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Aplicação dos critérios da excelência SST Mercer, Antonio Carlos Aplicação dos critérios da excelência / Antonio Carlos Mercer Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 13 3 Aplicação dos critérios da excelência Apresentação Nesta unidade, focaremos no aperfeiçoamento contínuo das empresas prestadoras de serviços por meio de processos de melhoria e ferramentas da qualidade. Nesse contexto, a melhoria contínua no serviço aos clientes deve ser incorporada à cultura da empresa, garantindo, dessa forma, a satisfação e a fidelidade de seus clientes ao longo do tempo. Levando em consideração que, não apenas na prestação, mas também nas indústrias em geral, a qualidade é essencial para a sobrevivência de qualquer empresa, estudaremos a importância de cada uma das ferramentas e processos. Processos de melhoria de produtividade e qualidade Para Las Casas (2008, p. 206), “[...] o pai da evolução da qualidade, Deming, foi pioneiro nos estudos sobre aperfeiçoamento da qualidade”. Sua filosofia consistia em três simples princípios: satisfação do cliente, gerenciamento com base em fatos e respeito pelas pessoas. Em linhas gerais, a filosofia de Deming indica que os clientes devem estar sempre em primeiro lugar, e as decisões serem tomadas com base em dados objetivos, visto que todos os funcionários, independentemente de posição hierárquica, precisam ser tratados com respeito. Para Deming, a inspeção da qualidade é uma etapa tardia para empresas que almejam aprimorar a qualidade dos serviços, uma vez que o foco deve estar no processo, abordagem essa que é representada pelo ciclo PDCA (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2014). Assim, a metodologia PDCA assume que o processo de melhoria é contínuo, e os envolvidos nessa dinâmica percorrem o círculo no sentido horário, começando pela etapa de planejar (P – plan), passando pelas etapas de implementar (D – do) e 4 verificar (C – check), chegando, por fim, à etapa de agir (A – act) (GIANESI; CORRÊA, 2012). A figura a seguir ilustra esse processo. Ciclo PDCA Fonte: Deduca, 2020. A etapa do planejamento começa com a identificação do problema, como, por exemplo, o percentual de clientes insatisfeitos. Lembre-se que planejar a melhoria envolve a análise crítica do processo, a geração e a avaliação de soluções, assim como o estabelecimento de planos de ação. Por sua vez, a etapa de implementação da execução da solução ou alteração no processo deve ser monitorada a fim de possibilitar a comparação entre os resultados obtidos. A próxima etapa, de verificação, avalia o desempenho do processo após a melhoria. Nela, o gestor pode observar se as mudanças estão provocando o efeito esperado ou se outras alterações serão necessárias. Por fim, temos a última etapa, a de ação, que examina se as experiências, a partir da mudança, foram bem-sucedidas ou não. Se a melhoria for um sucesso, as mudanças no processo serão padronizadas e comunicadas a todos os funcionários. Caso contrário, um novo ciclo de melhoria contínua se inicia. 5 Ferramentas de qualidade para análise de solução de problemas Além do ciclo PDCA, as empresas normalmente empregam ferramentas de qualidade que auxiliam na análise de dados e dão suporte para a tomada de decisões. Vamos analisar agora oito ferramentas da qualidade mais usadas pelas empresas (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2014). • Planilha de controle: registro histórico da frequência das ocorrências que re- presenta uma fonte de dados para identificação e análise do problema. Atual- mente, os registros das observações são inseridos em planilhas eletrônicas a fim de facilitar a sua interpretação. • Cartas de controle: têm como objetivo rastrear mudanças nas principais va- riáveis de processo ao longo do tempo visando a detecção de variações ou as tendências no desempenho. Normalmente, os dados das cartas de controle são utilizados para desenvolver gráficos e auxiliar na comparação de medi- das de desempenho. • Histograma: apresenta dados coletados ao longo do tempo, como uma dis- tribuição de frequência, geralmente na forma de um gráfico de barras. A vi- sualização gráfica permite aos gestores identificar características comuns, como distorções ou baixa assimetria. • Gráfico de Pareto: classifica os problemas de acordo com sua frequência relativa em um gráfico de barras, sendo também conhecido como a regra 80/20. Essa ferramenta da qualidade evidencia que poucos fatores costu- mam ser responsáveis por uma grande porcentagem do total de observa- ções, por exemplo, 80% do faturamento de uma empresa é gerado por 20% dos seus principais clientes. Exemplos dessas ferramentas, como gráficos e planilhas, são apresentados a seguir. Acompanhe. 