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DISCIPLINA: MARKETING DE RELACIONAMENTO AULA 01 Prof.ª Shirlei Camargo 2 CONVERSA INICIAL Olá aluno! Bem-vindo a sua primeira aula de marketing de relacionamento. Nesta primeira aula você verá a evolução desde os primórdios do marketing até chegar ao nosso marketing de relacionamento. Depois aprenderá conceitos importantes, como valor para o cliente, satisfação e lealdade. Também aprenderá o que e quais são os programas de fidelização existentes. A ideia é que ao final desta aula você já tenha uma boa noção do que é e para que serve o marketing de relacionamento. Vamos lá? CONTEXTUALIZANDO Ter bons relacionamentos é importante em todas as áreas da vida. Não seria diferente nos negócios, ainda mais atualmente com o aumento da concorrência, em que as empresas buscam o tempo todo formas de se diferenciar. Segundo o dicionário Michaelis, “relacionamento” é a capacidade de interagir bem com as pessoas. Portanto, o “marketing de relacionamento” busca manter bons relacionamentos entre empresas e consumidores. Mas assim como em nossas vidas, será que devemos sempre manter os relacionamentos a todo custo? Essa e outras perguntas serão respondidas durante nossa aula. TEMA 1 - BREVE HISTÓRICO E O QUE É MARKETING DE RELACIONAMENTO? O marketing é um conceito que vem evoluindo ao longo do tempo. Como você pode ver na figura a seguir, antes das indústrias surgirem, a sociedade vivia a era artesanal. 3 Evolução do marketing Fonte: Elaborado pela autora. Nessa época existiam diversos artesões (alfaiates, ferreiros, sapateiros entre outros) que produziam para as pessoas produtos sob medida e mediante encomenda (COBRA, 1986). Por exemplo, não existiam lojas de calçados, de roupas ou de material de construção como nós as conhecemos hoje. Porém, com a Revolução Industrial, apareceram as primeiras indústrias organizadas. Surge a era industrial, na qual os produtos passaram a ser industrializados e estocados (COBRA, 1986). Saiba mais sobre a revolução industrial no link: http://www.suapesquisa.com/industrial A ideia era encontrar formas de cada vez produzir e distribuir mais e mais produtos. Porém, com o passar do tempo, começaram a surgir os primeiros sinais de excesso de oferta de produtos (SANTOS et al., 2009). Com os produtos sendo fabricados em série, a produção aumentou muito, fazendo com que a oferta superasse a demanda, causando um excesso de estoques nas fábricas (OLIVEIRA, 2008). Aliás, você conhece a lei da oferta e demanda? Saiba mais: acesse este link e veja um vídeo bem curtinho e didático sobre este tema: https://www.youtube.com/watch?v=9dQjg_up4fQ Antes de 1850 Era artesanal (vendas sob encomenda) De 1850 a 1930 Era industrial (escoar um número cada vez maior de produtos) 1930 Era das vendas (oferta maior que a demanda, vender a qualquer custo) E ra d o m a rk e ti n g 1940/1950 Vender a qualquer custo não gera fidelidade, é preciso entender o cliente 1960 O marketing influencia a sociedade 1970 Não basta entender o consumidor, é necessário satisfazê-lo 1980 Não basta satisfazer o consumidor, é necessário criar um relacionamento com ele 1954 - O termo marketing é usado pela primeira vez no Brasil http://www.suapesquisa.com/industrial https://www.youtube.com/watch?v=9dQjg_up4fQ 4 Então, para aliviar os estoques abarrotados, as empresas começaram a focar nas vendas – surge a era das vendas. Pouco importava o que o consumidor queria, o que importava era vender! Contudo, na década de 1950, as empresas começaram a perceber que as vendas a qualquer custo (estratégias agressivas e muitas promoções) não geravam fidelidade dos consumidores, necessária para a sobrevivência das companhias (OLIVEIRA, 2007). Foi então que surgiu a era do marketing com a preocupação de entender o comportamento do consumidor, saber o que levava as pessoas a comprarem. Na década de 60, ficou claro que o marketing tinha poder e influenciava fortemente a sociedade, o que levou ao surgimento da preocupação com questões éticas e sociais, tema que retomaremos em outra aula. Já na década de 70, o foco era a satisfação do consumidor (não bastava entendê-lo, era preciso satisfazê-lo). Surgem os shoppings, o posicionamento, promoção, merchandising. Também o marketing agora não se aplicava só a produtos, mas à política, entidades beneficentes, universidades, escolas, etc. (SANTOS