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Ética, direito à comunicação e crimes Unidade 4 Comunicação efetiva Unidade 4 Comunicação efetiva Ética, direito à comunicação e crimes Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 3 Unidade 4 Ética, direito à comunicação e crimes Objetivos de aprendizagem: • Compreender e buscar os valores de uma comunicação ética; • Distinguir liberdade de comunicação de liberdade de expressão; • Identificar os direitos individuais no âmbito da comunicação; • Conhecer os crimes de comunicação; • Refletir sobre a responsabilidade social da comunicação do indivíduo. Tópicos de estudo: • A ética como princípio comunicacional do cidadão; • O direito à comunicação; • Os crimes contra a honra a partir de atos comunicativos. Iniciando os estudos: A comunicação eficiente, além de todos os elementos já estudados até aqui, deve ser pautada também nos princípios legais e morais que envolvem a ética nos direitos, no conhecimento dos possíveis crimes dessa área e no senso de responsabilidade de todos os cidadãos. Quando você se comunica, como pensa em transparecer neste processo sua integridade para que seu discurso seja aceito com confiança e prestígio pelos outros, de forma que sua reputação e seriedade se fortaleçam nos âmbitos sociais e profissionais? A escrita, a fala e todas as ações comunicacionais por mais técnicas e teorias que sejam aplicadas não serão assertivas se não forem questionadas do ponto de vista filosófico e constitucional. Filosófico porque emergem de reflexões sobre o que na comunicação que construímos é, por exemplo, certo ou errado, verdadeiro ou mentiroso, legítimo ou ilegítimo, justo ou injusto, justificável ou injustifi- cável. Assim, a ética se integra no campo das Ciências Sociais tornando transparentes e compreensíveis os fatos morais no alinhamento das expectativas sociais. Constitucional porque vivendo em sociedade é inevitável que se siga um conjunto de leis, normas e regras do país, estruturados como princípios e diretrizes que organizam e garantem o desenvolvimento nacional e a dignidade humana. A comunicação está conferenciada nesse contexto, assegurando ao povo a liberdade de expressão, mas também compromissos que visam o bem-estar coletivo. A comunicação efetiva deve afetar as pessoas com efeitos positivos e, nesse sentido, a intenção desta unidade é aflorar o seu conhecimento sobre esses tópicos, gerando repertório para debates e posturas mais conscientes. Bom estudo! Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 4 ED + Co nt en t H ub © 2 01 9 Figura 1 - A ética proporciona dilemas entre os quais você deve se posicionar e fazer uma opção com responsabilidade. 1 A ÉTICA COMO PRINCÍPIO COMUNICACIONAL DO CIDADÃO Os debates sobre ética são pautas constantes com início na antiguidade clássica e que se entenderam em todos os momentos da história até a sociedade contemporânea. O dicionário de Língua Portuguesa (FERREIRA, 1999, p. 848) esclarece que ética é “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação, do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. ÉTICA Muitos pensadores contribuíram para a profundidade em que chega hoje o tema: Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 5 Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.) e as explanações sobre virtude, sabedoria e conhecimento como fundamentos de que ninguém pratica voluntariamente o mal; Platão (427 a.C. - 347 a. C.) com o olhar sobre a razão, a vontade, o desejo e a justiça; Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que deixou três obras muito significativas como a “Ética a Nicômaco”, “Ética a Eudemo” e “A Grande Ética”; Marco Túlio Cícero (106 a.C. - 43 a.C.) com a moral e o conjunto de deveres dos homens; São Tomás de Aquino (1225 - 1274), que unia a fé e a razão, o corpo e a alma como dignidade da pessoa; Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778) com a obra “Emílio” e a defesa de que todo homem nasce puro e bom e a sociedade que o corrompe; Immanuel Kant (1727 - 1804) com o encaminhamento da autonomia da ética e o dever como ponto central da moralidade; Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831) com o coletivo estabelecendo padrões de conduta e comportamento. ED + Co nt en t H ub © 2 01 9 Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 6 ED+ Content Hub © 2019 Outros do Modernismo para frente impulsionaram para um quadro complexo nos debates acadêmicos e públicos. Cortella (2015, p. 18) explica que ética e moral: São conceitos correlatos e conectados, mas não têm sentido idêntico, pois, enquanto ética é o conjunto de valores e princípios que orientam a minha conduta em sociedade, a moral é a prática desses valores na ação cotidiana. Exemplo: tenho como princípio ético que “o que não é meu não é meu”; encontro um celular no chão da sala de aula, logo, devolvê-lo ao dono é um ato moral. A razão para fazê-lo é um princípio ético (CORTELLA, 2015, p. 18). Vasquez (1992, p. 20) observa que: Certamente, muitas éticas tradicionais partem da ideia de que a missão do teórico, neste campo, é dizer aos homens o que devem fazer, ditando-lhes as normas ou princípios pelos quais pautar seu comportamento. O ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade. Mas a função fundamental da ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer ou investigar numa determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes (VASQUEZ, 1992, p. 20). Portanto, enquanto a ética é a percepção, reflexão e escolhas traçadas sobre os princípios da moral, a moral são as regras de conduta reconhecidas e aplicadas em uma sociedade de acordo com sua cultura. Ética: do grego ethos, que significa "conduta, "modo de ser" e “caráter”. Moral: do latim moralis, que significa "costume". Figura 2 - Conceitos de ética e moral. Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 7 Reflita A ética pode ser pensada também sobre o eixo “quero, devo e posso”. Como sugere o filósofo Mario Sérgio Cortella em suas palestras, “tem coisas que eu quero, mas não devo. Tem coisas que eu devo, mas não posso. E tem coisas que eu posso, mas não quero”. Baseado nesse pensamento, reflita sobre como você tem exercitado sua comunicação por meio da fala. Tem coisas que você quer dizer, mas não deve? Tem coisas que você deve dizer, mas não pode? Tem coisas que você pode dizer, mas não quer? Aprofunde-se Título: Programa Café Filosófico: “Ética do Cotidiano” com Mário Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho. Acesso em: 04/01/2020. Disponível em: https://youtu.be/9_YnlPXKlLU O modo como as pessoas argumentam, debatem, dialogam e negociam suas semelhanças e diferenças, seus pontos de vista e suas necessidades individuais e coletivas também é cercado pelos valores ético e moral. Você já pensou sobre o quanto pode ser lamentável quando interlocutores, por exemplo, ocultam suas verdadeiras intenções e não justificam suas razões, transformando toda a comunicação em um processo sem clareza ou tumultuado? Você já imaginou a comunicação humana distante da sensatez, prudência, respeito e tantas outras questões que já estudamos? Assim, seria difícil a relação com muitos daqueles que convivemos, acompanhamos e construímos algo em conjunto. Um discurso só é eficaz se for legitimado diante de um espaço social, pelos agentes presentes, de acordo com sua história e cultura. Para Habermas (2004), a dimensão ética da discussão encontra-se nos prin- cípios de não coerção, da igualdade, da cooperação e da reciprocidade, os quais nos debates auxiliam um a se colocar no lugar do outro, rompendo a dimensão individual. Assim, o autor proporciona aos cidadãos um convite para ampliação de seus horizontes éticos por meio da elaboração de: Princípios normativos e procedimentais que norteiem debates coletivos entre sujeitosplurais (e autônomos em decidir como melhor viver suas vidas), em uma tentativa de solução de conflitos morais por meio da troca argumentativa (sem coerções de violência e poder), na qual os interlo- cutores são vistos como igualmente dignos de serem considerados como parceiros de diálogo. A discussão reflexiva nos possibilitaria expressar nossos desejos, interesses, sentimentos e necessi- dades, explicitando as fronteiras e vias de solidariedade com o ”outro“, de modo a reconhecer quais são aqueles que pertencem ao domínio do julgamento pessoal e quais são aqueles que deveriam ser compartilhados e entendidos como pertencentes ao âmbito coletivo da justiça, das normas e dos direitos (HABERMAS, 2004, apud