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AULA 1 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E FATORES COMPETITIVOS Profª Carla Gomes Beuter Diógenes 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula vamos contextualizar o papel das estratégias de operações e seus principais fatores competitivos, e a relação destes aspectos com o planejamento estratégico da organização. Também conheceremos a aplicação da matriz Importância x Desempenho e algumas das principais decisões estruturais e infraestruturais na gestão das operações. TEMA 1 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E SEUS ELEMENTOS Qualquer organização, de qualquer porte e natureza, deseja continuamente expandir seus negócios e se manter viva e saudável no mercado competitivo. Mas é improvável que ela alcance essa posição sem ter um bom planejamento de seus objetivos e ações. E durante o processo de planejamento, a organização definirá suas principais estratégias. Inicialmente, precisamos compreender o significado de estratégia e como esse termo se aplica no ambiente organizacional. De acordo com Slack et al. (2018), a palavra estratégia procede de um termo grego denominado strategos, que pode ser traduzido como “liderança de um exército”. A aplicação de um termo militar na realidade empresarial ocorre em função de ambas realidades terem aspectos similares: • A empresa precisa estabelecer objetivos amplos, que a conduzam à sua meta global. • A organização deve planejar o percurso para alcançar suas metas. • Os planos devem priorizar objetivos de logo prazo. Aplicando o conceito de estratégia no ambiente organizacional, podemos entender que “estratégia é o processo pelo qual uma organização define onde pretende chegar e como alcançará essa conquista” (Nogueira, 2015, p. 3). Na visão de Sertek (2012, p. 113) estratégia é “um conjunto de ações e iniciativas que levam uma empresa ao sucesso. É a maneira como uma empresa percebe o mundo, gerando comprometimento com atitudes e respostas para determinadas situações”. Campos (2016) acrescenta que a estratégia também é a base da organização, pois é a partir dela que a gestão deve traçar seu planejamento, suas metas e objetivos, de forma que todos saibam onde estão e para onde devem se 3 dirigir. Ele acrescenta que “uma empresa sem estratégia é, no mínimo, uma empresa míope, pois enxerga apenas aquilo está muito próximo a ela, tendo uma visão reduzida do todo, para um período limitado” (Campos, 2016, p. 22). 1.1 Alternativas estratégicas Campos (2016) também aponta que a empresa pode optar por algumas alternativas estratégicas quanto ao seu posicionamento de mercado. São elas: • Estratégia de estabilidade: busca-se manter as mesmas operações, produtos ou serviços, sem um crescimento significativo nas receitas ou no tamanho da organização. Essa estratégia é mais empregada por grandes empresas, que já dominam o mercado em que atuam. • Estratégia de crescimento: procura-se o desenvolvimento, o aumento nas vendas e nos lucros, e na ampliação da participação no mercado. Pode ser um crescimento interno (aumento das vendas, da capacidade de produção ou da mão de obra) ou um crescimento externo (com aquisição de empresas concorrentes). É utilizada pela maioria das organizações. • Estratégia de diversificação: ocorre por meio da entrada em outros ramos de negócio, que podem ser parecidos ou completamente diferentes, possibilitando a criação de novos produtos e serviços para a organização. • Estratégia de expansão: é implementada por meio de fusões, aquisições, alianças estratégicas e formação de conglomerados. Diante de tantas e variadas opções de estratégias, o processo que determina como a organização deve proceder para alcançar suas metas e objetivo é chamado planejamento estratégico. 