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@emanuellycardoso Injúria Renal Aguda • Síndrome caracterizada pela queda abrupta da função renal + potencialmente reversível + retenção de escórias nitrogenadas + desregulação do volume extracelular e eletrólitos • Pode ocorrer em pacientes com função renal prévia normal ou com doença renal prévia (doença renal crônica agudizada) • IRA oligúrica = diurese < 500 mL/dia | IRA não oligúrica = diurese > 500 mL/dia • Identificação da perda da função renal = medida da creatinina sérica (estimar a TFG) Critérios diagnósticos • Rifle (2001): 3 graus de lesão renal (risco, injúria e falência) + 2 medidas de resultados (perda e DRC terminal) • AKIN (2007): 3 estágios (risco, injúria e falência) IRA = ↑ abrupto da Cr sérica ≥ 0,3mg/dL ou ↑ na [ ] de Cr > 50% em relação a Cr basal ou oligúria < 0,5mL/kg/hora > 6 horas • KIDGO: 3 estágios IRA = ↑ da Cr sérica ≥ 0,3mg/dL em até 48h ou ↑ da Cr sérica > 1,5x em relação a Cr basal em até 7 dias ou débito urinário < 0,5mL/kg/hora > 6 horas • IRA = ↑ da Cr sérica ou ↓ diurese • Para classificar os estágios da IRA, deve-se antes corrigir a volemia e otimizar o perfil hemodinâmico e afastar causas obstrutivas • A classificação de IRA em estágios permite a avaliação da gravidade e estimar o prognóstico e traçar estratégias terapêuticas de acordo com a classificação • Principais FR: sepse, choque circulatório, queimadura, cirurgia de grande porte não cardíaca, radiocontrastes iodados, desidratação, idade avançada, sexo feminino, raça negra e diabetes mellitus • Classificação: IRA pré-renal (hipoperfusão renal) + IRA renal/intrínseca (isquêmica ou nefrotóxica) + IRA pós-renal (obstrução aguda do trato urinário) IRA PRÉ-RENAL • Tipo mais comum → causas: hipovolemia + estados de choque + IC + cirrose hepática = fatores que alteram a hemodinâmica renal • AINHS + IECA + antagonistas dos receptores de angiotensina II = drogas que predispõem à lesão renal (prejudicam a autorregulação de fluxo renal – via PGE2, NO, etc) • Oligúria + [ ] urinária de Na ↓ (< 20mEq/L) + FENA muito baixa (< 1%) + osmolalidade urinária ↑ (> 500 mOsm/kg) IRA INTRÍNSECA • Considerada de acordo com o compartimento renal afetado (vascular + glomerular + tubular + intersticial) • Doença renal intrínseca que mais comumente causa IRA = Necrose Tubular Aguda • FR para desenvolvimento de NTA: pós-operatório de cirurgia vascular e cirurgia cardíaca + queimaduras extensas + pancreatite + sepse + doença hepática crônica • Fluxo urinário ↓ (< 500mL/dia) + [ ] urinária de Na ↑ (> 40 mEq/L) + FENA ↑ (> 1%) + osmolalidade urinária baixa (< 250 mOsm/kg) + FE ureia > 50% + relação Ur/Cr < 20/1 • Causas de IRA renal: necrose tubular aguda + nefrite intersticial aguda + doenças vasculares + glomerulopatias IRA PÓS-RENAL • Causas mais comuns de IRA pós-renal = doença prostática + bexiga neurogênica + cálculos + invasão ureteral por neoplasias • TTO = procedimento desobstrutivo adequado – IRA reversível quando feito em horas até poucos dias • Manifestações clínicas = assintomática + ↓ do fluxo urinário (pouco sensível) + inespecífica (mal-estar) + quadro urêmico (náuseas + vômitos + sangramentos do TGI + tamponamento pericárdico + dispneia + hipertensão + alterações neurológicas e do NC) + sinais e sintomas da doença de base ou da perda de função renal • IRA não oligúrica ocorre frequentemente em associação a drogas nefrotóxicas + agentes anestésicos + sepse Alterações clínicas de acordo com cada sistema: • Cardiovascular = hipervolemia + arritmias + desidratação + hipotensão + choque + PCR • Respiratório = taquipneia + respiração profunda • Neurológico = relacionados a uremia → confusão + sonolência + convulsão + coma • Gastrointestinal = vômitos intensos + hemorragia