et al., 2009). Porém foi na década de 80 que as empresas perceberam que não bastava apenas satisfazer o cliente, mas sim proporcionar algo a mais que os demais concorrentes. Aqui surge o marketing de relacionamento com o objetivo de criar lealdade por meio de relações duradouras e com benefícios tanto para a empresa como para o consumidor. Segundo o renomado AMA (American Marketing Association), “marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado”. Portanto, na própria definição geral do que é marketing, o relacionamento aparece como um dos seus pontos principais (PALMATIER, 2008). Um grande estudioso da área, Palmatier, define marketing de relacionamento como: “o processo de identificação, desenvolvimento, manutenção de trocas relacionais com a finalidade de melhorar o desempenho das empresas” (PALMATIER, 2008 p. 3). Portanto o marketing de 5 relacionamento surgiu mudando o foco do marketing que antes estava nas “transações” para as “relações”. Mas aqui quero fazer uma pausa e refletir junto com você. Se você pensar em tudo o que vimos até aqui, perceberá que, na verdade, apesar de o nome e de o enfoque acadêmico do marketing de relacionamento serem relativamente recentes (anos 80), a importância de manter relações com os consumidores não é. Inclusive, para os pesquisadores da área Sheth e Parvatiyar (1995, p. 399), o marketing de relacionamento é realmente um renascimento das práticas de marketing da era pré-industrial. Ou seja, antes da revolução industrial, estas relações eram importantes. O alfaiate se preocupava em entender o que seu cliente queria, em fazer uma roupa que ele gostasse para que assim este cliente contratasse seus serviços novamente em outra oportunidade e também o indicasse para outras pessoas. O relacionamento entre cliente e produtor era essencial, para ambos! Saiba mais Você sabe quando e como o marketing surgiu no Brasil? Em 1954, o termo marketing começou a ser empregado nos cursos de administração na recém- criada Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Na época, havia dúvidas de que uma palavra estrangeira, além de longa, pudesse ser difundida no Brasil. Foi um erro buscar um nome adequado que traduzisse o conceito e seu conteúdo. Tentaram traduzir como “mercadização” (atividades de mercado), mas não obtiveram sucesso. Também utilizaram a palavra mercadologia (estudo de mercado) a qual algumas pessoas utilizam até hoje. Mas o termo marketing se incorporou de tal maneira que nem mais se colocam aspas indicativas de palavra estrangeira. Agora que você conheceu a evolução do marketing até chegar ao marketing de relacionamento, entendeu seu conceito, sua importância para as empresas, pode avançar para nosso próximo tema: valor TEMA 2 - O QUE É VALOR? Na literatura do marketing existem diversos tipos de valor, mas dois causam grande confusão: valor “do” cliente, o qual é o valor que o cliente 6 representa para a empresa durante o período de relacionamento e consumo; e valor “para” o cliente, sendo a avaliação feita pelo consumidor do custo-benefício percebido por elena hora de adquirir um produto ou serviço (MELLO; LEÃO, 2008). Hoje nós iremos conversar sobre valor “para” o cliente. Você viu em nosso primeiro tema a definição do que é marketing para o AMA (American Marketing Association): “uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado”. Naquele tema, nós focamos na parte que falava a respeito da “administração de relacionamento”, mostrando que o marketing de relacionamento está inserido dentro da própria definição de marketing. Agora, quero que você preste atenção em outra parte importante desta mesma definição: “entrega de valor para os clientes”, que será o tema da nossa conversa de hoje. Leitura obrigatória O que é mesmo valor para os clientes? Para entender um pouco mais, leia a reportagem no link: https://upservicos.wixsite.com/up-consultoria/single-post/2016/03/21/ Consumidor-brasileiro-quer-mais-do-que-bom-atendimento Bem, agora que você já tem uma noção do que é valor para os clientes, fica claro que, para saber o que gera valor a ele, a empresa precisa identificar os principais atributos que este cliente valoriza em determinado produto/ serviço, e a melhor forma de identificar essas características é perguntando ao próprio cliente a sua opinião. Contudo, como lembra Hamel e Prahalad (1990), as