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DEFINIÇÃO • A osteoporose é uma doença caracterizada pela fragilidade óssea e alterações na sua microarquitetura, tem como desfecho clínico mais importante a ocorrência de fraturas por baixo impacto e afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo • Nos EUA anualmente, ocorrem mais de dois milhões de fraturas relacionadas à osteoporose, especialmente em mulheres • Locais mais comuns de fraturas: vértebras, fêmur proximal, radio distal e quadril Hoje em dia é uma epidemia, quando penso nela, tenho que pensar em fazer a prevenção de fratura. Quando um idoso sofre uma fratura a mortalidade dessa população é muito alta. No idoso, ela está mais relacionada ao estrogênio, tendo ligação importantíssima com o climatério. As fraturas vertebrais são as mais frequentes e nem sempre elas possuem diagnóstico. Tem pacientes que fazem fratura vertebral sem ter queda; Além disso existem as fraturas de fêmur, que são consideradas muito debilitantes OSSO = COMO SERIA O IDEAL? “TÃO LEVE QUANTO POSSÍVEL, TÃO RESISTENTE QUANTO NECESSÁRIO!” A osteoporose surge quando começamos a perder essa arquitetura óssea. EPIDEMIOLOGIA • 10 milhões de brasileiros tem osteoporose, sendo que uma a cada 4 mulheres acima dos 50 anos • Ocorrem cerca de 2,4 milhões de fraturas por ano decorrentes da osteoporose, sendo que 200.000 pessoas morrem todos os anos no país em decorrência destas fraturas. • Só em 2010, o SUS gastou aproximadamente R$ 81 milhões para a atenção aos pacientes portadores de osteoporose e vítimas de quedas e fraturas CARACTERÍSTICAS • A osteoporose é a principal causa de fraturas na população acima de 50 anos • É uma doença silenciosa que afeta especialmente as mulheres na pós-menopausa e idosos tem elevada taxa de morbimortalidade • O principal objetivo do tratamento da osteoporose é a prevenção de fraturas OSTEOPOROSE SUBDIAGNOSTICADA A osteoporose é uma epidemia silenciosa! • Um estudo mostrou que o diagnóstico da osteoporose ou da fratura vertebral é realizado em menos de 2% dos médicos da atenção primária • O tratamento é oferecido a apenas 36% dos pacientes diagnosticados INCIDÊNCIA DE FRATURAS NO REINO UNIDO, POR SEXO E IDADE INCIDÊNCIA DE FRATURAS EM MULHERES COM MAIS DE 50 ANOS Uma vez que esses pacientes tem uma fratura de quadril, quase 25% morrem em 6 meses; 12% ficam dependentes; CONSEQUÊNCIAS DE UMA FRATURA DE QUADRIL • 25% morrem em 1 ano • 25% completamente dependentes • 50% perda da mobilidade • 10% terão uma nova fratura em 1 ano REMODELAÇÃO ÓSSEA ACOPLAMENTO, COMUNICAÇÃO E COORDENAÇÃO O crescimento e a manutenção da integridade e da função óssea dependem da remodelação, processo constante que leva cerca de 4-6 meses para completar-se (talvez mais no osso cortical). Duas células são as principais envolvidas nesse processo: os osteoclastos, responsáveis pela reabsorção óssea e os osteoblastos, responsáveis pela formação óssea MUDANÇAS NO CURSO DE VIDA DA MASSA ÓSSEA REABSORÇÃO ÓSSEA E DIFERENCIAÇÃO DO OSTEOCLASTOS EQUILÍBRIO DE FATORES MANUTENÇÃO DA QUALIDADE REMODELAÇÃO ÓSSEA A mulher que está entrando na menopausa deve ter uma melhor orientação sobre ingestão de cálcio, reposição de vitamina D e orientações nutricionais. REABSORÇÃO ÓSSEA: EQUILÍBRIO DE FATORES OSTEOPOROSE Falência neste processo de renovação e adaptação do esqueleto a estímulos mecânicos habituais → OSTEOPOROSE FATORES INDEPENDENTES DA DMO PARA RISCO DE FRATURAS • Sexo feminino • Idade • Etnia branca/oriental • Antecedente de fraturas • História familiar de osteoporose e/ou fraturas • Dieta pobre em cálcio • Baixo IMC • Tabagismo • Uso de corticosteroide ► Dose ≥ 5,0 mg/dia de prednisona por período superior a 3 meses • Inatividade física • Doenças Crônicas: ► Diabetes ► Deficiências ou excessos hormonais: hipogonadismo, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, Síndrome