1.2 Planejamento estratégico Para Nogueira (2015), o planejamento estratégico é benéfico para as organizações em vários aspectos: • oferece uma direção, aponta um caminho, uma visão coletiva para todos da empresa; • quando todos trabalham numa mesma direção, os ganhos são potencializados e esforços desnecessários são evitados; 4 • permite que a organização tenha controle sobre seu desempenho, verificando se está ou não conforme o esperado; • as pessoas se sentem mais motivadas a alcançar os objetivos da organização, uma vez que enxergam como parte de algo maior; • oferece importantes informações para a tomada de decisão dos gestores, sobre o futuro da organização. Também de acordo com Nogueira (2015), podemos resumir as principais etapas do planejamento estratégico da seguinte forma: 1. Análise do ambiente interno e externo; 2. Estabelecimentos das diretrizes organizacionais (visão, missão, objetivos); 3. Formulação das estratégias; 4. Implementação das estratégias; 5. Controle estratégico. 1.3 Planos que integram o planejamento estratégico Abrangendo todas as principais áreas funcionais da organização, o planejamento estratégico também é desdobrado em planos específicos, conforme Salgado (2017): • planos mercadológicos (ou de marketing); • planos de suprimentos (envolvendo compra de matérias-primas, embalagens e relacionamento com fornecedores); • planos de armazenagem e de transportes; • planos de produção ou operações (envolvendo máquinas, equipamentos, manutenção, operários); • planos financeiros (contemplando quanto a empresa gasta, ganha e precisa investir para prosperar); • planos em recursos humanos, tecnologias e sistemas. Na sequência, vamos conhecer com mais detalhes os planos das operações produtivas e como sua gestão estratégica impacta profundamente o desempenho competitivo de uma organização. 5 TEMA 2 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE OPERAÇÕES A gestão de operações envolve a direção e o controle dos processos que transformam insumos em produtos e serviços. Dentre as mais diversas áreas funcionais, Rocha (2018) afirma que a função de operações é o coração de uma empresa. Isso porque suas atividades impactam significativamente todas as demais funções da empresa e, por consequência, seu estado geral. Ainda: • Por meio das operações é possível obter vantagens competitivas, uma vez que é a área responsável pela qualidade das mercadorias ou serviços que o cliente adquire. • A área de operações também se destaca por concentrar a maior parte dos recursos humanos e de capital financeiro da empresa. • Sua importância também é percebida na medida em que o custo de um produto ou serviço é definido por essa função, afetando o preço final de venda e, consequentemente, a margem de lucro. • Além disso, a área de operações ainda determina a capacidade de entrega dos produtos e serviços da empresa. 2.1 Operação x operacional Antes de continuarmos, vale a pena fazer uma importante distinção entre os termos operações e operacionais. Segundo Slack et al. (2018), estes termos não são sinônimos. Operação está relacionada aos recursos que criam produtos e serviços e tem papel estratégico. Por usa vez, operacional é o oposto de estratégico, significando atividades diárias, cotidianas e detalhadas. 2.2 Objetivos da gestão de operações De forma geral, a área de operações trabalha buscando analisar criticamente o processo de oferta de produtos ou serviços, procurando oferecê- los a um menor custo e prazo, com maior qualidade (Nogueira, 2015). No entanto, a gestão das operações não deve estar limitada aos seus aspectos internos. Ela precisa ter um olhar mais amplo, abrangendo outras áreas da empresa e stakeholders externos, como clientes e concorrentes, parceiros fornecedores, acionistas e outros grupos de interesse, nos processos decisórios das operações (Corrêa; Corrêa, 2012). 6 Além disso, as estratégias de operações precisam estar alinhadas à diretriz estratégica maior da empresa. “O objetivo da estratégia de operações é garantir que a função do gerenciar os processos de produção e a entrega de valor ao clientesejam totalmente alinhadas com a intenção estratégica da empresa quanto aos mercados a que pretende servir” (Corrêa; Corrêa, 2012, p. 38). Mas para Slack et al. (2018), uma estratégia de operações não pode se limitar em verificar se os recursos e processos de uma empresa são coerentes com sua estratégia geral. Ela também pode e deve fornecer a base para o melhoramento ou aperfeiçoamento do desempenho da produção no atendimento de seus clientes. Esse melhoramento pode levar a organização a três cenários: 1. Alcançar um equilíbrio aproximado entre o desempenho requerido pelo mercado e o desempenho real da produção (sua capacidade produtiva). 