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TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DOENÇA DE PARKINSON: • É uma doença neurodegenerativa, caracterizada por sintomas: ➢ Motores: rigidez muscular, bradicinesia, tremor de repouso e desequilíbrio postural; ➢ Não-motores: distúrbios neuropsiquiátricos, do sono, autonômicos e sensitivos; • É formada principalmente por quatro manifestações clínicas: ➢ Bradicinesia: lentidão e pobreza de movimentos – dificuldade de iniciar e parar os movimentos; ➢ Rigidez muscular; ➢ Tremor em repouso: geralmente diminui durante os movimentos voluntários; ➢ Desequilíbrio postural: resultando em distúrbios de marcha e quedas. FISIOPATOLOGIA: • O déficit dopaminérgico da DP é atribuído à perda dos neurônios da parte compacta da substância negra, que fornecem inervação dopami- nérgica ao estriado (caudado e putâmen); • Na DP, a quantidade de DA estriatal diminui em mais de 80% • Os sintomas começam a manifestar-se apenas quando há 70 a 80% de perda dos neurônios dopaminérgicos; • Escala de Braak: ➢ Estágio 1 e 2: manifestações pré-clínicas; ➢ Estágio 3 e 4: manifestações motoras; ➢ Estágio 5 e 6: manifestações cognitivas muito significativas. DOPAMINA: • A tirosina (aminoácido), presente nos alimentos, é a precursora da L-Dopa, que é formada através da enzima tirosina-hidroxilase; • A L-Dopa se transforma, através da enzima dopadecarboxilase, em dopamina, que, por sua vez, fica armazenada em vesículas, aguardando um impulso nervoso para serem liberadas na fenda sináptica; • Quando a dopamina é liberada e se encaixa nos receptores D1/D2 da célula pós-sináptica, ela faz o seu efeito e depois é degradada pelas enzimas MAO-B e COMT; ➢ A estimulação da família D1 é excitatória (via direta/movimento); ➢ A estimulação da família D2 é inibitória (via indireta/inibe o movimento). • Quando “sobra” a dopamina após a liberação na fenda sináptica, ela pode ser reabsorvida pelo autorreceptor da célula pré-sináptica D2, ou degradada pelas enzimas MAO-B e COMT; • O objetivo principal do tratamento é aumentar a dopamina, contudo nenhuma das medicações impedem a progressão da doença, apenas controlam os sintomas. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: Fisioterapia: • Melhora do equilíbrio, força muscular, marcha, redução das quedas e melhora funcional global; • O comprometimento progressivo pode ser evitado, reduzido ou recuperado; Fonoaudiologia: • Eficácia na disartrofonia. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • Os fármacos não tratam o processo neurodegenerativo, contudo restauram os níveis de dopamina no cérebro: ➢ Precursores de dopamina; ➢ Agonistas dos receptores de dopamina; ➢ Inibidores do metabolismo da dopamina; ➢ Terapia não dopaminérgica. Precursores de Dopamina: L-Dopa: • Fármaco mais eficaz, sendo usado há mais de 30 anos; • A dopamina não atravessa a BHE. Por conta disso, para que o paciente tenha o aumento da concentração de dopamina, administramos a L-Dopa, consegue passar; • É rapidamente absorvida no intestino através de transportadores de aminoácidos e, por conta disso, devemos evitar refeições hiper proteicas junto com a administração do medicamento. Farmacocinética: • Rapidamente absorvida pelo intestino delgado e depende do esvaziamento gástrico e pH; • Meia-vida: entre 1 e 3h; • Apenas 1 a 3% da L-Dopa entra no SNC de forma inalterada; • Mais de 97% do medicamento é metabolizado em dopamina fora do cérebro, impedindo a sua atuação à nível do SNC; • L-Dopa isolada deve ser administrada em grandes quantidades. L-Dopa + Carbidopa (Inibidor de AADC): • Associação com Inibidores da DOPA descarboxilase: ➢ Carbidopa + L-Dopa (Sinemet): mais utilizado; ➢ Benserazida + L-Dopa (Prolopa). • A carbidopa e a benserazida aumentam os níveis de L-Dopa que conseguem atravessar a BHE e chegam ao cérebro para promover o seu efeito por impedirem a conversão periférica • Carbidopa e benserazida não penetram a BHE, por conta disso fazem a inibição apenas na periferia; • A associação reduz a dose necessária de L-Dopa em 10x e diminui os efeitos colaterais periféricos; Uso clínico: • Fase inicial