Buscar

GRUPO 02

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

27
TÓPICO 2 — UNIDADE 1
PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE 
ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a questão sobre qual é melhor método para se alfabetizar 
tem acalorado debates. Essa não é uma discussão atual, mas se intensiva à 
medida em que as ações alfabetizadoras do país parecem não darem conta das 
necessidades de aprendizagem das crianças. A oposição feita entre os métodos 
sintáticos e analíticos, em que um é superado pelo outro, foi transpassada por um 
entendimento equivocado surgido na década de 1990 de que não era necessário 
método para se alfabetizar. 
No bojo dessas considerações, entendemos que, conhecer a história da 
alfabetização brasileira, dos métodos e dos resultados que têm sido alcançados, 
permitirá a todo professor lançar luz à práxis pedagógica e construir sua didática 
com uma intencionalidade clara. 
Acadêmico, continue a leitura desse material pautando-se no seguinte 
pensamento: "Se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; 
se queres conhecer o futuro, examina o presente que é a causa." Confúcio.
2 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL DE 1889 a 1930 – A VELHA 
REPÚBLICA
Com foi possível entrevermos pelos estudos passados, o ensino das 
primeiras letras à população passou a ter maior atenção governamental e a ganhar 
uma organização mais institucionalizada poucas décadas antes da Proclamação da 
República, em 1889. Esse fato deve-se, em grande parte, pelo tipo de colonização 
ocorrida no Brasil: com caráter de exploração e não de desenvolvimento. Os 
investimentos mais sistematizados na alfabetização e a criação do sistema público 
de ensino se fizeram presentes apenas quando eles passaram a importar para o 
avanço econômico do país, sem, contudo, deixar de privilegiar a manutenção do 
status quo social.
Diante dessa realidade, a alfabetização brasileira foi também, muito 
fortemente, marcada por embates metodológicos. Debates no âmbito acadêmico 
devem sempre ser encarados como oportunidade de aprofundamento das 
pesquisas, tendo em vista que nenhum conhecimento científico é inacabado. 
Chamamos a atenção para a distinção entre os termos embate e debate, dentro 
https://www.pensador.com/autor/confucio/
28
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
do nosso contexto: um remete a choque de ideias, outro à problematização; um 
torna-se sem proveito, outro produz crescimento; um tem fim ideológico, outro, 
nas necessidades de aprendizagem dos estudantes. No primeiro período do Brasil 
republicano, intelectuais e educadores iniciaram essa discussão que, ainda hoje, 
no século XXI, não foi concluída. 
Retomando um pouco as leituras que tivemos, é possível identificar nos 
períodos históricos expostos que em 389 anos do ensino da língua escrita no Brasil, 
foram aqui adentrados alguns métodos de alfabetização, chamados de Sintéticos, 
por iniciarem o processo de aprendizagem das menores unidades textuais para 
as maiores, ou "das partes para o todo", como comumente se diz: letra > sílaba 
> palavra > frase > texto. Abordaremos nesse tópico mais pormenorizadamente, 
os três tipos de métodos sintáticos, para então, fazermos um contraponto com os 
métodos analíticos que se expandiram na República, no tópico seguinte.
2.1 OS MÉTODOS SINTÉTICOS
Acadêmico, é muito importante que você se exponha à compreensão dos 
conhecimentos que compartilharemos agora como um pesquisador que explora diferentes 
dimensões do objeto de estudo, a fim de alcançar seu objetivo final. Com a disciplina de 
Fundamentos e Metodologias da Alfabetização e do Letramento temos por grande meta, 
que você se forme um bom professor alfabetizador e não como um mero aplicador de 
métodos sem uma intencionalidade pedagógica clara. Para tanto, estude sobre os métodos 
de alfabetização não como receitas a serem aplicadas, mas analisando-os criticamente, 
sabendo de antemão que, a ação docente antecede ao método e a necessidade de 
aprendizagem do aluno inspira a ação docente! 
