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Articulação entre estratégia organizacional, desempenho e gestão por competências Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 SST Valéria Marconi, Márcia Articulação entre estratégia organizacional, desempenho e gestão por competências/ Márcia Valéria Marconi Ano: 2020 nº de p. :14 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 Articulação entre estratégia organizacional, desempenho e gestão por competências 3 Apresentação Cada vez mais é percebida a importância de integrar a estratégia organizacional e a gestão das pessoas. Para que isto aconteça algumas mudanças devem acontecer no que tange ao desempenho das pessoas e da organização. Nesta unidade vamos falar sobre os indicadores de desempenho, especialmente sobre o Balanced Scorecard (BSC) que trabalha com quatro dimensões avaliativas. Vamos abordar o tema da gestão por competências, cujo objetivo é de aumentar o desempenho organizacional por meio do desempenho individual de seus colaboradores. Falaremos também do desenvolvimento e a retenção de competências são de extrema importância para as organizações que veem o talento de seus profissionais como peça fundamental no diferencial de negócio em relação à concorrência. Indicadores de desempenho Por muito tempo o desempenho da empresa era tradicionalmente mensurado aos indicadores financeiros. Contudo, esse cenário está mudando. Um importante aliado dessa nova proposta é o Balanced Scorecard (BSC), um método desenvolvido na década de 1990 por Kaplan e Norton que permite avaliar o desempenho organizacional por meio da decomposição da estratégia em objetivos e indicadores e do alinhamento do desempenho das pessoas com o da organização (FERNANDES, 2013). De acordo com o relatório do banco Santander, que utiliza o BSC considerando uma das ferramentas mais relevantes à sustentabilidade, foi reconhecido como o banco mais sustentável do mundo pelo Índice Dow Jones de Sustentabilidade de 2019. O índice, que avalia o impacto econômico, ambiental e social de mais de 175 bancos, concedeu ao Santander uma pontuação global de 86 em 100. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 4 Para conhecer mais detalhes sobre o BSC do Santander, acesse o site institucional do banco e confira o seu manifesto sobre a sustentabilidade. Visite: https://www.santander.com.br/ sustentabilidade/posicionamento/estrategia Atenção Para se utilizar o BSC, é possível traduzir a missão e a estratégia organizacional em objetivos, que são organizados por indicadores ligados a dimensões (financeiro, clientes, processos internos e aprendizagem/crescimento) que orientam todos os envolvidos sobre os caminhos para atingir o sucesso. A ideia é que todas as pessoas canalizem energia e competências para alcançar os objetivos estratégicos. Cada colaborador tem a possibilidade de acompanhar e observar nitidamente seu desempenho, em caráter individual, verificando como ele está conectado ao desempenho organizacional. Em outras palavras, cada um sabe como está (ou não) contribuindo para o desempenho global. Desempenho global. Fonte: Plataforma Deduca (2020) Precisamos atentar, ainda, para o fato de que as atividades devem estar alinhadas à estratégia organizacional, de maneira que a organização e seus colaboradores tenham o melhor desempenho possível. Esse desempenho pode ser mensurado Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 5 utilizando meios como o BSC, que nos permite monitorar e conhecer cada um dos detalhes da empresa, entre eles as competências que estão sendo mobilizadas e agregam valor. Em resumo, as competências indicam o nível de presteza de uma empresa para executar suas estratégias. Articulação entre estratégia organizacional, cultura e gestão por competências A cultura organizacional que se insere no contexto da gestão por competências influencia diretamente as estratégias e, consequentemente, as competências organizacionais. Ela define quais são os comportamentos adequados dentro do ambiente organizacional e como devem ser as relações da organização com seus stakeholders (clientes, colaboradores, concorrentes, fornecedores etc.). Em português, o termo stakeholders pode ser traduzido como parte interessada. Refere-se a quem tem interesse legítimo no desempenho de uma organização. Curiosidade Em conformidade com Schein (2009), a cultura organizacional representa o produto decorrente do aprendizado gerado com base nas experiências compartilhadas por pessoas (equipe/grupo). Para o autor, a cultura é aprendida e pode ser desenvolvida por meio de experiência e se modificar ao longo do tempo. Além disso, é possível que existam subculturas diferentes dentro da organização, contanto que todas sejam convergentes com a cultura organizacional. A cultura organizacional pode ser considerada um meio de controle dos comportamentos individuais, de modo a integrar os objetivos de cada um aos objetivos organizacionais. Nesse sentido, os valores da empresa podem ser difundidos por meio de treinamento, mobilização e até repressão dos comportamentos negativos ou não aceitáveis. Quem se comportar dentro do Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 6 padrão desejado, com a obtenção de bons resultados, pode ser premiado e indicado como modelo a ser seguido. Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável Fonte: Plataforma Deduca (2020) Um caso que pode ser exemplificado é o caso da Natura. A empresa afirma prezar pela responsabilidade social e pelo desenvolvimento sustentável, adotando práticas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e utilizando embalagens recicladas em seus produtos. Segundo o site institucional da organização, “[...] a existência da nossa empresa deve ajudar a tornar o meio ambiente e a sociedade melhores. Queremos gerar impacto positivo econômico, social, ambiental e cultural” (NATURA, 2017). Podemos dizer que, entre as competências organizacionais da Natura, encontram-se as relacionadas à sustentabilidade, e os colaboradores que respeitarem os procedimentos operacionais definidos pela empresa como parte de sua estratégia para promover a sustentabilidade devem ser reconhecidos e servirem de modelo para os demais. Assim, todos saberão que a organização valoriza quem tem comportamentos que se relacionam a essa competência, que é compatível com a cultura organizacional. Em síntese, os colaboradores que assimilarem da melhor forma a cultura organizacional terão maior alinhamento com os objetivos e estratégias da organização e tenderão a apresentar melhores resultados. Há ainda a expectativa de que esses colaboradores influenciem os colegas e, em consequência, disseminem e consolidem ainda mais a cultura. Dessa forma, novas competências Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 7 individuais podem ser desenvolvidas, buscando conexão com as competências organizacionais e com os rumos da empresa. Cultura organizacional Fonte: Plataforma Deduca (2020) Caso não haja esse alinhamento da cultura organizacional com a estratégia, a organização terá muita dificuldade em disseminar seus valores e crenças de modo que contribuam para o alcance de seus objetivos. A cultura organizacional oferece particularidade à organização, pois é um fator de difícil imitação (pré-requisito das competências essenciais). Podemos perceber, então, que ela tem um papel de destaque para a formulação da estratégia organizacional. É necessário que seja mantido um alinhamento entre cultura, estratégia e gestão por competências para que a organização apresente melhores resultados e um bom desempenho. Nesse sentido, é fundamental existir uma articulação entre recursos e a gestão por competências, queforam estudadas na unidade anterior. Estrutura e etapas do modelo de gestão por competências Agora sabemos que a implantação do modelo de gestão por competências precisa estar calcada nos objetivos organizacionais. Para tanto, sua estrutura deve se basear em algumas premissas básicas que direcionam todas as ações gerenciais e que são listadas por Gramigna (2002): Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 8 Perfis específicos e únicos: consciência de que cada empresa tem necessidade de pessoas com perfis específicos e únicos; Funções com características próprias: noção de que cada função exercida dentro da organização possui características próprias que requerem competências específicas do profissional que exercerá determinada função; Gestores como geradores de oportunidades: reconhecimento de que os gestores são responsáveis por ofertar oportunidades e apoiar o desenvolvimento de competências por parte dos colaboradores; Desenvolvimento de novas competências: percepção de que sempre será necessário desenvolver novas competências, visto que as competências que hoje são essenciais para o desenvolvimento das atividades podem não ser suficientes amanhã. Uma vez bem incorporadas pela organização, essas premissas contribuem de maneira significativa para a implementação do modelo de gestão por competências, o que torna o projeto transparente para os colaboradores. Por essa razão, é essencial que elas sejam conhecidas por todos os colaboradores e incorporadas à cultura global e ao comportamento das pessoas que atuam na organização. A estrutura do modelo de gestão por competências pode ser representada da seguinte forma: Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 9 Modelo de gestão por competências: acompanhamento e avaliação Fonte: Adaptada de Guimarães et al. (2001, p. 250) Vemos, na figura, que o modelo de gestão por competências é baseado em três pontos muito importantes: Estratégia organizacional: envolve decisões sobre as metas/objetivos em curto, médio e longo prazo, a distribuição dos recursos para atingir as metas e as tarefas críticas da empresa; Competências essenciais: conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma organização oferecer um determinado benefício aos clientes; Objetivos organizacionais: constituem o fim desejado, o que a organização pretende atingir, e orientam o comportamento da empresa em relação ao futuro e aos ambientes interno e externo. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 10 Temos, ainda, etapas que se relacionam, ocasionando um processo contínuo em que uma fase depende diretamente da outra para que o processo aconteça de maneira integrada. Entretanto, será que toda e qualquer empresa pode implantar o modelo de gestão por competências? A resposta é sim, desde que tenha todos esses elementos bem definidos. Neste entendimento, precisamos conhecer quais etapas compreendem esse modelo. Para Leme (2005), o modelo de gestão por competências pode ser dividido em seis etapas, listadas a seguir. Sensibilização: é preciso apresentar a todos os envolvidos quais razões levam a empresa a implantar o modelo de gestão por competências e no que ele consiste. Definição das competências organizacionais: quais são as competências que a organização precisa ter para trabalhar alinhada com os objetivos e estratégias organizacionais? É necessário que as competências organizacionais estejam bem definidas, pois elas representam os pilares que sustentam e estruturam uma empresa. Definição das competências de cada função: após definir as competências organizacionais, é preciso estabelecer as competências para cada uma das funções da empresa. Para isso, é indispensável possuir uma descrição fidedigna e atualizada de todas as funções e selecionar pelo menos uma pessoa de cada função para auxiliar nesse processo. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 11 Identificação das competências dos colaboradores (individuais): é preciso conhecer o gap entre as competências do colaborador e as que são necessárias para ele executar a função. Em outras palavras, saber quais competências o colaborador deveria possuir para realizar adequadamente suas atividades profissionais, mas que, na realidade, não possui e/ou não aplica. A palavra gap é um termo em inglês que significa uma lacuna ou um vácuo. Curiosidade Segundo Carbone et al. (2006), é a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a estratégia corporativa e as já existentes na empresa. Para se chegar a ela, são identificados os níveis de complexidade com que cada pessoa lida durante a realização de suas atribuições. Vamos imaginar que identificamos as competências para a função de gerente de marketing. Suponhamos que Mário ocupe esse cargo, mas será que ele possui as competências necessárias para a função? E em qual nível? Quando o colaborador não possui o nível de competência ideal para a função, damos a esse espaço que falta para que ele alcance esse nível o nome de gap, ilustrado no gráfico que compara o nível de competências esperado para a função e o apresentado pelo colaborador: Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 12 Gap função x colaborador Fonte: Adaptado de Leme (2005, p. 3) Observando o gráfico, podemos perceber que o colaborador está abaixo do nível ideal de competências para a função. Nesse cenário, é preciso elaborar um plano de ação, por exemplo, e realizar um treinamento específico para que as competências possam ser desenvolvidas. Podemos, ainda, encontrar outras duas situações ao realizar o comparativo. O colaborador pode estar acima do nível requerido pela função. Nesse caso, é necessário pensar na possibilidade de novas atribuições e responsabilidades, com aumento do nível de complexidade. A outra situação acontece quando o colaborador já possui todas as competências necessárias, isto é, não ocorre o gap. Desenvolvimento dos colaboradores: após mapear as competências de cada um dos colaboradores, podemos descobrir quais cada um possui e mobiliza. Assim, é necessário realizar ações, como treinamento e desenvolvimento específicos para tentar eliminar os gaps identificados. Além disso, talvez seja preciso realizar novas contratações, caso não se consiga desenvolver as competências necessárias internamente. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 13 Acompanhamento da evolução: essa última etapa envolve a mensuração (acompanhamento) da evolução de cada colaborador e da implantação do modelo, buscando responder a questões como: o colaborador desenvolveu as competências necessárias? Os objetivos e metas propostos foram atingidos? Nessa fase, é possível identificar os benefícios da gestão por competências, como: identificar talentos para novos projetos; analisar as equipes e motivar as pessoas por meio do aproveitamento e reconhecimento dos profissionais mais competentes; e reaproveitar talentos em outras funções e influenciar remuneração, benefícios e plano de carreira. Cumpre apontar que esse processo é contínuo, isto é, sempre será necessário fazer reavaliações. Fechamento Aprendemos neste estudo que as organizações foram evoluindo e se adaptando as novas necessidades referentes a gestão de pessoas. Para isto foi necessário buscar alternativas no desenvolvimento das equipes e encontrar indicadores de desempe- nho. Entendemos que o Balanced Scorecard (BSC) é uma metodologia que permite avaliar o desempenho organizacional por meio da decomposição da estratégia em objetivos e indicadores e do alinhamento do desempenho das pessoas com o da organização. Observamos a importância da cultura organizacional como um produto do aprendizado pelas experiências compartilhadas pelas equipes e que vão se modificandocom o passar do tempo, mas que devem se manter alinhadas aos valores da empresa. Também apreciamos o modelo de gestão por competências e suas etapas, como a estratégia organizacional e suas decisões sobre os objetivos, as competências essenciais tão importantes e que permite a uma organização oferecer um determinado benefício aos clientes e os objetivos organizacionais que orientam o comportamento da empresa em relação ao futuro. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06 14 Referências BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 1, p. 8-15, 2001. CARBONE, Pedro Paulo; BRANDÃO, Hugo Pena; LEITE, João Batista Diniz. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: FGV, 2006. FERNANDES, Bruno Henrique Rocha. Competências e Desempenho Organizacional - O que Há Além do Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Editora Saraiva. 2013. GUIMARAES GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de Competências e Gestão de Talentos. São Paulo: Editora Pearson, 2007. LEME, R. Aplicação prática de gestão de pessoas por competências: mapeamento, treinamento, seleção, avaliação e mensuração de resultados de treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. SCHEIN, Edgar H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Atlas, 2009. Licensed to ISMAEL NUNES DA SILVA FILHO - mael.nsilva@uol.com.br - 414.534.538-06
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