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Saúde Mental - Neurologia Sensibilidade - O sistema sensorial põe o indivíduo em comunicação com o ambiente. - Sensações dependem de impulsos originados por estimulação de receptores ou órgãos terminais. - Esses impulsos são levados ao SNC por nervos sensoriais – conduzidos por trato de fibras até centros superiores para reconhecimento consciente, ação reflexa ou outras consequências da estimulação sensorial. - Existem diversas maneiras de classificar o sistema sensorial. Sherrington dividiu a sensibilidade: Extereoceptiva (tato, pressão, temperatura, dor). Interoceptiva (manutenção da homeostasia). Proprioceptiva (muscular, óssea e articular). - Sensibilidades especiais: Visão. Audição. Olfação. Labiríntica. · ANATOMIA E FISIOLOGIA: - Receptores – elemento fundamental. - Papel de transdutores – transformam os estímulos mecânicos em impulsos elétricos. - O diagrama da medula espinal e da raiz posterior mostra os receptores periféricos e as terminações das fibras na medula espinhal. - Primeiro neurônio - gânglio sensitivo (espinal e nervo craniano). - Segundo neurônio - vias que cruzam a linha média. - Terceiro neurônio - situado no tálamo. - Quarto neurônio - córtex somatossensorial. - A conexão do receptor, com áreas específicas do córtex, permite a distinção entre as diferentes formas de sensibilidade (discriminação sensorial). · LÂMINAS DE REXED: - Trato de Lissauer: fibras mielinizadas e amielinizadas que ascendem e descendem em 1-3 níveis. - Lâmina I: noci e termo receptores. - Lâmina II: Substância gelatinosa. Noci-termo-mecano receptores. Rede de neurônios que modelam os estímulos nociceptivos. · SISTEMAS PRINCIPAIS QUE PROMOVEM A EXTEROCEPÇÃO E A PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE: - Trato espinotalâmico lateral. · VIAS DE DOR E TEMPERATURA: - Trato neoespinotalâmico: filogeneticamente mais nova. - Trato paleoespinotalâmico: ativação cortical com significado emocional da dor. · VIAS NEOESPINOTALÂMICO: - Relaciona-se a dor: Epicrítica localizada (“pontada” ou “alfinetada”) e aguda. Formada por fibras mielinizadas A-delta. Ao pisar em um prego é a primeira via a ser ativada. Principal receptor - terminações livres. Dor costuma ser na lâmina I de Rexed. - Receptores de temperatura e dor: Terminações nervosas livres (termoceptores e nociceptores). - Relações somatotópica das vias aferentes (trato espinotalâmico lateral, fascículo grácil e cuneiforme). As fibras mais internas são oriundas da região cervical, enquanto as mais extremas são da região lombossacral. - Importante quando há acometimento desigual: tumores. · VIAS PALEOESPINOTALÂMICO: - Relaciona-se a for: Pouco localizada (difusa), do tipo crônica. Fibras “finas”, amielínicas, de condução lenta, fibras C. - Função: Fenômeno da ativação cortical (projeta-se para SARA). Emocional – conecta-se com o sistema límbico. Não tem distribuição somatotópica. · VIAS DA PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE, TRATO EPICRÍTICO E SENSAÇÃO VIBRATÓRIA (SENSIBILIDADE PROFUNDA): - Receptores – especializados: Tato: corpúsculo de Ruffini e Meissner. Sensibilidade vibratória: corpúsculo de Paccini. Propriocepção consciente: fusos neuromusculares e órgãos de Golgi. - Receptores: Fibras mielinziadas (grossas), Ia, Ib, II e III – A-alfa ou A-beta. Ascendem pelos tratos gráceis e cuneiformes até seus núcleos no bulbo e cruzam através das fibras arqueadas internas. - Função: Fenômeno da ativação cortical (projeta-se para SARA). Emocional – conecta-se com o sistema límbico. Não tem distribuição