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Instrumentação Industrial - 1 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Características estáticas de instrumentos Exatidão (Accuracy) Aptidão de um instrumento de medição para dar respostas próximas a um valor verdadeiro convencional. A exatidão é um conceito qualitativo e normalmente é dada como um valor percentual do fundo de escala do instrumento. Ex.: Um voltímetro com fundo de escala 10V e exatidão ±1%. O erro máximo esperado é de 0,1 V. Isto quer dizer que se o instrumento mede 1V, o possível erro é de 10% deste valor (0,1V). Por esta razão é uma regra importante escolher instrumentos com uma faixa apropriada para os valores a serem medidos. Obs.: O Termo precisão não deve ser utilizado como sinônimo de exatidão. Classe de exatidão Classe de instrumentos de medição que satisfazem a certas exigências metrológicas destinadas a conservar os erro dentro de limites especificados. Ex.: Seja o caso dos TPs e dos TCs. A escolha da classe de exatidão dependerá da aplicação do equipamento, que deverão possuir classe de exatidão igual ou superior. As aplicações mais comuns são as seguintes: Instrumentação Industrial - 2 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Classe de exatidão Aplicação Menor que 0,3 (não padronizado) TC padrão, medições em laboratório, medições especiais 0,3 Medidas de energia com fins de faturamento, medições em laboratórios 0,6 e 1,2 Alimentação usual de amperímetros, voltímetros, wattímetros, medidores estatísticos, fasímetros, etc. 3 Aplicações diversas. Não deve ser usado em medição de energia e potência. Precisão A precisão é um termo que descreve o grau de liberdade a erros aleatórios, ou seja, ao nível de espalhamento de várias leituras em um mesmo ponto. A precisão é frequentemente confundida com a exatidão. Um aparelho preciso não implica que seja exato. Uma baixa exatidão em instrumentos precisos decorre normalmente de um desvio ou tendência (bias) nas medidas, o que poderá ser corrigido por uma nova calibração. A figura a seguir procura ilustrar as características de exatidão e precisão de um instrumento ou equipamento. Instrumentação Industrial - 3 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Baixa precisão Baixa exatidão Alta precisão Baixa exatidão Alta precisão Alta exatidão Os graus de repetitividade e de reprodutibilidade são maneiras alternativas de se expressar a precisão. Embora estes termos signifiquem praticamente a mesma coisa, eles são aplicados a contextos diferentes. A repetitividade descreve o grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de um mesmo mensurando efetuadas sob as mesmas condições de medição. Estas condições são denominadas condições de repetitividade e incluem o mesmo procedimento de medição, mesmo observador, mesmo instrumento de medição utilizado nas mesmas condições, mesmo local e repetição em curto período de tempo. A reprodutibilidade expressa o grau de concordância entre os resultados das medições de um mesmo mensurando, efetuadas sob condições variadas de medição. Para que uma expressão de reprodutibilidade seja válida, é necessário que sejam especificadas as condições alteradas, que podem incluir o princípio de medição, método de medição, observador, instrumento de medição, padrão de referência, local, condições de utilização e condições climáticas. Instrumentação Industrial - 4 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Tolerância A tolerância é um termo muito próximo à exatidão e define o erro máximo que é esperado em um determinado valor. Embora não seja uma característica estática de instrumentos, é aqui mencionado porque a exatidão de alguns instrumentos é especificada em termos de tolerância. Quando aplicado corretamente, a tolerância de um componente manufaturado descreve o máximo desvio de um valor especificado. Por exemplo, um resistor escolhido aleatoriamente com valor nominal 1000Ω e tolerância 5% pode ter seu valor real entre 950 e 1050Ω. Faixa de indicação (range ou span) É o conjunto de valores limitados pelas indicações extremas, ou seja, os valores máximos e mínimos possíveis de serem medidos com determinado instrumento. Para um mostrador analógico a faixa de indicação pode ser chamada faixa de escala. Em algumas áreas, a diferença entre o maior e o menor valor é denominado amplitude da faixa nominal (span). Ex.: Para uma faixa de indicação nominal de -10V a +10V, a amplitude da faixa nominal (span) é de 20V. Tendência de um instrumento (bias) É um erro sistemático da indicação de um instrumento que ocorre em toda a sua faixa de indicação. A tendência é normalmente estimada pela média dos erros de indicação de um número apropriado de medições repetidas e poderá ser removida através de nova calibração ou simplesmente um ajuste de zero. Linearidade e não-linearidade A linearidade é uma característica normalmente desejável onde a leitura de um instrumento é linearmente proporcional à grandeza sendo medida. O gráfico da figura a seguir mostra a relação entre uma grandeza e o resultado de medições. Nesta figura pode-se observar um certo grau de linearidade que pode ser notada mesmo visualmente. No entanto, utilizar-se-á métodos estatísticos, tais como um coeficiente de correlação, para saber o quão a curva mostrada se aproxima de uma reta. Instrumentação Industrial - 5 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni A não-linearidade, por sua vez, é definida como o máximo desvio de qualquer uma das leituras com relação à reta obtida, e é normalmente expressa como uma percentagem do fundo de escala. Sensibilidade do instrumento A sensibilidade é definida como a resposta de um instrumento de medição dividida pela correspondente variação no estímulo. A sensibilidade pode depender do valor do estímulo. Sendo assim, a sensibilidade pode ser contabilizada como a inclinação da reta que define a relação entre a leitura e a grandeza medida. Ex.: A pressão de 2 bar produz uma deflexão de 10 graus em um transdutor de pressão, a sensibilidade do instrumento é 5 graus/bar, desde que a deflexão seja zero quando aplica-se zero bar. Sensibilidade a distúrbios Todas as calibrações e especificações de um instrumento são válidos somente sob condições controladas de temperatura, pressão, etc. Estas condições ambientais padrão são usualmente definidas na especificação do instrumento. Em função da variação das condições ambientais, certas características estáticas dos instrumentos podem se alterar