da doença: melhora sintomática, reduz a rigidez, os tremores e outros sintomas do parkinsonismo; • Ação curta: neurônios são capazes de armazenar dopamina (os efeitos duram mais tempo do que a permanência do plasma); • Efetividade diminui com o avanço da dose: parte da ação depende dos neurônios funcionais; • Os efeitos da medicação tendem a diminuir entre 3 a 4 anos após o início da terapia. Efeitos adversos: • Discinesias (movimentos involuntários): ➢ Ação curta da L-Dopa: flutuações na concentração plasmática do fármaco, tendo momentos de concentração plasmática elevada e outras baixas; ➢ Aparece em pelo menos metade dos pacientes com mais de 5 anos após o início do uso do fármaco. ➢ Efeito liga/desliga: estágio mais avançados da doença, em que “ligado” é o movimento normal e o "desligado” é o aumento da rigidez. • Efeitos comportamentais: transtornos psicóticos, depressão, ansiedade, agitação, pesadelo. • Efeitos cardiovasculares: hipotensão postural, arritmias cardíacas; • Efeitos gastrointestinais: perda de apetite, náuseas e vômitos (carbidopa diminui esses efeitos); Inibidores do metabolismo da Dopamina: • Inibem a degradação da dopamina no SNC: ➢ Inibição da MAO-B: rasagilina e selegilina; ➢ Inibição da degradação da L-Dopa pela COMT central: tolcapona (apenas ela passa a BHE); ➢ Inibição da degradação da L-Dopa pela COMT na periferia: entacapona e tolcapona. Inibidores da COMT: • Enzima que metaboliza a dopamina; • Utilizados em associação: L-Dopa + Carbidopa; • Os inibidores da COMT periférica são entocapona e tolcapona, enquanto o central é apenas a tolcapona; • Os inibidores da COMT podem ser utilizados em associação com a carbidopa para aumentar a meia-vida plasmática da L-Dopa; • Inibidores de COMT reduzem os períodos “desligados” que estão associados a uma redução dos níveis plasmáticos da L-Dopa Tolcapona: • Agente altamente lipossolúvel, que pode atravessar a BHE; • Inibe a COMT central e periférica; Entacapona: • Estudos recentes do UpToDate sugerem que a entacapona pouco interfere no tratamento da DP quando associada a L-Dopa e Carbidopa (está em estudo); • Distribui-se apenas na periferia; • É o inibidor de COMT mais amplamente utilizado. Inibidores seletivos da MAO-B: • Selegilina (2x ao dia) e Rasagilina (1mg 1x/dia com ou sem L-Dopa); • Inibidores de MAO-B tem sido utilizado em associação com a L-Dopa; • A MAO-B é responsável pela maior parte do metabolismo oxidativo da dopamina no cérebro; • Aumentam a eficácia do tratamento com L-Dopa ao inibir o metabolismo da DA no cérebro; • Efeitos adversos: bloqueio de ramo, hemorragia gastrointestinal, hipotensão ortostática, dispepsia, artralgia, cefaleia, perda de peso, insônia e confusão. Agonistas dos receptores de dopamina: Mecanismo de ação: • Ligam-se diretamente aos receptores de dopamina pós-sináptico, ativando-os; Vantagens: • Atuam diretamente nos receptores, não dependendo da capacidade funcional dos neurônios (não precisam ser metabolizados); • Maior duração de ação do que a L-Dopa por apresentarem meias-vidas mais longas e administrações menos frequentes. Farmacocinética: • Pramipexol (D3>D2): 0,125mg, 3x/dia; • Ropinirol (D3>D2): 0,25mg, 3x/dia; • Apomorfina 2mg subcutânea, é utilizada no tratamento de resgate em pacientes que apresentam sintomas súbutos do fenômeno “liga/desliga” • Menor tendência de causar o fenômeno “liga/desliga”; • Efeitos colaterais: sono, insônia, tontura ou confusão. Farmacologia não dopaminérgica: Amantadina: • Antiviral usado para profilaxia e tratamento da influenza A; • O mecanismo de ação pode estar relacionado com o antagonismo dos receptores NMDA (glutamato)excitatórios. • Usado na doença leve; • Está relacionada com o aumento da liberação de dopamina, diminui a recaptação de dopamina, estimula os receptores de dopamina e também possui um efeito anticolinérgico central; Triexifenidil e Benztropina: • São antagonistas dos receptores muscarínicos, que reduzem o tônus colinérgico do SNC ao modificar as ações dos interneurônios colinérgicos estriatais; • Diminuem mais o tremor do que a bradicinesia.
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