digestiva + soluços + dor à palpação do abdome • Débito urinário = anúria (obstrução urinária baixa, ureteral bilateral ou obstrução arterial bilateral) ou poliúria (IRA relacionada a drogas) ou oligúria (uso de anti-inflamatórios) @emanuellycardoso Injúria Renal Aguda Diagnóstico: história clínica + ↓ débito urinário + ↑ Ur + ↑ Cr → investigar a causa base Exames complementares: • ↑ Ur e Cr + hipercalemia/hipercalemia grave, pode haver evolução para hipocalemia + acidose metabólica com ânion- gap ↑ + ↑ ácido úrico + hiperfosfatemia/hiperfosfatemia grave + ↓ Na + ↑ Mg + anemia + eosinofilia + alterações no coagulograma • Cr = marcador de escolha • Ur se altera em sangramentos do TGI + dietas ricas em proteínas + febre + traumas + infecções + medicamentos (corticosteroides) • FENA ↓ em IRA pré-renal + glomerulonefrites agudas + vasculites + obstruções + nefropatia pós-contraste iodado + mioglobinúria e ↑ na IRA renal • Análise de urina com fitas reativas ou análise microscópica • Eosinofilia no sangue periférico + sedimento urinário contendo hematúria e leucocitúria pode sugerir nefrite intersticial aguda • Causas clássicas de IRA com hipocalemia = leptospirose + aminoglicosídeos + anfotericina B • Hipercalemia é a principal causa metabólica de óbito na IRA • Exames de imagem = USG é o exame inicial de escolha • USG = obstruções e hidronefrose + alterações parenquimatosas + cistos + pista para etiologia da IRA • TC sem contraste = dados não visualizados pela USG • AngioTC com contraste iodado = suspeita de lesões vasculares • AngioRM = suspeita de lesões vasculares → feita sem contraste • Cintilografia = avaliação da função e fluxo renal + investigação de nefrite intersticial aguda • Sempre excluir causas obstrutivas em pacientes com IRA MANEJO • TTO da IRA = suporte • Principais complicações = sobrecarga de volume + hipercalemia + acidose metabólica + hipocalcemia + hiperfosfatemia + hiperuricemia + hipermagnesemia • Outras complicações = infecção + anemia + sangramento gastrointestinal + complicações cardiovasculares • Melhor TTO da IRA = prevenção → manutenção da volemia + otimização do DC + não utilização de drogas nefrotóxicas • NTA oligúrica não responsiva ao uso de diuréticos em situações de hipervolemia refratária = terapia dialítica • TTO da doença de base = correção do distúrbio obstrutivo + imunossupressão + plasmaférese + IECAs • Pacientes com riso de IRA = idosos + diagnóstico de DRC + diabéticos + hipertensos sem controle + uso de AINES/IECAS/ anatgosnistas dos receptores de angiotensina II + portadores de ICC • Uso de diuréticos visa evitar sobrecarga de volume, porém deve-se avaliar a resposta → paciente persiste anúrico = diálise • Maior risco de hipercalemia em pacientes com acidose grave, rabdomiólise, síndrome de lise tumoral e hemólise • Pacientes com acidose persistente e refratária ao TTO devem ser tratados com diálise • Terapia de substituição renal = lesão renal grave + se precoce previne consequências de uremia aguda e evita morte secundária a complicações da IRA • Indicações formais de diálise na IRA = IRA KIDIGO 3 + sobrecarga hídrica refratária aos diuréticos + hipercalemia grave refratária (K >6,5mEq/L) ou rápido ↑ nos níveis de K sérico + acidose metabólica refratária (pH < 7,1) + sinais de uremia • Métodos dialíticos para TTO da IRA = intermitente + contínuo + híbrido • Acesso de escolha para implante de cateter de hemodiálise = veia jugular interna direita • Fatores relacionados a escolha da técnica de diálise = disponibilidade local e experiência do hospital + emergência + possibilidade do uso de anticoagulantes + estado catabólico e necessidade nutricional do paciente + instabilidade hemodinâmica + sepse
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