2. Alcançar um alinhamento sustentável, buscando que os processos operacionais da organização se adaptem a novas condições de mercado. 3. Melhorar o desempenho geral, de maneira que, quanto maior o nível de exigência do mercado, maior o nível de capacidade da produção. Dessa forma, níveis elevados de desempenho do mercado são alcançados como resultado de altos níveis de desempenho dos processos operacionais, tornando-se mais difíceis de serem igualados pelos concorrentes. 2.3 Conflito (trade-off) entre critérios de desempenho Caxito (2019) apresenta um importante conceito relacionado às estratégias de operações. O conceito de trade-off. “Trata-se de uma relação de incompatibilidade, em que a melhoria em determinada atividade necessariamente leva à perda em outra” (Caxito, 2019, p. 11). Sabemos que clientes de uma organização podem valorizar diferentes aspectos (ou critérios de desempenho) do processo de operações. Corrêa e Corrêa (2012) citam os critérios possivelmente mais relevantes: preço/custo, velocidade, confiabilidade, qualidade e flexibilidade. No entanto, por vezes, estes fatores são conflitantes, na medida em que dificilmente uma empresa conseguirá ter um alto nível de desempenho em todos eles. Imagine uma loja de roupas de departamento, cuja estratégia seja oferecer produtos de baixo preço/custo e com alta velocidade de acesso e entrega. São escolhas opostas às tomadas por um ateliê de um famoso estilista, que, por sua vez, vai zelar por fornecer produtos com alta qualidade e flexibilidade (sob medida). 7 Considerando que nem todos esses critérios de desempenho são igualmente valorizados por todos os clientes, a organização precisará, então, fazer escolhas estratégias, que implicarão em renúncias estratégicas. “Renuncia- se ao desempenho superior em um aspecto para se privilegiar o desempenho em outro aspecto” (Corrêa; Corrêa, 2012, p. 60). Para que essa escolha seja a mais acertada possível, é importante que a organização analise com cautela os aspectos mais valorizados por seus mercados mais desejados. Dessa forma, ela terá maiores chances de ter uma gestão estratégica eficaz das operações. 2.4 Perspectivas da estratégia de operações Quando imaginamos a formulação das estratégias de operações, Slack et al. (2018, p. 84) sugerem uma classificação em quatro perspectivas: 1. A estratégia de “cima para baixo” (top-down), em que as estratégias de operações são pensadas conforme o que o grupo ou a empresa deseja fazer. Pergunta-se o que a empresa deseja que as operações façam. 2. A estratégia de “baixo para cima” (bottom-up), em que as melhorias da produção constroem cumulativamente a estratégia. Pergunta-se o que a experiência diária sugere que as operações deveriam fazer. 3. A estratégia “de fora para dentro”, envolvendo a tradução dos requisitos do mercado em decisões de produção. Pergunta-se o que a posição de mercado requer que as operações façam. 4. A estratégia de “de dentro para fora”, em que as operações envolvem a exploração das capacidades dos recursos de produção nos mercados escolhidos. Pergunta-se o que os recursos de produção podem fazer. TEMA 3 – ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS O processo de definição da estratégia das operações é de suma importância, pois ele afeta diretamente a competitividade da empresa diante da concorrência. Nesse sentido, a estratégia das operações deve estar alinhada ao posicionamento da empresa. Para Rocha (2018), posicionamento corresponde à ênfase que a produção dá a alguns aspectos para alcançar uma vantagem competitiva. A estratégia competitiva contempla um conjunto de necessidades dos clientes e procura satisfazer essas necessidades por meio de produtos e serviços. 