IMPORTANT
E
2.1.1 Método de Soletração ou Alfabético
Originado na Grécia Antiga, chegou ao Brasil pelas Cartas do ABC, no 
século VI. Ainda no século XX era muito usado. O Método João de Barros, preferido 
pelos jesuítas, apresenta certos traços do Soletração. Incluído na categoria de 
método sintético, ou seja, aqueles que parte das unidades menores para as maiores 
unidades da língua - letras, sílabas, fonemas - o método de soletração é o mais 
antigo dos métodos. Por meio dele, o aluno é conduzido a aprender os nomes das 
letras e sua forma escrita. Posteriormente, a ordem alfabética é exaustivamente 
trabalhada. Na sequência, o aluno é levado a unir as letras e a organizá-las em 
diferentes posições a fim de que, memorizados esses arranjos, a criança possa 
identificá-los em palavras, a partir da soletração. 
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
29
Por esses termos, o professor ensina o aluno a soletrar as letras, associando-
as à sua representação visual e, por conseguinte, ao som que ela produz nas 
palavras. O aspecto satisfatório desse método é que a identificação das letras é o 
básico para aprender a ler e a escrever, porém, esse método mostra-se bastante 
exaustivo e moroso, uma vez que para que a criança alcance o objetivo principal 
do trabalho, ela passa por muitos processos desassociados do contexto da leitura, 
e especialmente, do seu uso social. 
Observe alguns materiais usados em muitas salas de aula inspirados no 
método de soletração:
FIGURA 13 – MURAL DO ALFABETO
FONTE: <https://thecakeboutiquect.com/>. Acesso em: 3 maio 2021.
Ter sempre aos olhos a grafia correta das letras favorece o aprendizado 
da criança, à medida em que ela pode consultá-lo sempre que tiver dúvidas. 
No entanto, até a construção da base alfabética, ou seja, até que criança tenha 
compreendido a relação grafo-fonêmica do sistema alfabético de escrita e 
avançado em habilidades de leituras, a apresentação da letra cursiva pode não 
ser tão positiva, uma vez que desfavorece a discriminação visual dos traçados. 
FIGURA 14 – FORMAÇÃO DA SÍLABA PELO MÉTODO DE SOLETRAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3oElV2X>. Acesso em: 3 maio 2021.
30
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
Veremos na próxima unidade que, enquanto a criança se alfabetiza 
ela elabora hipóteses que se constituem em processos importantes para o 
aprendizado da língua escrita. Nesses processos a consciência fonêmica (o som 
que cada letra representa) é construída. O uso de materiais semelhantes à Figura 
14 podem interferir no amadurecimento do alfabetizando diante da escrita, numa 
perspectiva psicogenética, por isso, seu uso deve ser avaliado. Aprofundaremos 
mais sobre a teoria psicogenética da língua escrita na Unidade 2. 
2.1.2 Método Silábico
Esse método chegou ao Brasil por meio da Companhia de Jesus, conhecido 
como Método João de Barros, o primeiro material impresso para alfabetização. 
O objetivo funda-se na memorização e repetição de uma aprendizagem 
prioritária da leitura tomando-a apenas como o ensino de uma técnica 
de decifração de um elemento gráfico em um elemento sonoro, crença 
de que ensinando a codificação e decodificação, a criança aprendia a 
ler [...] (VIEIRA, 2017, p. 65). 
O método silábico prioriza o ensino das sílabas, por considerá-la a 
unidade principal da língua, uma vez que, ao falarmos, pronunciamos sílabas 
e não letras isoladas. Na prática, o professor inicia apresentando as vogais e 
formando os encontros vocálicos, por serem considerados mais fáceis. Avançando 
na estratégia, começa-se o trabalho com as sílabas simples, formadas de uma 
consoante e uma vogal, o padrão CV (consoante + vogal). Estas são chamadas 
sílabas canônicas. Na perspectiva do método, o aprendizado ocorre das unidades 
mais simples para as mais complexas. As sílabas simples são apresentadas por 
meio de famílias silábicas (BA - BE - BI - BO - BU), seguindo a ordem alfabética, 
para que então, a criança avance no aprendizadodas chamadas "dificuldades", 
sílabas não canônicas, de distintos padrões: VC - CCV - V - CVC.
