira de obter testemunhos não somente sobre uma cultura como o pensamento de Carbonell sugere todavia, aplicando esse mesmo viés em uma particularidade tratada nesse trabalho, ou seja, as memórias e histórias de Luiz Farias até então apresentado, podendo torna-se cunho de uma futura historiografia de tal tema abordado. Rüsen demonstra uma outra definição para historiografia na qual segundo ela:
Historiografia é uma maneira especifica de manifestar a consciência histórica. Ela geralmente apresenta o passado na forma de uma ordem cronológica de eventos que são expostos como “factuais”, ou seja, como uma qualidade especial de experiência. Para propósitos comparativos é importante saber como essa relação aos assim chamados fatos do passado é organizada e apresentada [...] (RÜSEN,1977 Apud MARLEBA, 2006, pag. 22).
Tendo em vista o que Rüsen afirmou, buscou-se organizar como viu-se em todo o trabalho de forma cronológica os eventos e história de vida do Padre Farias, afim de dar-se comprovações de suas possíveis contribuições para a cidade de Igaci. Nessa etapa da pesquisa a partir de entrevistas de caráter oral tentou-se solucionar o possível problema apresentado pelo autor no início dessa solene pesquisa, o qual seria: revisitando histórias e memórias podemos identificarmos de fato a importância de Luiz Farias no munícipio de Igaci para chama-lo de esclarecido? O termo esclarecido no seu sentido de iluminado de sábio, um sábio voltado ao bem comum. Foi pretendido então fazer uma busca por essas pessoas as quais fizeram parte da C.C.A quando criança, saber o que se significou tal projeto em suas vidas e relembrar esse passado em suas memórias. 
A primeira entrevista concedida foi com Cícero Brandão, conforme foto tirada logo após a entrevista, a residente em Igaci, é formado em matemática exerce o cargo de professor de matemática nos munícipios de Igaci e Arapiraca. Ele foi um dos primeiros jovens a ser acolhido pelo Padre na C.C.A. em entrevista realizada em 05 de Fevereiro de 2015 narra a importância que teve para sua formação o Padre Luiz Farias e seu projeto em sua vida conforme ele define o que foi a Casa Carinho e Alimento – C.C.A:
Esse projeto da C.C.A para mim, foi praticamente a minha formação o que eu sou hoje eu devo a C.C.A e ao Padre Farias porque nela a gente tinha formação religiosa, educação preparava a pessoa para a vida. Era uma casa de família preparava as crianças para saber valorizar a família, e a gente tinha a formação para a vida. O que eu sou hoje eu devo a C.C.A hoje sou professor, terminei o ensino médio na C.C.A. me preparei para a vida, graças ao Padre Farias e a C.C.A (BRANDÃO. 2015)�.
Brandão deixa claro como foi significante o padre Farias em sua trajetória, demonstra que se não fosse esse projeto social não estaria na posição e formação a qual se encontra atualmente. Fazendo uso do testemunho oral pode-se buscar esses tipos de informações que estão submetidas a particularidades e com as entrevistas a historial oral é capaz de esclarecer trajetórias individuais como mostra Fainfas e Cardoso:
[...]o testemunho oral representa o núcleo da investigação, nunca sua parte acessória, o que obriga o historiador a levar em conta perspectivas nem sempre presentes em outros trabalhos históricos, como as relações entre escrita e oralidade, memória e história, ou tradição oral e história; o uso sistemático do testemunho oral possibilita à história oral esclarecer trajetórias individuais, eventos ou processos que às vezes não têm como ser entendidos ou elucidados de outra forma: são depoimentos de analfabetos, rebeldes, mulheres, crianças, miseráveis, prisioneiros, loucos... São histórias de movimentos sociais populares, de lutas cotidianas encobertas ou esquecidas, de versões menosprezada, característica que permitiu, inclusive, que uma vertente da história oral se tenha constituído ligada à história dos excluídos (CARDOSO; FAINFAS, 2012, p.171).
Tomando base nos teóricos acima onde apontam que o testemunho é uma ferramenta auxiliadora na produção histórica, segue-se as buscas por mais informações uma vez que, a história busca produzir um conhecimento racional, uma análise crítica por meio de uma exposição lógica dos acontecimentos e das vidas do passado. A memória é também uma construção do passado, mas pautada em emoções e vivências; ela é flexível, e os eventos são lembrados à luz da experiência subsequente e das necessidades do presente (Vilanova, 1994). E mais inda Segundo Jacques Le Goff, (2003, p.419) “a memória é a propriedade de conservar certas informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas como passadas”.