8 3.1 Posicionamentos estratégicos Num mundo idealizado, qualquer empresa gostaria de ter o melhor produto ou serviço do mercado, oferecido ao preço mais baixo da concorrência, obtendo maior margem de lucro, com disponibilidade de entrega imediata e para todos os lugares. No entanto, a realidade mostra que alcançar esse patamar é improvável. A empresa precisa definir qual prioridade dará às quatro características de desempenho de seu produto/serviço. Certo (2005) destaca os posicionamentos: 1. Eficiência em custo/preço: o capital, a mão de obra e outros custos operacionais são mantidos baixos, se comparados aos dos concorrentes. 2. Qualidade: o foco aqui é fornecer um nível de qualidade superior ao dos concorrentes, mesmo que isso signifique um custo extra. 3. Confiança: nesse ambiente, os produtos devem sempre estar disponíveis, e os serviços realizados conforme as expectativas dos clientes. 4. Flexibilidade: prioriza-se a capacidade de responder rapidamente às mudanças no projeto, no mix do produto ou no volume da produção. O autor também detalha as características operacionais que apoiam os quatro posicionamentos estratégicos na Tabela 1 a seguir: Tabela 1 – Características operacionais que apoiam as de desempenho Características de desempenho a serem enfatizadas Vantagens que operações de manufatura devem oferecer Eficiência de custo Despesas gerais baixas Equipamentos e instalações para fins especiais Utilização elevada da capacidade Controle rigoroso de materiais Alta produtividade e baixo valor de salários Qualidade Profissionais especializados Precisão adequada de equipamento Motivação pelo orgulho ao trabalho Comunicação eficaz de padrões ou tarefas requeridas Confiança Sistema eficiente de planejamento Poucas falhas de equipamento Baixo absenteísmo e rotatividade, sem greves Alto investimento em estoques Comprometimento do pessoal para agir conforme o estabelecido Flexibilidade Fornecimento seguro e rápido Reserva de capacidade Profissionais multiespecializados que podem ser alocados Controle efetivo de fluxo de trabalho Equipamento versátil de processamento Pouco tempo de ajuste de processos e baixo custos Integração de projeto e produção Fonte: Elaborado com base em Certo et al., 2005. 9 Nesse sentido, Slack et al. (2018) lembram que, a curto prazo, as operações não podem atingir desempenho notável em todos seus objetivos operacionais. As organizações precisarão lidar com trade-offs entre esses objetivos. Por exemplo, uma organização pode desejar melhorar sua eficiência em custo, decidindo reduzir a variedade de produtos ou serviços oferecidos aos clientes. Mas ao se deparar com essa variedade de possibilidade de posicionamentos, a empresa optará por um deles e deverá tornar essa direção o mais claro possível para toda a organização. Isso evitará que cada departamento se mova em diferentes direções, prejudicando o rumo da empresa como um todo. 3.3 Alinhamento com os clientes Apesar das diferentes possibilidades de posicionamento que uma organização pode escolher, o alinhamento com as necessidades dos clientes não pode ser menosprezado. Para realmente ganhar vantagem competitiva sobre um concorrente, as organizações precisam compreender o que os clientes esperam delas e oferecer os produtos e serviços que atendam de maneira mais adequada a essas demandas. (Nogueira, 2015). “Os clientes são os grandes responsáveis pelo sucesso ou fracasso das estratégias escolhidas. Entenderquem são os clientes, o que querem e como querem é a chave para o alinhamento estratégico de qualquer negócio” (Nogueira, 2015, p. 74). 3.4 A construção das estratégias operacionais competitivas Lelis (2014) alerta que as escolhas sobre a prioridade competitiva não são aleatórias. Existe uma série de etapas que antecedem as estratégias de operações e que vão construindo a força competitiva da organização: 1. A estratégia corporativa faz o estudo do ambiente externo e interno, para traçar o cenário competitivo. 2. Com isso, as diretrizes para a estratégia de negócio são delimitadas, indicando onde e quais ações devem ser realizadas para determinado segmento de marcado. 