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gestão empresarial planejamento e gestão estratégica balanced score card 6 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Estruturar a organização de forma estratégica para ava- liação de desempenho. COmpetênCias Utilização de metodologias de estruturação para avalia- ção de desempenho. Habilidades Familiarização de procedimentos para estruturação da organização voltada para a estratégia. planejamento e gestão estratégica balanced score card ApresentAção Bem-vindo à Unidade 6 da disciplina Planejamento e Gestão Estratégica, sobre Balanced Score Card. As empresas, que outrora competiam apenas com base nos recursos de produção e nas características dos produtos, percebem agora que o sucesso passa a depender de profunda compreensão dos mercados e dos clientes, além de demandar a capacidade de ofere- cer proposições de valores singulares aos clientes-alvo. Os sistemas de medição de desempenho (SMD) servem como um importante conjunto para orientar as ações dos executivos, pois os indicadores devem refletir as mudanças exigidas pelo mercado. Estas medidas de de- sempenho devem ser coerentes com as estratégias esta- belecidas pela empresa. pArA ComeçAr O conceito de estratégia é objeto de discussão há muito tempo no ambiente de toda organização, desde os esca- lões mais altos até os operacionais. Assim recordando, Mintzberg et al (2000) propõem cinco definições para estratégia: estratégia como um pla- no; estratégia como um padrão; estratégia como uma posição; estratégia como uma perspectiva; e estratégia como um truque. Tais definições sustentam as bases das escolas de pensamento apresentadas em Unidades anteriores (Unidade 5) que fundamentam as diferentes reflexões sobre o alinhamento no contexto das organiza- ções na consecução dos seus objetivos. Para Kaplan e Norton (2001b), a capacidade de execu- tar a estratégia é mais importante do que a qualidade da estratégia em si, pois os gestores concentraram ações em como desenvolver estratégias capazes de gerar de- sempenho superior. De fato, a dinâmica do mundo atual requer das orga- nizações uma constante mudança e aperfeiçoamentos Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 4 contínuos nos modelos de negócios. Esta realidade faz repensar suas visões e estratégias para acompanhar a concorrência e as flutuações de mercado e, assim, garantir sua sobrevivência. As empresas, que outrora competiam apenas com base nos recursos de produção e nas características dos produtos, percebiam agora que o sucesso passaria a depender de profunda compreensão dos mercados e dos clientes, além de demandar a capacidade de oferecer proposições de valores singulares aos clientes-alvo (KOTLER, 1994). Dica Volberda (2004, p. 33) aponta o campo de estratégia como um jardim, com milhares de flores nascendo sem nenhum cuidado de jardinagem ou de qualquer outro tipo. Os pro- blemas causados pela ausência de “poda” permeiam tanto o significado quanto a metodologia de pesquisa em ges- tão estratégica. Marinho et al (2007) destaca os sistemas de medição de desempenho (SMD) como um importante conjunto para orientar as ações dos executi- vos, pois os indicadores devem refletir as mudanças exigidas pelo merca- do. Estas medidas desempenho devem ser coerentes com as estratégias estabelecidas pela empresa. Ao associarem missão, estratégia, metas e processos da organização com a satisfação dos clientes, as medidas de desempenho tornam-se fun- damentais para o modelo de gestão (MOREIRA, 2002). Segundo Martins (1998), a medição de desempenho sempre exerce um efeito sobre o que está sendo medido e colabora no ciclo de aprendizado organizacional, pois reflete na ação dos membros da organização em busca do alcance dos objetivos de melhoria em nível individual e organizacional. FundAmentos A necessidade de planejar ações para o futuro teve sua origem na admi- nistração pública. Utilizando o planejamento orçamentário, os governos podiam plane- jar os gastos, utilizando-se do desempenho, controlando assim, a situ- ação financeira geral. Em empresas privadas o orçamento foi utilizado Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 5 primeiramente por Brown, então gerente financeira da Du Pont, nos Es- tados Unidos, em 1919 (LUNKES, 2002). Já nas décadas de 1960 e 1970 observou-se o auge da evolução do planejamento clássico, em que o am- biente relativamente estável favorecia a lógica preditiva. Nesta época, de- terminando os