de Cushing ► Doenças intestinais ► Alguns tipos de câncer ► Doença pulmonar obstrutiva crônica ► Artrite reumatoide ► Anorexia nervosa ► Pacientes transplantados ► Pós cirurgia bariátrica Reabsorção Renovação MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA • Resultante de condições clínicas ou tratamentos que interferem no pico de massa óssea e/ou predispõe à perda óssea acelerada • Mais rara que a osteoporose involucional • Prevalência semelhante entre homens (21%) e mulheres (17,5%) • 27% dos indivíduos com fraturas osteoporóticas possuem causas secundárias (tratáveis). PREVALÊNCIA DE FATORES CONTRIBUINTES PARA OSTEOPOROSE PRESENTES COM A FRATURA • DPOC- 65 (10,4%) • Glicocorticoide- 53 (8,5%) • Menopausa precoce- 25 (5,2%) • AR ou LES- 32 (5,2%) • Etilismo- 16 (2,6%) • Anticonvulsivante 6 (1,0%) • Hipertiroidismo- 4 (0,6%) • DRC- 3 (0,5%) • Doença Inflamatória Intestinal- 3 (0,5%) • Um ou mais fatores- 144 (23,0%) *Pedimos densitometria óssea para todo mundo? Não, tem um diretriz que orienta quem a gente deve pedir. *Fratura por fragilidade é diferente de fratura por trauma NOVOS FATORES CONTRIBUINTES PARA OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA COM FRATURA CLÍNICA • Proteinemia monoclonal- 14 (2,2%) • DRC estágios III e IV- 54 (8,6%) • Hiperparatireoidismo- 17 (2,7%) • Hipertiroidismo- 39 (6,2%) • Hipogonadismo- 12 (1,9%) AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA INDICAÇÕES DE DENSITOMETRIA ÓSSEA • Mulheres com mais de 65 anos • Mulheres na pós menopausa com idade inferior a 65 anos com fatores de risco como: ► Baixa massa óssea ► Fratura Prévia ► Uso de Medicações que afetam a massa óssea ► Doenças ou condições associadas a perda de massa óssea • Homens com mais de 70 anos • Homens com menos de 70 anos se tiverem fatores de risco. • Adultos com antecedente de fratura por fragilidade, condição clínica ou uso de medicamentos associados à baixa massa óssea ou perda óssea. • Indivíduos para os quais são consideradas intervenções farmacológicas para osteoporose. • Indivíduos em tratamento para osteoporose, para monitoramento de sua eficácia. • Mulheres interrompendo terapia hormonal DIAGNÓSTICO SEGUNDO A DENSITOMETRIA Doença subjacente Na maioria dos pacientes iremos olhar o T-score. O z-score é para algumas doenças que podem se manisfetar com osteoporose de maneira mais precoce, então ele compara com essa população específica O rádio não é tão fidedigno quanto a coluna vertebral;. Quando fica vermelho quer dizer que está abaixo do desvio padrão. Os melhores sítios para o diagnóstico e acompanhamento parecem ser a coluna lombar e o fêmur total Uma coisa que não pode acontecer é um exame vir com grandes diferenças de desvio padrão em um mesmo local. Quando isso acontece, consideramos como um exame que não foi tão bem feito ou como uma margem de erro. AVALIAÇÃO LABORATORIAL Fosfatase alcalina faz diagnóstico diferencial com outras doenças ósseas, como doença de paget ou osteomalácia Função renal: devido ao diagnóstico diferencial com osteodistrofia renal QUEM NECESSITA DE FARMACOTERAPIA 1. Pacientes com osteopenia ou baixa massa óssea e histórico de fratura por fragillidade no quadril ou coluna 2. Pacientes com T- score ≤–2.5 na densitometria óssea 3. Pacientes com T- score entre -1 e -2.5 se a probabilidade se fratura osteoporóticas segundo o FRAX for ≥20% em 10 anos FRAX é um algoritmo que usa informações clínicas e da densidade mineral óssea para indicar a probabilidade de fratura em 10 anos nos homens e nas mulheres Ele vem desse jeito, já te dá verdinho ou vermelho – você consegue calcular com ou sem a densitometria óssea. Sem a densitometria óssea, caso venha na faixa laranja, quer dizer que você vai precisar da densitometriaFRAX DO BRASIL FEITO PELA ABRASSO Paciente com osteopenia e já teve uma fratura → trata Paciente com T-score <2,5 → trata, já é osteoporese T-score