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APG 11 1. Revisar a morfofisiologia do fígado e o sistema porta hepático. ANATOMIA: Recesso subfrênico: dividido pelo ligamento falciforme do fígado, separa o órgão do diafragma. Recesso hepatorrenal: separa o fígado do rim anteroinferiormente e o fígado da suprarrenal póstero inferiormente FISIOLOGIA: ★ Produção da bile (emulsificador de gorduras). ★ Metabolismo de medicamentos. ★ Metabolismo da bilirrubina (quebra do grupo heme das hemácias). ★ Metabolismo dos hormônios tireoidianos. ★ Síntese de albumina e fatores de coagulação, e das vitaminas K e complexo B. ★ Armazenamento de glicogênio, ferro e vitaminas. ○ Filtra o sangue. ★ Resposta imune. HISTOLOGIA: ★ O fígado é revestido por uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado, cápsula de Glisson. ○ Esse tecido conjuntivo denso, se estende e forma os lóbulos hepáticos. ★ Na periferia de cada lóbulos, existe tecido conjuntivo (espaço porta), que apresenta ramos da artéria hepática, veia porta, ductos biliares e linfáticos. ★ Os ductos biliares são revestidos por epitélio cubóide. ★ O parênquima hepático é constituído pelos hepatócitos (cél de citoplasma acidófilo, com várias mitocôndrias, associadas ao armazenamento de glicogênio). ○ Eles estão dispostos ao redor dos lóbulos hepáticos, formando placas celulares (se direcionam da periferia do lóbulo para o seu centro). ■ O espaço entre essas placas celulares contêm capilares sinusóides, que convergem para o centro do lóbulo para formar a veia centro lobular. ● Os sinusóides contém macrófagos (cél de Kupfer), e fenestrações, que permitem a passagem de grandes moléculas. ○ Entre os hepatócitos (espaço de Disse) estão localizados as cél de Ito (cél estreladas), atuam como local de armazenamento de vitamina A. SISTEMA PORTA-HEPÁTICO: O fígado recebe sangue de 2 vasos: ★ Veia porta: sangue rico em nutrientes e substâncias do trato GI. Drena para o fígado. ○ Esplênica: drena estômago, pâncreas, omento maior e intestinos. ○ Mesentérica superior: drena pâncreas, cólon ascendente, e intestino delgado. ○ Mesentérica inferior: cólon descendente, sigmóide e região do reto. ★ Artéria hepática: sangue oxigenado e com metabólitos e nutrientes. 2. Entender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, e diagnóstico da hipertensão portal e da cirrose, junto com as suas complicações. CIRROSE: doenças caracterizadas por subversão difusa da arquitetura hepática normal por nódulos de hepatócitos em regeneração circundados por tecido conjuntivo. EPIDEMIOLOGIA: ★ 800.000 morrem de cirrose por ano. ★ Hepatite viral C e doença hepática alcoólica são as causas mais comuns. ★ Principal indicação para transplante hepático. ETIOLOGIA: Principais causas: ★ Doença hepática alcoólica. ★ Hepatite C crônica. ★ Doença hepática gordurosa não alcoólica. ★ Hepatite B crônica. <2% das causas: ★ Doenças hepáticas colestáticas e autoimunes: ○ Cirrose biliar primária. ○ Colangite esclerosante primária. ○ Hepatite autoimune. ★ Obstrução biliar intra-hepática ou extra-hepática: ○ Obstrução mecânica. ○ Atresia biliar. ○ Fibrose cística. ★ Doenças metabólicas/congênitas: ○ Hemocromatose. ○ Doença de Wilson. ○ Deficiência de alfa-1-antitripsina. ○ Doenças de armazenamento de glicogênio. ○ Abetalipoproteinemia. ○ Porfiria. ★ Obstrução do fluxo venoso hepático: ○ Síndrome de Budd-Chiari. ○ Doença