Mais uma vez retornando as lembranças de Antônio Gomes Sobrinho já mencionado anteriormente buscou-se nesse momento trazer à tona suas memórias referentes ao significado da presença do Padre conseguinte seus projetos para a cidade de Igaci até seu falecimento relatam que: “Padre Farias é sinônimo de progresso e desenvolvimento e de conscientização para as pessoas que não tinham formação. Ele foi ao encontro dessas pessoas valorizando como gente, todo o tempo dele em Igaci foi em prol das pessoas mais carentes em ternos educacional, como também educar as pessoas pelos seus direitos. (GOMES, 2015). A respeito sobre a Casa Carinho e Alimento afirma que era a menina dos olhos do pároco e que ele, o padre, deixava de comer se possível fosse para dar alimentos as crianças. Antônio Gomes conviveu muito tempo com Padre Farias, o cedeu abrigado em sua casa por cerca de seis anos, esteve sempre presente junto ao padre e seus projetos.
Conforme notou-se até então não há dividas sobre o papel significativo de forma direta para muitos na cidade de Igaci, além de tantas outras contribuições anteriormente citadas a CCA foi um grande projeto capaz de várias revoluções na vida daqueles que fizeram parte. A próxima entrevista foi concedida com perguntas abertas para José Bezerra da Silva (ver anexo), residente em Maceió no bairro Eustáquio Gomes. Em momentos da entrevista perguntou-se qual a importância do Padre Farias para a cidade de Igaci? Em resposta tem-se:
-Poderíamos pensar responder a esta pergunta sob dois enfoques. Primeiro no campo religioso. Neste ponto, o Padre Farias desempenhou intenso processo de evangelização que englobava tanto a cidade como a zona rural de Igaci. Serviu-se e muito bem das peregrinações com a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Saúde. Desse modo, pode visitar o território igaciense que a época correspondia a 411km². No segundo enfoque destacamos a ação social do Padre, formada pela Obra Paroquial de Promoção e Assistência – OPPA, seguida pela Escola Monsenhor Macedo e por último, a Casa, Carinho e Alimento – CCA, fundada em 12 de outubro de 1983, voltada para os preferidos de Deus, isto é, crianças e adolescentes empobrecidos em busca de casa, carinho e alimento. Complementou estas ações o incentivo a construção de cisternas para armazenamento das águas das chuvas, seguida pelo incremento da educação, pois neste período assumiu o cargo de secretário da administração municipal, e possibilitou a criação de mais de 60 escolas da rede municipal. Portanto, por todos esses motivos e outros mais aqui não citados, o Padre Farias foi e permanece como fonte inspiradora do que pode haver de melhor na vida familiar, comunitária e individual do povo igaciense e de todos aqueles que com ele estabeleceram laços de amizade (BEZERRA,2015)�.Continuando, após o esclarecimento a cima o entrevistado define o que era a CCA na qual, segundo ele: 
A CCA era uma grande família, cujo pai-mãe era o Padre Farias. Acordávamos cedo para as orações da manhã, seguida pelo café e a escola. Muitas atividades preenchiam o nosso tempo, aulas, aulas de música, canto, atividades agrícolas nas terras da Colônia (área de terras tomadas do Estado onde se cultivava produtos alimentícios, criava-se galinha, gado, porcos e depois se tornou num centro de evangelização). A CCA era um ambiente de verdadeira formação humana, guiada pelos exercícios espirituais de Dom Bosco, visto que o Padre fora salesiano. Tínhamos um ambiente sadio, cordial, recheado de alegria, fraterno, coisa de irmão. Claro que nem tudo são flores, mas os problemas eram cordialmente solucionados após ouvir e analisar as partes. Nunca, verdadeiramente nunca, o Padre decidiu em favor de alguém sem ouvir a parte contrária. Fui educado neste ambiente e utilizando esses princípios eduquei meus filhos e os diálogos com os meus alunos (BEZERRA, 2015) �.
