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Síndrome da fragilidade

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Geovana Sanches, TXXIV 
SÍNDROME DA FRAGILIDADE 
 
CONCEITOS 
Woodhouse 
• 1988 
• Idoso frágil é aquele com mais de 65 anos 
e dependente para ABVDs 
Gillick 
• 1989: “Debilitado” e necessita de auxílio 
para sobreviver 
• 1997: síndrome consumptiva 
o Fraqueza 
o Condição nutricional ruim 
Campbell & Buchner 
• 1997 
• Síndrome que resulta na redução 
multisistêmica na capacidade de reserva, 
de forma que vários sistemas fisiológicos 
estão próximos ou ultrapassam o limiar de 
falência clínica 
Fried & Waltson 
• 2002 
• Conceito mais moderno 
• Estado de vulnerabilidade fisiopatológica 
relacionada à idade, resultado de reservas 
homeostáticas comprometidas, e uma 
capacidade reduzida do organismo resistir 
aos estressores 
Idosos frágeis x não frágeis 
Comparação de um efeito estressor sobre 
a capacidade funcional entre um idoso não frágil e 
um idoso frágil. 
 
A linha verde representa um idoso apto 
que, após um evento estressor menor, como uma 
infecção ou uma queda, apresenta uma pequena 
deterioração na função e retorna à homeostase. 
A linha vermelha, por sua vez, representa 
um idoso frágil que, após um evento estressor 
semelhante, sofre uma deterioração maior, que 
pode se manifestar como dependência funcional, 
e que não retorna à homeostase basal. 
A linha tracejada horizontal representa o 
corte entre dependente e independente. 
 
MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS 
Existem diversas modificações fisiológicas 
relacionadas a idade que são centrais para o 
desenvolvimento da síndrome da fragilidade. 
 
 A sarcopenia diz respeito a redução da 
massa muscular relacionada ao envelhecimento. 
Ela tem repercussão na: 
• Funcionalidade e capacidade do indivíduo, 
que muitas vezes se expressa como 
fraqueza ou instabilidade de marcha; 
• Disfunção imunológica, com aumento na 
produção de citocinas e outros marcadores 
inflamatórios crônicos; 
• Desregulação neuroendócrina, devido a 
baixa dos hormônios esteroidais e do GH, 
impactando no metabolismo do cortisol 
(menor produção). 
 
Esse conjunto de fatores explica a 
vulnerabilidade, pois trata-se de um ciclo com 
atividade inflamatória aumentada e consequente 
propagação da desregulação do cortisol, levando a 
disfunção imunológica e aumento na produção de 
citocinas, corroborando para a sarcopenia. 
 
FISIOPATOLOGIA 
 A fisiopatologia da síndrome da fragilidade 
é um processo espiral, explicada por um conjunto 
de fatores. 
 
 A sarcopenia é um dos eixos centrais da 
síndrome da fragilidade, a qual reduz o 
metabolismo basal do indivíduo (redução no gasto 
energético total), além de contribuir para cessação 
de atividades físicas. 
A partir disso, o idoso sente menos fome e 
evolui com uma desnutrição crônica, o que 
Geovana Sanches, TXXIV 
intensifica ainda mais a perda de massa magra e 
força muscular, propagando os demais processos. 
Com o processo do envelhecimento, cada 
uma dessas condições ainda possuem uma série 
de fatores colaborativos, os quais serão 
apresentados a seguir. 
 
Fatores que colaboram para a desnutrição 
• Redução de Paladar e olfato 
• Dentição pobre 
• Depressão 
• Demência 
• Hospitalização 
Fatores que afetam a atividade física 
• Doenças crônicas (depressão, demência) 
• Doença aguda 
• Medicação (sedativo) 
• Eventos estressantes 
• Dependência e incapacidade 
Sarcopenia 
Fatores colaborativos 
• Alterações musculoesqueléticas próprias 
do envelhecimento 
• Doenças e medicações 
o Comorbidades que colaboram para 
a inflamação crônica e para o 
estado catabólico 
Consequências 
• Redução da força e potência 
o Leva a diminuição da velocidade da 
caminhada 
• Sensibilidade à insulina 
• Osteopenia 
• Comprometimento do VO2 máximo 
o Marcador de metabolismo e 
capacidade cardiopulmonar 
• Risco de imobilização 
o Dependência à incapacidade à 
redução da atividade física à 
aumento da sarcopenia 
 
Verifica-se que nesse ciclo, novos fatores 
estressores chegam a um indivíduo já de baixa 
reserva funcional e capacidade de lidar com os 
estressores, resultando na piora de sua 
capacidade e funcionalidade. Por isso, dizemos 
que o processo é em espiral. 
 