lentamente. Sendo assim, a sensibilidade a distúrbios é uma medida da extensão destas alterações. Tais variações de condições ambientais podem afetar os instrumentos de duas maneiras, conhecidas como deriva (drift) de zero e deriva de sensibilidade. A deriva de zero descreve o efeito de como a leitura de zero de um instrumento é modificada pela alteração nas condições ambientais. Em um voltímetro, por exemplo, a deriva de zero relacionada à variações de temperatura é dada em volts/oC. Se o zero deste voltímetro é modificado em Instrumentação Industrial - 6 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni funções de outras condições ambientais, outros coeficientes deverão ser determinados. A deriva de sensibilidade ou deriva do fator de escala define o quão a sensibilidade de um instrumento varia em função das condições ambientais. As figuras a seguir exemplificam a existência de deriva de zero, deriva de sensibilidade, e o caso onde ambas acontecem, respectivamente. Exercício: Uma balança de mola é calibrada em um ambiente à temperatura de 20oC com as seguintes características deflexão/carga: Carga (kg) 0 1 2 3 Deflexão (mm) 0 20 40 60 Instrumentação Industrial - 7 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Quando usado em um ambiente à temperatura de 30oC obtém-se as seguintes características deflexão/carga: Carga (kg) 0 1 2 3 Deflexão (mm) 5 27 49 71 Determine a deriva dezero e de sensibilidade por oC de mudança na temperatura ambiente. Solução: A 20 oC - sensibilidade 20 mm/kg A 30 oC - sensibilidade 22 mm/kg Tendência (bias) = 5 mm (deflexão a carga zero) Sensibilidade = 2 mm/kg Deriva de zero / oC = 5 / 10 = 0,5 mm/ oC Deriva de sensibilidade / oC = 2 / 10 = 0,2 (mm/kg)/ oC Resolução É a menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que pode ser significativamente percebida. Para um dispositivo mostrador digital, é a variação na indicação quando o dígito menos significativo varia de uma unidade. Este conceito também se aplica a um dispositivo registrador. Zona morta Intervalo máximo no qual um estímulo pode variar em ambos os sentidos, sem produzir variação na resposta de um instrumento de medição. A zona morta pode depender da taxa de variação e pode, muitas vezes, ser deliberadamente ampliada, de modo a prevenir variações na resposta para pequenas variações no estímulo. Instrumentação Industrial - 8 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Características dinâmicas de instrumentos As características estáticas dos instrumentos se referem somente a medidas em regime permanente. As características dinâmicas, no entanto, descrevem o seu comportamento durante o intervalo de tempo em que a grandeza medida varia até o momento em que o seu valor medido é apresentado. Como nas características estáticas, as características dinâmicas se aplicam somente quando os instrumentos são utilizados sob condições ambientais especificadas. Fora destas condições de calibração pode-se esperar alterações nestas características dinâmicas. Qualquer sistema de medida linear e invariante no tempo respeita a seguinte relação entre entrada (qi) e saída (q0) em um tempo t maior que zero. i0i1i1m 1m 1m im m m000101n 1n 1n0n n n qbq dt d b...q dt d b q dt d bqaq dt d a...q dt d aq dt d a ++++ +=++++ − − − − − − a0, …, an, b0, …,bm são constantes. Se for considerado que a grandeza a ser medida permanece constante durante o tempo de leitura, então esta equação fica simplificada, podendo ser chamada equação dinâmica. i0000101n 1n 1n0n n n qbqaqdt d a...q dt d aq dt d a =++++ − − − Simplificações adicionais podem ser consideradas quando esta equação é aplicada a classes típicas de instrumentos. Instrumento de ordem zero A menos de a0, todos os outros coeficientes da equação dinâmica são iguais a zero. i000 qbqa = ou ii000 qKqa/bq ⋅=⋅= Onde K é uma constante conhecida como sensibilidade do instrumento, definida anteriormente. Qualquer instrumento que se comporte segundo esta equação é dito ser de ordem zero. Como exemplo, pode-se citar um potenciômetro usado para medir Instrumentação Industrial - 9 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni movimento; a tensão de saída muda instantaneamente tão logo a haste do potenciômetro se movimente ao longo de seu curso. Instrumento de primeira ordem A menos de a0 e a1, todos os outros coeficientes da equação dinâmica são iguais a zero. i00001 qbqaqdt d a =+ Se d/dt for substituído pelo operador D, tem-se: i00001 qbqaqDa =+ ou D)a/a(1 q)a/b( q 01 i00 0 + = Definindo-se K = b0/a0 como sendo a sensibilidade estática e τ = a1/a0 como a constante de tempo do sistema, tem-se: D1 qK q i0 τ+ = Resolvendo-se analiticamente esta equação, a saída q0 em resposta a um degrau na entrada qi varia de maneira aproximada à figura a seguir. A constante de tempo τ da resposta ao degrau é o tempo tomado quando a saída atinge 63% do seu valor final. O termopar é um bom exemplo de instrumento de primeira ordem. Se um termopar à temperatura ambiente for colocado em água fervente, a tensão de saída não irá instantaneamente para o nível de 100oC, mas irá gradativamente conforme mostrado na figura anterior até atingir o seu valor definitivo. Instrumentação Industrial - 10 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Um grande número de instrumentos pertence à classe de instrumentos de primeira ordem e, na maioria destes casos, as constantes de tempo possuem valores reduzidos. É conveniente salientar que em se tratando de sistemas de controle, é de fundamental importância que esta constante de tempo seja levada em consideração. Calibração de instrumentos A calibração de instrumentos é um conjunto de operações que estabelece, sob condições específicas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões. Muitas vezes o termo aferição também é empregado com o sentido de calibração; no entanto a tendência é o desuso deste, já que em nível mundial não existe o seu sinônimo em inglês ou em francês como acontece com o termo calibração (calibration ou étalonnage). O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do mensurando para as indicações, como a determinação das correções a serem aplicadas. Além disto, uma calibração pode, também, determinar outras propriedades metrológicas como o efeito das grandezas de influência. O resultado de uma calibração pode ser registrado em um documento, algumas vezes denominado certificado de calibração ou relatório de calibração. Padrão Medida materializada, instrumento de medição, material de referência ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referência. Sendo assim, tem-se os seguintes tipos de padrões: • Padrão de referência: Padrão, geralmente tendo a mais alta qualidade metrológica disponível em um dado local ou em uma dada organização, a partir do qual as medições lá executadas são derivadas. • Padrão primário: Padrão que é designado ou amplamente reconhecido como tendo as mais altas qualidades metrológicas e cujo valor é aceito sem referência a outros padrões de mesma grandeza. Este conceito é igualmente válido para grandezas de base e para grandezas derivadas. • Padrão secundário: Padrão cujo valor é estabelecido por comparação a um padrão primário da mesma grandeza. Instrumentação Industrial - 11 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni • Padrão internacional: Padrão reconhecido por um acordo internacional para servir, internacionalmente, como base para estabelecer valores a outros padrões da grandeza a que se refere. • Padrão nacional: Padrão reconhecido por uma decisão nacional para servir, em um país, como base para estabelecer valores a outros padrões da grandeza a que se refere. • Padrão de trabalho: Padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas, instrumentos de medição ou materiais de transferência. Um padrão de trabalho é, geralmente, calibrado por comparação a um padrão de referência. O padrão de trabalho utilizado rotineiramente para assegurar que as medições estão sendo executadas corretamente é chamado padrão de controle. • Padrão de transferência: Padrão utilizado como intermediário para comparar padrões. O termo dispositivo de transferência deve ser utilizado quando o intermediário não é um padrão. • Padrão intinerante: Padrão, algumas vezes de construção especial, para ser transportado entre locais diferentes, como, por exemplo, o padrão de frequência de césio, portátil, operado por bateria. Grandezas base e padrões associados O sistema corrente de unidades - Sistema Internacional (SI) - adotado e recomendado pela Conferência Geral de Pesos e Medidas, se baseia nas sete unidades de base seguintes. Instrumentação Industrial - 12 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Grandeza Física Unidade padrão Definição Comprimento m O comprimento do caminho percorrido pela luz em um intervalo de 1/299792458 segundos. Massa kg A massa do cilindro de platino-irídio mantido no Bureau internacional de pesos e medidasem Sèvres, França. Tempo s 9192631770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133 (uma precisão de 1 em 1012 ou 1 segundo em 36000 anos) Temperatura K Fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água. Corrente A Um ampère é a corrente que flui em dois condutores paralelos, retilíneos, infinitamente longos e de seção transversal desprezível, imerso em vácuo, distantes um metro um do outro, produz a força de 2 x 10-7 N por metro de comprimento destes condutores. Intensidade luminosa cd Um candela é a intensidade luminosa em uma dada direção de uma fonte que emite radiação monocro-mática à frequência de 540 THz (Hz x 1012) com uma densidade de radiação de 1,4641 mW/esterradiano*. Matéria mol Quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos são os átomos contidos em 0,012 kg de massa do carbono 12. * Um esterradiano é o ângulo sólido no qual, tendo o seu vértice no centro de uma esfera, corta uma área da superfície desta esfera igual à área de um quadrado cujos lados têm o comprimento igual ao raio da esfera. Através destas unidades base pode-se obter as chamadas unidades derivadas. Instrumentação Industrial - 13 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Rastreabilidade Propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estar relacionado a referências estabelecidas, geralmente padrões internacionais ou nacionais, através de uma cadeia contínua de comparações, cadeia de rastreabilidade, todas tendo incertezas estabelecidas. Sendo assim, este padrão pode ser dito rastreável. A figura a seguir apresenta um esquema de uma cadeia de rastreabilidade. Ferramental estatístico Na ciência da instrumentação e controle, os métodos estatísticos se apresentam como ferramentas fundamentais. A aplicação destas técnicas se estende desde a calibração de um equipamento, através da comparação de padrões de referência, até a análise dos dados obtidos em experimento. Também em sistemas de controle, as técnicas de identificação de parâmetros de funções de transferência buscam na estatística os princípios básicos para os seu desenvolvimento. Média e mediana Qualquer medida está sujeita a erros aleatórios. A solução natural é tomar um elevado número de medidas, se possível com diferentes observadores, e extrair o valor mais provável deste conjunto de medidas. Para um conjunto de medidas x1, x2, ... , xn, o valor mais provável é a média aritmética, x , dada por: n x...xx x n21 +++= onde n é o número de medidas. Instrumentação Industrial - 14 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Uma outra técnica é tomar a mediana, que é definida pelo valor central do conjunto de medidas quando ordenado ascendentemente ou decrescentemente, ou seja: 2/)1n(xx += ! Média móvel A média móvel é uma eficiente ferramenta de análise estatística e se baseia na determinação da média ou da mediana para uma "janela" contendo um determinado número de pontos (tamanho da janela), sendo que esta janela se movimenta por todo o conjunto de pontos. O j-ésimo valor será dado por N x x̂ 2/Ni 2/Nij j j ∑ + −== Onde N é o tamanho da janela. Desvio padrão e variância A probabilidade de que o valor médio ou a mediana de um conjunto de dados represente o valor verdadeiro da medida depende do grau de dispersão dos valores deste conjunto. Definindo-se um desvio, di, dado pela diferença entre o i-ésimo valor do conjunto de dados e o valor médio deste conjunto, o quão os valores das n medidas estão espalhadas em relação à média pode ser expresso pelo desvio padrão, σ, dado por: 1n )xx( 1n d...dd n 1i 2 i2/12 n 2 2 2 1 − − = − +++ =σ ∑ = A variância é dada pelo quadrado do desvio padrão. Teorema central do limite O teorema central do limite preconiza que a soma de n distribuições quaisquer, quando n tende para o infinito, resulta em uma distribuição normal, ou Gaussiana. Este fato pode ser observado aplicando-se o método de Monte Carlo ou da convolução. Instrumentação Industrial - 15 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Erro padrão da média As análises anteriores são válidas estritamente quando