O entrevistado demonstra em vários momentos a afetividade e a gratidão pelo pároco, suas falas anteriores destacam ricos detalhes conformes vistos por só quem realmente viveu nesse ambiente fora capaz relatar. Por fim, Bezerra deixa claro o significado pessoal de tal, CCA, projeto para sua vida e formação como afirma:
A CCA foi o fator de maior importância na minha existência, claro, combinando a estadia na CCA com a permanência no Seminário, onde o Padre fora reitor, tanto no Seminário em Palmeira dos Índios como em Maceió. Destaco de modo todo especial o fato de ter aprendido a ler e a gostar de estudar com o Padre Luiz Farias Torres. Isto me proporcionou ótimos avanços na vida, pois fui aprovado no primeiro concurso público, aspecto decisivo para a minha vida até os dias atuais. Enfim a CCA contribuiu enormemente com a minha existência, permitindo-me galgar postos, muitos dos quais reservados somente a alguns filhinhos da elite. (BEZERRA,2015)�.
José Bezerra é filho da CCA, tabelião concursado de Santa Luzia do Norte, AL, graduado em Direito, licenciado em Filosofia, especialista em educação ambiental, mestre em educação pela UFAL e professor de Filosofia na Faculdade Santo Tomás de Aquino- FACESTA, Palmeira dos Índios, AL. E como mostra em suas falas deixa claro a importância de Luiz Farias não só para ele, mas para grande parte da população igaciense e em especial aos filhos da Casa Carinho e Alimento.
 	Percebeu-se então, que as boas lembranças do Padre estão presentes na vida não só destes que foram acolhidos, mas de uma boa parcela da população igaciense tendo como o Padre Luiz Farias Torres um esclarecido aquele que trouxe, sabedoria, educação e transformação na vida social das pessoas, de uma região em carência em meio ao contexto local, fome, seca e poucas condições de se obter uma educação assim, seu nome encontra-se presente nas memórias e corações dos que com ele conviveram de forma direta ou indireta. Logo, encontrou-se as respostas e confirmações dessa pesquisa graças ao auxílio da história oral que segundo Portelli:
As fontes orais revelam as intenções dos feitos, suas crenças, mentalidades, imaginário e pensamentos referentes às experiências vividas. A fonte oral pode não ser um dado preciso, mas possui dados que, às vezes, um documento escrito não possui. Ela se impõe como primordial para compreensão e estudo do tempo presente, pois só através dela podemos conhecer os sonhos, anseios, crenças e lembranças do passado de pessoas anônimas, simples, sem nenhum status político ou econômico, mas que viveram os acontecimentos de sua época (PORTELLI,1944, p.57).
Portelli indica o contexto perfeito aplicado nessa pesquisa uma vez que, buscou-se as origens, principais momentos e realizações de um indivíduo a partir de experiências vividas provenientes do objeto de pesquisa. Assim, a contribuição do uso da história oral foi imprescindivelmente eficaz, graças aos métodos e formas de se pesquisar contando ainda com os expostos pensamentos teóricos abordados em todo o decorrer da pesquisa pode-se dizer que houveram êxitos nas buscas e informações referentes as realizações e importância do Padre para a cidade e muitos cidadãos igacienses que guardam consigo, detalhes, lembranças, memórias que pairam Igaci sempre que se ouve falar em Padre Luiz Farias Torres e os seus “ preferidos” de Deus. 
5 CONCLUSÕES 
Como vimos a contribuição da história oral enquanto auxiliadora no resgate histórico, seja ele em quaisquer temas é de grande ajuda para a produção historiográfica. No trabalho aqui referido a partir do uso dos relatos orais obtidos graças as memórias pessoais sendo utilizado o método de entrevistas abertas onde o diálogo foi feito de forma simples com características de um simples bate-papo em uma tarde de Domingo qualquer. Foram adquiridos importantíssimos dados referentes ao objeto da pesquisa eficazes em um resgate ou se não, uma própria história local.
O objetivo central pode-se dizer que foi obtido, comprovando-se que de fato existe uma memória coletiva referente as contribuições do Padre Luiz Farias Torres na cidade Igaci ao ponto de ser um esclarecido, no sentido de torna-se um sábio que realizou inúmeras transformações em prol do bem comum. Na pesquisa encontrou-se inúmeras dificuldades no que se refere obtenção de dados como documentos, além disso foram obtidas poucas entrevistas devido aos grandes problemas de locomoção uma vez que, o município de Igaci possui uma grande extensão territorial, o que dificulta as idas e encontro com os entrevistados espalhados por todos os sítios do município. 