somatotópica. - Os axônios cruzam a linha média na altura do bulbo e são chamados de fibras arqueadas internas. - As fibras à medida que entram na medula, vão ocupando as regiões mais laterais e anteriores do funículo posterior, deixando as fibras mais caudais para as regiões mais mediais e posteriores do funículo posterior. - Lesões desse sistema levam a perda da sensibilidade: Corticopostural. Vibratória. Discriminação tatil. - Na prática tem perda do tato fino – paciente é incapaz de distinguir 2 pontos – percebe como 1 só. - Perda da capacidade de reconhecer objetos por sua forma, tamanho e textura. - O cruzamento dessas vias é o substrato anatômico para o fato de lesões acima da ponte levarem à perda da sensibilidade vibratória, tato epicrítico e propriocepção consciente da hemiface contralateral. - Definições geralmente aceitas de termos comuns relativos ao sistema sensorial e às anormalidades da sensibilidade: - Assim como na motricidade - lesões em diferentes níveis do SN causam quadros peculiares que são reconhecidos por características clínicas. - Importante separar se a lesão é periférica ou central. - Periférica - lesão respeita o território da raiz ou nervo lesado. Na periférica tem o dermátomo definido. · LESÂO PERIFÉRICA OU NERVO CRANIANO: - Ocorre anestesia e hipoestesia no território cutâneo de sua distribuição. - Neuropatia: Área de 1 único nervo “mononeuropatia”, causada por doença local (trauma direto, compressão ou vasculites). Vários nervos aleatórios "mononeuropatia múltipla", causas: DM e vasculares. Distribuição distal e simétrica "polineuropatia”, causas: metabólicas ou genéticas. · RAIZ POSTERIOR: - Radiculopatia – dor em faixa no dermátomo embriologicamente relacionado ao segmento medular. · LESÔES CENTRAIS: - Ocorrem desde a medula até o córtex cerebral. · MEDULA ESPINHAL: - Diversas lesões medulares causam quadros clínicos específicos. ==> SECÇÂO MEDULAR E/Ou MIELITE TRANSVERSA: - Perda de todas as formas de sensibilidade abaixo da lesão + déficits motores e do sistema autônomo. - Perda de todas as modalidades sensoriais abaixo do nível da lesão "nível de anestesia", pode identificar o seguimento medular acometido. ==> HEMISSECÇÂO MEDULAR: - Conjunto de sinais e sintomas denominados Síndrome de Brown-Sequard. - Sintomatologia decorrente da lesão dos principais tratos de uma metade da medula. - Homolateral: síndrome piramidal, perda da propriocepção consciente e tato epicrítico (grácil e cuneiforme). - Contralateral: anestesia térmica e dolorosa. ==> LESÂO DO FUNÍCULO POSTEIOR: - Típica da tabes dorsallis (sífilis), deficiência de cobre e/ou vitamina B12. - Perda: Seletiva da sensibilidade profunda abaixo da lesão. Propriocepção consciente. Palestesia e tato epicrítico. - Lesão do grácil e cuneiforme bilateralmente. ==> SÍNDROME SERINGOMIÉLICA: - Formação de uma cavidade no canal central da medula – siringomielia ou crescimento tumoral. - Destruição da parte cinzenta da medula e da comissura branca. - Lesão dos 2 tratos espinotalâmicos laterais, com perda; Sensibilidade térmica e dolorosa bilateral - “distribuição suspensa". Propriocepção e tato estão preservaos - dissociação siringomiélica. · TRONCO CEREBRAL: - Pode ser complexa devido ao local e estruturas evolvidas pela lesão. - Podem comprometer vias ascendentes (sensitivas) e descendentes (cerebelares) e núcleos de nervos cranianos. - Lesões de nervos cranianos – ipisilateral (com exceção do IV nervo - troclear). - Sensitivo e motor – contralateral. - Lesões unilaterais no tronco encefálico - síndromes sensitivas alternas, com