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Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Câncer de próstata: Tumor sólido mais frequente em homens; Segundo tumor mais frequente (1° lugar: câncer de pele não-melanoma); Segundo tumor mais letal (1° lugar: câncer de pulmão); 68,220 casos novos (2018), 14.484 mortes (Brasil, 2015). Ano 2010: 8.000 mortes; 1 em cada 6 homens são acometidos – Incidência aumentando; É considerado um câncer da terceira idade, já que em cerca de 75% ocorrem em pacientes com mais de 65 anos; A taxa de incidência é maior em países desenvolvidos do que em países em desenvolvimento; No passado: diagnóstico tardio (doença avançada); Quadro Clínico: Sintomas miccionais/ metástases/ toque retal alterado; 1980: advento do uso do PSA (Aprovado pelo FDA em 1994); ↑ Incidência: ↑diagnóstico precoce (tumores iniciais e de baixo risco). O aumento das taxas de incidência no Brasil pode ser justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento da expectativa de vida; Sobretratamento de tumores baixo risco (overtreatment): A partir do momento que começou a usar o PSA para rastrear pacientes junto com o toque retal, percebeu-se que estava diagnosticando o paciente com câncer de próstata muito precoce inicial. E hoje, já se sabe que câncer de próstata em estágio inicial, quando de baixo risco, não precisa necessariamente ser operado, para que essas pessoas não tenham consequências da cirurgia sem necessidade. Pergunta: Nos casos de tumores de baixo risco, é preciso pedir o imunohistoquíquimico? Resposta: A imunohistoquímica só é solicitada quando há dúvida do resultado de biópsia normal. Graças ao diagnóstico precoce também houve ↓ morte câncer específico; A prostatectomia radical ↑ morbidade decorrente dos tratamentos: incontinência urinária e impotência sexual (Antigamente, 100% das pessoas que faziam a cirurgia do câncer de próstata ficava impotente. Hoje, 10% ou até mesmo 5% a depender da técnica utilizada); Discussão sobre a validade do rastreamento (2012 E.U.A.): Overdiagnosis + overtreatment X Late diagnosis (Foi discutido se vale a pena mesmo o diagnóstico precoce, por conta das comorbidades que pode oferecer para pacientes que forem operados. Às vezes é preferível diagnosticar um pouco mais tardiamente, pois já vai estar em um momento bom para realizar algum tipo de tratamento e a comorbidade não será uma opção, ela poderá acontecer ou não). Recomendações de tratamento: ♂ > 45 anos: Negros, História Familiar positiva para Ca Próstata → PSA + Toque Retal anualmente; ♂ 50 a 75 anos: PSA + Toque Retal anualmente; Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre ♂ > 75 anos: PSA + Toque Retal anualmente se expectativa de vida > 10 anos. Fatores de risco: Idade: quanto mais velho é o paciente maior o risco de desenvolver um Ca de próstata; Hereditariedade: homens que têm 1 ou mais caso na família têm risco aumentado para o desenvolvimento do câncer, principalmente se o familiar desenvolveu antes dos 60 anos de idade. Além disso, apresentar história familiar de outros tipos de câncer potencialmente herdados (como câncer de mama com diagnóstico em < 50 anos, câncer de mama masculino, câncer colorretal, de ovário, pâncreas e melanoma) também podem aumentar o risco de câncer de próstata; Raça: homens de raça negra têm risco aumentado (Tem 2,5x mais chances de ter câncer de próstata independentemente da hereditariedade). Estilo de vida: tabagismo, arsênio (indústria de tinta), aminas aromáticas (indústria de tinta), obesidade [CA-P avançado]. Quanto mais saudável o indivíduo, menos chance ele tem de ter câncer se não estiver relacionado à raça ou hereditariedade; Existem três coisas que fazem o PSA de um homem elevar: O da prostatite é comum e é o falso positivo, pois ele eleva não porque a pessoa está com câncer, mas sim porque houve uma irritação da glândula prostática e ela sofre apoptose por inflamação ou por infecção e, dessa forma, o PSA fica alterado: pico. Câncer de próstata não tem elevação abrupta de PSA, como é o caso da prostatite. Psiu! Os americanos são a favor de conduta conservadora, em que não se faz nada e repete o PSA em 30 dias. Já o europeu faz a antibioticoterapia no paciente para evitar um possível abscesso prostático. Quadro clínico: Assintomático: Em fases iniciais, de modo geral; Disfunção miccional: Mais comum em HPB, mas pode estar presente também em paciente com Ca de próstata principalmente quando em fases mais avançadas; Invasão de órgãos adjacentes: Coluna lombar, bacia e o fêmur. Todas as áreas hipercaptantes são áreas comprometidas pela Ca metastático; Hemospermia: Presença de sangue no esperma; Fraturas patológicas: Que às vezes ocorrem mesmo em mínimos traumas. O primeiro ponto de metástase à distância do câncer de próstata é o osso. Psiu! O primeiro ponto de metástase local é o linfonodo. O câncer de risco intermediário ou alto, na hora de fazer a cirurgia, retira a cadeia ganglionar da fossa obituratória para se fazer o estadiamento local do câncer. Vai para a biópsia, que vai dizer se no linfonodo tem câncer (Se não tiver, é porque está localizado na próstata e isso é um bom prognóstico). Metastáses: Ossos, Linfonodos, etc. Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Na imagem acima percebe-se o câncer saindo da próstata e infiltrando as vesículas seminais. É por isso que toda cirurgia de próstata tem que acontecer com a retirada concomitante da vesícula seminal. Por conta da retirada dessas estruturas, a ejaculação desse homem será seca. Rastreamento: Em consonância com as evidências científicas disponíveis e as recomendações da OMS, a organização de ações de rastreamento para o câncer da próstata não é recomendada. Quanto à idade de início do rastreamento, devido a essas questões entre risco e benefício, ainda não foi precisamente definida. A maioria dos autores indica 50 anos, apesar de haver referências a 45 anos e 55 anos. Homens de raça negra ou que tenham dois ou mais parentes de primeiro grau afetados devem ser avaliados a partir de 45 anos. Diagnóstico: Antigamente quando se achava um nódulo na próstata, por exemplo, já mandava direto para a biópsia. Hoje em dia é muito usada a RM multiparamétrica, a qual analisa a capacidade de difusão do oxigênio e de contraste (Na área suspeita é vista uma imagem de subtração, pois o metabolismo é mais rápido). Uma vez que teve a suspeita com a RM, aí sim vai para a biópsia. Nesse caso, o profissional saberá corretamente onde está a lesão e a biópsia será guiada e direcionada para aquela área de suspeita. Psiu1): Essa RM evita uma biópsia desnecessária, direciona a biópsia e a programação cirúrgica se torna muito mais focada. Psiu2): O protocolo diagnóstico é fazer a RM randomizada e depois vai para a área suspeita biopsiar direcionado. A biópsia guiada por US com ou sem fusão de imagens de RMN (fusionada ou cognitiva) é indicada quando: PSA > 2,5 e/ou Toque retal alterado; Velocidade PSA > 0,75/ano. Deve-se realizar a biópsia, após uma decisão compartilhada, se: Expectativa de vida é de, pelo menos, 10 anos (alguns atribuem uma expectativa de vida para biópsia de, pelo menos, 5 anos); O PSA está elevado acima da faixa normal da faixa etária do paciente ou o PSA aumentou mais de 0,75 ng/ml ao longode um ano ou anormalidade palpável em exame de toque. Nessa imagem, percebe-se a área de subtração. Pode ser prostatite, mas basicamente é difusão de oxigênio e de contraste. Patologia: Adenocarcinoma acinar da próstata; 70% Zona Periférica – palpável ao toque retal; Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Tumor sólido, endurecido, branco amarelado; Escala de Gleason (6-10); Papel da Testosterona: os tumores prostáticos geralmente são dependentes de testosterona, quando a testosterona, normal no organismo do homem, faz o tumor crescer. Estratificação de risco: BAIXO RISCO INTERMEDIÁRIO ALTO RISCO PSA <10 10-20 >20 Gleason <6 7 >8 Toque retal <50% Restrito à próstata Invade outras estruturas Tem que ter, pelo menos, dois resultados alterados desses três fatores (PSA, Gleason e toque retal) e de preferência todos alterados. O toque retal pode ser substituído por imagem ou resultado da biópsia. Tratamento: Visando a cura: Cirurgia (Prostatectomia Radical); Radioterapia; Braquiterapia. Visando o controle: Hormonioterapia; Quimioterapia. A escolha do tratamento para um paciente depende de uma decisão informada desse, incorporando conhecimento sobre risco e benefícios potenciais associados a cada abordagem, além de preferências pessoais. As recomendações gerais para tratamento determinam que uma expectativa de vida de, pelo menos, 10 anos deve ser garantida com a intervenção. Caso a expectativa seja < 10 anos, a conduta é de espera vigilante, acompanhando a progressão da doença e fornecendo tratamento paliativo para as queixas do paciente, a fim de promover uma melhor qualidade de vida para esse. Quando a expectativa de vida com o tratamento seja ≥ 10 anos, o tratamento vai se basear no risco do paciente. Estratégias de acompanhamento: Vigilância ativa (baixo risco): É realizada com aquele paciente de baixo risco, previamente hígido, em que foi diagnosticado o câncer, porém possui boa expectativa de vida. Esse paciente geralmente terá a opção de não operar e, dessa forma, ficará sob vigilância rigorosa por meio de programas de vigilância estruturados com acompanhamento regular. É o paciente em que o PSA deu menor que 10, Gleason 6 e está em menos do que 50%. Após 6 meses será repetida