3. Finalmente, as estratégias de produção e de operações são escolhidas, com a definição de objetivos de desempenho. 10 TEMA 4 – MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO Uma das formas de se definir prioridades para alocar recursos e esforços visando a melhoria estratégica em operações é analisar de forma integrada dois fatores: a importância dos critérios de desempenho aos olhos dos clientes (requisitos de mercado) e o desempenho da produção, comparado à concorrência. Essa metodologia chama-se Matriz Importância x Desempenho. Esse método ajudará os gestores da área de operações a “entender a importância relativa dos vários critérios de desempenho operacional para o cliente a quem se pretende servir. Em seguida, auxilia a entender qual a posição relativa do desempenho das operações, quando comparada a seus principais concorrentes” (Corrêa; Corrêa, 2012, p. 69). Alcançar o equilíbrio entre esses dois fatores é um grande desafio para as organizações. Por muitas vezes, os mercados podem exigir algo que a área produtiva não tem condições de suprir. Por outro lado, o departamento de produção pode ter competências que não despertam interesse no mercado. À medida que a organização vai descobrindo as reais necessidades e preferências dos seus clientes, os objetivos estratégicos das operações vão sendo moldados de maneira muito mais assertiva. E conforme as operações melhoram seu desempenho, o progresso que mais importa é aquele que ajude a operação a alcançar níveis de desempenho acima dos obtidos por seus concorrentes. No entanto, Corrêa e Corrêa (2012) alertam que só porque algo é particularmente relevante para os clientes, não significa que uma operação deve obrigatoriamente dar-lhe prioridade imediata para ações de melhoria. Isso porque pode ser que sua operação já seja consideravelmente melhor que a de seus concorrentes no atendimento a clientes nesse aspecto. Assim, não há necessidade de mais esforços e recursos. Da mesma forma, é possível que uma operação não seja muito boa quando comparada ao desempenho dos concorrentes. Mas isso não significa necessariamente que ela deva ser imediatamente melhorada. Pode ser que os clientes não deem tanta importância a esse aspecto específico. Concluímos, então, que para priorizar os objetivos estratégicos da produção e as operações que deverão receber melhorias, tanto a importância quanto o desempenho precisam ser avaliados juntos. 11 4.1 Avaliando a importância para os clientes A Matriz de Importância x Desempenho posiciona os fatores competitivos de acordo com sua importância sob o posto de vista dos clientes, a fim de determinar as prioridades de melhoria, conforme ilustrado na Tabela 2 a seguir: Tabela 2 – Escala de nove pontos para avaliar a importância Escala de importância para fatores competitivos Posição Descrição 1 Oferece uma vantagem decisiva aos clientes Alto 2 Oferece uma vantagem importante aos clientes 3 Oferece uma vantagem útil aos clientes 4 Precisa acompanhar o bom padrão do setor 5 Precisa acompanhar o padrão médio do setor 6 Precisa estar a pouca distância do restante do setor 7 Normalmente, não importante, mas pode se tornar 8 Raramente considerado pelos clientes 9 Nunca considerado pelos clientes Baixo Fonte: Slack et al., 2018, p. 103. 4.2 Avaliando o desempenho em comparação com os concorrentes A Matriz de Importância x Desempenho posiciona os fatores competitivos de acordo com sua importância comparando com o desempenho dos principais concorrentes, a fim de determinar as prioridades de melhoria, conforme ilustrado na Tabela 3 a seguir: Tabela 3 – Escala de nove pontos para avaliar o desempenho Escala de desempenho para fatores competitivos Posição Descrição 1 Consideravelmente melhor do que organizações similares Bom 2 Claramente melhor do que organizações similares 3 Pouco melhor do que organizações similares 4 Às vezes, um pouco melhor do que organizações similares 5 Praticamente igual a organizações similares 6 Ligeiramente pior do que a média de organizações similares 7 Normalmente, um pouco pior do que organizações similares 8 Geralmente pior do que a maioria das organizações similares 9 Consistentemente pior do que a maioria das organizações similares. Ruim Fonte: Slack et al., 2018, p. 103. 