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Fisiologia gastrointestinal - introdução e motilidade

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Fisio II (P1) 
Raquel Barcelos 
FISIOLOGIA II – MED107 
 
 
FUNÇÃO DO SISTEMA DIGESTÓRIO 
1. MOTILIDADE: impulsiona o alimento ingerido a partir da boca até o reto. 
2. SECREÇÃO: contribui para a digestão dos alimentos e absorção dos 
nutrientes. 
3. DIGESTÃO: degradação dos alimentos em moléculas passíveis de absorção. 
4. ABSORÇÃO: proporciona a captação de nutrientes, eletrólitos e água. 
5. EXCREÇÃO: eliminação dos produtos não absorvidos. 
O sistema digestório é um canal, que vai da boca até o ânus, recebendo 
secreções (como saliva, bile e enzimas pancreáticas). 
 
 
O processo inicia na boca, 
com a quebra do alimento 
em partículas menores 
(diminui a área de contato, 
facilita a ação das enzimas 
digestivas). Então, ao 
engolir, o alimento passa 
para o esôfago. O esôfago 
apenas funciona como tubo 
com ação peristáltica que 
leva o alimento ao 
estômago. 
A peristalse leva o alimento para o estômago. No estômago não há absorção de alimentos (com 
exceção do álcool), mas há secreção de HCL e enzimas (quando o alimento se mistura com essa 
secreção, chamamos de quimo). No intestino delgado há muita secreção e absorção, principalmente 
no duodeno (com destaque para enzimas pancreáticas). No intestino grosso essa ação diminui, 
havendo absorção apenas de água e eletrólitos. Também há secreção, produzidas pelas criptas de 
Lieberkuhn, o muco secretado auxilia na formação da massa fecal que será levada para o ânus. 
O nutriente que foi absorvido cai na corrente sanguínea, no sistema porta (venoso). O sangue é levado 
para o fígado, para que os nutrientes sejam processados e levados novamente para a corrente 
sanguínea, chegando ao coração para ser bombeado e levado aos demais órgãos. 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
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O intestino delgado absorve água, o intestino grosso absorve água e sais (eletrólitos). Entretanto, o 
intestino delgado absorve mais água (e nutrientes). Por isso, quando há um problema no intestino 
delgado a perda de absorção é muito maior. 
Compreendemos que para haver a digestão, os alimentos 
precisam passar pelo tubo digestivo, ficar um determinado tempo 
em cada porção do tubo digestivo, entrar em contato com as 
secreções digestivas e depois de digeridos, serem absorvidos e 
distribuídos pela corrente sanguínea. Tudo controlado pelo 
sistema nervoso e hormônios. *Esse tempo varia, por exemplo, 
passa mais rápido no esôfago do que no estômago. 
ANATOMIA FISIOLÓGICA DA PAREDE GASTROINTESTINAL 
Mucosa – Submucosa – Muscular externa – Serosa/Adventícia 
Serosa = peritônio (conjuntivo revestindo o órgão e epitélio). Com 
exceção da segunda e terceira porção do duodeno, todos os 
órgãos revestidos pelo peritônio possuem serosa. 
Quanto ao esôfago, possui adventícia e serosa (parte que está no peritônio) dependendo da parte. 
O sistema nervoso entérico é considerado intrínseco, pois as fibras nervosas estão dentro da 
parede. Ele é subdividido em dois plexos: submucoso (na submucosa) e mioentérico (nas camadas 
musculares). O plexo submucoso não auxilia na motilidade, apenas o plexo mioentérico. O plexo 
submucoso ajuda a controlar as secreções e a movimentação da mucosa, mas não auxilia na 
peristalse. 
 