DIAGNÓSTICO 
 Ainda não existem evidências suficientes 
para definir qual a melhor maneira de diagnosticar 
a síndrome da fragilidade. 
Fenótipo (proposta de Fried) 
• Força de preensão palmar 
o “Hand grip”: mensuração através 
do dinamômetro 
• Velocidade de marcha 
o “Time up and go test” 
• Sensação de fadiga 
o Relatada ou questionada por 
instrumentos próprios 
• Atividade física 
o Mensurar se o idoso não está 
restrito a manter apenas as ABVDs 
• Perda de peso involuntária de peso 
o 4,5 kg ou 10% peso/ano 
Índice de fragilidade 
• 92 variáveis 
o Sintomas 
o Sinais 
o Alterações de exames laboratoriais 
o Déficits 
• Índice 20/92 caracteriza um indivíduo frágil 
• Críticas 
o Estudo realizado apenas em meio à 
população canadense 
o Mensura a fragilidade já 
estabelecida, não a reserva do 
indivíduo 
Escala de Frail 
• Fatigue 
• Resistence 
o capacidade/performance física de 
subir um lance de escada 
• Ambulantion 
o capacidade de caminhar 1 quadra 
• Iillness 
o mais de 5 comorbidades 
• Loss of weight 
o > 5% do peso 
 
PREVALÊNCIA 
Mundial 
• Por classificação 
o 6,3% de idosos frágeis 
Geovana Sanches, TXXIV 
o 45,3% de idosos intermediários 
o 48,3% de idosos não frágeis 
• Por idade 
o 2,5% dos idosos entre 67 e 70 anos 
o 32% dos idosos com 90 anos 
Brasil 
• FIBRA (7 cidades) 
o 9,1% frágeis 
o 51,8% intermediários 
o 39% não frágeis 
• SABE (São Paulo, 2009) 
o 433 indivíduos > 75 anos 
o 37% frágeis 
 
CONSEQUÊNCIAS 
• Institucionalização 
• Piora do balanço e marcha 
• Aumenta comorbidades 
• Imobilização 
• Hospitalização 
• Menor resposta a estressores 
• Perda de independência 
• Aumento no tempo de internação 
• Diminuição da atividade física 
• Quedas 
• Incapacidade 
• Mortalidade 
 
TRATAMENTO 
Atividade física 
• Efeitos fisiológicos no cérebro, sistema 
endócrino, imunológico e muscular 
• Melhoras importante na mobilidade e 
capacidade funcional 
• Treinamentos de força (exercício resistido; 
musculação) e equilíbrio são mais efetivos 
Intervenções na dieta 
• Pouca evidência 
• Necessário aporte nutricional para realizar 
exercícios físicos 
o Benefícios se associam a realização 
de atividade física 
Intervenções farmacológicas 
• Poucos estudos 
• Evidências controvérsias 
• Medicamentos já estudados 
o iECA: parece ajudar na 
musculatura, para ganho de força 
§ questionável, tendo em 
vista o risco de hipotensão 
ortostática 
o Testosterona: benéfica quando há 
deficiência 
o Hormônio do crescimento: sem 
efeito na musculatura, além de 
diversos efeitos adversos 
§ Pode causar uma 
hipertrofia muscular, mas 
não tem efeito sobre a força 
muscular 
o Vitamina D: potencial benefício 
sobre as quedas, ossos e 
musculatura 
 
PREVENÇÃO 
• Cuidados com saúde desde o pré-natal 
o O modo com que a gestante lida 
com o feto interfere na vida 
subsequente desse indivíduo. 
Sendo assim, faz-se necessário um 
pré-natal adequado, puericultura, 
acompanhamento médico 
subsequente etc.) 
• Alimentação adequada 
• Atividade física 
• Ausência ou cessação do tabagismo e 
etilismo 
• Tratamento rápido das doenças agudas 
• Tratamento e controle de doenças crônicas 
o Hipertensão arterial 
o Dislipidemia 
o Osteopenia 
o Osteoartrite 
o Diabetes mellitus 
 
CONCLUSÃO 
• Conceito em evolução 
• Fisiopatologia embasada no ciclo vicioso 
de perda de energia e reservas 
• Prevalência 
o muito variável de acordo com a 
população estudada 
o 9 a 45% 
• Desfechos negativos 
• Tratamento 
o exercício resistido 
• Intervenções dietéticas podem contribuir 
• Intervenções farmacológicas estão sendo 
desenvolvidas 
• Prevenção deve ser buscada e é viável

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