empresas devem ir além de simplesmente perguntar o que os consumidores querem: descobrir algo que necessitam, mas ainda nem imaginam. Para isso, a empresa precisa investigar as necessidades declaradas, as reais, as não declaradas, o “algo mais”, as “secretas” (MORAIS, 2013). A empresa que consegue isso certamente se destaca perante a sua concorrência. Como um dos fundadores da Apple, Steve Jobs disse: “muitas vezes, as pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas” (VERONESI, 2014). Pode ser que, em parte, essa seja a causa http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/2013-12-13/consumidor-brasileiro-quer-mais-do-que-bom-atendimento.html http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/2013-12-13/consumidor-brasileiro-quer-mais-do-que-bom-atendimento.html https://upservicos.wixsite.com/up-consultoria/single-post/2016/03/21/Consumidor-brasileiro-quer-mais-do-que-bom-atendimento 7 do grande sucesso da Apple: saber o que o consumidor quer antes mesmo de ele saber! Resumindo, as empresas precisam perguntar para os prováveis consumidores o que eles valorizam nos produtos e serviços que consomem, mas também devem tentar descobrir coisas que lhes seriam úteis, porém eles ainda nem sabem. Assim a empresa conseguirá criar valor para seus consumidores e se destacar perante a concorrência. Bem, agora você já entendeu o que é “valor para o cliente” e como é importante que as empresas o utilizem. Vamos avançar um pouco mais nesse tema. É importante saber que este “valor” pode assumir diversas formas e não se refere apenas ao valor monetário. Ele irá variar conforme o tipo de consumidor e/ou produto consumido. Por exemplo, se você vai ao supermercado comprar um papel toalha, certamente o preço é um fator determinante, e você comprará o mais barato. Agora, se você é uma pessoa que valoriza boas marcas e vai comprar um celular, com certeza pagará a mais para ter o produto da marca desejada. Ou seja, o valor “para” o cliente não se refere apenas ao quanto custa um produto/serviço, podem existir outras questões envolvidas. De maneira didática, Smith e Colgate (2007) dividem esse valor para o cliente em 4 categorias: 1. Valor Funcional / instrumental: refere-se à extensão em que um produto tem as características desejadas, é útil ou executa uma função pretendida. 2. Experiencial / hedônico: refere-se ao grau em que um produto cria experiências, sentimentos e emoções desejadas pelo cliente. 3. Simbólico / expressivo: medida em que os clientes associam significados psicológicos a um produto. Por exemplo, alguns produtos nos fazem sentir bem sobre nós mesmos como comprar um carro novo. 4. Benefício / custo: são os custos econômicos e outros sacrifícios que podem estar envolvidos na compra, posse e utilização de um produto os quais os clientes tentam minimizar. 8 Outro conceito importante que você precisa conhecer é o de “proposição de valor”. Leitura obrigatória Por favor, agora vá até seu livro-texto base e leia na página 39 o que é proposição de valor. Então, a empresa primeiro descobre qual é o “valor para o cliente” para então criar uma “proposição de valor” para este cliente. Como você deve ter percebido, a proposição de valor é extremamente importante, pois se a empresa “errar a mão” e prometer mais do que pode cumprir, causará grande insatisfação ao consumidor. Por exemplo, imagine que você está em uma loja de brinquedos procurando um brinquedo para sua filha, olha a embalagem, acha legal e compra o produto. Porém, ao chegar em casa, abrir a caixa e montar o brinquedo, você se depara com outra realidade. Certamente você ficaria muito insatisfeito, pois comprou o produto por enxergar algum valor nele (na embalagem parecia muito maior e com muito mais quantidade de água sendo esguichada). Mas a empresa entregou algo completamente diferente do “prometido” na embalagem, causando muita frustação. Portanto, cuidado com o que se promete! O valor para o cliente tem que ser real, caso contrário, como diz a antiga expressão: o tiro saiu pela culatra − em vez de causar satisfação, vai causar insatisfação e, às vezes, até ódio mesmo! Enfim, entender o que é realmente importante para os clientes (e que nem sempre é o preço) possibilita às empresas atenderem melhor as necessidades e desejos desses clientes, aumentando o valor percebido por eles, obtendo assim uma vantagem competitiva por terem a possibilidade de desenvolver um melhor relacionamento com estes clientes (MORAIS, 2013, p. 385). Por isso, o valor para o cliente é tão importante para o marketing de relacionamento! Nosso próximo passo agora entender um pouco mais a respeito da satisfação das necessidades destes clientes. 