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• Tele aula nº: 03 Legislação Social e Trabalhista O Trabalho remunerado e o direito ao descanso • Competência da Unidade: Entender o trabalho remunerado e o direito ao descanso dos trabalhadores. • Resumo: A aula discute temas relacionados à remuneração, férias, descansos remunerados. • Palavras-chave: Remuneração; salário; férias; RSR. Contextualização • Remuneração e salário são termos sinônimos? • Quais as hipóteses legais de desconto no salário? • Quais verbas trabalhistas têm caráter salarial? • Quais os requisitos para o reconhecimento da equiparação salarial? • Quais os requisitos para o direito ao descanso (DSR e férias)? Conceitos... Remuneração e salário Remuneração • Consiste no somatório da contraprestação paga diretamente pelo empregador, seja em pecúnia (dinheiro), seja em utilidades (objetos e benefícios), com a quantia recebida de terceiros, a título de gorjeta. • É gênero do qual o salário e as gorjetas são espécies (CLT, art. 457). Salário • Tem caráter contra prestativo. • É a retribuição pelo trabalho prestado. • Princípio da irredutibilidade salarial. • Pagamento até o 5º dia útil do mês subsequente à prestação do serviço. · Exceção: comissões, percentagens e gratificações. • Verbas com natureza salarial repercutem no cálculo das demais verbas. Salário-utilidade ou salário in natura • É o valor pago em bens/utilidades. • Garantir o mínimo de 30% em dinheiro. • Utilidade com caráter contraprestativo – PELO trabalho – é salário. • Utilidade necessária para a execução do trabalho – PARA o trabalho – não é salário. • O salário utilidade repercute nas demais verbas trabalhistas quando fornecido com habitualidade. Comissões • Modalidade de salário paga por unidade ou serviço, considerando a produtividade e os resultados. • Retribuição só por comissão: comissionista puro. • Retribuição por comissão e parte fixa: comissionista misto. • Garantia constitucional de salário mínimo ou piso da categoria. Obs.: As comissões possuem natureza salarial! Gorjetas • São parcelas pagas por terceiros e abrangem: 1) os valores pagos espontaneamente pelo cliente; 2) os valores cobrados pelas empresas, a título de serviço ou adicional, e destinado à distribuição dos empregados. • Possuem caráter remuneratório (não salarial). Por isso, NÃO incidem no cálculo das verbas trabalhistas. Conceitos... Adicionais legais Adicional de insalubridade • Trabalho insalubre é aquele que expõe o trabalhador a agentes físicos (ex.: ruídos), químicos (ex.: chumbo) e biológicos (ex.: bactérias) que causam malefícios à saúde. • Se constatada a insalubridade, o trabalhador tem direito ao adicional de: • 10% - grau mínimo • 20% - grau médio • 40% - grau máximo Adicional de insalubridade • Em regra, é calculado sobre o salário mínimo. • É salário condição. • Reforma Trabalhista permitiu dispor sobre o enquadramento da insalubridade em acordo e convenção coletiva; mas vedou dispor sobre o adicional de insalubridade quando houver supressão de direito. Obs.: O adicional de insalubridade tem natureza salarial! Adicional de periculosidade • Trabalho perigoso é o que gera risco por expor o trabalhador a: 1) Inflamáveis; 2) Explosivos; 3) Energia elétrica; 4) Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; 5) Trabalho em motocicleta. • Adicional de 30% sobre o salário básico. • É salário-condição. Obs.: O adicional de periculosidade tem natureza salarial! Adicionais legais • Adicional de hora extra: 50% sobre o valor da hora normal. • Adicional noturno: 20% sobre o valor da hora diurna. • Adicional de transferência: 25% sobre o salário. Conceitos... Descontos salariais e verbas não salariais Descontos salariais • Princípio da intangibilidade salarial. • Aplicação do art. 462 da CLT e Súmula 342 do TST. • O desconto deve constar no recibo de pagamento, de forma expressa e clara. • São permitidos os descontos: 1) Adiantamento salarial (vale); 2) Verbas que decorrem de lei (contribuição ao INSS, IRPF, etc.) Descontos salariais 3) planos de assistência