nervos cranianos do mesmo lado. Sinais e sintomas de acordo com a raiz do nervo craniano – contralateral porque ainda não cruzou. - Bulbo: vias espinotalâmicas e proprioceptivas (lemnisco medial) permanecem separadas. - Tornam-se próximos ao nível do mesencéfalo. · TÁLAMO: - Lesões de núcleo ventral posterolateral – local de passagem de informações sensitivas. - Causam: Anestesia no hemicorpo contralateral. Sensibilidade dolorosa preservada. Síndrome talâmica: crises espontâneas de dor, sensações disestésica ou alodínia (difícil tratamento). · CÓRTEX: - Lesão da área somatossensorial - giro pós central. - Mesma somatotopia do córtex. - Todas as formas de sensibilidade são afetadas na fase aguda. - Algum grau de melhora da sensibilidade da dor e temperatura. - Fibras do trato paleoespinotalãmico - SRAA e sistema límbico. (TABELA AMANDA). · SEMIOLOGIA: - Sensibilidade como na motricidade – neuroanatomia e neurofisiologia. - Pesquisar sensibilidade superficial eprofunda. · EXAME CLÍNICO DA SENSIBILIDADE: - Testar a sensibilidade dolorosa, térmica e superficial. - O paciente deve manter os olhos fechados. - Estímulos simétricos (esquerda e direita) e solicitar para o paciente comparar e comentar. - A estimulação deve ser lenta e precisa, respeitando a área dos dermatomos para evitar a soma de percepções. - Identificando a área afetada, prosseguir na área de menor sensibilidade paraa de maior sensibilidade. - Sensibilidade térmica: frio (5 e 10ºC) e calor (40 a 45ºC). - Teste de quantificação sensorial: 1. Estímulos de diferentes tipos medidos com exatidão de resposta. 2. A térmica usa pulso de calor e frio e limitar de detecção, os extremos de temperatura avalia a dor. ==> EXAME CLÍNICO DA SENSIBILIDADE TÁTIL: - A sensibilidade tátil leve e pressão leve são transmitidas por grandes e pequenas fibras periféricas mielínicas. - O exame deve ser testado com fiapo de algodão, lenço de papel, uma pena, escova macia e toque leve no cabelo. - Solicite ao paciente se reconhece o estímulo. - Avaliação quantitativa – filamentos de Semmers-Weinstein. · SENSIBILIDADE PROPRIOCEPTIVA: - Sentidos de movimento e posição - sentido cinstéico, ou a percepção do movimento ativo ou passivo, é a consciência do movimento de várias partes do coro. - Sentido de vibração (palestesia). - Sensibilidade a pressão: intensamente relacionada a sensibilidade tátil, porém abrange a percepção da compreensão das estruturas subcutâneas. - Sensibilidade a dor profunda ou dor por pressão. · SENSIBILIDADE EXTEREOCEPTIVA: - Sensibilidade dolorosa epicrítica: forma de sensibilidade dolorosa cutânea que possui sistema neuronal bem definido (sistema extralemniscal). - Pesquisa-se: 1. Paciente em decúbito dorsal. 2. Semidespido. 3. Pressionando uma agulha sobre a pele. 4. Iniciar pesquisa pelos MMII. 5. Paciente com olhos fechados. - Nas polineuropatias periféricas, a anestesia dolorosa ocorre apenas nas extremidades distais dos membros (anestesia em bota e luva). - A sensibilidade térmica possui a mesma rota da dolorosa epicrítica, por isso sua pesquisa é dispensável. - Sensibilidade tátil: examinada com pincel ou chumaço de algodão. ==> SENSIBILIDADE PROPRIOCEPTIVA CONSCIENTE: - CInestesia, pesquisa com o paciente: 1. Decúbito dorsal e olhos fechados. 2. Movimentos passivos e sucessivos de flexão ventral e dorsal do hálux. 3. Identificar os movimentos. Lesões no sistema Lemniscal levam a comprometimento da cinestesesia iniciando-se pelas extremidades. - Artretesia ou sensibilidade postural: 1. Paciente em decúbito dorsal e olhos fechados. 