9 TEMA 3 - SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES DOS CONSUMIDORES Como você viu em nossa primeira aula, o marketing surgiu quando as empresas perceberam que não bastava praticar a “empurroterapia”, ou seja, vender a qualquer custo, mas sim que precisam satisfazer as necessidades dos consumidores. Contudo, uma das críticas que as pessoas fazem até hoje aos profissionais de marketing é que esses criam necessidades artificiais (SOLOMON, 2016). Mas, se lembrarmos de Maslow e sua pirâmide das necessidades, veremos que elas são um motivo biológico básico dos seres humanos. Leitura obrigatória Por favor, vá até a página 25 do seu livro-texto base e relembre como Maslow dividiu as necessidades dos seres humanos. Enfim, o marketing não tem a capacidade de criar as necessidades, elas são inerentes aos seres humanos! E desejo, será que é a mesma coisa? Vou dar um exemplo para você entender a diferença entre necessidade e desejo. Imagine que você está na praia neste momento e com muita sede (uma necessidade básica segundo Maslow). Se você for nordestino, você poderá sentir desejo de matar a sede com agua de coco. Porém, se você for da região sul, provavelmente vai ter desejo de beber outra coisa, como um chimarrão. Sim, os gaúchos tomam chimarrão quente na praia para matar a sede! Assim sendo, a necessidade básica, nos dois exemplos, é a sede. O desejo para satisfazer essa necessidade é que muda, neste caso, conforme a cultura de cada região. Ou seja, a necessidade é um motivo biológico básico e a maneira como vamos satisfazer essa necessidade, que é ensinada pela sociedade, é o desejo (SOLOMON, 2016). As necessidades já existem, o marketing apenasapresenta maneiras de satisfazê-las. Ele cria consciência de que as necessidades existem, mas não as cria. O mesmo pode ocorrer com a necessidade de autoestima, ou seja, de ter status, prestígio, o que faz com que muitas pessoas usem determinadas marcas para este fim. De novo, a necessidade já existe! Além disso, muitas vezes, essa necessidade nem é consciente. Como comentamos em nosso último tema, Steve Jobs disse que “muitas pessoas não sabem o que querem até você 10 mostrar a elas”. Portanto, a empresa deve buscar entender quais são estas necessidades (conscientes ou não) para então satisfazê-las. Agora que já falamos das necessidades, vamos conversar sobre “satisfação”. Existem muitas definições na literatura de marketing para satisfação, mas uma da mais objetivas e a de Lovelock e Wright (2006), dois estudiosos da área de comportamento do consumidor, que conceituam satisfação como “uma avaliação que o cliente faz a respeito de um bem ou serviço mediante o atendimento ou não de suas necessidades e expectativas” (ALVES et al. 2014, p. 110). Complementando, Oliver (1997) afirma que tal satisfação pode alcançar 4 diferentes níveis elencados abaixo: 1) Contentamento: são os benefícios, em si, do produto/serviço. 2) Prazer: o consumidor, além de ter as necessidades satisfeitas, tem prazer no consumo deste produto e serviço. 3) Encantamento: quando o produto/serviço supera as expectativas, trazendo surpresa, encantamento. 4) Alívio: ocorre quando o consumidor não está insatisfeito (o que não significa que ele está satisfeito). Ainda, a satisfação pode ser analisada de duas formas: satisfação específica da transação ou satisfação cumulativa. Leitura obrigatória Por favor, vá até a página 111 do seu livro texto-base e veja o que cada um desses conceitos significa. TEMA 4 - A IMPORTÂNCIA DA LEALDADE Em nosso último tema, vimos a importância de conhecer as necessidades dos consumidores e satisfazê-las. E como afirmam Larán e Espinoza (2004), umas das consequências da satisfação é a lealdade. Ou seja, a empresa precisa satisfazer as necessidades dos clientes se quiser ter a lealdade deles. Porém, é 11 preciso esclarecer que, apesar de a satisfação ser essencial para se obter a lealdade, ela não é suficiente. Leitura obrigatória Veja esta reportagem para entender mais: http://super.abril.com.br/comportamento/consumidor-satisfeito-nem-sempre-e- fiel