 
A motilidade refere-se à contração e relaxamento das paredes e dos 
esfíncteres do trato gastrointestinal (TGI). 
PADRÕES DE MOTILIDADE 
Propulsão: a musculatura se contrai para empurrar o alimento para 
frente. 
Mistura: favorece a digestão e a absorção porque assim todo alimento 
entra em contato com a parede digestiva. 
MÚSCULO LISO 
Células fusiformes. As membranas celulares 
possuem muitas junções comunicantes (GAP), 
assim os íons podem passar pelas células de forma 
rápida, gerando uma rápida despolarização para a 
contração muscular. Por isso, o músculo liso é entendido como um sincício (se 
contraem ao mesmo tempo, como uma só unidade). O músculo liso precisa de 
cálcio para contrair. 
As células musculares lisas possuem canais iônicos que se abrem periodicamente e produzem 
correntes internas (marca-passo). Necessita de cálcio para a contração. 
MOTILIDADE 
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As ondas lentas são variações do potencial de repouso (resultam da constante despolarização e 
repolarização). São oscilatórias. Não são um potencial de ação, mas seu pico pode gerar um potencial 
de ação (ao gerar um potencial de ponta). Geralmente determinam o ritmo das contrações GI. Não 
estão associadas à entrada de cálcio na célula muscular, 
apenas sódio. Parecem ser resultantes da interação das células 
musculares lisas com as células intersticiais de Cajal (são 
marcapasso). 
A despolarização das células ocorre através da entrada de cálcio 
(pontas ou potencial de pico). Os potenciais em ponta (ou em 
espículas) surgem quando a membrana fica mais positiva do que 
-40mV. 
Essa ação (despolarização) é estimulada pelo sistema nervoso 
parassimpático, pela ação, por exemplo, da acetilcolina. Como 
ação antagônica, o sistema nervoso simpático gera hiperpolarização dificultando o PA e a contração 
muscular. 
RESUMINDO A ATIVIDADE ELÉTRICA: 
Ondas lentas: entrada de sódio, não geram PA, não gera contração, são oscilatórias. 
Potencial de pico/ponta: entrada de cálcio, gera PA, gera contração. Surgem quando a membrana 
fica mais positiva do que -40 milivolts. 
 
CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO GI: 
Sistema Nervoso Entérico (SNE) localizado na parede do TGI. Composto por 2 plexos (mioentérico 
e submucoso). Possui Fibras simpáticas, parassimpáticas e sensoriais que se conectam a estes 
plexos podendo intensificar ou inibir as ações do SNE. 
PLEXO MIOENTÉRICO 
Se estende ao longo da parede intestinal, fica entre as camadas longitudinal e circular. Possui alguns 
neurônios inibitórios (esfíncteres). Controle da atividade muscular (peristaltismo) – contrações: 
• Força 
• Ritmo 
• Intensidade 
• Velocidade de condução das ondas excitatórias 
PLEXO SUBMUCOSO 
Controle da secreção, absorção local e contração do músculo liso da submucosa. 
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O funcionamento dos plexos é interligado, para proteger o organismo quando necessário. 
O tubo digestivo é estimulado externamente pelos sentidos (visão, olfato). Esses estímulos chegam 
ao encéfalo que coordena sinais para o plexo mioentérico. Além disso, a peristalse também pode ser 
estimulada por outros fatores, como após alimentação, mudança de pH e osmolaridade. 
REFLEXOS GASTROINTESTINAIS 
Reflexos totalmente integrados ao SNE – ex: peristaltismo, algumas secreções. 
Reflexos do intestino para os gânglios simpáticos e de volta ao intestino – ex: reflexo gastrocólico, 
enterogástricos (como apendicite, pois com a inflamação a pessoa não sente fome). 
Reflexos do intestino para a medula ou tronco encefálico e de volta ao intestino – ex: reflexo da dor, 
reflexo da defecação. 
Reflexos: primeiro nome é onde começou e o segundo onde vai agir. 
Obs: perder a fome é um mecanismo de defesa. 
CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE GI 
Em geral, os efeitos hormonais são mais importantes para as funções secretórias do que para a 
motilidade. Interferem na motilidade: 
1. Colecistocinina – Inibe o esvaziamento gástrico; causa contração da vesícula biliar e secreção 
pancreática. Liberada ao ingerir carne, por exemplo. Faz com que a fome seja inibida para que o 
alimento possa ser digerido (quando nos alimentamos de alimentos que demoram para serem 
digeridos). Produzida pelo duodeno (jejuno) e age na vesícula. É um hormônio endócrino, pois é 
levado pela corrente sanguínea. 
2. Motilina – Estimula a motilidade gástrica e intestinal. 
*Pessoas com refluxo tomam o remédio motilium, para que o alimento seja digerido mais rápido e 
evite o refluxo. 
*Hormônios parácrinos não são transportados pela corrente sanguínea, agem em células próximas. 
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RESUMO DA REGULAÇÃO E CONTROLE DA FUNÇÃO GI: 
- Sistema nervoso entérico 
- Sistema nervoso autônomo: simpático e parassimpático 
- Fibras nervosas sensitivas 
- Hormônios endócrinos e parácrinos 
- Volume e composição do conteúdo luminal 
TIPOS DE CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA LISA GI 
Contração fásica: contração e relaxamento periódicos. 
Contração tônica: mantida e sustentada. 
MOVIMENTOS DO TGI 
Lei do intestino: sempre em direção anal. 
Movimentos propulsivos – Peristaltismo. Fazem com que o alimento 
percorra o trato com uma velocidade apropriada para digestão e absorção. 
Requer um plexo mioentérico ativo. 
Surgimento do anel contrátil na musculatura circular - Estímulo usual: 
distensão do TGI - Outros estímulos : irritação física, química e sinais do 
parassimpático. 
Movimentos de mistura – diferem nas várias partes do TGI. 
 