Veja alguns materiais pautados no método silábico:
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
31
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/771171136181631004/>. Acesso em: 4 maio 2021.
Até 2009, as letras K, W e Y eram consideradas estrangeiras e não 
incorporadas ao alfabeto brasileiro. A Imagem apresenta a sequência alfabética 
antiga, em que essas letras eram apresentadas posteriormente. 
FIGURA 15 – CARTAZ UTILIZADO NO MÉTODO SILÁBICO
32
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3kYVmTy>. Acesso em: 4 maio 2021.
O grande problema desse método é a ênfase na memorização, na 
reprodução e na construção de palavras e frases desassociadas do cotidiano. 
2.1.3 Método Fônico
Em 1880, Hilário Ribeiro, gaúcho, professor da Escola Normal de Porto 
Alegre, torna-se autor do primeiro material brasileiro de alfabetização, a Cartilha 
Nacional, de abordagem fônica, baseada em estudos franceses e alemães, do 
século XVIII. A publicação da Cartilha Nacional se deu no âmbito do final do 
Império, a partir de um incentivo governamental a professores que produzissem 
materiais de alfabetização que pudessem reduzir os custos com a importação de 
recursos para subsidiar as aulas nas seriadas e numerosas classes organizadas em 
conformidades com o Método Lancaster (MACIEL, 2003; VIEIRA, 2017).
O Método Fônico prediz que o ensino das primeiras letras deve-se iniciar 
pelas vogais, partindo, então para as consoantes, privilegiando a compreensão 
fonêmica, ou seja, o som que cada letra produz. Somente após diversos exercícios 
FIGURA 16 – ATIVIDADE ELABORADA COM O MÉTODO SILÁBICO
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
33
a fim de consolidar a relação fonema/grafema, a criança passa à identificação 
silábica e, posteriormente, para a leitura de palavras simples, principalmente que 
explorem o mesmo fonema. 
Diante da rapidez propiciada por essa escolha metodológica na aquisição 
das habilidades de codificar e decodificar os símbolos alfabéticos, ou seja, da 
capacidade técnica de ler e escrever, o Método Fônico foi considerado um grande 
sucesso, sendo até hoje usado, estudado e defendido por muitos educadores. 
Uma das maiores referências de materiais do método fônico é o livro Caminho 
Suave, publicado no Brasil pela primeira vez em 1948 e excluído do Programa 
Nacional do Livro Didático (PNLD), em 1996. A imagem a seguir, apresenta uma 
das propostas contidas no livro:
FIGURA 17 – ATIVIDADE DO LIVRO CAMINHO SUAVE
FONTE: <https://bit.ly/3irzDlL>. Acesso em: 4 maio 2021.
A atividade ilustra o privilégio dado ao trabalho com a letra V e seu 
fonema. Para isso, são usados recursos como uma imagem em que o nome se 
inicia com esse fonema, um pequeno texto, lista de palavras e as cominações da 
letra em questão com as vogais. Observe alguns exemplos de materiais baseados 
no Método Fônico:
34
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
FIGURA 18 – ATIVIDADES BASEADAS NO MÉTODO FÔNICO
FONTE: <https://bit.ly/2Y21QYV>. Acesso em: 7 maio 2021.
