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DOENÇAS BILIARES VESÍCULA BILIAR - FISIOLOGIA E ANATOMIA A vesícula biliar está localizada sob a superfície do lobo direito do fígado e tem a função principal de armazenar, concentrar e excretar a bile produzida neste órgão. Os constituintes principais da bile são colesterol, bilirrubina e sais biliares. A bilirrubina, o principal pigmento da bile, é derivada da liberação de hemoglobina que ocorre após a destruição de eritrócito. Ela é transportada para o fígado, onde é conjugada e excretada pela bile. Os sais biliares, produzidos pelos hepatócitos a partir do colesterol, são essenciais para a digestão e absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais. A bile também contém imunoglobulinas que são importantes para manter a integridade funcional do intestino e, além disso, funcionam como vias excretórias para o cobre e o manganês (HASSE; MATARESE, 2014). ANOTAÇÕES: O sistema biliar é afetado por muitas doenças, as quais apresentam, com frequência, sinais e sintomas clínicos similares. As doenças mais comuns da vesícula são a colelitíase, a coledocolitíase e a colecistite. As doenças colestáticas também serão aqui estudadas em virtude de sua gravidade, uma vez que podem evoluir para cirrose hepática. A cirrose biliar primária (CBP) é uma doença autoimune, colestática e inflamatória do fígado. A doença é caracterizada por uma destruição autoimune dos ductos biliares intra-hepáticos, causando colestase (fluxo deficiente ou inadequado de bile para o duodeno). Cirrose biliar primária (CBP) A doença começa com a inflamação dos dutos biliares. A inflamação bloqueia o fluxo de saída de bile do fígado. Portanto, a bile permanece dentro das células hepáticas, causando inflamação. Essa doença progride lentamente, resultando em cirrose, hipertensão portal, transplante de fígado ou morte. A inflamação do ducto biliar é conhecida como colangite. A colangite pode resultar em sepse e insuficiência hepática. A formação de cálculos biliares chama-se colelitíase e é resultado da combinação de vários fatores, incluindo supersaturação de colesterol na bile e até mesmo estase biliar (ausência de estímulo ou retardo na liberação da bile). Na maioria dos casos, os cálculos biliares são assintomáticos, mas alguns pacientes podem apresentar cólica biliar, caracterizada por dor súbita e intensa no quadrante superior direito do abdome. A dor, muitas vezes, é acompanhada por náusea e vômitos e pode durar até 4 horas. Os cálculos biliares que passam da vesícula biliar para o ducto biliar comum podem não causar sintomas ou então podem ser eliminados pelo duodeno (com ou sem sintomas). Colelitíase: É a presença de um ou mais cálculos (pedras) dentro da vesícula biliar. O sintoma mais comum é a cólica biliar, mas os cálculos não causam dispepsia ou intolerância a alimentos gordurosos. Complicações mais sérias incluem colecistite; obstrução do trato biliar (por cálculos nos ductos biliares [coledocolitíase]), algumas vezes acompanhada de infecção (colangite); e pancreatite biliar. Fisiopatologia da colelitíase: Barro biliar é frequentemente o precursor de cálculos. Consiste basicamente em bilirrubinato de cálcio (um polímero da bilirrubina), colesterol em microcristais e mucina. O barro se desenvolve durante o “repouso ou estase” da vesícula biliar, ocorrendo na gestação ou com o uso de nutrição parenteral. Em sua maioria, o barro biliar é assintomático e desaparece quando a primeira condição é resolvida. Alternativamente, pode-se converter em cálculos ou migrar para a via biliar, causando assim quadros obstrutivos e provocando cólica biliar, colangite ou pancreatite. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-ductos-biliares/coledocolit%C3%ADase-e-colangite https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/pancreatite/vis%C3%A3o-geral-da-pancreatite ANOTAÇÕES: Tipos de cálculos: bile deve estar supersaturada de colesterol. Normalmente, colesterol insolúvel em água é transformado em colesterol hidrossolúvel, pela combinação dos sais biliares com lecitina para formar micelas mistas. A supersaturação da bile com colesterol comumente resulta da secreção excessiva de colesterol (como ocorre na obesidade ou diabetes), mas pode resultar da diminuição da secreção de sais biliares (p. ex., na fibrose cística por causa da má absorção de sais biliares) ou da deficiência de lecitina (p. ex., como ocorre em uma doença genética que cause uma forma progressiva de colestase hepática familiar). O excesso de colesterol deve precipitar na forma de microcristais sólidos. A precipitação é acelerada por mucina, uma glicoproteína, ou outras proteínas na bile. Os microcristais devem agregar-se. Essa agregação é facilitada pela mucina, pela diminuição da contratilidade da vesícula biliar (que resulta do próprio excesso de colesterol na bile) e pelo alentecimento do trânsito intestinal, o que permite a transformação, por bactérias, do ácido cólico em ácido desoxicólico. Cálculos de colesterol : respondem por > 85% dos cálculos biliares nos