 
 
1° ETAPA: MASTIGAÇÃO: 
Triturar, misturar e quebrar o alimento. Inicia a digestão. 
Dentes incisivos, molares e pré-molares. 
É um processo voluntário. Pode ser estimulado por vários fatores, como: ao colocar um alimento na 
boca, ao sentir um cheiro. Estímulo principalmente através do nervo trigêmeo. Principal músculo 
utilizado é o masseter. 
Digestão física e digestão química. Na mastigação há uma digestão mecânica. 
2° ETAPA: DEGLUTIÇÃO: 
O início é voluntário, mas depois é involuntário. O palato mole eleva-se e fecha a nasofaringe, a 
epiglote fecha a laringe. Pessoas com demência ou AVC podem perder esse comando e aspirar os 
alimentos. Na parte final do processo da deglutição, o esfíncter esofagiano precisa abrir para o 
alimento passar. O piloro não permite que alimentos grandes passem. Os alimentos ficam no 
estômago até serem digeridos. 
Engasgar: o alimento/líquido vai para a laringe. 
Pares cranianos envolvidos: V, IX, X e XII. 
PROPULÇÃO E MISTURA NO TGI 
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Fase esofágica da deglutição: 
1. Reflexo da deglutição – Abertura do esfíncter esofagiano superior. 
2. Contrações peristálticas primárias – estimulada pelo reflexo da 
deglutição. Fechamento do EES. 
3. Abertura do esfíncter esofagiano inferior – Ação do nervo vago com 
liberação do neurotransmissor VIP (peptídeo intestinal vasoativo). Abre 
após peristalse intensa no esôfago, quando o inferior abre o superior 
se fecha. 
4. Contrações peristálticas secundárias – SNE pela distensão causada 
pelo próprio alimento. 
*A musculatura contrai e os esfíncteres relaxam (ação do 
neurotransmissor VIP). 
O esfíncter esofágico inferior fica contraído o tempo todo (contração tônica). O esfíncter é 
importante para que não haja refluxo: doença do refluxo gastroesofágico. Células produtoras de ácido 
sobem do estomago para o esôfago, como o esôfago não tem muco protetor a parede é lesada. 
*O esôfago é um tubo de condução, não existem enzimas digestivas nele. A peristalse acontece 
quando há distensão da parede esofágica. Não há mistura, apenas propulsão. 
Peristaltismo primário – con1nuação da onda peristál1ca que começa na faringe. 
Peristaltismo secundário – resultam da distensão do próprio esôfago pelo alimento distendido. 
Há uma secreção mucosa para a proteção. 
HISTO: 
1/3 músculo esquelético – 2/3 esquelético e liso – 3/3 músculo liso 
• Faringe e 1/3 superior do esôfago – músculo estriado esquelé1co – controle por nervos motores: 
glossofaríngeo e vago 
• Outros 2/3 já temos músculo liso – controle pelos vagos em conexão com o plexo mioentérico. 
Até esse ponto houve apenas a digestão parcial do amido pela amilase salivar. 
ESTÔMAGO 
Quando o esfíncter abre, o estômago relaxa para ter volume e 
acomodar o alimento, relaxamento receptivo. Ocorre por conta 
do nervo vago. 
Órgão capaz de armazenar grande quantidade de alimento. 
Local onde se forma o quimo = alimento + secreções gástricas. 
Esvaziamento lento para o duodeno (aos poucos). 
Na primeira parte do estômago (porção oral), ocorrem 
contrações leves (pelo relaxamento receptivo). Quando chega na porção caudal há os potenciais de 
ponta que resultam na contração efetiva (peristalse). Na porção oral eram ondas lentas que progridem 
se intensificando até se tornarem potenciais de ponta. 
Esfíncter esofágico inferior relaxado (vago – VIP); 
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Alimento chega ao estômago - relaxamento receptivo da porção oral do estômago (reflexo vogovagal). 
1° Início da mistura do alimento através das ondas lentas. 
2° Contração (peristalse) pelos potenciais de ponta. 
3° Movimento de peristalse leva a abertura do esfíncter pilórico, permitindo a passagem de uma 
pequena parte do quimo. 
4° A parte do alimento que não consegue passar faz retropulsão (movimento de mistura). 
 