Uma das principais críticas dirigidas a esse método de alfabetização refere-
se à impossibilidade de que um fonema que aparece na corrente da fala de forma 
contextualizada seja pronunciado sem apoio de uma vogal. Além disso, na língua 
portuguesa, há poucas relações biunívocas (termo a termo) entre letras e sons, 
pois uma mesma letra pode representar diferentes sons, segundo sua posição, 
e um mesmo som pode ser representado por diferentes letras, também segundo 
sua posição. Assim, o sistema de escrita é uma representação complexa e suas 
propriedades precisam ser compreendidas pelo aprendiz, por meio de diversas 
abordagens e estratégias (FRADE; VAL; BREGUNCI, 2014, on-line). 
Em contrapartida, um dos argumentos dos educadores que defendem o 
uso do Método Fônico é o seu respaldo na Ciência Cognitiva da Leitura, uma área 
de estudo que envolve conhecimentos dos campos da Psicologia Cognitiva, da 
Neurociência Cognitiva e da Linguística. De acordo do Dehaene (2012), a eficácia 
do Método Fônico se justifica pela sua compatibilidade com o modo como o cérebro 
processa as aprendizagens relacionadas com a leitura e a escrita. Isso torna-se 
possível em razão da reciclagem neuronal e do reconhecimento das invariâncias 
das letras que se processam na região occipto-temporal do cérebro. No Brasil, 
uma das proeminentes pesquisadoras desse método é a linguista Leonor Scliar-
Cabral, professora emérita da Universidade Federal de Santa Catarina. 
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
35
Caro acadêmico, neste subtópico expusemos os métodos sintéticos que 
viabilizaram a alfabetização brasileira nos períodos colonial e imperial. Estes 
métodos também se alongaram após a Proclamação da República, porém, 
coexistindo com os Métodos Analíticos, que surgiram com o objetivo de superar as 
deficiências dos anteriores diante das novas necessidades educacionais demandas 
pela sociedade da época. A partir de agora, nos dedicaremos à apresentação 
dos métodos agrupados como analíticos e consideraremos sobre as implicações 
sociais e pedagógica fomentadas nesse contexto.
3 OS MÉTODOS ANÁLITICOS E O INÍCIO DAS DISCUSSÕES 
METODOLÓGICAS NA REPÚBLICA
De acordo com a pesquisa de Melo e Pezzato (2019), a educação brasileira 
no período da Velha República (1889 a 1930), alicerçada no pensamento positivista, 
possuía um caráter utilitário, pragmático e racional. No campo da alfabetização, 
o pensamento didático-pedagógico foi influenciado por teorias científicas 
que ganharam maior destaque com a expansão dos ideais iluministas. Nesse 
contexto, os métodos sintéticos começaram a ser considerados arcaicos e pouco 
eficientes frente ao novo cenário econômico e social mundial no qual o Brasil 
buscava se consolidar. Assim, os antigos métodos passaram a ser refutados por 
muitos professores e progressivamente substituídos por outros mais modernos, 
nomeados como analíticos. Neles, a leitura e a escrita eram trabalhados de forma 
simultânea e o tempo de alfabetização era mais dinamizado em função disso. 
Métodos Analíticos são a aqueles que norteiam o início do processo de 
alfabetização partindo das maiores unidades da língua: palavras, frases ou textos. 
Esses métodos privilegiam a compreensão do sentido textual, para então, envolver 
o aluno no trabalho grafo-fonêmico da língua, ou seja, levá-lo-ão entendimento 
do valor sonoro das sílabas e letras. 
Acadêmico, retornaremos à discussão sobre o método fônico e a Psicologia 
Cognitiva na próxima unidade. Entretanto, indicamos a leitura do artigo do professor 
Dehaene (2013) a fim de elucidar alguns conceitos. 
Acesse pelo link: https://bit.ly/2YhvOZs.
ESTUDOS FU
TUROS
36
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
Segundo Carvalho (2005), 
A fundamentação teórica desses métodos é a psicologia Gestalt ou 
psicologia da forma: a crença segundo a qual a criança tem uma visão 
sincrética (ou globalizada) da realidade, ou seja, tende a perceber o 
todo, o conjunto, antes de captar os detalhes (CARVALHO, 2005, p. 