o conjunto de medidas contém infinitos valores. Na realidade, naturalmente, isto é impraticável e, sendo assim, algum erro é esperado pela utilização destas equações nestas condições. Se vários subconjuntos são tomados de uma população de dados infinita então, pelo teorema central do limite, a média dos subconjuntos irão formar uma distribuição normal em torno da média do conjunto infinito de dados. O erro na média do conjunto finito de dados é usualmente expresso pelo erro padrão da média, α, calculado por: n/σ=α Este tende para zero quando n tende para infinito. O valor obtido a partir do conjunto de medidas será expresso por: α±= xx Regressão linear Uma das técnicas mais extensivamente empregadas é a regressão linear e ajuste de equações a conjuntos de dados, buscando os seguintes objetivos: • Condensar dados obtendo fórmulas preditivas; • Confirmar ou rejeitar uma relação matemática proposta; • Modelagem matemática de sistemas; e, • Comparações quantitativas de dois ou mais conjuntos de dados. Considerando a análise de regressão linear onde trabalha-se com uma variável dependente e uma variável independente. A variável independente, x, também chamada variável de controle, pode assumir um valor qualquer dentro das limitações físicas impostas pelo processo de análise. A variável dependente, Y, é uma variável aleatória caracterizada por uma distribuição onde, para cada valor de x, obtém-se como resposta uma realização Y, também denominada variável de resposta. Assumindo que um conjunto de dados com n pares de valores (xi,yi), i=1,…,n, tenha sido obtido a partir do processo em questão. Deve-se tem sempre em mente que ao se aplicar uma regressão linear assume-se as seguintes considerações: • As variáveis Y e x são teoricamente relacionadas uma à outra pela equação de uma reta: x]Y[E 10 β+β= • O conjunto de dados é representativo do processo; Instrumentação Industrial - 16 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni • Os Yi, i=1,…,n, são valores independentes um do outro (autocovariância nula); • Os Yi são variáveis aleatórias que possuem uma mesma variância, σ2; • Os erro aleatórios intrínsecos a Yi seguem uma distribuição normal. Do ponto de vista prático, não é muito razoável acreditar que cada xi é exatamente conhecido, sem erro. Entretanto, a técnica de regressão linear requer que este seja conhecido com razoável precisão e que qualquer incerteza associada a xi seja muito menor que a variabilidade inerente associada a Yi. Esta restrição proíbe a aplicação da regressão linear a situações nas quais tanto a variável dependente quanto a independente sejam aleatórias simultaneamente observadas. Uma das técnicas para a análise de tal situação é a convolução. A equação anterior define a relação entre x e Y, mas ainda não é um modelo matemático de regressão linear porque não considera a presença dos erros inevitáveis no processo experimental. Este modelo matemático pode ser obtido através da adição do erro εi. i10i xY ε+β+β= Onde εi representa uma variável aleatória unicamente associada a Yi, para cada i=1,…,n. As variáveis εi são identicamente distribuídas N(0,σ) e cada εi é estatisticamente independente de qualquer outro εj com j≠i (ruído branco). Os parâmetros β0 e β1 são constantes cujos valores verdadeiros são desconhecidos e devem ser determinados a partir dos dados. Cada valor xi pode ser considerado como uma constante e, para cada um, tem-se uma variável independente yi. O lado direito desta equação possui uma variável aleatória εi. As outras três são constantes. Posto que εi é distribuído N(0,σ), ambos lado direito e lado esquerdo (Yi) são distribuídas como N(β0 + β1 xi ,σ). A figura a seguirapresenta uma interpretação gráfica do conteúdo teórico desta expressão. Note que o valor esperado (média) de Yi, E(Yi), varia linearmente de uma maneira proporcional ao valor de xi. No entanto, a variância de Yi se mantém constante, não importando o valor de xi. De um ponto de vista tridimensional, a distribuição de probabilidade de Yi, f(Yi), forma um contorno com idênticas funções de densidade normal, diferindo somente nas suas médias, que seguem o lugar definido pela reta. Instrumentação Industrial - 17 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Posto que o modelo tem a forma de uma linha reta de duas dimensões, β0 é o intercepto de y e β1 é a inclinação da linha. Diferentemente de Yi = β0 + β1 xi + β2 xi2 + εi - que é linear nos seus parâmetros e é de segunda ordem em xi - e diferente de Yi = β0e(β1 xi) + εi, que é não linear nos parâmetros e de primeira ordem em xi. Com o modelo de regressão linear em mãos, deve-se investigar a técnica que leva às melhores estimativas de β0 e β1 para se obter o melhor ajuste. No entanto, surge a questão: Qual é o melhor ajuste? O melhor ajuste é aquele que minimiza o erro total. Basta, afinal, definir a forma como se calcula este erro total. Considerando que o erro é dado pela diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro, obtido pela regressão linear, pode-se citar três alternativas: Soma total dos erros: ∑ − )ŷy( ii Dados três pontos distribuídos aleatoriamente no plano xy observa-se com este critério que mais de uma reta atinge o objetivo de minimizar a soma total dos erros, fato que o torna inconveniente. Instrumentação Industrial - 18 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Instrumentação Industrial - 19 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Soma total dos módulos dos erros: ∑ − ii ŷy Tomando-se os mesmos pontos analisados, pode-se obter as seguintes retas alternativas empregando este critério. A soma dos módulos dos erros no primeiro caso é igual a 4, enquanto que para o segundo resulta 3, ou seja, seguindo este critério a segunda curva seria a escolhida; no entanto observa-se, por este exemplo, a redundância de um ponto, já que o resultado seria o mesmo caso ele não existisse, não representando a realidade de maneira fidedigna. Sendo assim, este critério pode ser descartado. Soma total dos quadrados dos erros: ∑ − 2ii )ŷy( Esta alternativa tem se mostrado superior em relação às anteriores pelos seguintes motivos: • Elevando ao quadrado, todos os erros se tornam positivos e o problema do sinal é superado; • Todos os dados contribuem para a identificação dos parâmetros; • Elevando ao quadrado, são enfatizados os grandes erros e, pela natureza do critério, estes pontos serão evitados (filtro); • A álgebra é simples e de fácil implementação computacional. Sendo assim, substituindo