12 4.3 Zonas de prioridades na Matriz Importância X Desempenho A melhoria que cada fator competitivo deve receber pode ser definida comparando sua importância e seu desempenho. A Figura 1 demonstra um exemplo de matriz de importância-desempenho, dividida em zonas de prioridades de melhoria para determinado fator competitivo: Figura 1 – Zonas de prioridade na matriz de importância-desempenho Fonte: Slack et al., 2018, p. 104. A Figura 1 considera em seu eixo x a importância dos critérios para os clientes; e em seu eixo y, o desempenho real da organização em relação aos concorrentes. Slack et al. (2018) demonstram que essas quatro zonas implicam em prioridades muito diferentes quanto à melhoria dos fatores competitivos: 1. Zona adequada: os fatores competitivos estão acima do limite inferior de aceitabilidade e, assim, são considerados satisfatórios. 2. Zona de melhoria: situada abaixo do limite inferior de aceitabilidade, de modo que quaisquer fatores nesta zona devem ser candidatos a melhorias. 3. Zona de ação urgente: estes fatores são importantes para os clientes, mas o desempenho é inferior ao dos concorrentes. Devem ser candidatos para melhoria imediata. 4. Zona de excesso: os fatores são de alto desempenho, mas não são muito importantes para os clientes. Deve-se perguntar se os recursos destinados a alcançar tal desempenho podem ser mais bem utilizados em outro lugar. 13 TEMA 5 – DECISÕES ESTRUTURAIS E INFRAESTRUTURAIS O dia a dia de um gestor de operações é repleto de situações envolvendo decisões de natureza estratégica e tática. Ritzman e Krajewski (2004) comentam que as decisões estratégicas são menos estruturadas e possuem consequências a longo prazo. Já as decisões táticas são mais estruturadas, obedecem à rotina, são repetitivas e trazem consequências a curto prazo. As decisões estratégicas tendem a focalizar toda a organização, ultrapassando linhas departamentais; já as decisões táticas focalizam departamentos, equipes e tarefas. Suzano (2013) comenta que a decisão é tomada a partir de probabilidades, possibilidades e/ou alternativas. A Figura 2 a seguir demonstra um diagrama da tomada de decisão: Figura 2 – Diagrama da tomada de decisão Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Obtenção das informações Elaboração das previsões Escolha da opção Implantação da decisão Avaliação do desempenho Fonte: Elaborado com base em Suzano, 2013. 5.1 Áreas de decisão em operações Quando se percebe que determinada operação precisa passar por melhorias em seus níveis de desempenho, é necessário avaliar as diversas áreas que poderão ser impactadas nesse processo. Por isso, Corrêa e Corrêa (2012, p. 79) apontam uma série de áreas de decisão que devem ser consideradas em análises estratégicas em operações: • Área de projeto de produtos e serviços: envolve métodos,frequência de introdução de produtos, grau de customização, projetos para produção e uso, manutenção e reciclagem. • Área de processo e tecnologia: envolve equipamentos, forma de interação com o cliente, método de trabalho, nível de automação, integração e escala de tecnologia. • Área de instalações: envolve quantidade de unidades, localização, tamanho, layout, arquitetura, decoração, políticas de manutenção e limpeza. 14 • Área de capacidade/demanda: envolve decisões sobre acréscimos de capacidade (escala, momentos), gestão da demanda, ajustes de quantidades, prazos. • Área de força e projeto de trabalho: envolve nível de qualificação, de autonomia, polivalência, recrutamento, seleção, treinamento, remuneração, motivação. • Área de qualidade: envolve políticas de prevenção e recuperação de falhas, garantias dos serviços, padrões de serviço. • Área de organização: envolve nível de amplitude de controle gerencial, estilos de liderança, estrutura organizacional. • Área de filas e fluxos: envolve políticas de disciplinas de priorização e configurações das