32).
 
A primeira expressão do método analítico no Brasil ocorreu poucos 
anos antes da mudança no modelo governamental, em 1876, com a publicação 
da Cartilha João de Deus, conhecida também como Cartilha Maternal, pelo 
professor de Língua Portuguesa e positivista militante Antônio da Silva Jardim. 
Na República, o método ganhou maior destaque. Nas palavras de Vieira (2017), 
[...] Silva Jardim considerava que a Cartilha Maternal seria um livro 
capaz de romper com os métodos de marcha sintética até então 
difundidos nas províncias, uma vez que se baseava nos princípios 
da moderna linguística da época e defendia o ensino da leitura pela 
palavra, portanto, um método de base científica, capaz de alavancar o 
progressosocial (VIEIRA, 2017, p. 97).
Em 1920, ocorreram no Brasil uma série de reformas educacionais que 
visavam a consolidação do ideário republicano e que fomentaram o uso dos 
métodos analíticos. "As reformas colocaram o aluno no centro do processo 
de educação, defenderam a utilização de materiais concretos e jogos na sala de 
aula" (MAGALHÃES, 2005, p. 7). O movimento educacional estava alinhado às 
concepções pedagógicas da Escola Nova. " O escolanovismo preconizava a função 
socializadora da escola, a centralidade do indivíduo no processo de aprendizagem, 
a educação para a vida, o caráter científico da educação, com contribuições da 
Psicologia, da Sociologia, dentre outras" (MAGALHÃES, 2005, p. 7).
Os métodos analíticos são três: palavração, sentenciação e global de 
contos, os quais conheceremos adiante.
Acadêmico, conhecer o Manifesto do Pioneiros da Educação Nova é 
indispensável para compreender o pensamento pedagógico brasileiro, que se fortaleceu no 
segundo período republicano e que mobiliza a luta pela qualidade e equidade na educação 
na atualidade. Além de ser um privilégio e grande inspiração! Acesse ao link, leia e ilumine 
suas convicções pedagógicas para a prática! 
Documento disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4707.pdf
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
37
3.1 Método da Palavração
O método analítico, proposto por João de Deus, era o da Palavração, em 
que se considera a palavra como a principal expressão do processo comunicativo. 
Nele, após conhecerem as vogais, sem as quais não é possível se escrever palavras 
na Língua Portuguesa, pequenas unidades de sentido ditongais eram formadas e, 
posteriormente, combinava-se vogais com consoantes, apresentadas por meio de 
listas de palavras, como podem ser observadas nas imagens: 
FIGURAS 19 E 20 – TRECHOS DA CARTILHA MATERNAL
FONTE: Vieira (2017, p. 99-100)
A atividade exemplificada abaixo foi construída com inspiração nesse 
método. Nela, encontramos uma consoante combinada à vogais formando 
palavras apresentadas em lista. A leitura acontece pela associação da escrita à 
imagem. O objetivo é criar um repertório de palavras por memorização para 
posterior construção de frases e textos. 
38
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3FkrsS6>. Acesso em: 11 maio 2021.
Uma vantagem que se verifica nesse método é o trabalho com mais 
significado, uma vez que as palavras relacionadas às imagens têm sentido 
completo. Entretanto, o professor precisa desenvolver estratégias a fim de que, 
ao postergar o trabalho com sílabas e letras, a compreensão grafo-fonêmica não 
fique prejudicada. É a partir dela que a criança poderá ler e escrever palavras com 
autonomia, para além das listas estudadas. 
3.2 MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO
Sentenciação é o método analítico em que o professor inicia o trabalho de 
alfabetização expondo o aluno ao contato direto com frases inteiras. Espera-se 
que, partindo da oralidade da criança, por meio do registro de frases simples, 
ela possa compreender o sentido daquele enunciado e memorizar a ordem das 
palavras escritas. A partir de então, passa-se ao trabalho com palavras retiradas 
dessas frases, para a organização de outras, sendo seguido pela análise silábica. 