Assim, no estômago se destacam três tipos de movimento: 
- mistura pelas ondas lentas. 
- propulsão pelos potenciais de ponta. 
- retropulsão do alimento que não passou para o duodeno (segunda mistura). 
Há um movimento de propulsão (empurrar o quimo para passar no piloro e chegar ao duodeno). Esse 
movimento se chama bomba pilórica. Nem todo alimento passa de uma vez, ele retorna 
(retropulsão). Esse movimento favorece a mistura. 
As ondas progridem do corpo para o antro (oral-caudal) e vão ficando mais intensas, gerando potencial 
de ação – mistura – piloro fechado; 
As contrações periodicamente impelem o alimento para o duodeno, 
passando pelo piloro (que neste momento se relaxa - VIP) e o alimento 
que não passou é novamente misturado = Propulsão e retropulsão. 
Movimentos que misturam o quimo: ondas de mistura lentas e a 
retropulsão 
Movimento que causa o esvaziamento gástrico = Propulsão ou Bomba 
pilórica. 
Distensão da parede = contração. 
O principal controle de esvaziamento gástrico é o duodeno, através de 
hormônios. 
 
FATORES QUE AUMENTAM O ESVAZIAMENTO GÁSTRICO: 
1. Volume gástrico: por estimular reflexos mioentéricos que acentuam a bomba pilórica; 
2. Gastrina: aumenta liberação de HCl e tem efeitos brandos a moderados sobre a motilidade do 
estômago. Parece intensificar a bomba pilórica. 
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3. Parassimpático 
4. Motilina 
Líquido isotônico absorve mais rápido do que o hipertônico. 
Velocidade de esvaziamento: líquidos > sólidos / isotônicos > hipotônicos ou hipertônicos 
Diminui o esvaziamento gástrico: 
- Volume excessivo de quimo 
- Quimo excessivamente ácido 
- Quimo com muita proteína e gordura 
- Hipertônico ou hipotônico 
- Irritativo 
Sinais de feedbak inibitório: 
1. reflexos nervosos enterogástricos 
2. feedback hormonal (CCK) 
Atuam inibindo a bomba pilórica e aumentam o tônus do esfíncter pilórico. 
A intensidade do esvaziamento gástrico é limitada à quantidade de quimo que o intestino delgado 
pode processar! 
*úlcera gástrica: estomago 
*úlcera péptica: duodeno, esôfago ou estomago 
 
Passagem mais lenta, 1cm/min devido a existência das pregas circulares. 
Funções da motilidade do intestino delgado: 
- Mistura com secreções duodenais, otimizando a digestão. 
- Contato do quimo com mucosa intestinal, otimizando a absorção dos nutrientes. 
- Propulsão do quimo em direção ao cólon. 
 
Propulsão: peristalse. 
Mistura: segmentação. 
 
 
 
 
INTESTINO DELGADO 
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Válvula ileocecal: retenção. Fica dentro do ceco (primeira porção do intestino 
grosso). Só abre quando nos alimentamos. 
Nos casos de apendicite não há fome. Essa válvula se fecha, há uma 
peristalse de luta. 
M A válvula garante uma via de mão única, previne refluxo. Irritação no íleo = 
abre a válvula. Irritação no ceco = fecha a válvula. 
 
 
Funções: 
• Absorção (1/2 proximal) de água e eletrólitos do quimo para formar fezes 
sólidas. 
• Armazenamento (1/2 distal) de material fecal até que possa ser 
excretado. 
Absorção de água e eletrólitos (o que não foiabsorvido no intestino 
delgado). Colón ascendente e começo do transverso. Em seguida o 
conteúdo vai ficando mais sólido. 
Motilidade no Intestino Grosso: 
• Mistura – Haustrações 
• Propulsivos – movimento de Massa. 
Dilatação cerca de 20 cm depois da contração. No geral acontece de 1 
a 3 vezes por dia, manhã ou após o almoço. Reflexo da defecação. 
O esfíncter anal interno ele não é controlável (músculo liso), já o externo 
é controlável (músculo esquelético). 
Quando não há a defecação após o estímulo, as fezes ficam presas e 
passam a ressecar no intestino. 
 
 
INTESTINO GROSSO

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