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É uma ocorrência comum em crianças Geralmente ocorre passagem e eliminação espontânea do objeto através do TGI. E apenas uma parcela pequena necessita de intervenção cirúrgica ou endoscópica A ingestão é acidental e os objetos ingeridos são encontrados no ambiente doméstico tais como: • pilhas • brinquedos • moedas • bijuterias • alimentos Em uma pequena taxa de paciente psiquiátricos pode haver a ingestão intencional/provocada Alguns objetos merecem atenção especial devido a seu potencial de toxicidade e risco de lesão no trato digestivo, morbidade e mortalidade. Entre as lesões mais importantes, destacam-se as perfurações e fistulas digestivas após a ingestão de pilhas, objetos perfurantes e múltiplos ímãs Quando a impactação ocorre no esôfago, se dá a nível de estreitamentos fisiológicos como EES (musculo cricofaríngeo). Objetos alojados na porção media do esôfago tem maior chances de induzir a espasmos e lesões, que podem levar a complicações graves como: estenoses, perfurações, fistulas para o aparelho respiratório. Objetos perfurantes podem lesar o esôfago levando a edema cervical, crepitações do subcutâneo e pneumomediastino. Lesões próximas a aorta podem resultar em hemorragia fatal. Ao passar pelo esôfago, 80-90% são ingeridos e eliminados espontaneamente, sem conduta adicional. As manifestações nesses casos são tardias. Em casos nos quais a conduta adicional é necessária a endoscopia digestiva desempenha papel importante, pois minimiza os índices de leses digestivas e suas sequelas (estenose de esôfago). As taxas de remoção endoscópica são de 20%, e ocorrem quando há impactação em algum local do TGI Na endoscopia, alguns marcos anatômicos devem ser cuidadosamente avaliados, pois nestes, a impactação é mais comum, são eles: • EES e EEI • Piloro • Curvatura duodenal e ângulo de Treitz • pacientes com histórico de patologia do TGI ou cirurgia, tem mais chances de impactação, perfuração e obstrução Taxas de morbidade e mortalidade são baixas e estão associadas a obstrução ou perfuração do TGI Nos EUA, cerca de 100.000 crianças são atendidas no serviço de emergência após ingestão de corpo estranho A maioria dos casos (90%) ocorre em crianças entre 6 meses e 6 anos de idade História clínica e exame físico: Geralmente há relato ou testemunha da ingestão Em crianças com distúrbio cognitivo o diagnóstico é mais difícil e necessita abordagem detalhada Os achados varam da idade da criança e região anatômica envolvida, por isso, deve-se manter alto grau de suspeitas em crianças muito sintomáticas e de forma brusca apresentando: • Vômito • Tosse Conduta na Emergência • Sialorreia (produção excessiva de saliva) • Engasgo • Dificuldade respiratória • Recusa alimentar O objeto ingerido deve ser avaliado quanto: tipo, forma, tamanho, toxicidade, localização no TGI Via aérea e respiração são prioridades Edemas, eritemas e crepitação na região cervical indicam perfuração esofágica Estridor e sibilância podem indicar impactação digestiva, causando compressão no aparelho respiratório Distensão abdominal, dor intensão ou sinais de abdome agudo perfurativo ou obstrutivo devem ser submetidos a radiologia e avaliação da equipe de cirurgia Radiografia Simples: A radiografia AP e lateral tem papel fundamental, especialmente na diferenciação de pilhas e moedas. Deve ser realizado na avaliação inicial ou investigação de todos os casos de ingestão de corpo estranho, mesmo naqueles considerados radio transparentes pois a conduta medica dependera da localização, formato e tamanho do objeto. Objetos não radiopacos, fornecem sinais indiretos de perfuração e identificam outras complicações Quando há duvida ou incerteza, pode-se usar radiografia de abdômen e região cervical para complementar investigação. Para diferenciação de pilhas e moedas, deve-se procurar pela imagem de duplo contorno (duplo anel, ou duplo halo) na imagem anteroposterior