6 Tipos de ferramentas Consumo Caracteristica Bolhas Manchas Rugosidade Descolamento Ferrugem Lote 1 2 3 4 5 6 7 Frequência Item ComprimentoPlanilha de controle Histograma Grá�co de Pareto Cartas de controle Peças Limite de especificação Limite de especificação Limite de controle Limite de controle Mês 350 300 250 200 150 100 50 0 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Fonte: Adaptada de Santos (2015, p. 148-154). Além das ferramentas apresentadas, temos outras, como fluxograma, diagrama de causa e efeito, diagrama de dispersão e gráfico de controle, que apresentaremos a seguir. • Fluxograma: representação visual do processo, por convenção, em que: os retângulos indicam a atividade; os losangos são pontos de tomada de deci- são; e as elipses estabelecem pontos de início e de fim. Todas as atividades são ligadas por setas, que indicam a sequência do processo. Essa ferramen- ta da qualidade oferece uma visão holística de todo o processo e auxilia na identificação de pontos problemáticos, como pode ser observado na figura a seguir. 7 Fluxograma não não não sim sim sim Início Requisição de compra de material Cotação de preços É material crítico? Fornecedor é quali�cado? Quali�car o fornecedor A compra foi aprovada? Fim Emitir a ordem de compra Acompanhar o pedido Conferir e receber o material Avaliar o fornecedor Fim Solicitar a aprovação da compra Fonte: Santos (2015, p. 146). • Diagrama de causa e efeito: também conhecido como Diagrama de Ishikawa (em homenagem ao seu criador), ou diagrama espinha de peixe (devido à sua semelhança com o esqueleto), essa ferramenta da qualidade proporciona uma abordagem estruturada para a identificação de todas as possíveis cau- sas relacionadas a um problema. Podemos visualizar, a seguir, um diagrama de causa e efeito. Note que a construção do diagrama se inicia pelo proble- ma, nesse caso, uma situação em que os serviços de emergência não estão disponíveis aos clientes, visto que as possíveis causas são traçadas, como a ausência do número de telefone. 8 Diagrama de causa e efeito Telefone de emergência ocupado Número de telefone mal colocado Número de telefone inexistente Falta de acesso ao telefone Carro do cliente não encontrado Limitações de localização / tempo Serviços de emergência não disponíveis Serviços não consumados Serviços não iniciaram Não há número de telefone Veículo de emergência não disponível Viatura chega muito tarde Carro do cliente não encontrado Fonte: Las Casas (2012, p. 81). • Diagrama de dispersão: representa visualmente a comparação entre duas variáveis a fim de identificar as possíveis causas do problema, ou seja, se há uma forte correlação entres as medidas. Por exemplo, uma empresa pode montar um digrama de dispersão comparando o número de clientes insatis- feitos versus o tempo de espera para serem atendidos. • Gráfico de controle: atua no monitoramento de um processo estabelecendo limites mínimos e metas. Essa ferramenta da qualidade mostra quando um processo está fora dos limites determinados, por exemplo, uma empresa es- tabeleceu queo percentual de clientes insatisfeitos não poderia passar dos 30%, contudo, o gráfico de controle exibe um valor mais elevado. Para expandir o seu conhecimento sobre as ferramentas da qualidade, recomendamos a leitura do estudo de caso Aplicação das ferramentas da Qualidade: estudo de caso em pequena empresa de pintura, de Coelho, Silva e Maniçoba (2016). Disponível em: http:// www.revistarefas.com.br/index.php/RevFATECZS/article/view/70. Saiba mais 9 Programas de melhoria da qualidade organizacional Vamos analisar, agora, alguns dos principais programas de melhoria da qualidade que enfatizam a prevenção de falhas e promovem a percepção do tipo “a qualidade é garantida” (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2014). Programas de pessoal para garantia da qualidade: os funcionários são os principais elementos na qualidade em serviços, logo, as empresas prestadoras de serviço devem promover atitudes positivas entre os seus funcionários. Tais atitudes podem ocorrer por meio das seguintes estratégias: incentivar o desenvolvimento pessoal, oferecer treinamento, realizar um planejamento de recursos humanos (criar um inventário com os melhores currículos para futuras promoções), estabelecer padrões de desempenho, definir planos de carreira, realizar pesquisas de opinião, dar um tratamento justo e conceder a participação nos lucros. Programa de 14 pontos de Deming: constitui os princípios fundamentais da filosofia de Deming e que se aplicam a todos os tipos de empresa, grande ou pequena, e de manufatura ou serviços. Os 14 pontos são: constância de propósito, adoção de uma nova filosofia, fim da dependência da inspeção em massa, abandono da prática de fazer negócios considerando apenas o preço, melhoria contínua do sistema produtivo, instituição de treinamento, implementação de métodos modernos de supervisão, eliminação do medo, remoção das barreiras entre setores, eliminação das metas numéricas para a força de trabalho, fim dos padrões de trabalho e cotas numéricas, estímulo à formação e ao aprendizado e criação de uma estrutura de alta gerência que faça cumprir os treze pontos anteriores todos os dias. Prêmio Nacional da Qualidade Malcom Baldrige: esse prêmio é concedido às empresas norte-americanas pelo reconhecimento no gerenciamento da qualidade. Além de auxiliar as empresas no aperfeiçoamento da qualidade e produtividade, a avaliação do prêmio serve como um completo diagnóstico do gerenciamento da qualidade, contando com as seguintes categorias de análise: liderança; planejamento estratégico; foco nos clientes e no mercado; avaliação, análise e gerenciamento de conhecimento; foco em recursos humanos; gerenciamento de processos e resultado. 