objetivos estratégicos, era necessária apenas a construção de alguns indicadores de desempenho para guiar a ação administrativa no planejamento a médio e longo prazo. A partir da década de 1980, devi- do à letargia da indústria americana, segundo diversos autores, a necessi- dade imediata de planejar e implementar se tornou uma busca constante no meio empresarial. Surge então, a difundida análise SWOT (strenghts, weeknesses, oportunities and threats), ou seja, os pontos fortes e fracos (relativos à empresa), oportunidades e ameaças (relativos ao meio envol- vente à empresa), era primazia pela lógica da aprendizagem. O objetivo desta análise era relacionar os pontos fortes e fracos internos da empresa com as oportunidades e ameaças externas do mercado e da concorrência (KOTLER, 1994). Todavia, a mudança da lógica preditiva para a lógica da aprendizagem focada apenas no imediatismo do planejamento e soluções em curto prazo, conjugado apenas a indicadores baseados meramente nos resultados financeiros, tais como retorno sobre investimentos, per- das, lucros, produtividade por funcionário não mais satisfazia o meio em- presarial (OLIVEIRA, PEREZ JR. E SILVA, 2002). Ao que parece a estratégia empresarial somente se constitui como uma disciplina acadêmica a partir da segunda metade do século XX. Diversos fatores podem ter interferido nesta constituição tardia. Vasconcelos (2001) cita dois fatores: a) um ambiente acadêmico fortemente influenciado pela economia neoclássica no qual a ideia do mercado como um sistema au- torregelado implica na transitoriedade, e em última análise na irrelevância das estratégias das firmas; b) uma baixa profissionalização na gestão de grandes firmas, que até a segunda metade do século XX caracterizavam- -se basicamente como empreendimentos de natureza exclusivamente fa- miliar. Ainda segundo Vasconcelos (2001), a estratégia empresarial nasce nos anos 1960 nos EUA como uma disciplina híbrida, sofrendo influências da sociologia e da economia, mas essencialmente como uma evolução da teoria das organizações. Nos anos 1960 e 1970, surgem vários trabalhos de caráter prescritivo e normativo, analisando e demonstrando como ela- borar e implantar o planejamento estratégico. Após uma década de euforia e disseminação das idéias do planeja- mento estratégico, uma paralisia nas atividades de planejamento estra- tégico marca a década de 1980 tendo em vista que as empresas des- montavam suas equipes de planejamento e as consultorias procuravam outras formas de renda. Segundo Micklethwait e Wooldridge (1998), esta Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 6 linha fortalece a necessidade do pensamento estratégico mais do que das ações normativas. Alguns autores mais divulgados buscaram renovar a prática da estra- tégia nas organizações. Hamel (1996), por exemplo, procurou reformu- lar a estratégia como um ato subversivo, compromissado, que deve ser flexível e processual. Porter (1989) buscou um meio termo entre lições específicas e genéricas, criando estratégias gerais, mas enfatizando que diferentes empresas escolhem diferentes caminhos por meio das cinco forças competitivas. Segundo Porter (1989), a vantagem competitiva de uma empresa depende, em essência, da estratégia escolhida para com- petir, da diferenciação ou liderança em custo, ou ainda doenfoque em segmentos específicos, buscando diferenciação ou custo. No início dos anos 1990, com um projeto envolvendo várias empresas, Kaplan e Norton (1997) buscaram novas maneiras de medir o desempenho organizacional. Defendiam, na época, que os ativos baseados no conhecimento, sobre- tudo os colaboradores e tecnologia da informação tornavam-se cada vez mais importantes para o sucesso competitivo da empresa. De fato, Terence e Escrivão Filho (2010) destacam que o processo de- liberado, que se caracteriza como racional instrumental e analítico, é um processo elaborado a partir de um objetivo pré-definido e da análise das capacidades organizacionais. Depois leva à concepção de um plano a ser implementado, à realização de ações previstas e ao alcance de objetivos pré-determinados. Ressalte-se que o processo de elaboração e implemen- tação de estratégias é composto de atividades gerenciais inter-relaciona- das (análises, cálculos, definições de metas, estabelecimento de ações etc.), que podem ser revistas quando houver alterações significativas nas condições internas e/ou externas, por dificuldades ou falhas na imple- mentação ou alterações