De acordo com Frade (2005), há poucos dados para se precisar o início do 
trabalho com esse método no Brasil, carecendo de mais investigação. A imagem a 
seguir tipifica uma atividade inspirada nos princípios desse método: 
FIGURA 21 – ATIVIDADE INSPIRADA NO MÉTODO PALAVRAÇÃO
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
39
FIGURA 22 – ATIVIDADE INSPIRADA NO MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/639792690814992971/>. Acesso em: 11 maio 2021.
Esse tipo de atividade favorece a compreensão de sentido e a construção de 
estratégias de leitura, fazendo relação da imagem às expressões da frase. Porém, 
característico dos métodos analíticos, é um aspecto falho dessa abordagem: a 
dificuldade de leitura e escrita de palavras e frases novas, pela deficiência no 
trabalho com sílabas e letras, como evidencia Frade (2005):
Em linhas gerais, são elencadas duas vantagens: a de se trabalhar com 
a frase, considerada, de acordo com as teorias gramaticais vigentes na 
época, como a unidade mais completa da língua; e a de se enfatizar um 
tipo de leitura que pode utilizar pistas do contexto para a compreensão. 
Como desvantagem, aparece a mesma citada quanto ao método de 
palavração: o perigo de se gastar muito tempo com a memorização 
e de se dar pouca atenção à análise de palavras (FRADE, 2005, p. 34). 
Caro Acadêmico, explore o livro escrito pela professora Izabel Frade, da 
Universidade Federal de Minas Gerais, publicado pelo Centro de Alfabetização, Leitura e 
escrita (CEALE).
Disponível em: https://bit.ly/3miUHfm.
DICAS
40
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
3.3 Método Global de Contos
O Método Global de Contos é o mais recente no grupo dos métodos 
analíticos. No Brasil, esse método se expandiu muito no início do século XX. 
Especialmente nos estados Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais; essa 
abordagem foi bastante utilizada, tendo, até mesmo, sido oficializado em Minas 
Gerais. 
Para instrumentalizar o trabalho, foram publicados os chamados pré-livros, 
com histórias já conhecidas pelas crianças ou outras, elaboradas para aquele fim. 
Eram pequenos contos independentes ou que complementares, descortinando-se 
de acordo com planejamento do professor. A prática pedagógica desse método 
se pauta na familiarização do texto pela criança, sua exploração e compreensão, 
para depois ele seja trabalho em partes menores, frase, palavra, sílaba, fonema, 
enfatizando os aspectos linguísticos da alfabetização. 
De acordo com Frade (2014), o método global foi desenvolvido com base 
na teoria de Deroly, psicólogo e educador belga, para quem a aprendizagem 
infantil se dava por meio de observações, associação de ideias e expressão do 
pensamento. A autora também ressalta outro fundamento teórico para o método 
global já mencionado, a Gestalt, a qual pressupõe que, partir de um objeto de 
análise mais simples para o mais complexo significa abordar em primeira mão a 
visão global dele. Essa perspectiva foi defendida pelo psicólogo suíço Claparède, 
apontando que ao expor a criança ao texto, à palavra ou à frase, nos aproximamos 
de sua forma natural de conceber o mundo e assim, o estudo das menores unidades 
da língua – sílaba, letra, fonema – teria para ela maior significado. Observem que 
essa interpretação se opõe o que pregam os métodos sintéticos. 
Acadêmico, as imagens que se seguem exemplificam os primeiros 
materiais impressos no Brasil que se pautam no Método Global de Contos:
FIGURAS 23 E 24 – CAPA E TRECHO DO LIVRO DE LILI
FONTE: <https://bit.ly/3ip5mE5>. Acesso em: 11 maio 2021.