Yi, β0 e β1 por yi, b0 e b1 e isolando o resíduo, ei (estimativa de εi), vem: )xbb(ye 10ii +−= Os valores dos parâmetros que resultarem da minimização da soma dos quadrados dos resíduos, b0 e b1, são frequentemente chamados estimativas de β0 e β1. Tem-se: Instrumentação Industrial - 20 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni ∑∑ == −−== n 1i 2 10i n 1i 2 i )xbby(eFmin Tomando a derivada parcial de F com relação a b0 e b1, e igualando a zero, vem: n xby b n 1i i1 n 1i i 0 ∑∑ == − = e ∑ ∑∑ ∑∑∑ = == === − − = n 1i n 1i i n 1i i 2 i n 1i i n 1i i n 1i ii 1 xxxn yxyxn b Em termos de estimadores tem-se: i10i 11 00 xˆˆŶ bˆ bˆ β+β= =β =β Para o caso particular onde yi = b1 x, resulta: ∑ ∑ = == n 1i 2 i n 1i ii 1 x yx b que é a regressão linear sem intercepto. Certas funções curvilineares podem ser linearizadas, e terem seus parâmetros determinados pelo método de mínimos quadrados, procedendo-se a apenas algumas mudanças de variáveis. A tabela a seguir mostra algumas destas funções. Instrumentação Industrial - 21 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Função Equação original Equação linearizada Hiperbólica 10 x x y β+β = x 1 y 1 10 β+β= Exponencial )xexp(y 10 ββ= xlnyln 10 β+β= Potência 1xy 0 ββ= xlnlnyln 10 β+β= Logarítmica xlny 10 β+β= xlny 10 β+β= Exponencial inversa )x/exp(y 10 ββ= x/lnyln 10 β+β= Pseudo- exponencial x10 e 1 y −β+β = x10 ey 1 −β+β= É curioso observar que a reta obtida por mínimos quadrados passa exatamente pela coordenada definida pelo valor médio das variáveis independentes e das variáveis dependentes. Erros de medidas Erro de medição Erro, ou erro absoluto da medição, é o resultado de uma medição menos o valor verdadeiro. Caso, na prática, o valor verdadeiro não possa ser determinado, utiliza-se um valor verdadeiro convencional. Erro relativo Erro de medição dividido pelo valor verdadeiro. Caso, na prática, o valor verdadeiro não possa ser determinado, utiliza-se um valor verdadeiro convencional. Erros sistemáticos Os erros sistemáticos descrevem erros de leituras em sistemas medidas que sistematicamente se apresentam de um lado da medida correta, isto é, ou são sempre positivos ou sempre negativos. Estes erros são devidos à Instrumentação Industrial - 22 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni características inerentes da fabricação do instrumento, tais como tolerâncias de componentes, ou também devido ao uso, ou mal uso, do instrumento e distúrbios ambientais. Tais erros podem ter sua influência minimizada através do uso de arranjos eficientes de medição, modificação das entradas do sistema, projeto adequado do instrumento, propiciando altos ganhos de realimentação e redução de ruídos através de filtros, dentre outros. Exemplo: Considere as seguintes situações onde para a medição da resistência, R, de um circuito emprega-se uma fonte, E, um voltímetro, V, e um amperímetro, A. ra e rv são resistência interna do amperímetro e do voltímetro, respectivamente. A resistência desconhecida será calculada pela relação entre a tensão, VR, e a corrente, IR, medidos em seus terminais. Nas situações apresentadas, no entanto, o que se consegue com as leituras no voltímetro e amperímetros é: R raR I VV I V R + == rvR R II V I V R + == Nestas duas alternativas observar-se-á sempre a presença de erros sistemáticos devido à natureza real dos medidores. Erros estatísticos Os erros estatísticos ou erros aleatórios são perturbações na medida que podem atuar positivamente ou negativamente sobre a medida em relação ao seu valor verdadeiro, de modo que erros positivos e erros negativos ocorram em igual número de vezes em uma série de medidas sobre uma mesma grandeza. Em geral estes erros são de pequena magnitude, podendo, aleatoriamente, atingir valores elevados. Estes erros podem ocorrer, por exemplo, quando um observador humano tem que interpolar a medida em uma escala analógica, por influência de ruídos elétricos. Na maioria dos casos os erros aleatórios podem ser superados tomando-se a média aritmética de um grande número de leituras de uma mesma grandeza. Devido à natureza Instrumentação Industrial - 23 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni estatística deste erro, é comum expressar a medida em termos probabilísticos associando ao resultado o seu intervalo de confiança. Instrumentação Industrial - 24 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Expressão da incerteza Incerteza de medição A incerteza de medição é um parâmetro associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentadamente atribuídos a um mensurando. Este parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio padrão (ou múltiplo dele), o a metade de um intervalo correspondente a um nível de confiança estabelecido. Existem outras definições tais como a que preconiza que a incerteza de medição é a medida do possível erro no valor estimado do mensurando como resultado de umamedida, ou aquela em que a incerteza é uma faixa de valores dentro do qual se encontra o valor verdadeiro da grandeza a ser medida. Embora estes dois últimos conceitos tradicionais sejam válidos, eles enfocam grandezas desconhecidas tais como erro e valor verdadeiro. No entanto, qualquer conceito que seja adotado, um componente da incerteza será sempre avaliado a partir de dados disponíveis e informações correlatas. A incerteza de medição compreende, em geral, muitos componentes. Alguns destes componentes podem ser estimados com base na distribuição estatística dos resultados das séries de medições e podem ser caracterizados por desvios padrões experimentais. Os outros componentes, que também podem ser caracterizados por desvios padrão, são avaliados por meio de distribuição de probabilidades assumidas, baseadas na experiência ou em outras informações. Entende-se que o resultado da medição é a melhor estimativa do valor do mensurando, e que todos os componentes da incerteza, incluindo aqueles resultantes dos efeitos sistemáticos, como os componentes associados com correções e padrões de referência, contribuem para a dispersão. As análises que se seguem partem do princípio que um mensurando Y é designado uma saída ou um resultado, e que depende de um número de grandezas de entrada Xi (i = 1, 2, ..., v) de acordo com a seguinte função G. Y = G (X1, X2, ..., Xi, ..., Xv) Formulação dos dados de entrada Como medida da incerteza destes valores estimados xi, podem ser usados o seu desvio padrão, ix S , a variância, 2xi S , ou os seus valores relativos, desvio