países ocidentais. Para que se formem, alguns eventos devem acontecer: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/obesidade https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/diabetes-melito-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-de-carboidratos/diabetes-melito-dm https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/fibrose-c%C3%ADstica-fc/fibrose-c%C3%ADstica Cálculos pigmentados pretos: São pequenos, duros e compostos de bilirrubinato de cálcio e sais de cálcio inorgânicos (p. ex., carbonato de cálcio, fosfato de cálcio). Fatores que aceleram seu aparecimento são doença hepática alcoólica, hemólise crônica e idade avançada. Cálculos de pigmentos marrons: São amolecidos e engordurados e são formados por bilirrubinato e ácidos graxos (palmitato ou estearato de cálcio). Formam-se durante processos infecciosos, inflamações e infestações parasitárias (p. ex., fascíola hepática na Ásia). ANOTAÇÕES: Coledocolitíase e colangite: Coledocolitíase é a presença de cálculos nos dutos biliares; pode ocorrer formação de cálculos na vesícula biliar ou nos próprios dutos. Esses cálculos causam cólica biliar, obstrução biliar, pancreatite biliar ou colangite (infecção e inflamação biliar). Colangite, por sua vez, pode levar a estenose, estase e coledocolitíase. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica-alco%C3%B3lica/doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica-alco%C3%B3lica Colecistite: A colecistite consiste em uma inflamação da vesícula biliar, geralmente decorrente da obstrução do duto cístico provocada por um cálculo. A colecistite é o problema mais comum provocado pelos cálculos na vesícula biliar. Ela ocorre quando um cálculo bloqueia o duto cístico, que transporta a bile vindo da vesícula biliar. A colecistite é classificada como aguda ou crônica. Colecistite Aguda: A colecistite aguda começa subitamente, resultando em dor grave e constante no abdômen superior. Pelo menos 95% das pessoas com colecistite aguda apresentam cálculos biliares. A inflamação tem quase sempre início sem infecção, embora esta possa surgir depois. A inflamação pode fazer com que a vesícula biliar acumule líquido, havendo espessamento da parede. Raramente, ocorre uma forma aguda de colecistite sem cálculos biliares (colecistite alitiásica). Contudo, a vesícula biliar pode conter lama (partículas microscópicas de materiais similares aos dos cálculos biliares). Cirurgia de grande porte Doenças graves como lesões sérias, queimaduras graves ou uma infecção pela corrente sanguínea (sepse) Alimentação intravenosa por período prolongado Ficar em jejum por muito tempo Deficiência do sistema imunológico Certos distúrbios envolvendo inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite), como lúpuseritematoso sistêmico ou poliarterite nodosa Ela costuma ocorrer após o seguinte: A colecistite alitiásica aguda pode ocorrer em crianças pequenas, talvez oriunda de uma infecção viral ou de outra infecção. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-dutos-biliares/c%C3%A1lculos-biliares https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-dutos-biliares/colecistite#v11570562_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/les%C3%B5es-e-envenenamentos/queimaduras/queimaduras#v825583_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/bacteremia-sepse-e-choque-s%C3%A9ptico/sepse-e-choque-s%C3%A9ptico https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/dist%C3%BArbios-vascul%C3%ADticos/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-vasculite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/doen%C3%A7as-autoimunes-do-tecido-conjuntivo/l%C3%BApus-eritematoso-sist%C3%AAmico-les https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/dist%C3%BArbios-vascul%C3%ADticos/poliarterite-nodosa-pan Colecistite Crônica: A colecistite crônica é uma inflamação da vesícula biliar de longa duração. Quase sempre isso é o resultado de cálculos biliares e de crises prévias de colecistite aguda. A colecistite crônica é caracterizada por crises repetidas de dor (cólica biliar) que ocorrem quando os cálculos biliares bloqueiam, temporariamente, o duto cístico. No caso da colecistite crônica, a vesícula biliar sofre lesões decorrentes das crises persistentes de inflamação aguda, geralmente provocadas por cálculos biliares, podendo tornar-se pequena, com cicatrizes e paredes espessas. Os cálculos biliares podem bloquear a abertura da vesícula biliar para o duto cístico ou bloquear o próprio duto cístico. Em geral, a vesícula biliar também contém lama. Se a cicatrização for extensa, pode haver depósitos de cálcio nas paredes da vesícula biliar, fazendo com que endureça (denominada vesícula biliar de porcelana). ANOTAÇÕES: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-dutos-biliares/colecistite#v760591_pt PANCREOPATIAS PÂNCREAS - FISIOLOGIA E ANATOMIA O pâncreas é não só um órgão acessório e glândula exócrina do sistema digestivo, como também uma glândula endócrina produtora de hormonas. Função: Digestão através da libertação