entre 1 e 2,5, se o score de FRAX for >20% → trata TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO Se baseia em 3 pilares: dieta + exercícios físicos + cessação do tabagismo + cuidados para prevenção de fraturas! PREVENÇÃO DE FRATURAS • Retirada de tapetes • Antiderrapantes no banheiro • Cuidado com escadas • Cuidado com degraus • Barras auxiliares em banheiros • Atenção aos pisos escorregadios • Melhoria na luminosidade TRATAMENTO NUTRICIONAL ARSENAL TERAPÊUTICO DA OSTEOPOROSE • Coadjuvantes ao tratamento: ► Cálcio (1000-1200 mg/dia) ► Vitamina D3 (400-1000 UI/dia) • Anti-reabsortivos ► Bifosfonatos ► Raloxifeno (SERM) ► Calcitonina ► Denosumabe • Formadores: ► PTH 1-34 • Ação mista ► Estrôncio INGESTÃO ADEQUADA (AI): ACADEMIA NACIONAL DE CIÊNCIA (EUA) Idade (anos) Calcio (mg/dia) > 50 1200 INGESTÃO ADEQUADA (AI): UNIÃO EUROPÉIA Idade (anos) Calcio (mg/dia) > 50 800 CÁLCIO DIETÉTICO E RISCO DE FRATURAS: COORTE LONGITUDINAL Primeiro estudo que mostrava o papel da ingestão de cálcio na dieta, de forma correlacionada com o risco de fraturas; ele observou que quanto mais calcio ingerido, o risco de fraturas era menor MORTALIDADE CARDIOVASCULAR E SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO Ai veio esse estudo que realizou suplementação intensa de calcio, e isso demonstrou que houve um aumento da mortalidade nesses pacientes que foram suplementados cmo mais de 1000 mg de cálcio por dia no período de 5 anos Então descobriu que esse calcio era depositado nas artérias, causando placas e aumento o risco cardiovascular EXCESSO DE CÁLCIO PODE SER PREJUDICIAL Esse estudo WHI evidenciou que a suplementação com 1000 mg de cálcio, eles tiveram um pequeno incremento da massa óssea porém isso não melhorou as fraturas e aumentou o risco de litíase renal SAIS DE CALCIO • CARBONATO DE CÁLCIO ► Econômico ► Maior % cálcio elementar por peso molecular. 40% biodisponibilidade ► Necessita da acidez gástrica ► Mais efeitos gastrointestinais • CITRATO OU LACTATO: ► Melhor absorção em situações de hipo ou acloridria ► Pacientes com nefrolitíase ou com antecedentes de cirurgia gástrica (gastrectomias) ou bariátrica ► Mais caro, até 3x mais • Maior fraçao de aborção quanto mais fracionado • Dose deve ser titulada de acordo com o conteúdo de cálcio da dieta • A suplementação de cálcio não deve exceder 500-600 mg por dose Ideal é que a suplementação não exceda 500 a 600 mg por dose, assim o ideal é fazer o questionário para decidir o quanto vamos suplementar. O certo é que tivéssemos os 1200mg em alimentos, quando não conseguimos ai podemos entrar com suplementos. Uma dieta sem nada de leite e queijo varia de 200-250 mg de cálcio por dia. Um copo de leite equivale a mais ou menos 200mg de cálcio. Além de atingir os 1000mg por dia precisamos ter boa absorção de cálcio com a vitamina D dentro dos valores adequados. Existe uma calculadora online para o cálculo da ingestão diária de cálcio. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO BIFOSFONADOS • Principal classe de drogas antireabsortivas • São análogos químicos do pirofosfato com capacidade de ligação da matriz óssea e inibição dos osteoclastos • Ação: ► Inibição do recrutamento dos osteoclastos ► Diminuição do tempo de vida dos osteoclastos ► Inibição de sua atividade de superfície óssea ► Interferem na formação das bordas escavadas • Aprovados para prevenção de osteoporose em mulheres e homens • Classe mais prescrita para o tratamento de osteoporose no mundo Alendronato 70 mg/semana Risendronato 35 mg/semana Ibandronato 150 mg/mês Ácido zoledrônico 5 mg/ano • Prescrição: ► Os de via oral: tomar em jejum + posição ereta ► Excreção renal ► Restrição de uso: crianças e adolescentes Quando o paciente toma o remédio e deita, o remédio pode parar no esôfago e causar úlceras esofágicas; então normalmente falamos para eles escolherem um dia da semana (geralmente na