de objetivos. Uma outra visão do processo estratégico desponta e destaca que as estratégias podem ser moldadas, o que demanda dedicação, perfeição por meio do domínio de detalhes, conexão entre pensamento e ação em um processo fluido de aprendizado. O estrategista que molda a estratégia utiliza seu conhecimento e experiência para moldar o seu futuro (MINTZ- BERG, 1987). O conceito emergente foi introduzido na literatura por Mintzberg (1978), para especificar as estratégias que não são preconcebidas - mas formadas por ações derivadas das atividades diárias de negócios, espe- cialmente da inter-relação da organização com seus clientes e o mercado - e se identificam como estratégias à medida que vão se desenrolando ou até mesmo depois que ocorrem (MARIOTTO, 2003). Portanto, o conceito de estratégias emergentes caracteriza-se como um padrão formado por Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 7 uma sucessão de ações que não foram previamente determinadas (MINT- ZBERG, 1978; MINTZBERG; WATERS, 1985). O processo essencialmente emergente destaca aspectos como inova- ção, criação, descoberta, originalidade e mudanças, que dizem respeito à dimensão de inovação da estratégia. De acordo com esta dimensão, portanto, o processo implica visão, mudança, insight e aprendizado. Assim sendo, as ações desenvolvidas sem uma pré-concepção explícita derivam de um processo criativo e intuitivo, a partir de uma inter-relação que en- volve as condições internas e externas, a perspectiva da alta direção e a análise de viabilidade dos funcionários de níveis inferiores (FARJOUN, 2002) em um processo que acontece de maneira irregular, inesperada e informal (MINTZBERG, 2004). A maneira deliberada e tradicional de desenvolver estratégia - processo periódico, racional e formal - não é suficiente para as organizações diante das mudanças, desafios e pressões que enfrentam. Por outro lado, ape- nas a criação de estratégias emergentes não proporciona pró-atividade e controle. As ações estratégicas, para serem eficazes, devem ser realizadas em um processo contínuo, levando em conta que as estratégias intencio- nais são desafiadas ou revistas por estratégias emergentes que, por sua vez, formam uma nova estratégia intencionada e assim por diante (FER- NANDES et al, 2009). Aponta-se a coexistência, interação e integração dos processos deli- berados e emergentes na criação de estratégias. Visão que demonstra o processo de criação de estratégia, base para a tomada de decisão estra- tégica, como um processo que relaciona as estratégias (deliberadas ou emergentes) com a tomada de decisão e sua operacionalização. Conforme Barreiros, Protil e Souza (2010), ao estudar a avaliação de desempenho e sistemas de controle para a implementação de estraté- gias empresariais, Simons (2000) concebeu um modelo de alavancas de controle estratégico, que envolvem quatro dimensões, que se relacionam parcialmente com os cinco. Os da estratégia (MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL, 2000): estratégia como perspectiva; estratégia como posicio- namento; estratégia como plano e estratégia como padrão. Somente o quinto P de Mintzberg – estratégia como truque (ploy) –, não é considera- do nesse modelo. É aproveitada nesse ponto, para posicionamento da empresa no am- biente externo, a dinâmica de competição de mercado – modelo de cinco forças de Porter (1989). Também são consideradas, para o reconhecimento e desenvolvimento dos recursos e competências específicos da empresa, as contribuições da visão baseada em recursos, conforme preconizado por Barney (1991) e das competências essenciais (PRAHALAD e HAMEL, 1998). Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 8 A estratégia como perspectiva envolve a consideração de valores, cren- ças e ideais como guia mestra da organização. Os valores essenciais são crenças que definem os princípios básicos, propósitos e direção da or- ganização. Os valores essenciais geram os princípios que devem reger o relacionamento e responsabilidades com clientes, empregados, comuni- dades locais e fornecedores. A estratégia como perspectiva depende do estabelecimento de sistemas de crença, que comuniquem, deem suporte e estabeleçam comprometimento por parte dos indivíduos que compõem a organização, de forma a estabelecer cultura que reproduza os valores estatuídos na missão da empresa. A estratégia como posição envolve a consideração dos limites que de- vem reger o comportamento e as decisões