padrão relativo, ixx x/SS ii =′ , e variância relativa, 2 ix 2 x )x/S()S( ii =′ . No caso onde duas grandezas de entrada Xi e Xk forem correlacionadas, isto é, se uma depende da outra com certo grau, deve-se estimar a covariância e a sua contribuição na incerteza. Instrumentação Industrial - 25 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Se a distribuição da população for conhecida, baseado na teoria ou na experiência, o valor apropriado da variância baseada nesta distribuição deverá ser adotado. Caso contrário considera-se as seguintes alternativas. • Grandezas medidas repetidamente Quando uma medida é repetida em determinadas condições, o valor estimado de xi do verdadeiro valor da grandeza Xi é dado pela média aritmética dos valore medidos individualmente vi,j (j=1, ..., n). ∑ = == n 1j j,iii vn 1 vx Uma estimativa do desvio padrão da distribuição dos valores será dada por: ∑ = − − = n 1j 2 ij,iv )vv(1n 1 S i O valor estimado da variância experimental de xi é: 2 v 2 x ii S n 1 S = Se o número de medidas é menor que 10, o desvio padrão leva a uma sub- estimativa da contribuição da incerteza. Neste caso, o valor da variância experimental deverá ser determinado em função da experiência (ex.: com base em medidas pretéritas) ou multiplicando-se os valores de Sv pelos fatores da tabela a seguir: Número de valores medidos 2 3 4 5 6 7 8 9 Fator multiplicativo 7,0 2,3 1,7 1,4 1,3 1,3 1,2 1,2 • Limites inferiores e superiores Se somente os limites inferiores e superiores au,i e al,i puderem ser estimados para o valor da grandeza de influência (ex.: limites do erro do instrumento de medida, faixa de variação da temperatura, etc.), pode-se usar as seguintes expressões: Instrumentação Industrial - 26 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni ( )i,li,ui aa2 1 x += ( )2i,li,u2x aa12 1 S i −= Se a diferença entre os valores limites for denotada por 2ai, tem-se: 2 i 2 x a 3 1 S i = Estas expressões correspondem às de uma distribuição retangular. Obtenção dos resultados O resultado de uma medida y, como um valor estimado do valor verdadeiro da grandeza de saída Y, é calculado substituindo-se os valores de Xi por xi: y = G (x1, x2, ..., xi, ..., xv) Considerando que as grandezas de entrada não apresentem correlação, a variância da saída será: 2 x n 1i 2 i 2 y i S X G S ∑ = ∂ ∂= Onde ∂G/∂Xi é a derivada parcial da função G com relação à grandeza Xi tendo seu valor substituído por xi. Isto descreve o quão a grandeza de saída está relacionada com cada grandeza de entrada. A variância do resultado da medida é dada, pois, adicionando-se as variâncias correspondentes a cada componente multiplicadas pelo quadrado das derivadas parciais relevantes. Se a função G é linear para todas as entradas, o que ocorre frequentemente no caso de medições diretas, todas as derivadas parciais são iguais a 1, ou quando for possível utilizar as variâncias relativas e a função inclui um produto ou quociente de grandezas de entrada. Nestes casos pode-se fazer: ∑ = = n 1i 2 x 2 y i SS ou ∑ = ′=′ n 1i 2 x 2 y )S()S( i , respectivamente. A raiz quadrada da variância é o desvio padrão, que é uma medida da incerteza combinada da grandeza de saída Y. No campo das calibrações é usual empregar-se uma incerteza total da medida, ± u, obtida pela multiplicação do desvio padrão pelo fator k. Instrumentação Industrial - 27 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni ySku ⋅= No caso de uma distribuição normal usa-se o fator k=2 que limita a incerteza total em um intervalo de confiança de aproximadamente 95%. Sendo assim, em certificados de calibração, o resultado da medida y a incerteza total u devem ser dadas na forma (y ± u). Instrumentação Industrial - 28 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Ferramentas analógicas Circuitos com amplificadores operacionais Características básicas O amplificador operacional (op-amp) é um dos componentes de circuitos mais utilizados, principalmente pela sua versatilidade e baixo custo. Com Vo=A.(V+ - V-) As características ideais de um op-amp são: 1. Amplificação diferencial com ganho infinito; 2. Impedância de entrada infinita; 3. Impedância de saída nula. No entanto, op-amps reais se comportam da seguinte maneira: 1. Possuem realmente alto ganho que, no entanto, cai com o inverso da frequência, de maneira que o produto ganho frequência esteja entre 105 e 108; 2. A impedância de entrada é tipicamente 106 Ω para bipolares e 1012 Ω para FET; 3. Quando V-=V+ a saída não é nula devido a desbalanços internos de tensão e corrente (offset); 4. A saída em corrente fica limitada em 10 mA a ±10V. Amplificador inversor Características: • 1120 V)R/R(V ⋅−= • Zi = R1 • Zo → 0 • R3=R1//R2 para minimizar offset. Instrumentação Industrial - 29 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Instrumentação Industrial - 30 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Amplificador não-inversor Características: • 1120 V)R/R1(V ⋅+= • Zi → ∞ • Zo → 0 • R1//R2=Rfonte para minimizar offset. Amplificador subitrator Características: • Para R1=R3 e R2=R4: )VV() R R (V 12 1 2 0 −⋅= • R1//R2 = R3//R4 para minimizar offset. Seguidor de tensão Características: • 10 VV = • Zi → ∞ • Zo → 0 • R = Rfonte para minimizar offset. Conversor corrente tensão Características: • IRV0 ⋅= • Zi = R • Zo → 0 Instrumentação Industrial - 31 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Amplificador somador Características: • +++⋅−= n n 2 2 1 1 0 R V ... R V R V RV • )V...VV(RV n210 +++⋅−= para R1=R2=...=Rn = R • Zo → 0 Amplificador de instrumentação Características: • +⋅= − = −+ ± 1 2 3 40 R R2 1 R R VV V G • Zi → ∞ • Zo → 0 Filtro passa baixa Características: • 2 c 12 2 2 12 1 0 )f/f(1 R/R )CR(1 R/R V V + −= ω+ −= • Deslocamento de fase c2 f/fCRtan −=ω−=φ • Em fc (frequência de corte) o ganho reduz 3,01 dB, e acima, 20 dB por década. Filtro passa alta Características: • 2 1 2 1 0 )CR(1 CR V V ω+ ω−= • Acima de fc o ganho passa a ser -R2/R1 Instrumentação Industrial - 32 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. BortoniInstrumentação Industrial - 33 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Sistemas de aquisição de dados Os sistemas de aquisição de dados vêm se firmando rapidamente como uma alternativa de instrumentação que combina baixo custo com alta qualidade. Tais sistemas podem ser encontrados como placas a serem instaladas diretamente nos slots de PCs, instrumentos dedicados, controladores lógico programáveis, unidades terminais remotas, etc. Podem