Uma das consequências da lealdade é a recompra, ou seja, quando o cliente volta a comprar da mesma empresa. Contudo, não se pode achar que o consumidor é leal só porque ele compra sempre da mesma empresa (OLIVER, 1999 citando JACOBY; CHESTNUT, 1978). Portanto, é sinal de lealdade não só o comportamento de compras repetitivas, mas também uma resposta atitudinal formada por componentes cognitivos e afetivos (LARÁN; ESPINOZA, 2004). A página do facebook “Eu amo coca cola” tem mais de 6000 seguidores. Provavelmente estes consumidores que curtiram a página não trocariam sua Coca-Cola só porque a Pepsi está em promoção e caso não a encontrassem em determinado lugar, com certeza se dirigiriam a outro local só para comprá-la. Você deve conhecer alguém assim em relação a certas marcas e que não as trocam por nada, certo? Certamente podemos classificar os consumidores do exemplo anterior como leais. Portanto lealdade pode ser definida como um profundo comprometimento em recomprar um produto/serviço no futuro, apesar de influências situacionais (ex.: mudar para longe da empresa na qual compra o produto) e esforços de marketing (ex.: promoções, propagandas) que possam mudar este comportamento (OLIVER, 1999). Assim como a satisfação, a lealdade pode ter diferentes tipos. Os estudiosos Dick e Basu (1994) apresentaram os seguintes tipos de lealdade: http://super.abril.com.br/comportamento/consumidor-satisfeito-nem-sempre-e-fiel http://super.abril.com.br/comportamento/consumidor-satisfeito-nem-sempre-e-fiel 12 Classificação dos níveis de lealdade, considerando atitude x recompra Analisando a figura anterior, classifica-se a lealdade tanto em relação à atitude do consumidor em acerca da empresa (alta ou baixa), como também em relação ao nível de recompra: Lealdade: tanto a atitude favorável como a recompra são altos. Falsa lealdade: a recompra é alta, mas a atitude favorável é baixa. Por exemplo, alguém compra em certo supermercado só porque é perto de sua casa e não tem outra opção. Lealdade latente: o consumidor tem uma atitude favorável ao produto/serviço, mas a recompra é baixa, provavelmente por questões que a dificultam, como preço, disponibilidade, etc. Sem lealdade: a atitude favorável é baixa e a recompra também. Você lembra que nós falamos no início deste tema que a satisfação pode levar a lealdade? Para facilitar esta análise, Miranda (2007), adaptando de Huete (1998), resolveu classificar os clientes também em uma matriz de acordo com os níveis de lealdade e satisfação: Recompra A ti tu d e F av o rá ve l Lealdade Lealdade latente Falsa lealdade Sem lealdadeBa ix a A lt a Alta Baixa 13 Classificação dos clientes, considerando satisfação x lealdade Os consumidores podem ser classificados segundo essa matriz: Terroristas: não estão satisfeitos e não são leais, ou seja, só reclamam e fazem boca a boca negativo. Saiba mais: veja no link uma explicação rápida e prática do que é propaganda boca a boca: https://www.agendor.com.br/blog/marketing-boca-a-boca/ Reféns: aparentemente são leais, pois fazem recompra, mas não estão satisfeitos e, se pudessem, não comprariam, porém não podem por questões de preço, contrato, comodidade, etc. Mercenários: eles estão satisfeitos, mas como não possuem vínculo emocional com a empresa (não são leais) mudam facilmente por promoções ou preços mais baixos. Apóstolos: estão satisfeitos, “repetem a compra, trazem conhecidos, dão sugestões, prestam informação sobre a concorrência e são, normalmente, os clientes mais rentáveis” (MIRANDA, 2007 p. 20). Enfim, quando há lealdade, o consumidor compra o mesmo produto/serviço não somente porque é mais conveniente ou não tem outra opção, mas porque gosta! Isso gera comprometimento, que é demonstrado tanto por meio da propaganda boca a boca positiva como na rápida adoção de Terroristas Reféns Mercenários Apóstolos Lealdade Sa ti sf aç ão Si m N ão Não Sim https://www.agendor.com.br/blog/marketing-boca-a-boca/ 14 novidades que a empresa venha a lançar (MÜCKENBERGER, 2000 citando SHETH, 1999). Portanto, o sonho de todas as empresas é conquistar a lealdade de seus clientes. Agora, no próximo tema, você irá aprender uma das táticas mais utilizadas pra tornar seus consumidores leias: os programas de fidelização. TEMA 5 - PROGRAMAS DE FIDELIZAÇÃO Você sabe por que os programas de fidelização