gerenciais, conforme os riscos que devem ser evitados. O estabelecimento, a comunicação e o moni- toramento desses limites devem ser feitos através de sistemas de fron- teiras, como códigos de conduta, limites de alçadas decisórias, normas de conformidades (compliance) internas e externas, estabelecidas pelas empresas, pela legislação ou por órgãos reguladores externos. Considera também os limites derivados do posicionamento estratégico pretendido pela organização no mercado, conforme as pressões e a competitividade do ramo industrial. Depois da definição da missão e da posição estratégica empresarial, através da análise da dinâmica competitiva do mercado e dos recursos, competências e capacidades internas, surge a dimensão da estratégia como plano. Nessa fase são explicitados, comunicados e distribuídos, for- malmente, os objetivos e as metas por toda a organização, assim como previstos e coordenados os recursos necessários para que os objetivos sejam realmente alcançados. Nessa fase também são definidas as medi- das de desempenho e as ações necessárias para o alcance dos objetivos. A hierarquia missão > estratégia > metas > medidas de desempenho > ações, ilustra um conceito em cascata, que parte de uma missão ins- piradora geral em direção a uma específica medida quantitativa de de- sempenho. Essa hierarquia é suportada por planos estratégicos basea- dos em técnicas analíticas como SWOT. Porém, para Simons (2000) esse é um quadro incompleto do processo de formulação estratégica. Surge a dimensão da estratégia como padrão, que considera que das ações das pessoas que compõem a base da empresa, também surgem idéias que podem se transformar em boas estratégias para a organização. São as chamadas estratégias emergentes, que dão origem ao processo de apren- dizado organizacional (Mintzberg e Quinn, 2001). Simons (2000) considera que na implementação das estratégias, para alcance dos objetivos de resultados financeiros, os gestores devem Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 9 administrar as seguintes tensões, inerentes a organizações que buscam alto desempenho: a. Tensões entre lucro, crescimento e controle; b. Tensões entre estratégiasdeliberadas e emergentes; c. Tensões entre oportunidades ilimitadas para atenção limitada; d. Tensões entre interesses próprios e o desejo de contribuir. Cabe aos gestores conhecer como utilizar as várias técnicas de mensu- ração de desempenho, em combinação com as quatro alavancas de con- trole, para administrar essas tensões. Aos altos executivos também cabe a utilização das alavancas de controle para inspirar comprometimento com os propósitos da organização; para reconhecimento do ambiente de competição do mercado; para coordenar e monitorar a execução das estratégias no nível operacional e para estimular e orientar a criação e canalização de padrões emergentes, que possam ser aproveitados como estratégias futuras. As alavancas de controle, associadas com técnicas de mensuração de de- sempenho, como planos orçamentários, medidas de desempenho corpora- tivo, balanced scorecards e sistemas de alocação de recursos – que se inse- rem no modelo de Simons (2000) como sistemas de controle diagnóstico e sistemas de controle interativo – permitem aos gestores efetiva coordena- ção e administração dos negócios, ou seja, proporcionam condições para a adequada gestão estratégica da empresa. Em uma abordagem global, essas ferramentas de mensuração de desempenho, inseridas em um modelo de sistemas de controle, proporcionam motivação, mensuração, aprendizado e controle, necessários para o eficiente alcance das metas, adaptação cria- tiva e crescimento lucrativo ao longo do ciclo de vida da empresa. Exige do administrador a capacidade de visualização da organização como um todo, ao invés da visão parcial de alguma área funcional, como finanças, produção ou marketing. Para esses autores, a gestão estratégica tem três elementos principais: gestão estratégica, que significa entender a posição estratégica de uma organização; as escolhas estratégicas para o futuro; e transformar estratégia em ação. Esses três elementos interagem entre si em todas as direções possíveis, contemplando a implementação de estratégias pretendidas, assim como também o aproveitamento de estraté- gias emergentes, daí derivando o processo de aprendizado da organização. Para Kaplan e Norton (2004, p. 2): Os executivos e funcionários atentam para aquilo que é medido e que não se pode ge- renciar bem o que