veno-oclusiva. ○ Insuficiência cardíaca direita. ★ Fármacos e toxinas. FISIOPATOLOGIA: Cél de Kupffer injuriadas por toxinas (álcool, drogas, medicamentos, e infecções) ➞ secreção de citocinas inflamatórias➞ atuação nas cél de Ito ➞ ativação ➞ perda do depósito de vit A ➞ proliferação ➞ desenvolvimento de um RER ➞ secreção de colágeno I e III, glicoproteínas, e proteoglicanos sulfatados ➞ perda das fenestrações das células sinusóides e as cél estreladas tornam-se miofibroblastos que se contraem e diminuem o diâmetro dos sinusóides (leva a uma possível evolução a hipertensão portal) ➞ desestruturação do parênquima hepático ➞ geração de feixes de fibrose ➞ nódulos de regeneração. Classificação baseada no critério morfológico: ★ Micronodulares: causadas principalmente por alcoolismo e hepatite B. ○ Ao passo que ocorre a suspensão da ingestão do álcool pode evoluir para uma macronodular. ★ Macronodulares: é a forma final de qualquer tipo morfológico da doença. ○ Hepatites crônicas. ★ Mistos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Compensada: função da síntese hepática normal, e pressão portal ⬆, porém inferior ao valor limiar necessário para varizes e ascite. ★ Normalmente assintomática. ★ Porém pode apresentar: ○ Fadiga inespecífica. ○ Perda de peso. ○ Diminuição da massa muscular. ○ Diminuição da libido. ○ Transtornos do sono. ○ Varizes gastroesofágicas. Descompensada: pressão portal ⬆. ★ Hipertensão portal ➞ varizes gastroesofágicas agravadas ➞ hemorragia varicosa. ○ Ascite: ■ Ganho de peso. ★ Insuficiência hepática: ○ Icterícia. ■ Incapacidade dos hepatócitos de sintetizar proteínas ➞ hipoalbuminemia ➞ deficiência dos fatores de coagulação ➞ edema e hemorragias. ○ Encefalopatia hepática. ■ Início gradual. ■ Alterações do nível de consciência, comportamento, tremor distal, e hálito hepático (odor adocicado). ● Grau 1: inversão do padrão de sono-vigília e esquecimento. ● Grau 2: confusão, comportamento bizarro e desorientação. ● Grau 3: letargia e desorientação profunda. ● Grau 4: coma. ★ Complicações pulmonares: ○ Síndrome hepatopulmonar. ■ Dispneia aos esforços. ■ Síncope. ■ Dor torácica. DIAGNÓSTICO: ★ Exame físico: atrofia muscular, eminências tenar e hipotenar, angiomas aracniformes, eritema palmar, petéquias, contractura de Dupuytren (espessamento da fascia palmar), lobo hepático direito reduzido e esquerdo aumentado, esplenomegalia, e a presença de circulação colateral (cabeça de medusa). ○ Os homens podem apresentar: queda dos pelos no tórax e no abdômen, ginecomastia e atrofia testicular. ★ Exames laboratoriais: baixa contagem de plaquetas, níveis anormais de AST, Gama GT, alfa2-macroglobulina, ácido hialurônico, haptoglobina, e inibidor da metaloproteinase tecidual. ★ Exames de imagem: TC, US e RM. ○ Contorno nodular do fígado, tamanho reduzido, esplenomegalia, identificação de vasos colaterais intra-abdominal (hipertensão portal), e rigidez hepática (elastografia - US). COMPLICAÇÕES: ★ Varizes e hemorragia varicosa. ○ Fibrose tissular, a regeneração, a contratilidade das cél sinusoidais, e a produção de derivados vasoativos (óxido nítrico e endotelinas) ➞ pressão portal ⬆ ➞ uso de vias acessórias ➞ veias umbilicais ou veias gástricas. ■ Veias umbilicais ➞ cabeça de medusa. ■ Veias gástricas ➞ varizes gástricas e esofágicas ➞ hemorragia varicosa. ★ Ascite. ○ Ascite + cirrose = hiponatremia (concentração sérica de Na < 130 mEq). ○ Síndrome hepatorrenal: ■ Tipo 1: lesão renal aguda, rápida, que ocorre pela elevação da concentração sérica de creatinina em 2 semanas. ■ Tipo 2: lenta. ○ Peritonite bacteriana espontânea. ★ Síndrome hepatorrenal. ★ Peritonite bacteriana espontânea. ★ Encefalopatia hepática. ○ Síndrome hepatopulmonar e hipertensão porto pulmonar. HIPERTENSÃO PORTAL: ETIOLOGIA: ★ Pré-hepático. ★ Obstrução: ○ Trombose da veia porta ou esplênica. ★ Fluxo portal aumentado: ○ Fístula arteriovenosa. ○ Esplenomegalia maciça causada por um distúrbio hematológico primário. ★ Hepático. ★ Pré-sinusoidal: ○ Hipertensão idiopática portal. ○ Colangite biliar primária. ○ . P.Sarcoidose. ○ Fibrose hepática congênita. ○ Esquistossomose. ★ Sinusoidal: ○ Cirrose. ★ Pós-sinusoidal: ○ Síndrome de obstrução sinusoidal hepática. ★ Pós-hepática. ★ Obstrução: ○ Síndrome de Budd-Chiari. ○ Obstrução da veia cava inferior. ★ Resistência ao enchimento do coração direito: ○ Pericardite constritiva. ○ Miocardiopatia restritiva. FISIOPATOLOGIA: Hipertensão portal ➞ circulação colateral porto-sistêmica ➞ vasodilatação arterial periférica ➞ queda no volume arterial efetivo, na resistência vascular periférica e na PA ➞ ativação do SRAA e do SNS ➞ retenção deNa e H2O e vasoconstrição ➞ ascite, edemas, aumento da volemia e do débito cardíaco e síndrome hepato-renal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ★ Esplenomegalia: do tipo esclerose congestivo. ★ Sangramento digestivo. ○ Causado pelas varizes no trato GI. ★ Taquicardia. ★ Redução da PA. ★ Ascite. ★ Encefalopatia hepática. ○ Pela falta da filtração das toxinas, cai tudo na corrente sanguínea atravessando a barreira hematoencefálica. ★ Baqueteamento digital. ★ Taquipnéia e dispnéia aos esforços. ★ Circulação colateral. ○ Cabeças de medusa. ★ Varizes no esôfago e gástricas. DIAGNÓSTICO: ★ TC. ★ Doppler. ★ Endoscopia digestiva alta. ★ Medição da pressão portal: cateterismo da veia porta do fígado e da veia hepática. ★ Arteriografia celíaca e mesentérica. ○ Avalia o “caminho”. ★ Exame físico: baço aumentado, líquido no abdômen, na percussão vai estar um som mudo e os sinais da encefalopatia hepática. 3. Relacionar o impacto do alcoolismo nas relações familiares e pessoais. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas é causa da maioria dos acidentes de trânsito, provoca comportamento anti social, abandono escolar, violência doméstica e inúmeros problemas à saúde. Os efeitos do alcoolismo na vida do indivíduo são comuns, onde estão as dificuldades de relacionamentos entre pais e filhos e até conjugal o que leva a separação e rompimentos. Decorrem diversas questões, como financeiras, absenteísmo no trabalho e falta de emprego, aumento dos gastos domésticos, pelo valor do produto em si priorizando suas compras em torno da bebida alcoólica. Socialmente, além dos citados, embriaguez ao volante, direção perigosa, multas e apreensões, violências domésticas, no trânsito e pessoais levam o alcoolista a não conseguir dar conta de sua vida social e familiar. No entanto, por maior sofrimento que esta doença traga às famílias, observa-se que o hábito de beber geralmente se inicia no seio familiar e é na própria família onde deve estar o ponto forte para o tratamento, seja ele qual for o escolhido. O apoio familiar é a parte mais difícil e a mais necessária.
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