ou pelo sinal “step off” em perfil. Além disso a radiografia pode fornecer indícios de obstrução e perfuração do trato digestivo, como: • pneuoperitonio • pneumomediastino • distribuição inadequada de gases ou distensão de alças com nível liquido em pacientes acompanhados ambulatorialmente, a radiografia pode ser feita a cada 3 a 5 dias no intuito de acompanhar a progressão do objeto através do TGI objetos que se mantem no mesmo local por mais de 3 dias podem-se considerar a remoção exame contrastado raramente é utilizado, apenas em casos de indicação posterior de perfurações do TGI. Usa-se então contrastes hidrossolúveis, contendo iodo, uma vez que os com aro são contraindicados visto que ele pode prejudicar a visualização endoscópica posterior Tomografia Computadorizada: Feita para avaliação inicial e indicada em suspeita de complicações como: • complicações • perfurações • fistulas • complicações estruturais adjacentes há indicação quando há suspeita de complicação após remoção do corpo estranho, ou quando o objeto não é visível em radiografia de tórax, mas o acidente encontra-se sintomático e o objeto ingerido possui características importantes (longo, largo ou perfurante), ou quando suas características não são conhecidas Ressonância Magnética: • Não tem indicação • Pode ser usada em condições raras na pesquisa de complicações secundarias à ingestão • Quando o objeto é radio lucente e não é visto em radiografia, a RM pode ser usada em substituição a TC • Formalmente contraindicada em ingestão de objetos metálicos Endoscopia digestiva alta: • Pode ser um método diagnostico o terapêutico • Método de escolha para remoção do objeto, pois permite visualização do corpo estranho e avaliação do TGI • Pode ocorrer em regime de emergência (máximo de 2h após a ocorrência da ingestão ou urgência (até 24h do acidente) • A indicação deve ser criteriosa, pois em regime de emergência não permite jejum adequado aumentando riscos de broncoaspiração As principais indicações para realização da ED são: • Bateria localizada no esôfago • Ingestão de múltiplos imas ou imas associados a pecas metálica • Objeto impactado no esôfago (maior risco em crianças <5 anos e objetos maiores de 2cm • Risco de aspiração (paciente incapaz de deglutir a saliva) • Objetos perfurantes ou cortantes • Paciente muito sintomático (principalmente sintomas respiratórios) Principais indicações de remoção em regime de urgência: • Objetos no estomago > que 2,5cm de diâmetro (chance de impactar no piloro) • não progressão do objeto ingerido (por mais de 24h) • persistência dos sintomas esofágicos mesmo quando objeto já se localiza no estomago Quando se opta pela indicação de endoscopia em regime de urgência para remoção de objetos localizados no esôfago, é prudente a realização de uma nova radiografia imediatamente antes do procedimento. Alguns pacientes podem ser acompanhados ambulatoriamente, sem necessidade de intervenção endoscópica. Deve-se assegurar o seguimento e reavaliações periódicas do paciente. Qualquer paciente que apresente sintomas de sialorreia, dor abdominal, sangramento digestivo, náuseas e vômitos persistentes deve ser prontamente reavaliado e considerada a realização de estudos por imagem e/ou endoscopia. Objetos de baixo risco não precisa ser acompanhados com radiografias seriadas Poucos pacientes necessitarão de intervenção cirúrgica. Nos pacientes muito sintomáticos, especialmente naqueles com instabilidade hemodinâmica, o seguimento inicial deve ser realizado em parceria com a equipe de cirurgia. Quando se detecta perfuração esofágica durante a avaliação endoscópica, procede- -se com internação, passagem de sonda nasoenteral, dieta zero e antibioticoterapia profilática Os casos de complicações como estenoses, perfurações, obstruções e fístulas devemser avaliados individualmente e a intervenção cirúrgica deve ser sempre considerada.
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