são importantes? Eles são importantes para obter a lealdade, ou seja, manter os clientes atuais comprando da empresa. Isto porque, segundo Kotler (1998 p. 46), “conquistar novos clientes custa entre 5 a 7 vezes mais do que manter os já existentes”. Então, as empresas utilizam os programas de fidelização na esperança de manter a lealde de seus clientes, para que eles não migrem para os concorrentes. “Clientes em longo prazo compram mais, tomam menos tempo da empresa, são menos sensíveis ao preço e trazem novos clientes, além de não possuírem custo de aquisição” (REICHHELD, 1996, p. 02). Ou seja, os programas de fidelização podem ser um diferencial competitivo. Segundo Cortes (2001), eles só surgiram e evoluíram graças aos avanços tecnológicos que permitiram às empresas terem banco de dados detalhados e com informações corretas para poderem relacionar-se melhor com seus clientes. Saiba mais Veja no vídeo a seguir uma ação muito legal de um programa de fidelidadeda empresa O Boticário: https://www.youtube.com/watch?v=9r-Dfwg8wFE Então, para ter um programa de fidelização, a empresa precisa ter um bom banco de dados dos seus clientes e assim conhecê-los melhor. É como na nossa vida: como vamos nos relacionar bem com alguém sem conhecê-lo? Portanto, a base de um programa de fidelização é o banco de dados que deve conter informações que auxiliem no conhecimento dos clientes, de suas expectativas, necessidades e hábitos de uso ou compra (CORTES, 2001). https://www.youtube.com/watch?v=9r-Dfwg8wFE 15 Muito bem, você já entendeu que para criar um programa de fidelização a empresa obrigatoriamente precisa ter um banco de dados. Mas e depois? Qual o próximo passo para a criação desse programa de fidelização? A primeira coisa é definir como será este programa de fidelização. Segundo Cortes (2001), citando Stan Rapp (1991) em seu livro “A 5ª Geração do Marketing Maximarketing II”, existem seis modelos básicos de programas de fidelidade que as empresas podem escolher: a) Modelo de recompensas: são programas que procuram recompensar o cliente que faz recompra por meio de prêmios, bônus, incentivos e pontuações. Ex.: programas de milhas das companhias aéreas e cartão de fidelidade. b) Modelo educacional: a ideia é criar relacionamentos em longo prazo que formem consumidores conscientes ou que forneçam informações para o desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Por exemplo, a Nintendo montou um programa por meio da revista "Nintendo Power", que tinha a seção "What do you like ?" que chegou a receber 100.000 cartas/mês de consumidores que davam dicas de novos jogos (ROCHA,1998). Porém, no Brasil, ainda este tipo de programa é mais utilizado para “educar” o cliente quanto ao uso/consumo do produto/ serviço como envio de revistas e boletins para clientes atuais e potenciais. c) Modelo contratual: a empresa oferece periodicamente um produto ou serviço. Geralmente o cliente paga uma taxa para usufruir de uma série de benefícios especiais, como acesso diferenciado a algumas informações. Como exemplo, a Revista Proteste, na qual o cliente faz uma assinatura da revista e ganha uma série de brindes: d) Modelo de afinidade: quando se unem grupos de consumidores que compartilham interesses em comum, relacionados a um produto/serviço, que refletem grande envolvimento afetivo. Veja o exemplo do Clube Nissei melhor Idade – de uma rede de farmácias, direcionado a pessoas da terceira idade, que, além dos descontos, oferece passeios, eventos e atividades de interesse desse público: 16 e) Modelo do serviço de valor agregado: quando uma empresa oferece um serviço que agrega valor ao produto oferecido. É uma das maneiras mais simples de se criar fidelidade. Como exemplo, a seguradora Allianz, que oferece carro reserva para seus clientes. f) Modelo de aliança ou complementar: empresas não concorrentes que possuem aliança entre si e oferecem ao consumidor produtos/serviços complementares. Geralmente essas empresas têm clientes comuns, o que otimiza custos e ajuda a enfrentar concorrentes maiores. Como exemplo uma companhia aérea e uma locadora de veículos. Mas até agora só vimos exemplos de grandes empresas. Será que as pequenas empresas podem desenvolver programas de fidelização? Não só podem como devem! Leitura obrigatória Leia a reportagem no link para saber mais: http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2014/01/5-passos-para- elaborar-um-programa-de-fidelidade-para-seus-clientes.html Outra pergunta que faço a você: a empresa deve manter estes relacionamentos com todos os clientes? Obviamente não, os custos seriam muito altos. E aqui o banco de dados vai “ajudar a empresa a identificar os clientes fiéis e a implementar a sua filosofia de negócio de recompensar os clientes certos” (MIRANDA, 2007 p.54). Enfim, só para ressaltar a importância dos programas de fidelização, segundo um estudo realizado em 2012 pela Loyalty One e Epsilon International, empresa de marketing, cerca de 27% dos brasileiros pertencentes a programas de fidelidade tendem a comprar outras vezes da mesma empresa (GINESI, 2013). Portanto, a base de clientes fidelizada torna-se um ativo importante para a empresa, convertendo-se em valor e contribuindo para a melhoria de seus resultados (TOLEDO; MORETTI, 2016). http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2014/01/5-passos-para-elaborar-um-programa-de-fidelidade-para-seus-clientes.html http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2014/01/5-passos-para-elaborar-um-programa-de-fidelidade-para-seus-clientes.html 17 TROCANDO IDEIAS Caro aluno, agora você vai participar da construção de um texto coletivo (Wiki) com ideias para aplicação dos principais conceitos de marketing de relacionamento que vimos nesta aula para micro e pequenas empresas. NA PRÁTICA Vimos a importância de criar valor para os clientes e assim satisfazê-los. No entanto, para que sejam leais e continuem adquirindo produtos/serviços da empresa, precisamos criar estratégias. Uma destas estratégias são os programas de fidelização. Portanto, pesquise dois exemplos de programas de fidelidade: um que deu certo e outro que deu errado. Escreva em poucas linhas (mínimo 10, máximo 15) do que se tratavam os programas e quais as razões para o sucesso e fracasso dos mesmos que você identificou. Não se esqueça de colocar as fontes de sua pesquisa! Bom trabalho! SÍNTESE Nesta aula primeiramente você viu como o marketing evoluiu até chegar ao marketing de relacionamento. Você também aprendeu que o marketing de relacionamento tem por objetivo tanto criar produtos/serviços que atendam às necessidades do público-alvo como manter relacionamentos com este público. Contudo, para criar produtos/serviços que sejam interessantes, é necessário saber os que estes clientes querem, o que eles valorizam – ou seja, é preciso criar valor “para” os clientes. Dessa maneira, eles irão adquirir estes produtos/serviços, ficarão satisfeitos e provavelmente se tornarão leais à empresa. No entanto, a satisfação dos clientes, apesar de condição obrigatória para buscar a sua lealdade, não é suficiente. É preciso desenvolver bons programas de fidelidade para que este relacionamento se mantenha. Contudo, como questionado no início desta aula, as empresas não devem manter estes relacionamentos com todos os clientes porque os custos seriam inviáveis. Elas devem sim, com a ajuda de um bom banco de dados, selecionar seus melhores clientes e com eles criar vínculos mais estreitos para que ambos saiam ganhado. 18 REFERÊNCIAS ALVES, E. B.; BARBOZA, M. M.; ROLON, V. E. K. Marketing de relacionamento: como construir e manter relacionamentos lucrativos? Curitiba: Editora Intersaberes, 2014. COBRA, M. H. N. Marketing Essencial: Conceitos, Estratégias e Controle. São Paulo: Atlas, 1986. CÔRTES, G. M. M. Programas de fidelização como vantagem competitiva. Monografia de Especialista em Marketing no Mercado Globalizado da Universidade Candido Mendes, 2001. GINESI, Camilla. 7 passos para criar um programa de fidelidade. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/revista-exame- pme/edicoes/63/noticias/como-fazer-o-cliente-voltar>. Acesso em: 29 jun. 2016. HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Corporate imagination and expeditionary marketing. Harvard business Review, v. 69, n. 4, p. 81-92, 1990. LOVELOCK, C.; WRIGHT, L. Serviços: marketing e gestão. São Paulo: Saraiva, 2006. MELLO, S. C. B.; LEÃO, A. L. M. S. Uma revisão crítica sobre o uso de diferentes conceitos de valor no marketing. RAC Eletrônica, v. 2, n.1, p. 37-53, 2008. MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: < http://michaelis.uol.com.br/busca?id=2abL2>. 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