segunda feira para não esquecer) e realizar toda essa rotina de ficar sem deitar após ingestão • Efeitos colaterais: ► Diarreia, epigastralgia, úlceras esofágicas ► Genito-urinário: insuficiência renal ► Orofacial: osteonecrose de mandíbula ► Paradoxalmente, longa duração (osteoporose) Quando tratamos mais de 10 anos com bifosfonados temos medo de ocorrer a osteonecrose de mandíbula – então o tempo ideal de trat. é de pelo menos 5 anos, mas paradoxalmente, se tratar por mais de 10 anos podemos ter lesões líticas • Depois dos 5 primeiros anos de tratamento, interromper o tratamento com alendronato é adequado para a maior parte dos pacientes • Deve-se considerar um período de drug holiday (pausa no medicamento) com reavaliação do risco de fratura após 2 ou 3 anos • Há exceções O ibandronato e teriparatida parece não proteger com relação a fraturas de quadril (mas protegem contra fraturas vertebrais e não vertebrais); O raloxifeno protege apenas contra fraturas vertebrais (para fraturas não vertebrais e de quadril ele não exerce proteção) DENOSUMABE: ANTICORPO ANTI-RANK-L • Primeiro fármaco biológico aprovado para o tratamento de osteoporose • É um anticorpo monoclonal que se liga ao ligante do receptor do fator nuclear kapa B (RANKL), uma citocina secretada pelos osteoblastos considerada essencial para a diferenciação, atividade e sobrevivência dos osteoclastos • Anticorpo monoclonal humano: isótipo IgG2 • Alta afinidade e especifidae pelo RANK ligante humano CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DO DENOSUMABE E MUDANÇAS PERCENTUAIS NO CTX SÉRICO O pico dele acontece de maneira muito rápia, com cerca de 72 horas já temos o pico; além disso observamos uma queda de reabsorção óssea, que é o CTx-sérico; • Propriedades farmacocinéticas do denosumabe: ► Administrado por injeção subctuânea (60 mg) ► Significante redução nos marcadores de remodelação dentro de 12-72 horas e manutenção desta redução por até 6 meses ► Tempo de meia vida: 26 dias ► Esquema de dose: a cada 6 meses São drogas que perdem o efeito muito rápido após a suspensão da droga; já os bifosfonados tem seus efeitos perdurando por muito tempo após interromper o tratamento • Reduz a reabsorção óssea e o risco de: ► Fratura verteral (68%) ► Não vertebral (20%) ► Femoral (40%) Reduz o risco de todos os tipos de fratura, diferente do ibandronato que não reduz o risco de fraturas de quadril; RALOXIFENO • O raloxifeno é um modulador seletivo do receptor de estrogênio com mecanismos de ação anti- reabsortivos • Aumenta discretamente a DMO • Reduz em 30% o risco de fraturas vertebrais, não atuando sobre fraturas não vertebrais e do fêmur TERIPARATIDA • O unico fármaco anabólico disponível no mercado brasileiro, aprovada para o tratamento por 24 meses • É o paratormônio humano recombinante com 34 ou 84 aminoácidos • Alto custo e evidências limitadas após tratamento antireabsorção prolongado • Sugere-se optar por seu uso apenas no subgrupo de mulheres com osteoporose grave e maior risco de fratura TODOS OS MEDICAMENTOS VÃO PREVENIR FRAURA DE COLUNA EFICÁCIA CONTRA FRATURAS DE QUADRIL (JÁ NÃO SÃO TODOS) Ibandronato e raloxifeno não tem eficácia contra as fraturas de quadril; o teriparatida ainda precisa de mais estudos para confirmar, mas na prática clínica eles acabam sendo usados SITUAÇÕES ESPECIAIS • BIFOSFONADOS EV: doença esofágica grave / fratura pre-existente • DENOSUMAB: TFG < 30 ml/min após excluir osteodistrofia renal ► Lembrar que podemos estar de uma osteodistrofia renal e não de uma osteoporose ► Para dignóstico de osteodistrofia renal precisamos de uma biópsia histopatológica do osso, o que no interioré difícil de conseguir • TERIPARATIDA: idade < 65 anos / Ts < 4,0 ou > 2 com fraturas vertebrais pré-existentes • RALOXIFENO: osteoporose isolada da coluna vertebral e menopausa recente
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