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
41
Diante do Livro de Lili, Frade (2005) analisa que: 
No Brasil, os métodos globais que foram descritos até o momento 
apoiaram-se em materiais impressos para serem usados como livros didáticos 
e não deixam de apresentar uma progressão em termos de sua apresentação e 
análise. Os textos não apresentavam problemas de simplificação na escolha 
das palavras, mas os autores procuravam contemplar os principais casos de 
regularidade e irregularidade do sistema ortográfico do Português. No entanto, 
mesmo defendendo a concepção de linguagem como um fenômeno global, os 
textos dos livros ainda não manifestam a mesma linguagem presente em textos 
autênticos, como o das histórias infantis. Reproduzimos, como exemplo, uma 
lição de O livro de Lili, de Anita Fonseca, que apresenta a personagem com um 
modelo de texto pouco usual, em que se observa certa desarticulação entre as 
frases que o compõem (FRADE, 2005, p. 36).
Avançando um pouco mais da estruturanarrativa presente no Livro de 
Lili, descrita na citação anterior, outro material didático que encontrou ampla 
aceitação para o trabalho com esse método foi o livro de Lúcia Casassanta, As 
Mais Belas Histórias.Observe sua capa eleia um de seus textos: 
 
Acadêmico, recomendamos a navegação do blog do médico psiquiatra 
Antônio Carlos de Oliveira Correia. Esse rico álbum digital rememora tempos de estudos 
de sua mãe, dona Maria de Oliveira, que se formou professora em 1937, na Escola Normal 
Francisco Campos. O blog traz narrativas e fotos que nos fazem viajar no tempo e 
compreender de modo mais próprio o contexto que envolvia a formação docente naquele 
período e a abordagem do Método Global, privilegiada na formação docente. 
O blog está disponível em: https://bit.ly/3ip5mE5
INTERESSA
NTE
42
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
FIGURA 25 – CAPA DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS
FONTE: <https://bit.ly/3mynVHl>. Acesso em: 12 maio 2021.
FIGURAS 26 E 27 – TRECHO DO LIVRO AS MAIS BELAS HISTÓRIAS
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
43
FONTE: <http://notempoquearrobaera15quilos.blogspot.com/2018/>. Acesso em: 12 maio 2021.
Neste material encontramos textos mais articulados, com narrativas 
comuns ao universo infantil, o que evidencia uma grande vantagem dos métodos 
globais: o uso da língua escrita com maior significado e de modo mais aproximado 
do contexto da criança, ainda que sejam apenas histórias infantis. Nele, a "criança 
tem acesso a uma significação, podendo 'ler' palavras, sentenças ou textos desde 
a primeira lição, por reconhecimento global. Supõe-se que, assim, mantém-se o 
interesse desde o início do processo de aprendizagem da leitura e da escrita" 
(FRADE, 2005, p. 37).
Entretanto, mesmo com a busca de fundamento científico para a proposição 
de métodos de alfabetização que se aproximem mais do desenvolvimento 
cognitivo e do universo infantil, ainda não se obtém uma proposta que atenda a 
todas as dimensões implicadas no processo de alfabetização. No caso do método 
em exposição, focalizar no reconhecimento por meio da memorização global 
favorece uma leitura mais rápida, e uma melhor compreensão textual, pois os 
alunos não precisam se ater à decodificação das sílabas. Porém, esse aprendizado 
traz consigo o desafio: como ampliar a leitura de palavras desconhecidas se ele 
não aprenderem a decodificar? Como saber se a leitura ocorre de fato e não a 
mera repetição de palavras já decoradas? 
Essas e outras questões continuaram a fomentar pesquisas no campo da 
alfabetização nos seguintes da República. Nesse ínterim, em 1932, um grupo de 
pesquisadores e educadores publicaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação 
Nova. O movimento, liderado por Anísio Teixeira, defendia princípios como uma 
escola pública, gratuita e democrática que oferecesse aos estudantes de todas as 
classes sociais uma educação de qualidade, por meio de uma pedagogia crítica, 
pragmática e que considerasse o desenvolvimento integral dos estudantes. 