10 ISO 9000: refere-se a uma série de padrões da qualidade estabelecidos pela Organização Internacional para Padronização. Diferentemente dos outros programas de qualidade supracitados, a certificação ISO 9000 não prescreve práticas específicas, bem como não determina padrões sobre a qualidade do produto (serviço) em si. O foco principal dessa certificação está na documentação dos processos e na garantia de um desempenho consistente ao longo do tempo. Importante destacar que a ISO 9000 se originou mediante um acordo da Comunidade Econômica Europeia como critério basilar para a negociação entre países-membros. Atenção Assim, as empresas que possuem o padrão ISO 9000 acabam ganhando um status de “qualificador”. Dessa forma, muitas empresas implementam esse padrão de qualidade por razões distintas, não se importando com efetivas melhorias na qualidade. Além dos programas de melhoria da qualidade estudados, há uma iniciativa nacional, o Modelo de Excelência da Gestão (MEG), elaborado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). O MEG foi concebido com base nos programas de melhoria, contudo, o seu principal diferencial é o esforço em se adaptar aos valores e padrões culturais brasileiros. Esse modelo está apoiado em oito critérios de excelência que representam características tangíveis e mensuráveis, as quais possibilitam a avaliação do grau de maturidade em relação à gestão da qualidade (FUNDAÇÃO NACIONAL DE QUALIDADE, s.d.). O quadro a seguir resume as principais atividades incumbidas a cada critério de excelência. 11 Critérios de excelência Critério Composição Clientes Processos gerenciais relativos à análise e desenvolvimento de mercados e ao relacionamento com clientes. Pessoas Processos gerenciais relativos aos sistemas de trabalho, à capacitação e avaliação do desempenho e à qualidade de vida. Liderança Processos gerenciais relativos à cultura interna, ao desenvolvimento da gestão, da governança e dos riscos e à análise do desempenho da empresa. Estratégia e planos Processos gerenciais relativos à formulação e implementação de estratégias. Sociedade Processos gerenciais relativos à responsabilidade socioambiental e desenvolvimento social. Processos Processos gerenciais relativos aos processos da cadeia de valor empregados e ao impacto econômico e financeiro. Resultados Processos gerenciais relativos à apresentação de resultados estratégicos e operacionais relevantes para a empresa. Informação e conhecimento Processos gerenciais relativos às informações da organização e ao gerenciamento do conhecimento organizacional. Fonte: Fundação Nacional de Qualidade ([s.d.], p. 14-15). Por fim, devido à compreensão holística, os critérios de excelência proporcionam a sua aplicação, além de permitirem o alinhamento das práticas de gestão, assegurando, assim, a qualidade na prestação de serviços. 12 Fechamento Nesta unidade, conseguimos identificar tanto as ferramentas que podem auxiliar na questão de confiabilidade quanto aquelas que melhoram os processos, sejam eles burocráticos ou técnicos, por meio da melhoria contínua da qualidade. Dentre essas ferramentas, observamos as características da planilha de controle; das cartas de controle; do histograma; do gráfico de Pareto; do fluxograma; do diagrama de causa e efeito; do diagrama de dispersão; e do gráfico de controle. Vimos, ainda, que a melhoria contínua da qualidade é um dos principais desafios enfrentados pelas empresas de prestação de serviços, afinal, a opinião dos clientes ganhou maior relevância, e as estratégias da qualidade se tornaram um fator primordial. 13 Referências FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação. 7. ed. Porto Alegre: Amgh, 2014. GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração estratégica de serviços: operações para a satisfação do cliente. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012. LAS CASAS, A. L. Marketing de serviços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ______. Qualidade Total em Serviços: conceitos, exercícios, casos práticos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. SANTOS, A. P. L. Planejamento, programação e controle da produção. Curitiba: InterSaberes, 2015.
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