filas, fluxos produtivos puxados ou empurrados. • Área de sistema de planejamento, programação e controle da produção: envolve tipo e natureza de sistema, grau de automatização, de integração; tipos de sistemas de previsão e de controle. • Área de sistema de informação: envolve nível de integração, de acesso, de troca com fornecedores e clientes. • Área de redes de suprimentos: envolve políticas de estoques e de ressuprimento, lógica geral de relacionamento com fornecedores, decisões de comprar ou fazer. • Área de gestão de relacionamento com o cliente: envolve política quanto à fidelização, retenção, relacionamento, comunicação. • Área de medidas de desempenho: envolve métricas e frequência de mensuração. • Área de sistemas de melhoria: envolve políticas de aprendizado, gestão do conhecimento, políticas de melhoramento contínuo e reengenharia. 5.2 Decisões estruturais e infraestruturais Uma frequente distinção nas decisões estratégicas em operações envolve as decisões quanto à estrutura de uma operação e às decisões que determinam sua infraestrutura. Segundo Slack et al. (2018, p. 98), “as decisões estruturais são aquelas que influenciam principalmente as atividades de projeto. Já as decisões infraestruturais são as que influenciam a força de trabalho de uma organização, suas atividades de planejamento, controle e melhoria”. 15 A autora sugere uma comparação com a parte de hardware e software de um computador. O hardware define os limites para o que o computador pode fazer. E dentro dos limites impostos pelo hardware, o software determina o grau de eficácia real da máquina. Ou seja, o computador mais potente apenas funcionará com todo o seu potencial se seu software for capaz de explorar esse potencial. No caso da gestão das operações, compreendemos que as melhores e mais caras instalações, máquinas e tecnologias somente poderão ser eficientes se a produção também tiver uma infraestrutura adequada, que controle a forma como a produção funcionará no dia a dia. Na Tabela 4 a seguir, Slack et al. (2018) apontam alguns exemplos de decisões estratégicas estruturais e infraestruturais nas operações: Tabela 4 – Decisões estratégicas estruturais e infraestruturais Decisões estruturais típicas Decisões infraestruturais típicas Quais produtos ou serviços devem ser desenvolvidos? Como deve ser organizada a função produção? Que atividades devem ser realizadas internamente, e quais devem ser terceirizadas? Que habilidades devem ser desenvolvidas pelo pessoal da produção? Quantos fornecedores devemos ter? Como a demanda deve ser prevista e monitorada? Quantas instalações devemos ter? Como a operação ajusta seus níveis de atividade em resposta à demanda? Qual deve ser a capacidade de cada instalação? Como a operação deve alocar os recursos? Onde as instalações devem estar localizadas? Como ela deve desenvolver relações com os fornecedores? Que tipos de tecnologia de processo e operação deve usar? Como o desempenho deve ser medido? Como o processo de melhoria deve ser gerenciado? Fonte: Baseado em Slack et al., 2018, p. 99. 16 REFERÊNCIAS CAMPOS, L. M. F. Administração estratégica: planejamento, ferramentas e implantação. Curitiba: InterSaberes, 2016. CERTO, S. C. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: uma abordagem estratégica. 2. ed. 8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. LELIS, E. C. (Org.). Gestão da produção. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. NOGUEIRA, C. S. Planejamento estratégico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. ROCHA, A. G. F. (Org.). Planejamento e gestão estratégico. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004 SALGADO, T. T. Logística: práticas, técnicas e processos de melhorias. 3. ed. São Paulo: Senac, 2017. SLACK, N. et al. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. SERTEK P. et al. Administração e planejamento estratégico. Curitiba: InterSaberes, 2012. SUZANO, M. A. Administração da produção e operações com ênfase em logística. Rio de Janeiro: Interciência, 2013.
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