2. Segurar hálux pelas faces laterais, e o colocamos lentamente para cima ou baixo. 3. Paciente deverá assinalar qual a posição imposta pelo examinador. Lesões no sistema lemniscal + amenas, o comprometimento postural procede ao da cinestesia. - Palestesia ou sensibilidade vibratória: Muitas vezes, é a única forma de sensibilidade proprioceptiva consciente a ser comprometida; em neuropatias diabéticas e em vários casos de mielinólise funicular. Pesquisa-se através de um diapasão, de 128 vibrações, colocando-o sobre saliências ósseas dos MMII e MMSS, o paciente deve acusar a sensação percebida. · SENSIBILIDADE PROPRIOCEPTIVA – SENSIBILIDADE A PRESSÂO: - Intimamente relacionado à sistema tátil, mas abrange a percepção da compreensão das estruturas subcutâneas. - Testadas com pressão firme (avaliar estruturas profundas – mm, tendões e nervos), com isso testando a dor profunda. - A perda da sensibilidade (tabes dorsallis): 1. Sinal de ABADIE – ausência de dor em resposta à compressão do tendão calcâneo. 2. Sinal de Biernacki - ausência de dor em resposta à compressão do nervo ulnar. 3. Sinal de Pitres – perda da dor à compressão dos testículos. · SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA OU VISCERAL; - Sensações viscerais gerais inervadas pelas fibras aferentes dos nervos cranianos (VII, IX e X) e nos nervos autonômicos toracolombares e sacros, e seguem com as vias eferentes até as vísceras. Os impulsos entram no SNC das vias aferentes somáticas, pelo trato espinotalâmico ipsilateral, fibras interseguimentares posteriores (ME) e ao longo do trato de Lissauer e chegando ao hipotálamo e tálamo sem decussão e posteriormente ao córtex parietal. - As inconscientes conduzem sensações de fome, náuseas, excitação sexual, distensão visceral e dor visceral. - As sensações especiais (olfato e paladar) são avaliadas nos nervos cranianos. · FUNÇÕES SENSORIAIS CEREBRAIS: - São as funções das áreas corticais primárias do córtex que recebem sensações de áreas do córtex de associação sensorial (lobo parietal) a fim de interpretar a dar significado. - O reconhecimento se dá pelo tamanho-forma e formado em duas/três dimensões para finalmente identificar o objeto. - As modalidades: 1. Esterognosia: percepção, compreensão, reconhecimento e identificação do formato e natureza dos objetos pelo tato. 2. Grafestesia: discriminação de figuras traçadas e escrita de números. 3. Discriminação de dois pontos: requer de uma sensibilidade tátil excelente. 4. Atenção sensorial: a extinção do tato (lesão núcleo pontino talâmico e tálamo). 5. Autopagnosia: agnosia da imagem do corpo – incapacidade de identificar partes do corpo. A agnosia de dedos + agrafia + acalculia + desorientação direita/esquerda - Síndrome de Gerstmann. · LOCALIZAÇÃO SENSORIAL: - A função sensorial e a atividade motoras são interdependentes. - Quando as vias estão distantes umas das outras, uma lesão pode ocorrer e afetar um tipo de sensibilidade preservando as outras. A perda dissociada da sensibilidade (síndrome de Wallenberg). Devido a um infarto vascular bulbar lateral. - Outras lesões/doenças que afetam o tronco nervoso periférico (radiculopatia) ou uma raiz espinhal, tendem a comprometer todas as fibras sensoriais (polineuropatias). - Os distúrbios sensoriais de um lado do corpo (hemiparesias) são por acometimento do tálamo ou córtex parietal. - Os distúrbios sensoriais de um dos lados do corpo com nível de dermatomo, sugerem lesões da ME. - Perda da sensibilidade cruzada (espinotalâmica de um lado + perda da sensibilidade e em coluna posterior do lado oposto) - Síndrome de Brown-Sequard.