odontológica, médica, seguro, previdenciária privada ou de entidade cultural/recreativa/cooperativa (com autorização expressa do empregado); 4) Danos causados pelo empregado: a) Mediante autorização; ou b) No caso de dolo. Verbas não salariais • São verbas que não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário (caráter indenizatório) – (CLT, art. 457, §2º): a) Ajuda de custo; b) Diárias de viagem; c) Auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro); d) Prêmios e Abonos. Resolução da SP Natureza das verbas trabalhistas Apresentação da SP Fernando é um analista de RH recém-contratado por um hotel de alto padrão. Uma das primeiras empregadas do hotel a procurar Fernando foi Beatriz, que atuava na função de camareira. Ao encontrá-lo, relatou a seguinte situação: que recebe gorjetas dos clientes e salário fixo do seu empregador; além de uniforme; vale transporte; auxílio-alimentação (ticket); prêmio no final do ano em decorrência de alta produtividade; adicional de insalubridade e diárias de viagem, quando tem que se deslocar para outras filiais do hotel. Ao consultar o saldo de sua conta do Fundo de Garantia (FGTS), Beatriz percebeu que os valores depositados são baixos, constatando que o FGTS não é pago sobre toda a remuneração recebida. Indignada com a situação, Beatriz exige uma explicação de Fernando, alertando que, se não for resolvido o problema, irá ajuizar uma ação trabalhista em face do hotel Problematização da SP Diante dessa situação, questiona-se: • A indignação de Beatriz procede? • É justo o pleito de Beatriz de exigir que o FGTS seja calculado sobre todas as verbas recebidas? Resolução da SP • O pleito de Beatriz, na verdade, não procede. Fernando deve analisar cada parcela recebida e explicar se há incidência ou não no cálculo do FGTS. Em regra, apenas as parcelas de natureza salarial repercutem no cálculo do fundo de garantia. • Gorjetas – tem caráter remuneratório e há incidência de FGTS sobre esta verba; • Uniforme – é utilidade concedida para a execução do trabalho. Logo, não se trata de salário (CLT, art. 458, §2º, I); • Vale-transporte – é utilidade concedida para o trabalho. Não tem natureza salarial; • Auxílio-alimentação (ticket) – não tem caráter salarial (CLT, art. 457, §2º); • Adicional de insalubridade – tem nítido caráter salarial e, portanto, repercute nas demais verbas trabalhistas, inclusive FGTS; • Prêmio – tendo em vista que Beatriz o recebe no final do ano, em decorrência de alta produtividade, a hipótese se enquadra no art. 457, §4º, da CLT, não tendo caráter salarial; • Diárias de viagem – por expressão de disposição legal (CLT, art. 457, §2º), não são consideradas uma modalidade de salário, e não incidem sobre nenhuma verba trabalhista. Interação... Quais as diferenças entre prêmios e comissões? Conceitos... Equiparação salarial Equiparação salarial • Atendimento ao princípio da isonomia/igualdade. • Paradigma: é o empregado referência, modelo. • Paragonado: é o empregado que busca a equiparação. • Para que um empregado tenha direito à equiparação salarial, deve atender aos requisitos do art. 461 da CLT. Requisitos 1) Identidade de função (atividade e tarefas); 2) Mesmo empregador; 3) Mesmo estabelecimento empresarial; 4) Diferença de tempo na função não superior a 2 anos; Requisitos 1) Diferença de tempo na empresa não superior a 4 anos; 2) Exercer o trabalho com a mesma produtividade; 3) Executar o trabalho com a mesma perfeição técnica; 4) Contemporaneidade no cargo ou na função. Plano/quadro de carreira • A existência de quadro de carreira ou plano de cargos e salários na empresa afasta a equiparação salarial. • O plano ou quadro de carreira não precisa ser homologado no MTE. Substituição do Empregado • O empregado que substitui de forma provisória e NÃO eventual outro empregado, fará jus ao mesmo salário:empregado substituto = salário igual = empregado substituído. • Não se aplica a substituições eventuais. • No caso de cargo vago em definitivo, o trabalhador, que passa a ocupa-lo, não fará jus ao mesmo salário do antecessor. Conceitos... Transferência