MARTINO; MARQUES, p. 148). https://youtu.be/9_YnlPXKlLU Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 8 Aprofunde-se Leia este artigo para complementar as discussões da unidade. O material fala sobre os processos comunicativos ético-morais em três âmbitos da experiência intersubjetiva: a troca argumentativa voltada para o entendimento e/ou solução de problemas coletivos; a demanda por reconhecimento social dos sujeitos; e a produção mediática de representações que estimulam continuamente sentimentos morais voltados ao outro. Título do artigo: As relações entre ética, moral e comunicação em três âmbitos da experiência intersubjetiva Link: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/viewFile/338/295 A ética do discurso nos processos de comunicação tem hoje um grande campo de exploração diante das mídias sociais. Tanto figuras públicas que são formadoras de opinião, como as empresas e qualquer cidadão, têm espaço livre para produção de conteúdo, no entanto todos devem questionar-se sobre suas contribuições nesses meios. Seja de forma recreativa, institucional, política ou artística, a responsa- bilidade social e cívica deve ser foco da comunicação compartilhada. Além de conduta ética, todos devem proceder de acordo com a lei, que será o assunto no próximo tópico desta unidade. Afinal, pode-se ter sérias consequências quando você comunica o que quer, quando quer e como quer sem fazer uso do conhecimento, da razão e assim da assertividade. Assista Acesse na plataforma o vídeo: Códigos de ética para comunicação em mídias sociais – Parte 1 2 O DIREITO À COMUNICAÇÃO O direito humano à comunicação no Brasil tem duas vertentes relevantes no que tange à liberdade de expressão e ao direito à informação. A primeira proclamação sobre a questão com relevância mundial foi emitida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e criada em 1945, por meio do artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), de 1948, que diz que “todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informa- ções e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/viewFile/338/295 Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 9 Porém, antes desse salto, tanto a França quanto os Estados Unidos contribuíram para o desenrolar mais amplo dessa pauta. Em 1789, durante a Revolução Francesa, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão propagou os direitos individuais e coletivos dos indivíduos fundamentados nos pilares da liber- dade, igualdade e fraternidade. Em 1787, a Constituição americana afirmava que não cabia ao congresso leis que restringissem a liberdade de expressão, fosse da imprensa ou de qualquer pessoa que dese- jasse pacificamente fazer pedidos ao governo para que fossem realizadas reparações de queixas. No Brasil, a liberdade de expressão nos é assegurada desde a Constituição de 1967, no entanto, dispo- sitivos legais e autoritários restringiram esse direito ao impor censura política, ideológica e artística em grande escala durante o período ditatorial, que se findou em 1985. Hoje a liberdade de expressão está garantida na Constituição Federal de 1988, no princípio da dignidade da pessoa humana presente no artigo 1º, inciso III, que declara que é livre a manifestação do pensa- mento, sendo vedado o anonimato, assim como é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença. Figura 3 - Primeira proclamação sobre a questão com relevância mundial foi emitida pela Organização das Nações Unidas. Fonte: disponível em: https://www.conectas.org/noticias/declaracao-universal- dos-direitos-humanos-completa-70-anos Acesso em: 30 jan. 2020. https://www.conectas.org/noticias/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-completa-70-anos https://www.conectas.org/noticias/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-completa-70-anos Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 10 Aprofunde-se Aprofunde-se no tema de estudo com a leitura deste pequeno caderno que fala sobre o direito humano à comunicação: o direito de todas as pessoas de produzirem, distribuírem e acessarem informação e cultura em condições iguais, garantindo os valores democráticos. Título do artigo: Direito à comunicação Link: http://flacso.org.br/files/2017/06/DIREITO-A-COMUNICA%C3%87%C3%83O.pdf