não se mede. Em consequência, a atenção e o esforço dos executivos Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 10 concentravam-se demasiadamente em influenciar indicadores financeiros de curto pra- zo e insuficientemente em reforçar e gerenciar os ativos intangíveis que fornecem as bases para o sucesso financeiro no futuro. Sem a melhoria do sistema de mensuração do desempenho, os executivos não desenvolviam nem mobilizavam com eficácia seus ativos intangíveis e, portanto, perdiam grandes oportunidades para criação de valor. Como resultado desse projeto surgiu o conceito de um sistema balance- ado de mensurações: o Balanced Scorecard – BSC. Em 1992, os autores publicam na Harvard Business Review – HBR, o artigo “The Balanced Sco- recard: Measures that Drive Performance”, em que defendiam o uso de amplo conjunto de indicadores, distribuídos entre quatro perspectivas segundo Kaplan e Norton (2004, p. 08): Recomendamos, então, que as organizações preservassem os indicadores financeiros, que resumissem os resultados das iniciativas já adotadas, mas que também equilibras- sem esses indicadores de resultados com indicadores não financeiros, sob três outras perspectivas – clientes, processos internos e aprendizado e crescimento – que repre- sentavam os motores, os indicadores de tendência do futuro desempenho financeiro. Esse foi o sustentáculo do BSC (LUIZ, 2004). A avaliação do desempenho de uma organização deixou de ser apenas observada pelos resultados financeiros, que não são suficientes para ga- rantir que suas estratégias, objetivos e metas estão sendo alcançados de formas sistêmicas e globais. Segundo Lobato et al. (2003), da escola do planejamento financeiro dos anos 50, em que “boa parte daquilo que se chamava planejamento finan- ceiro era, na realidade, controle financeiro”, passou-se, nos anos 1990, para a gestão estratégica, em que o pensamento estratégico é contempla- do e no qual há a integração entre planejamento e controle. Os resultados da organização já não são mais apenas aqueles fi- nanceiros da escola dos anos 1950. Eles passaram a ter uma conexão complexa entre as várias partes interessadas que estão relacionadas à organização: clientes, sociedade, acionistas, pessoas da sua força de trabalho e fornecedores. conceito O Balanced Scorecard é um sistema de medição de de- sempenho que, através de indicadores financeiros e não financeiros, traduz a estratégia em objetivos e medidas claros (KAPLAN; NORTON, 1997). O método é resultado de Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 11 um estudo realizado na década de 1990 por Kaplan e Nor- ton, que buscavam um scorecard multidimensional. Calcado nas perspectivas Financeiras, Clientes, Processos Internos, Aprendizagem e Crescimento, o Balanced Scorecard equilibra objetivos de curtos e longos prazos, permitindo identificar relações entre as perspectivas e a estratégia organizacional. França e Rodrigues (2006) destacam que o BSC, inicialmente, surgiu como um modelo para incorporar às medidas financeiras tradicionais existen- tes, sistemas de avaliação dos ativos intangíveis da empresa, de forma que a organização possa mobilizar seus recursos para que fique alinhada aos seus clientes e fornecedores e também fique focalizada no crescimen- to e geração de valor para o futuro. Segundo Kaplan e Norton (1997) o modelo capta as atividades críticas para a geração de valor na empresa, permitindo que se possa avaliar a alocação de investimento e de capital intelectual nas atividades que real- mente irão incrementar o desempenho futuro. Dessa forma, os vetores de valor podem ser claramente revelados de forma a conseguir um alto desempenho financeiro e competitivo no longo prazo. É importante ressaltar que o Balanced Scorecard não é apenas um con- junto de indicadores para fazer a medição dos ativos tangíveis e intangí- veis. Isso por si só não é suficiente para garantir que a empresa esteja, de fato, caminhando ao encontro dos desejos do cliente e gerando resultado para os acionistas. Essas perspectivas interagem entre si por meio de relações de causa e efeito que garantem a unidade de propósito. Ou seja, todas as medi- das apontam para um mesmo objetivo, que é o da execução eficiente da estratégia. Herrero Filho (2005) aponta que cada empresa possui a liberdade para definir um número maior (ou menor) de perspectivas para traduzir sua visão em objetivos tangíveis, de forma que não se deve ficar preso a es- sas perspectivas. Um caminho