de empregados e DSR / RSR Transferência de empregados • Princípio da intransferibilidade: em regra, não é possível transferir o empregado sem a sua anuência. • A transferência pressupõe mudança de domicílio do empregado. Transferência unilateral – situações 1) Empregado ocupante de cargo de confiança, desde que comprovada a necessidade de serviço (transferência definitiva); 2) Empregado cujo contrato contenha cláusula explícita ou implícita de transferência, desde que comprovada a necessidade de serviço (transferência definitiva); Transferência unilateral – situações 3) Quando ocorrer a extinção do estabelecimento (transferência definitiva); 4) Transferência provisória por necessidade de serviço – destina-se a todo trabalhador. Na transferência provisória, o empregado faz jus ao adicional de transferência de 25% sobre o salário, enquanto durar a transferência. DSR ou RSR • Tem a finalidade de promover o descanso (evitar a fadiga), permitir o convívio familiar e práticas desportivas, religiosas, de lazer, etc. • 24 horas consecutivas (+11 horas de intervalo interjornada= 35 horas). • Deve ser concedido preferencialmente aos domingos. • Feriados também são dias de RSR. Obs.: O descanso semanal é obrigatório! • São requisitos para o DSR: assiduidade e a pontualidade durante a semana. • O DSR corresponde ao valor de um dia de trabalho. • Se houver labor em domingos ou feriados, deverá ser concedida folga compensatória (na mesma semana). • Feriado ou dia destinado ao DSR (ex. domingo) não compensado: será remunerado em dobro, acrescido do valor do repouso semanal. Conceitos... Férias Férias • Finalidade: direito ao descanso – norma de saúde e segurança. • Período aquisitivo: período de 12 meses subsequentes à contratação do trabalhador. • Período concessivo: período de 12 meses subsequentes ao período aquisitivo. • Assiduidade: requisito para a aquisição de 30 dias de férias. Obs.: As férias são concedidas no interesse do empregador • Período: 30 dias corridos. • Fracionamento: até 03 - um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos; os demais não poderão ser inferiores a 05 dias corridos cada um. • É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado • Comunicação das férias: 30 dias (no mínimo) antes do início. • Valor: Salário + 1/3. • Pagamento: até 02 dias antes do início. • Desrespeito ao período concessivo e/ou data de pagamento: as férias devem ser pagas em dobro. Férias coletivas • São concedidas a um grupo de trabalhadores ou parte deles. • A empresa deve notificar o Ministério do Trabalho, os sindicatos da categoria e os empregados, com antecedência mínima de 15 dias. • Fracionamento: em 2 períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos. Resolução da SP Equiparação salarial e adicional de transferência Apresentação da SP Vagner, o gerente de um hotel, procurou Fernando (analista de RH) para relatar algumas situações existentes na recepção. A primeira se refere à diferença salarial de 02 recepcionistas: Aristides e Bem, que exercem a mesma função. Bem foi contratado cinco meses depois de Aristides, mas Aristides tem salário superior porque fala dois idiomas e é mais eficiente que bem. Nesse sentido, bem pode exigir o mesmo salário de Aristides? A segunda situação se refere a ele próprio. Vagner almeja saber se a empresa pode transferi-lo para outra filial do hotel sem a sua anuência e se, durante as suas férias de 30 dias, o empregado que for substituí-lo fará jus ao seu salário, ou seja, ao mesmo salário de gerente. Problematização da SP • Quais os requisitos da equiparação salarial? • Quando o empregador pode fazer a transferência unilateral do empregado? Resolução da SP Aristide e Bem atendem aos requisitos? Trabalham para o mesmo empregador? Sim. Trabalham no mesmo estabelecimento? Sim. A diferença de tempo de função é inferior a 02 anos? Sim. A diferença de tempo na empresa é inferior a 04 anos? Sim. Há contemporaneidade no cargo ou na função? Sim. Como calcular DSR sobre domingo trabalhado?
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