44
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
O ideal escolanovista ganhou força e conquistou espaços na política pública 
brasileira, com ingerência também na formação dos professores alfabetizadores. 
Contudo, o embate entre os métodos sintéticos e analíticos permaneceram, 
permeado pelas tensões e conflitos de interesses políticos, econômicos e sociais 
presentes na história da educação brasileira desde o período colonial. Em 1959, 
houve a publicação do Manifesto dos Educadores Mais Uma Vez Convocados, segundo 
documento escrito pela elite intelectual do país. Este contou também coma 
assinatura de Paulo Freire, grande nome da pedagogia e da alfabetização do país. 
Em 1963, o trabalho e ideias de Freire alcançaram grande destaque, com 
o sucesso na alfabetização de adultos, cortadores de cana de Angicos, cidade do 
Rio Grande do Norte. O Método Paulo Freire, como ficou conhecido, pode ser 
associado aos métodos analíticos, uma vez que lança mão das palavras geradoras 
como ponto de partida para o processo de alfabetização. Não obstante, há de 
se destacar que restringir o pensamento de Paulo Freire a um método, ou ao 
trabalho de Angicos, somente, implica numa visão limitada da sua vasta reflexão 
educativa, vinculada à Pedagogia Crítica. Seus estudos e defesas continuam 
atuais, pertinentes e indispensáveis à alfabetização às políticas educacionais 
brasileiras. 
No período do governo militar no Brasil, o pensamento pedagógico 
de Paulo Freire, Anísio Teixeira e tantos outros educadores e intelectuais foi 
reprimido, sendo eles próprios perseguidos nesse tempo. Anos depois, com o 
retorno ao governo democrático, a discussão iniciada com o Manifesto de 1932 e 
reafirmada em 1959, foi retomada e se mostra necessária até os dias atuais. 
No campo da alfabetização, na década de 1980, a educação e, mais 
especificamente, a alfabetização brasileira, experimentou uma nova fase, com 
o surgimento do termo Letramento, amplamente difundido pelas pesquisas de 
Magda Becker Soares, professora emérita da Universidade Federal de Minas 
Gerais. "Quanto à mudança na maneira de considerar o significado do acesso 
à leitura e à escrita em nosso país - da mera aquisição da 'tecnologia' do ler e 
do escrever à inserção nas práticas sociais de leitura e escrita, de que resultou 
o aparecimento do termo letramento ao lado do termo alfabetização [...]" 
Acadêmico, no link indicado assista ao documentário comemorativo do 
Centenário Paulo Freire, e rememore suas contribuições para a educação e proposta de 
alfabetização no país: 
https://www.youtube.com/watch?v=cKH8_4dXhUM
INTERESSA
NTE
TÓPICO 2 — PANORAMA HISTÓRICO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL REPUBLICANO
45
(SOARES, 2002, p. 21). A compreensão dessa faceta importante da alfabetização 
tem se ramificado em muitas outras pesquisas e embasado estratégias didáticas. 
Em 2016, buscando problematizar e elucidar diversas teorias e aspectos que se 
circunscrevem à "Guerra dos Métodos de Alfabetização", Magda Soares lança 
o livro Alfabetização: a questão dos métodos, em que defende que alfabetizar com 
método é a questão de fato relevante e isso extrapola, e muito, a escolha de um 
método convencional específico. 
A discussão contemporânea ainda perpassa a questão dos métodos se 
alonga a outros pontos, como a persistência do analfabetismo, a idade e tempo 
ideais para que a criança se alfabetize, a formação e o lugar do professor. Esses e 
outros aspectos serão expostos no próximo tópico desta Unidade.
Acadêmico, abordaremos mais profundamente o conceito de Letramento na 
Unidade 2 deste livro. A menção que fazemos a ele agora apenas compõe a progressão 
histórica iniciada, numa perspectiva diacrônica.
ESTUDOS FU
TUROS