de peptidases, lipases, nucleases e amilases Regulação hormonal pela libertação de insulina (células beta), glucagon (células alfa) e somatostatina (células delta) ANOTAÇÕES: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-digestorio-digestivo Pancreatite: Pancreatite (CID 10 - K85) é a inflamação no pâncreas. O pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago no abdome superior. Pancreatite ocorre quando as enzimas digestivas produzidas no pâncreas tornam-se ativadas enquanto no interior do pâncreas, causando danos ao órgão. Durante a digestão normal, as enzimas pancreáticas inativadas se movem através de dutos em seu pâncreas e viajam para o intestino delgado, onde as enzimas são ativadas e ajudam na digestão. Na pancreatite, as enzimas são ativadas quando ainda no pâncreas. Isto faz com que as enzimas destruam as estruturas das células, causando inflamação e os sinais e sintomas associados com a pancreatite. Pancreatite Aguda: Pancreatite aguda é a inflamação aguda do pâncreas (e, algumas vezes, dos tecidos adjacentes). Os fatores desencadeantes mais comuns são cálculos biliares e ingestão de álcool. A classificação do grau da pancreatite aguda é leve, moderada ou grave, de acordo com a existência de complicações locais e a insuficiência transitória ou passageira do órgão. O diagnóstico e feito pela apresentação clínica, dosagem da amilase e lipase séricas e exames de imagem. O tratamento é de suporte, com líquidos IV analgésicos e suporte nutricional. Embora a mortalidade geral da pancreatite aguda seja baixa, a morbidade e mortalidade são significativas nos casos graves. https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite Etiologia da pancreatite aguda: A litíase biliar e o consumo de álcool representam ≥ 70% dos casos de pancreatite aguda. Os casos restantes resultam de várias causas. Cálculos biliares: Cálculos biliares são a etiologia mais comum da pancreatite aguda. O mecanismo preciso da pancreatite por cálculos biliares é desconhecido, mas provavelmente envolve aumento da pressão no ducto pancreático causado pela obstrução da ampola secundária a um cálculo ou edema causado pela passagem de um cálculo. A hipertensão ductal resulta na ativação anormal das enzimas digestivas das células acinares. Os efeitos tóxicos do próprio ácido biliar nas células acinares também pode ser um mecanismo. Álcool: A ingestão de álcool é a segunda etiologia mais comum da pancreatite aguda. O risco de ter pancreatite aumenta com maior consumo de bebidas alcoólicas (≥ 4 a 7 doses por dia para os homens e ≥ 3 doses por dia para as mulheres); já se acreditou que o risco aumentasse proporcionalmente à duração do consumo de bebidas alcoólicas, mas as crises de pancreatite aguda podem ocorrer nos pacientes suscetíveis após curtos períodos de grande consumo de bebidas alcoólicas. O consumo baixo ou moderado de álcool está associado à progressão da pancreatite aguda para crônica. Contudo, < 10% dos pacientes com consumo regular de bebidas alcoólicas desenvolvem pancreatite grave, sugerindo que são necessários gatilhos ou cofatores adicionais para deflagrar a pancreatite. Outras causas: Várias mutações genéticas que predispõem a pancreatites têm sido identificadas. Uma mutação autossômica dominante do gene do tripsinogênio catiônico causa pancreatite em 80% dos portadores; um padrão familiar óbvio está presente. Outras mutações têm menor penetrância e não são clinicamente aparentes de imediato, exceto por exames genéticos. O gene que causa fibrose cística aumenta o risco de pancreatite aguda recorrente, bem como de pancreatite crônica. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/pancreatite/pancreatite-cr%C3%B4nica https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/fibrose-c%C3%ADstica-fc/fibrose-c%C3%ADstica#v1090247_pt Pancreatite Crônica: Doença autoimune Canal pancreático estreito Bloqueio do ducto pancreático por um cálculo biliar ou tumor, por exemplo Ingestão de certos medicamentos Desnutrição Fibrose cística Herança genética Altos níveis de certas gorduras no sangue. A pancreatite crônica é uma inflamação no pâncreas que se repete. Os pacientes com pancreatite crônica podem sofrer danos permanentes ao pâncreas. Inflamações no pâncreas de longa duração podem formar um tecido cicatricial e fazer o pâncreas parar de produzir a quantidade normal de enzimas digestivas. Como resultado, é provável que você tenha problemas para digerir gorduras. O abuso de álcool é a causa mais comum de pancreatite crônica em adultos. Doenças autoimunes e doenças genéticas, tais como a fibrose cística, também podem causar a pancreatite crónica em alguns pacientes. A principal causa da pancreatite crônica é a ingestão excessiva de álcool. Outras causas incluem: ANOTAÇÕES: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/calculo-biliar https://www.minhavida.com.br/saude/temas/desnutricao https://www.minhavida.com.br/saude/temas/fibrose-cistica https://www.minhavida.com.br/saude/temas/pancreatite-cronica
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