que pode ser proposto para que uma empresa obtenha resultados sustentáveis, acima da média do mercado de atuação, é o ali- nhamento do pensamento estratégico que pode ser definido como a ca- pacidade de criar sinergia entre equipes, processos, unidades de negócio e parceiros externos (KAPLAN e NORTON, 2006). Neste sentido, o BSC é apresentado como um instrumento de gestão de promover o alinhamento estratégico. Assim ele direciona a estraté- gia de forma a medir seus resultados equacionando diferentes visões e Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 12 expectativas da empresa. Permite desta forma a focar em estratégia ao controle direcionando a capacidade futura da organização. O modelo BSC é mais que um sistema de medidas táticas e operacio- nais. Empresas inovadoras estão utilizando como um sistema de gestão es- tratégica para administrar a estratégia de longo prazo (FLORES et al, 2009). Elas adotaram a filosofia do BSC para viabilizar processos gerenciaiscríticos como: esclarecer e traduzir a visão e a estratégia; comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas; planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas; e melhorar o feedback e o aprendizado es- tratégico (KAPLAN e NORTON, 1997). O BSC traduz a missão e a estratégia em objetivos e medidas, organiza- dos segundo quatro perspectivas diferentes: financeira; dos clientes; dos processos internos e do aprendizado e crescimento. O balanced scorecard cria assim uma estrutura – uma linguagem – para comunicar a missão e a estratégia, e utiliza indicadores para informar os funcionários sobre os vetores do sucesso atual e futuro. finanças Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos nossos acionistas? Objetivos Indicadores Metas Iniciativas aprendizagem e crescimento Para alcançarmos nossa visão, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar? Objetivos Indicadores Metas Iniciativas visão e estratégia processos internos Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que processos de negócios devemos alcançar a excelência? Objetivos Indicadores Metas Iniciativas cliente Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes? Objetivos Indicadores Metas Iniciativas Kaplan e Norton (1997) afirmam que os objetivos e medidas do scorecard são consequências da visão estratégica da empresa. O BSC capta as ativi- dades críticas da geração de valor, na medida em que identifica o desem- penho organizacional sob quatro perspectivas. Além da perspectiva finan- ceira, ele leva em consideração a perspectiva dos clientes, dos processos Figura 1. Tradução da Estratégia em termos operacionais. Fonte: Kaplan e Norton, 1997, p. 10. Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 13 internos e de aprendizado e crescimento, como pode ser visualizado na figura acima. Portanto, o BSC deve ser utilizado como um sistema de co- municação, informação e aprendizado, não como um sistema de controle. As quatro perspectivas do BSC têm os objetivos de: balancear os ob- jetivos de curto e longo prazo; produzir os resultados almejados e os indicadores de desempenho desses resultados; e proporcionar medi- das objetivas concretas e medidas subjetivas mais imprecisas. A Tabela a seguir apresenta uma síntese de cada uma das quatro pers- pectivas propostas pelo modelo de Kaplan e Norton (1997). perspectiva exemplos de indicadores de desempenho Financeiro Retorno sobre o investimento Cliente Fidelização do cliente Entrega nos prazos Processo interno/negócio Qualidade do processo Tempo do ciclo do processo Aprendizagem e crescimento Qualificação dos empregados A perspectiva financeira utiliza o retorno sobre investimento e o valor eco- nômico agregado, por exemplo, como medidas genéricas desta perspec- tiva. Permite tornar os objetivos financeiros explícitos, e ajustar os objetivos financeiros às unidades de negócios nas diferentes fases de seus ciclos de vida e crescimento. O foco é muito valorizado na perspectiva dos clientes onde a satisfação, a retenção, a participação de mercado e a participação de conta são exemplos de medidas genéricas desta perspectiva. Na perspectiva dos negócios internos, a qualidade, o tempo de resposta, o custo e o lançamento de novos produtos são exemplos de medidas gené- ricas desta dimensão. Passa, necessariamente, pela identificação dos pro- cessos mais críticos para a realização dos objetivos dos clientes e acionistas. No entanto, a perspectiva que está na base do balanced scorecard é a perspectiva do aprendizado e crescimento. A satisfação dos funcionários e disponibilidade dos sistemas de informação são exemplos de medidas genéricas desta perspectiva. A capacidade de alcançar metas ambiciosas nas perspectivas financeiras, dos clientes e dos processos internos depen- de das capacidades organizacionais para o aprendizado e o crescimento. Os vetores de aprendizado e crescimento provêm basicamente de três fontes: funcionários; sistema; e alinhamento organizacional. Tabela 1. Perspectivas propostas pelo modelo de Kaplan e Norton (1997). Fonte: Kaplan e Norton, 1997. Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 14 Lembre-se Para Kaplan e Norton (1997), três princípios permitem a inte- gração do BSC de uma empresa à sua estratégia: as relações de causa e efeitos; os vetores de desempenho; e a relação com os fatores financeiros onde “as relações causais de todas as medidas incorporadas ao scorecard devem estar vincula- das a objetivos financeiros” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 157). Kaplan e Norton (1993) sugerem na formulação de seu mapa estratégico que existe uma subordinação entre as áreas organizacionais segundo as diferentes perspectivas que o compõem. Objetivos financeiros são subsidiados pela perspectiva dos clientes, que é dependente da perspectiva dos procedimentos internos e que por sua vez tem apoio das perspectivas de aprendizagem e crescimento. Segundo Kaplan e Norton (1997), todas as perspectivas do BSC devem estar equilibradas para que cada uma, individualmente, tenha sucesso. As partes do todo devem ajustar-se para que nenhuma suplante as demais. Quando os objetivos organizacionais não são financeiros, mas de sus- tentabilidade, a hierarquia se inverte, passando a vigorar em primeiro pla- no a missão organizacional e não mais a perspectiva financeira (KAPLAN e NORTON, 2001a). Essa inversão da hierarquia proposta pelos idealizadores do BSC é aplicável nas organizações de Terceiro Setor, já que elas possuem como objetivo a promoção de bens e serviços sociais. Além disso, uma peculiari- dade do setor sem fins lucrativos apontada pelos autores diz respeito aos clientes, que são tanto os beneficiários, que recebem o serviço, quanto os financiadores – que pagam pelo serviço. Ainda, de acordo com Kaplan e Norton (1997, p.40): Construir o Balanced Scorecard deveria estimular unidades de negócios a ligar seus objetivos financeiros à sua estratégia corporativa. O Scorecard tem de contar a histó- ria da estratégia, começando com os objetivos financeiros de longo prazo e então os ligando a uma sequência de medidas que devem ser tomadas com relação a processos financeiros, clientes, processos internos, empregados e sistemas, que vão proporcionar a desejada performance econômica de longo prazo. implementaçãO da metOdOlOgia dO bsC Segundo Kaplan e Norton (2001b), é preciso em primeiro lugar traduzir a estratégia em objetivos e iniciativas específicos, considerando-se as ca- racterísticas de cada organização – em termos de seus valores, missão, Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 15 políticas e pessoas. Em seguida, precisa-se coletar dados para a elabo- ração dos mapas estratégicos, representações gráficas das relações de causa e efeito entre componentes da estratégia organizacional. Desse modo, a estratégia deve ser bem definida já que ela vai direcio- nar a operacionalização do modelo. Costa (2006, p. 5) ressalta que “as empresas não devem pura e simplesmente transformar esses modelos nos seus mapas, não devem usá-los como gabarito de seus mapas estra- tégicos”. Os mapas bem como os indicadores que os constituem devem ser construídos de acordo com a missão da empresa, sua estratégia, tec- nologia e cultura. Além dos objetivos estratégicos e dos indicadores, metas e ações tam- bém são contempladas no sistema. empresa estratégia perspectiva financeira “Se formos bem-sucedidos, como seremos percebidos pelos nossos acionistas?” perspectiva do cliente “Para realizar a visão, como devemos cuidar de nossos clientes?” perspectiva interna “Para satisfazer os clientes, em que processos devemos ser excelentes?” perspectiva de aprendizageme crescimento “Para realizar nossa visão, como a organização deve aprender e melhorar?” Para cada indicador considerado importante é preciso definir metas de desempenho necessárias para o cumprimento dos objetivos. Uma vez de- finidas as metas a serem alcançadas, deve-se planejar as ações a serem executadas (COSTA, 2006). Lembre-se A implementação do BSC compreende algumas fases: tra- duzir a estratégia em objetivos específicos, elaborar mapas estratégicos com indicadores articulados e que se reforcem Figura 2. Mapas estratégicos: modelo simples de criação de valor. Fonte: Adaptado Kaplan e Norton, 2004. Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 16 mutuamente, revisar relações de subordinação entre as áre- as organizacionais, traçar metas para cada indicador, forma- lizar e especificar medidas táticas e operacionais orientadas para tais metas, verificar a evolução dos indicadores e rea- valiar cada perspectiva ao longo do tempo. O BSC não é apenas um conjunto de indicadores críticos ou fatores-cha- ve de sucesso. As diversas medidas que o compõem devem representar uma série articulada de objetivos e medidas coerentes que se reforcem mutuamente e que estabeleçam um conjunto de relações de causa e efeito, a fim de descrever a estratégia e a trajetória do alcance de obje- tivos organizacionais. antena pArAbóliCA Para o sucesso na implantação do balanced scorecard, Olve, Roy e Wetter (2001) ressaltam a importância da alta direção estar totalmente comprometida com o pro- cesso. Não basta demonstrar esse comprometimento, é necessário participar ativamente no desenvolvimento do BSC, principalmente no início do processo, assegurar que a tarefa terá alta prioridade e que será totalmente apoiada por toda a organização. Os autores acrescen- tam, ainda, que a definição das pessoas que participa- rão do processo e o momento dessa participação são também fundamentais para o êxito na implantação do BSC, ressaltando a importância dessas pessoas estarem motivadas e comprometidas. Bieker (2003) reforça a colocação de Olve, Roy e Wet- ter (2001) ao enfatizar que o comprometimento da alta administração é uma importante pré-condição para a aceitação interna do balanced scorecard, assim como contar com empregados comprometidos e proativos. Acrescenta que, como o BSC poderia substituir os siste- mas de administração existentes, os gerentes poderiam ter medo de perder poder, além de sentir uma pressão por melhor desempenho, o que poderia gerar uma desa- provação do balanced scorecard na organização. e AgorA, José? O processo descrito até agora pressupõe que os estra- tegistas sejam analiticamente objetivos em estimar a ca- pacidade relativa de suas empresas e as oportunidades que eles veem ou antecipam nos mercados em desenvol- vimento. Até que ponto desejam assumir riscos baixos ou altos depende, presumivelmente, de seus objetivos de lucro. Quanto maiores forem estabelecidos estes úl- timos, mais inclinados estarão a assumir o alto risco cor- respondente que a oportunidade de mercado que avis- tam não acontecerá, ou que a competência empresarial exigida para suplantar a concorrência não estará prestes a se manifestar. Descrevemos, até agora, os processos intelectuais de apurar o que uma empresa poderia fazer em termos de oportunidades ambientais, de decidir o que pode fazer em termos de habilidade e poder e de juntar essas duas considerações em equilíbrio ideal. A determinação da estratégia também requer consideração de quais alter- nativas são as preferidas do executivo principal e talvez também de seus associados imediatos, independente- mente de considerações econômicas. Valores pessoais, aspirações e ideais realmente influenciam e deveriam fa- zê-lo — a opção final de propósitos. Desta forma, o que os executivos de uma empresa querem fazer precisa ser incorporado à decisão estratégica. A escolha estratégica final tem um aspecto ético um fato ilustrado muito mais consideravelmente em algu- mas indústrias do que em outras. Assim como as alter- nativas podem ser classificadas em termos do grau de risco que encerram, assim também precisam ser exami- nadas contra os padrões de reação das expectativas da sociedade que o estrategista elege. Algumas alternativas podem parecer aos executivos que as consideram mais atraentes do que outras quando o bem público ou os serviços à sociedade são levados em conta. O que uma empresa deveria fazer aparece, desta maneira, como o quarto elemento da decisão estratégica. Planejamento e Gestão Estratégica / UA 06 Balanced Score Card 19 glossário Implementar: colocar em prática, executar uma atividade (ou uma série de atividades). reFerênCiAs BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of ma- nagement, v. 17(1), 99-120, 1991. 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