 	É um tema com pouca existência de produções historiográficas, dificultando ainda mais o resultado final da pesquisa. Contudo as buscas por essas memórias não pararão por aqui e não se encerra com esse trabalho. Buscar-se-á mais entrevistas, mais fontes em várias outras localidades de Igaci, partindo de um método norte, sul, leste, oeste com a finalidade de Buscar mais da hipótese levantada no presente trabalho.
Percebeu-se ainda a importância do projeto C.C.A, na vida de muitos jovens e crianças que ali viveram, ficou explicito por meio dos relatos que a vivencia nessa instituição foi de suma contribuição na vida social de muitas pessoas que estão espalhadas pelo Brasil. É proposta pertinente encontrar mais pessoas que fizeram parte de forma direta ou indireta do projeto Casa Carinho e Alimento de tal forma de se obter informações e contribuições do Padre Farias e seu projeto em suas vidas e formações de cidadãos voltados ao bem comum.
 A história oral agiu nesse ponto como um elo o qual liga o presente e o passado em um processo vivo e dinâmico onde os sujeitos ou grupos recriam o passado em um tempo presente tornando assim, a história do homem no tempo partindo do problema, hipótese, verificação, comprovação consistiu no caminho necessário para a verdade. Nesse sentido, a memória, foi-se assim entendida como objeto da história, foi ainda ferramenta chave da pesquisa, permitiu compreender que a memória colhida, através da metodologia da história oral, é produto da seleção das recordações e dados colhidos.
REFERÊNCIAS 
ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
_____________. História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1990.
BURKE, Peter. História como memória social. In: _____. Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (Org.). Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elservier, 2012.
FERREIRA, Marieta (Org.). História Oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz / CPDOC - Fundação Getúlio Vargas, 2000.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão. Campinas, Sp: UNICAMP,1992.
MALERBA, Jurandir (Org.). A História Escrita: Teoria e História da Historiografia. SãoPaulo: Contexto, 2006.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: Os Locais Problemáticos. Em GERON, Charles Robert. ( Org. ) . As posições de memória. Paris: Gallimard, 1984. V.2 . A Nação.
PORTELLI, Alessandro. O Massacre de Civitella Val di Chiana (Toscana: 29 de junho de 1944): mito, política, luta e senso comum. In: FERREIRA, M. M.; AMADO, J. (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
THOMPSON, Paul. A Voz do Passado. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
VILANOVA, Mercedes. Pensar a Subjetividade: estatísticas e fontes orais. In: FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). História Oral e Multidisciplinaridade. Diadorim: Editora Ltda.,1994.
ANEXOS
FOTO 1- Dona Teresinha Farias após entrevista em sua residência.
FONTE: Acervo do autor. 
FOTO 2- Senhor Antônio Gomes Sobrinho à esquerda após entrevista junto com o autor do trabalho.
FONTE: Acervo do autor.
FOTO- 3 CCA 1 casa das meninas.
FONTE: Acervo do autor.
FOTO 4- CCA 2 Casas dos meninos ainda em construção no de 1990.
FONTE: Acervo do autor.
FOTO 5- Cícero Brandão a direita em sua residência, foto tirada após entrevista concedida ao entrevistando a direita.
FONTE: Acervo do autor.
FOTO 6- José Bezerra da Silva a esquerda, foto tirada após entrevista.
FONTE: Acervo do autor.
� Graduando do 8° período do curso de licenciatura plena em História pela Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL- Campus III - Palmeira dos Índios. E-mail: marcondesrocha07@hotmail.com
� FARIAS, Teresinha. Memórias De Infância. Entrevista concedida em 03 de Maio de 2015.
� Fonte IBGE Cidades. Disponível em http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php
� GOMES, Sobrinho. PADRE LUIZ FARIAS TORRES: Um Esclarecido em Igaci História e Memória. Entrevista concedida em dia 22 de Novembro de 2014. 
� Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Criada pela Lei Federal 4.513 de 01/12/1964. Disponível em http://www.fia.rj.gov.br/historia.htm.
� Denominação utilizada atualmente por aqueles que viveram na C.C.A.
� FARIAS, Luiz. Sobre a C.C.A., Entrevista concedida em 24 de março de 1990. Disponível em documentário gravado na Paróquia Nossa Senhora da Saúde em Igaci. 
� BRANDÃO, Cícero. A Importância da Casa Carinho e Alimento. Entrevista concedia em 05 de Fevereiro de 2015.
� BEZERRA, José. A Importância da Casa Carinho e Alimento. Entrevista concedida em 10 de Junho de 2015.
� Ver nota 10.
� Ver nota 10.
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