contar com conversores analógico- digitais, digitais- analógico, entradas e saídas digitais, controladores e temporizadores, dentre outros. Conversores D/A O conversor digital para analógico (D/A) transforma um número binário de N bits em uma tensão ou corrente de saída que pode ter 2N valores distintos. Geralmente a relação entre entrada e saída é linear, mas outros tipos de relação (ex.: logarítmica) também são encontradas. A figura a seguir traz uma representação gráfica de um conversor de 3 bits, tendo oito níveis discretos na saída compreendendo a faixa de 0 a 7/8 do fundo de escala (F.S.). Nesta figura pode-se observar algumas características dos conversores D/A, reais: 1. A resolução, ou erro de quantização, de um conversor D/A de N bits é a maior diferença entre qualquer tensão dentro da faixa total de saída e a tensão de saída mais próxima. No caso de um conversor D/A ideal, este é a metade de um degrau, ou seja, 0,5 LSB. Devido à relação estreita entre resolução e número de bits, a descrição resolução N-bits é frequentemente utilizada. Instrumentação Industrial - 34 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni 2. O erro de exatidão absoluto é a diferença entre a saída real e a saída ideal, normalmente expresso em unidades de LSB para comparação com o erro de quantização. 3. O erro de exatidão relativa é a diferença a saída real e a linha reta que passa pelos pontos medidos da escala. Posto que este erro é relativo à linha reta, também é chamado erro de linearidade. É expresso em unidades de LSB para comparação com o erro de quantização. Existem vários circuitos capazes de exercer esta tarefa, porém os mais utilizados são baseados em amplificadores operacionais. O primeiro e mais simples esquema é o que se utiliza de um circuito somador com resistores em peso binário. Uma outra alternativa é a utilização de uma rede R-2R. As principais características na especificação de um conversor D/A são: • Modelo • Resolução • Entradas digitais • Faixas de saída • Impedância de saída • Velocidade de conversão • Linearidade • Precisão Instrumentação Industrial - 35 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni • Tempo de acomodação • Coeficientes de deriva • Alimentação Conversores A/D Os conversores analógicos- digitais são circuitos ou componentes que, excitados por uma tensão ou corrente, produzem um código digital equivalente. Para tanto, existem várias filosofias de conversão que podem ser implementadas. A mais simples, porém menos utilizada é o conversor A/D básico, mostrado na figura a seguir. Nesta filosofia, após liberado o sinal de início da conversão - SC -, o contador passa a gerar palavras digitais a partir de zero, simultaneamente o conversor D/A produz um valor analógico equivalente à palavra gerada pelo contador. Este valor é então comparado ao sinal analógico aplicado na entrada - Vent. Enquanto o sinal gerado for menor que o aplicado, o contador continua operando e gerando novos sinais analógicos formando a chamada tensão em escada. Este ciclo se repete até que o sinal analógico gerado seja igual ao aplicado na entrada. Nestas condições há o término da conversão e um sinal de fim da conversão - EOC - é emitido. A grande desvantagem deste método é a baixa velocidade. No pior caso (entrada máxima) o contador tem que alcançar a contagem máxima antes que a tensão em escada seja maior do que a entrada analógica. Para um conversor de 8 bits isto significa 255 períodos de clock, enquanto que para um conversor de 12 bits, o tempo de conversão é de 4095 períodos de clock. Uma outra filosofia bem mais rápida é o chamado conversor flash. Este possui 2N-1 comparadores para determinar simultaneamente todos os N bits da palavra digital de saída. Um conjunto de portas lógicas or-exclusive determina a localização do comparador cuja entrada de referência mais se aproxima do valor analógico de entrada. Instrumentação Industrial - 36 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Outras técnicas existentes são o conversor contador prático, o conversor de dupla inclinação, o de aproximações sucessivas, o que utiliza a conversão de tensão para frequência e conversão de tensão para tempo, dentre outros. A especificação básica de um conversor A/D passa por: • Resolução • Exatidão • Linearidade diferencial • Coeficientes de deriva • Tempo de conversão • Faixas de tensão de entrada • Impedância de entrada • Sinais de saída • Estados de conversão • Alimentação Instrumentação Industrial - 37 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Sample-and-Hold Alguns conversores analógico digitais exigem que a tensão analógica de entrada permaneça constante durante todo o período de conversão. Como muitas vezes os sinais que deseja-se medir varia no tempo, lança-se mão dos circuitos sample-and-hold, S/H, (amostragem e retenção) para a execução desta tarefa. Existem amplificadores operacionais específicos para tanto, estes operam como um típico op-amp no modo sample, mas no modo hold, a saída fica idealmente constante, independentemente da entrada. Este valor constante é o valor que estava na saída quando da mudança do modo sample para hold. Esta mudança de modos se faz por uma entrada digital, 0 ou 1. A figura a seguir mostra dois circuitos possíveis para a implementação do S/H e um gráfico exemplificando como é feita esta operação. Amostragem de sinais A amostragem de sinais requer uma fina coordenação de um número de elementos, principalmente quando deseja-se exatidão combinada com velocidade. Neste aspecto, a velocidade de amostragem, ou taxa de amostragem, possui algumas limitações. Seja, por exemplo, a amostragem de uma onda senoidal com frequência f (Hz) e uma amplitude pico a pico de 2V0. Esta onda é dada por: )tf2sen(V)t(V 0 π= A primeira derivada fornece a taxa de variação: )tf2cos(Vf2dt/dV 0 ππ= que possui um valor máximo 2πf V0. Se o conversor A/D possuir N bits de resolução e uma taxa de amostragem T, para uma exatidão de conversão de Instrumentação Industrial - 38 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni 1/2 LSB tem-se que a entrada não deverá mudar de uma parte em 2N+1 = V0 2 -N durante o tempo T: T2 V Vf2 N 0 0 <π ou T2 1 f 1Nmax π = + Estas equações fornecem importantes relações entre o tempo de conversão e a máxima taxa de amostragem. Sejam os seguintes exemplos: N=8, T=10µs → fmax = 62 Hz N=8, T=50ns → fmax = 12 kHz N=8, T=15ns → fmax = 41 kHz Quando uma onda senoidal é amostrada seis vezes por ciclo, uma curva passando