Desde a implementação do estado democrático, é fato que a liberdade de expressão ganhou força. Com o crescimento das novas tecnologias de informação e comunicação, proporcionando a todos um lugar de fala por meio dos espaços virtuais, essa liberdade ampliou ainda mais seus alcances e debates éticos. Assista Acesse na plataforma o vídeo: Códigos de ética para comunicação em mídias sociais – Parte 2 Embora a liberdade de expressão tenha sido uma vitória progressiva, é preciso considerar também que a liberdade de expressão é fomentada pelo direto ao acesso à informação. A primeira não se faz em potencialidade sem a segunda, ou seja, procurar, acessar e receber informa- ções, de qualquer canal ou fonte que se desejar, é essencial para a maturidade da exteriorização de qualquer pensamento. Enquanto esse acesso se faz um direito consagrado do cidadão, também é um dever do Estado por meio da sua administração pública facilitar e possibilitar esse movimento por meio de transparência e incentivo. Figura 4 - A livre manifestação do pensamento, assegurada pela Constituição brasileira, mobiliza constantemente a sociedade. http://flacso.org.br/files/2017/06/DIREITO-A-COMUNICA%C3%87%C3%83O.pdf Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 11 Assim, em 2011, foi aprovado o projeto de lei número 12.527, conhecido como LAI, Lei de Acesso à Infor- mação, que entrou em vigor em maio de 2012. Conheça as principais estruturas da LAI Entenda o que é a Lei de Acesso à Informação, quais são suas propostas e o impacto social nos processos de comunicação do brasileiro. • Publicidade como preceito geral; • Sigilo como exceção; • Divulgação de todas as informações de interesse público, independente de solicitações, com disponibilidade, autenticidade e integridade; • Utilização dos meios de comunicação e tecnologias como canais de acesso para essas informações; • Fomento ao desenvolvimento da cultura e gestão de transparência. 3 5 A Lei número 12.527 é de 2012. Quando entrou em vigor? A administração direta (poder central, federal, estadual e municipal), a administração indireta (entidades que realizam atividades do governo de forma descentralizada) e entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos. Quem a lei atinge? Informações que coloquem em risco a segurança da sociedade (vida, segurança, saúde da população) ou do Estado (soberania nacional, relações internacionais, atividades de inteligência). Quais são os principais objetivos da lei? O que não deve ser divulgado? 1 2 4 O que deve ser divulgado? • Estrutura e competências dos órgãos, além dos endereços e telefones de suas unidades e horários de atendimentoao público; • Programas, projetos, ações, obras e atividades, indicando a unidade responsável, principais metas e resultados; • Repasses ou transferências de recursos financeiros; • Execução orçamentária e financeira detalhada; • Procedimentos licitatórios, com os contratos celebrados e notas de empenho emitidas; • Remuneração recebida por servidores e empregados públicos de maneira individualizada; • Respostas às perguntas mais frequentes da sociedade. Infográfico 1 - Lei de Acesso à Informação (LAI). Fonte: adaptado de http://www.acessoainformacao.gov.br/perguntas- frequentes/aspectos-gerais-da-lei#10 Acesso em: 30 jan. 2020. ED+ Content Hub © 2019 http://www.acessoainformacao.gov.br/perguntas-frequentes/aspectos-gerais-da-lei#10 http://www.acessoainformacao.gov.br/perguntas-frequentes/aspectos-gerais-da-lei#10 Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 12 Aprofunde-se Aqui você encontra tudo o que precisa saber sobre a LAI. A publicação tem por proposta disseminar, por meio de uma linguagem simples e acessível, os principais conteúdos da Lei, seus propósitos e interferências na vida do brasileiro. Título do artigo: Lei de Acesso à Informação no Brasil Link: https://www12.senado.leg.br/transparencia/arquivos/sobre/cartilha-lai/ 3 OS CRIMES CONTRA A HONRA A PARTIR DE ATOS COMUNICATIVOS Compreendendo um pouco sobre ética na comunicação, sobre liberdade de expressão, o direito ao acesso à informação como uma alavanca para construção de um pensamento mais crítico diante da realidade brasileira, você conhece agora o que pode ser considerado crime pelo ato de