a biópsia, depois disso será anual ou bianual, a depender da evolução do PSA do paciente. O PSA também é repetido a cada 3 meses. Se perceber uma alteração da curva do PSA para cima ou uma imagem diferente da RNM (que também é realizado a cada 6 meses), realiza a biópsia novamente. E assim que houver uma mudança de qualquer um dos três parâmetros (PSA, Gleason e toque retal), será sugerido um tratamento; Espera vigilante: Refere-se ao tratamento conservador de pacientes considerados inadequados para o tratamento curativo desde o início, e os pacientes são vigiados pelo desenvolvimento de progressão local ou sistêmica com queixas (iminentes) relacionadas a doenças, em que estágio são tratados paliativamente de acordo com seus sintomas; Pacientes >80 anos: Indica-se apenas a observação quando se descobre um tumor em paciente com idade mais avançada, ou seja, mais de 80 anos. Nesse caso, o tumor pode ter um avanço mais lento e o paciente com tantas comorbidade ou mesmo pela idade não aguentar um tratamento radical. Deve-se optar por uma observação mais conservadora na intenção de só intervir se houver uma progressão mais agressiva e evitar a piora na qualidade de vida. Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre Opções terapêuticas para risco intermediário e baixo risco: Cirurgia: Prostatectomia radical: Retirada da próstata junto com as vesículas Seminais, ductos deferentes e gânglios linfáticos. Em casos de tumores de alto risco pode ser feita também a linfadenectomia estendida que vai até à bifurcação das cadeias ilíacas. A prostatectomia pode ser realizada por abordagens abertas, laparoscópicas ou assistidas por robôs. Psiu1): Se o paciente tiver uma sobrevida maior do que 10 anos, pode fazer tanto a cirurgia ou a quimioterapia, pois, do ponto de vista oncológico, não terá diferença nesses dois tipos de tratamento (no caso da cirurgia, ela dará uma margem um pouco melhor de sobrevida, com ausência de recidiva). Porém, se for uma pessoa multimórbida, não é indicado cirurgia. Psiu2): A impotência é o outro lado da cirurgia: 25 a 50% de possiblidade de se tornar impotente após a cirurgia. Cirurgia robótica: Uso de um equipamento bastante avançado em que o cirurgião consegue ter uma visão tridimensional utilizando o robô e que ele tem recursos bastante avançados de cirurgia que permitem algumas situações de dissecção mais detalhada e com uma visão mais elaborada do que o acontece na cirurgia aberta. Possui a vantagem da recuperação precoce da disfunção erétil. Radioterapia: O paciente entra em um protocolo de tratamento e são feitas em torno de 30 sessões de exposição diária de mais ou menos 1 hora; Objetivo: finalidade curativa - eliminar todas as células malignas presentes na próstata; Resultados muito semelhantes à cirurgia radical de próstata. Tem complicações um pouco diferentes: irritação do reto e da bexiga, sangramento urinário e retal, dor pélvica; Os efeitos colaterais são cumulativos. Ex.: cistite actínica, proctite actínica; Pode ser indicada para pacientes que tenham outras comorbidades e que a cirurgia seja arriscada. E para aquele paciente que fez a cirurgia e teve uma recidiva. A braquiterapia de baixa dose é uma radioterapia que utiliza sementes radioativas permanentemente implantadas na próstata e as doses de radiação são administradas Fernanda Carvalho – Medicina UNIFTC | 7º semestre durante semanas e meses. Há também a braquiterapia de alta dose, em que são introduzidas temporariamente na próstata e são administradas doses de radiações em minutos. A braquiterapia pode ser realizada em monoterapia em pacientes de baixo e médio risco de forma isolada. Hormonioterapia: Geralmente quando o paciente faz a radioterapia possui uma recidiva; Objetivo: baixar os níveis de testosterona no organismo. o Castração (Retirada da Testosterona): - Química: fita através de medicamentos. Geralmente o paciente atinge os níveis hormonais de castração com meses de uso dos medicamentos e pode fazer com que o tumor fique sobre controle durante muito tempo; - Cirúrgica: retirada dos testículos, faz a retirada completa da testosterona no organismo. Tumor regride rapidamente. Quimioterapia: Casos refratários; Metástases; Imunoterapia. Prevenção: Não existem ainda medicamentos que previnam o Ca de próstata de forma eficiente. Estilo de vida/Dieta? Evitar tabagismo, praticar atividade física; Vitamina D/E? Não mostraram nenhum benefício na prevenção; Licopeno (tomate)? Combate radicais livre, ou seja, um antioxidante. Poderia ter algum benefício; Selênio? Presente na castanha, alguns estudos dizem que sim outros que não previne; Quimioprevenção. Referências:- Aula de Urologia – Dr. Rossi; - Livro Urologia Brasil 2013 – SBU; - Material de Urologia da SanarFlix.