por estes pontos fica próxima à curva original amostrada e a frequência observada é igual à frequência verdadeira. Porém, quando a mesma senóide é amostrada a uma frequência 6/5 da frequência verdadeira, uma curva também poderá ser passada por estes pontos, porém, mesmo parecendo uma senóide, possuirá uma frequência aparente cinco vezes menor do que a original. A frequência resultante f0 é uma função da frequência verdadeira f e da frequência de amostragem fS. Para f/fS < 0,5, f0 = f. Quando f excede fS/2, a frequência aparente f0 cai linearmente e chega a zero em f=fS, quando a onda é amostrada exatamente uma vez por ciclo. Em geral, se a frequência de amostragem é qualquer múltiplo da frequência verdadeira, a onda é amostrada a uma mesma fase e a frequência aparente é zero. É importante observar que se qualquer frequência acima de fS/2 que exista no sinal amostrado irá aparecer nos dados amostrados comoondas de menor frequência. Este fenômeno chamado aliasing é evitado somente quando a maior frequência do sinal for amostrada ao menos duas vezes por ciclo. Este é o teorema da amostragem de Nyquist. Instrumentação Industrial - 39 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Em muitos casos utiliza-se filtros passa baixa com a função de mitigar os sinais de frequências superiores à metade da frequência de amostragem, evitando erros de cálculo na análise dos sinais obtidos. Estes filtros são comumente denominados filtros anti-aliasing. É muito comum adotar-se taxas de amostragem em potências de 2, como por exemplo, 2, 4, 8, 16, 32, ... , 2n. Isto é feito, porque na maioria das vezes utiliza- se a transformada rápida de Fourier para análise de dados, e que o número de pontos dentro de um período seja uma potência de 2 é um pré-requisito para viabilizar a sua aplicação. Placas de aquisição de dados Diversos fabricantes têm disponibilizado no mercado sistemas de aquisição de dados de relativo baixo custo. Tais sistemas são placas de aquisição de dados que são conectadas diretamente ao slots de computadores pessoais. Tais placas podem conter conversores A/D, D/A ou ambos, e, em geral, seguem a seguinte filosofia. As principais características na especificação de uma placa de aquisição de dados são: Entradas analógicas • Número de canais de entrada (monopolar/diferencial) • Taxa máxima de amostragem • Resolução (bits) • Faixas de tensão de entrada • Ganhos Entradas analógicas • Número de entradas analógicas Instrumentação Industrial - 40 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni • Resolução Instrumentação Industrial - 41 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Portas de I/O • Número de canais de I/O digitais • Contadores/temporizadores Além destes considera-se ainda a existência de triggers analógicos e digitais, gerenciamento de memória DMA, cabos e placa de conexão, softwares compatíveis e drivers, dentre outros. Instrumentação virtual A instrumentação tradicional é auto-contida, tem capacidade de entrada e saída de sinais e interface com o usuário fixa através de botões liga-desliga, rotativos e outros. Dentro da caixa, um circuito especializado, podendo incluir conversores A/D, condicionadores de sinais, microprocessadores, memórias e um barramento interno que converte sinais do mundo real, analisa e apresenta os resultados para o usuário. O fabricante define todas as funcionalidades do instrumento - o usuário não pode mudar isso. A instrumentação tem sempre elevado, largamente, o curso da tecnologia para conduzir suas inovações. Componentes de rádio foram usados para abrir caminho aos primeiros instrumentos eletrônicos. A tecnologia dos monitores de televisão alavancou o uso em osciloscópios e analisadores. A tendência hoje é que os computadores e notebooks sirvam como equipamentos para instrumentação. Instrumentos virtuais alavancam a arquitetura aberta do padrão da indústria de computadores para fornecer o processamento, memória e capacidade de exibição; enquanto que, mais baratas e de aplicação mais geral, as placas de aquisição de dados, interface IEEE 488 (GPIB) e VXI, ligadas a um barramento padrão fornecem as capacidades da instrumentação. Controlando os computadores estão os programas que permitem que o usuário desenvolva o seu sistema de medição de acordo com as suas necessidades. Existem vários softwares no mercado para esta finalidade com recursos de análise e visualização de dados. As figuras a seguir mostram algumas destas potencialidades. Instrumentação Industrial - 42 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni Instrumentação Industrial - 43 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni A instrumentação virtual pode ser feita também combinando-se os recursos dos computadores com instrumentos que permitem o seu controle através da interface GPIB padrão IEEE 488 - instrumentos inteligentes. Desenvolvida na década de 70, esta é uma interface paralela mundialmente padronizada para sistemas de testes e medidas. O barramento possui 16 linhas onde oito (0 a 7) são vias de dados e o restante indica o estado do sistema, que são: DAV (data valid) - Apresenta um nível lógico 0 quando os dados são válidos. NRFD (not ready for data) - Apresenta nível lógico 0 quando a unidade receptora está preparada para receber dados. NDAC (not data accepted) - Vai a nível lógico 0 quando a unidade receptora terminou de receber dados. ATN (attention) - É um sinal de controle geral usado para vários propósitos, sendo principalmente para controlar o uso da linha de dados e especificar os dispositivos emissor e receptor a serem usados. IFC (interface clear) - O controlador usa esta linha de estado para colocar a interface em estado de espera. SRQ (service request) - É uma linha de interrupção que permite dispositivos de alta prioridade, tais como alarmes, interrompa o tráfego corrente e tenha acesso imediato ao barramento. REN (remote enable) - Esta linha de estado é usada para especificar qual dos conjuntos alternativos de programação dos dispositivos serão usados. EOI (end of output ou identify) - Esta linha de estado é usada pelo emissor para indicar que terminou a transmissão de dados. As figuras a seguir apresentam a configuração e pinagem de um soquete fêmea padrão GPIB e o fluxo de informações em um intercâmbio típico entre um controlador e um instrumento inteligente. Instrumentação Industrial - 44 Escola Federal de Engenharia de Itajubá - DON/IEE/EFEI - Prof. Bortoni
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