comunicação. A comunicação não eficiente, carregada por meio do discurso do cidadão, pode gerar responsabilidades infringidas que deverão ser respondidas legalmente. Entre tantos vieses, será resgatado aqui questões que envolvem os crimes contra a honra previstos no Código Penal. A escolha se dá pelo desconhecimento de muitos sobre a existência desses princípios e os riscos percebidos nas diversas exposições propagadas, principalmente, nas redes sociais pelos usuários. Aprofunde-se Esse artigo ampliará seu conhecimento sobre crimes contra a honra em ambiente virtual pelos atos comunicativos. Ele descreve, especifica e debate a legislação penal e a aplicabilidade na conduta desses crimes. Destaca-se que atualmente é constante a calúnia, difamação e a injúria na internet, ocorrendo um crime no que antes poderia ser apenas uma simples briga de vizinhos, onde as testemunhas eram apenas aqueles presentes, sendo poucos. Contudo, com a publicação em sites com muitas visualizações, esses crimes recebem uma repercussão enorme, especialmente pela facilidade de transmissão que a internet possui, podendo agravar em muito o crime realizado. Título do artigo: Os crimes contra a honra nas perspectivas do ambiente virtual Link: https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_-_dos_crimes_virtuais_-_ ambito_0.pdf https://www12.senado.leg.br/transparencia/arquivos/sobre/cartilha-lai/ https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_-_dos_crimes_virtuais_-_ambito_0.pdf https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_-_dos_crimes_virtuais_-_ambito_0.pdf Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 13 Dos crimes contra a honra, identifica-se calúnia, injúria e difamação que não são a mesma coisa como muitos pensam. A calúnia ocorre quando alguém é acusado publicamente de um crime não cometido ou ainda não julgado pelas instâncias responsáveis. Por exemplo, tudo indica que um pai matou um filho, um político roubou um país, mas os fatos e as provas ainda estão em julgamento sem condenação. Assim, se nesse momento alguém usa uma rede social, propagando publicamente falas de “assassino” ou “ladrão”, diante da absolvição isso poderá ser tratado como calúnia pelos que foram acusados, além de outros crimes. A difamação compromete dizer publicamente que uma pessoa é autora de um ato desonroso, compro- metendo assim a reputação. Se você propagar que um colega do seu trabalho não está cumprindo com as suas atividades, mesmo que seja verdade e você comprove, o fato é que você interveio na reputação, expondo a imagem desse profissional no sentido de uma desconstrução. Outro exemplo é tornar público que uma pessoa não paga contas e é devedora. Não sendo isso um crime, assim como casos extraconju- gais, e não importando se é verdade ou não, o emissor dessa mensagem pode responder por difamação. Figura 5 - A reputação de um indivíduo sendo desconstruída pela difamação. ED+ Content Hub © 2019 Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 14 Aprofunde-se Assista Aos teus olhos, com direção de Carolina Jabor. O filme oferece a reflexão que envolve crimes contra a honra propagados nos apps de comunicação e redes sociais. A acusação de pedofilia é um crime e, caso não comprovado, muitos envolvidos cometem calúnia, difamação e injúria. A reputação do competente professor é posta em jogo e ele tenta provar inocência todo o tempo, sofrendo um linchamento virtual antes de qualquer condenação ou julgamento por vias legais e adequadas. Título: Aos teus olhos. Ano: 2018. Sinopse: O longa-metragem tem a direção de Carolina Jabor e conta a história de um professor de natação chamado Rubens, interpretado pelo ator Daniel de Oliveira. O profissional é acusado na trama pelos pais de um aluno por tê-lo beijado na boca no vestiário da escola. A acusação viraliza nos grupos e redes sociais como indicação de crime, afetando a reputação de Rubens. A injúria se dá quando são exaltadas características no sentido negativo de uma pessoa, às vezes até por meio de um xingamento, ofendendo a dignidade ou decoro. Pode ser considerada injúria discriminatória se envolver elementos relacionados à raça, etnia, religião, sexualidade e outros. Além disso, também há enquadramentos possíveis diante dos crimes de racismo e homofobia que em junção com os crimes contra a honra podem ter pena aumentada. Enquanto na calúnia existe imputação de fato definido como crime, na difamação o fato é meramente ofensivo à reputação do ofendido. Além disso, o tipo de calúnia exige elemento norma- tivo da falsidade da imputação, o que é irrelevante no delito da difamação. Enquanto na injúria o fato versa sobre qualidade negativa da vítima, ofendendo-lhe a honra subjetiva, na difamação há ofensa à reputação do ofendido, versando sobre fato a ela ofensivo (JESUS, 2007, p. 225). Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 15 Então, mesmo todos tendo por garantia o direito à liberdade de expressão, é urgente que se tenha cons- ciência e responsabilidade do que se comunica ainda mais diante da velocidade, conectividade e alcance da internet. Conheça também as penas previstas no Código Penal, capítulo V, do título I da Parte Especial: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa [...] Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa [...] Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. [...] Se você comunicar durante uma entrevista em um programa de televisão que seu vizinho, presente nesta gravação, é um “cafetão de menores de idade” é possível que você responda por calúnia (o acusa de um crime relacionado à prostituição de crianças e jovens publicamente), difamação (desonra) e injúria (faz isso na frente do sujeito). Você tem provas contundentes? Essas provas foram analisadas e julgadas pelos profissionais aptos para isso? Tem um veredito de condenação ou você sozinho foi o investigador, promotor e juiz que decretou tudo e em sequência resolveu divulgar? Figura 6 - A ofensa da dignidade e decoro por meio de xingamentos afeta a comunicação eficaz gerando consequências parao emissor da mensagem. ED+ Content Hub © 2019 Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 16 Assista Acesse na plataforma o vídeo: Códigos de ética para comunicação em mídias sociais – Parte 3 Figura 7 - A sociedade precisa conter os crimes contra a honra e discursos de ódio nas redes sociais que infringem valores éticos por meio dos atos comunicacionais do cidadão. ED + Co nt en t H ub © 2 01 9 Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, foram apresentadas reflexões sobre a ética, o direito e os crimes contra a honra a partir de atos comunicativos. Você: • Agregou valores ao pensar ético; • Percebeu a importância de uma comunicação pautada na responsabilidade social; • Compreendeu o direito à comunicação pela liberdade de expressão; • Entendeu a importância do acesso à informação para construção do discurso mais crítico; • Estudou a calúnia, a injúria e a difamação. Comunicação efetiva | Unidade 4 - Ética, direito à comunicação e crimes 18 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1998)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1998. CORTELLA, Mário Sérgio. Educação, convivência e ética: audácia e esperança. São Paulo: Cortez, 2015. COSTELLA, Antonio. Legislação da Comunicação Social: curso básico: jornalismo, publicidade, relações públicas, rádio e tv, editoração e cinema. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2002. JESUS, Damásio E. de. Direito Penal: parte especial: dos crimes contra a pessoa e dos crimes contra o patrimônio. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 2, p. 517. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 3. ed. rev. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 848. GUIMARÃES, Arianna Stagni. Direito à comunicação: relação entre os meios de comunicação e o exer- cício da cidadania. São Paulo: Lex, 2013. HABERMAS, J. A Inclusão do Outro: estudos de teoria política. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2004. KOSOVSKI, Ester. Ética na comunicação. Rio de Janeiro: Mauad Ltda, 1995. MARTINO, L. M; MARQUES, A. A ética da comunicação a partir da abordagem dos conceitos de interesse e uso da linguagem. Disponível em https://ken.pucsp.br/galaxia/article/download/5396/7593 Acesso em: 4 jan. 2020. VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 37. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. https://ken.pucsp.br/galaxia/article/download/5396/7593
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