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Classificação das Artes Marciais

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METODOLOGIA 
DAS LUTAS
Ana Paula Maurilia dos Santos
Classificação das 
artes marciais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar as artes marciais de agarre.
  Identificar as artes marciais baseadas em golpear/impactar.
  Listar as lutas baseadas em golpes com implementos.
Introdução
Quando se pretende classificar as artes marciais, tem-se como objetivo 
a compreensão dos seus aspectos em comum e suas diferenças. Muitos 
autores têm se dedicado a classificá-las, seja a partir da ação motora 
envolvida, da distância entre os oponentes ou do seu surgimento histó-
rico. As lutas são práticas tão plurais que dificilmente alguma forma de 
classificação abarcaria todas as inúmeras possibilidades e modalidades 
existentes. No entanto, buscaremos apresentar uma forma de classificação 
que tenha uma concepção lógica e estruturada em consonância com os 
pressupostos epistemológicos atuais dessa área de estudo.
Neste capítulo, a partir de referencial teórico, você vai aprender sobre 
a lógica interna e a classificação das artes marciais de acordo com três 
categorias: artes marciais de agarre, como o judô, o jiu-jítsu e o sumô; 
artes marciais baseadas em golpes, como o caratê, o taekwondo e o boxe; 
e artes marciais, baseadas também em golpes, mas com a utilização de 
implementos, como é o caso da esgrima e do kendo.
Artes marciais de agarre
Os esportes de luta com agarre são representados por aqueles que abarcam 
ações básicas, como o ato de derrubar, projetar e controlar no solo, e seu obje-
tivo está em agarrar, segurar e aproximar-se do oponente visando enfrentá-lo 
(RUFINO; DARIDO, 2015). Para os autores, o agarramento da outra pessoa 
está relacionado às ações de curta distância, uma vez que não é possível realizar 
essas ações com uma distância maior entre os envolvidos. 
Essas práticas de curta distância podem ser denominadas também práticas 
corpo a corpo, em que não se tem a possibilidade de realizar outras ações, 
como o toque, por exemplo. De acordo com Espartero (1999), nesse tipo de 
modalidade, pode haver a necessidade de contato inicial entre os oponentes 
desde o início (como a formação de pegadas ou kumi-kata no judô paralím-
pico) ou a ausência da imposição inicial de agarre (como no judô olímpico 
tradicional e no jiu-jítsu, por exemplo). Há, ainda, diferenças de objetivos, 
já que algumas práticas focam a projeção, ao passo que outras mantêm a 
continuação das ações no solo. 
A seguir, serão apresentados exemplos de práticas de curta distância cuja 
ação básica envolve o ato de agarrar, segurar e aproximar-se do oponente 
visando o enfrentamento.
Os princípios operacionais aqui tratados dizem respeito à meta. De acordo com Naka-
motor apud Rufino e Darido (2015), a meta é o objetivo que se busca ao atingir o alvo, 
podendo ser de intenção direta ou indireta. Quando a meta é de intenção é direta, a 
finalidade da luta pode ser, por exemplo, segurar ou tocar o “alvo” para marcar ponto 
ou terminar o combate, ou seja, quando o oponente é o final da intenção. Já quando a 
intensão é indireta, as ações de tocar e segurar são um meio para finalizar o combate, 
seja por meio de uma projeção, de uma exclusão ou de um knock out (quando o 
adversário é golpeado até cair no chão), ou seja, “a ação é indireta quando o oponente 
é o meio para uma outra finalidade” (RUFINO; DARIDO, 2015).
Classificação das artes marciais2
Jiu-jítsu
O jiu-jítsu surgiu na Índia, quando os monges budistas criaram técnicas de defesa 
pessoal pelo fato de que, em função da religião, não era permitido utilizar armas 
para se defender dos roubos e agressões. Essas técnicas envolviam estrangula-
mentos e chaves de articulações com o intuito de imobilizar o agressor e eram 
aplicadas por meio de uma luta de curta distância. As vantagens dessas técnicas 
eram que os golpes não necessitavam de força, já que utilizavam a força do ad-
versário contra ele mesmo, além de não utilizar socos ou chutes, fato que não ia 
contra a religião dos monges, que, então, podiam defender-se (GRACIE, 2008). A 
partir do jiu-jítsu, diversas técnicas de artes marciais surgiram, inclusive o judô. 
A indumentária utilizada no jiu-jítsu é quimono e faixa, e as lutas são divididas 
em categorias de peso, faixa e idade e são realizadas em tatame. Tem seu início 
em pé, e os atletas usufruem de técnicas de queda, a fim de deslocar o centro 
de gravidade do oponente, causando um desequilíbrio e, consequentemente, a 
queda. O vencedor da luta será aquele que finalizar o oponente por submissão ou 
alcançar o maior somatório de pontos (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE 
JIU-JITSU, 2019). Sempre que um atleta concretizar um golpe ou posicionamento 
de domínio, o árbitro concederá ao mesmo uma determinada pontuação — para 
que o atleta receba o ponto, são necessários 3 segundos de estabilização em cada 
um desses golpes.
Quanto aos princípios operacionais, no jiu-jítsu (Figura 1), tem-se uma intenção 
direta, ou seja, realizar determinados golpes como chaves em algumas articulações 
ou golpes de estrangulamento no pescoço, visando a desistência ou a submissão do 
oponente — o objetivo final da ação é atingir o adversário de diferentes formas. 
Figura 1. Jiu-jítsu.
3Classificação das artes marciais
O jiu-jítsu brasileiro
Apesar de levar o nome da antiga arte marcial japonesa (jujutsu — arte suave), o homô-
nimo brasileiro foi criado e desenvolvido para que indivíduos em desvantagem física 
pudessem igualar-se ou sobreporem-se aos seus adversários por meio da excelência 
técnica. Carlos Gracie, seu criador, adaptou e desenvolveu os conhecimentos aprendidos 
com o lendário Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, mestre japonês de kodokan jujutsu 
(hoje chamado de judô) que veio ao Brasil com o intuito de difundir a arte japonesa. 
Outros lutadores também criaram novos estilos a partir do jujutsu, mas o principal 
representante do jiu-jítsu brasileiro pelo mundo sempre foi o “Gracie Jiu-Jítsu”. 
A eficiência da modalidade se comprovou por meio de desafios e convocações 
que a família Gracie fazia abertamente aos praticantes de outras lutas e artes marciais. 
Raríssimas eram as ocasiões em que perdiam a luta, independentemente das dispa-
ridades físicas. Isso fez com que o jiu-jítsu brasileiro rompesse fronteiras. O boato se 
espalhava pelo mundo todo e o slogan “se você quer ter uma costela partida ou um 
braço quebrado, busque uma academia Gracie!” atraía desafiantes dos quatro cantos. 
Anos mais tarde, novamente, a família Gracie demonstra a superioridade prática de sua 
metodologia nos primeiros campeonatos de “vale-tudo” realizados nos EUA (evento 
que deu origem ao Ultimate Fight Championship, o UFC). O espetáculo era oferecido 
pelo mais franzino dos irmãos (colocado estrategicamente lá por parecer fraco), que, 
quando vencia, saia celebrando com todos os seus irmãos que ficavam à beira do 
ringue durante as lutas.
Fonte: Gracie(2008); Virgílio (2002).
Judô
O judô (Figura 2) foi concebido com base em valores éticos e humanitários 
profundos, tendo como objetivo o equilíbrio entre o corpo e a mente a partir 
de disciplina e baseando-se na execução de movimentos harmoniosos e em 
princípios da física cosmológica. Assim, a partir do desenvolvimento interior 
de seus participantes, o judô busca superar a força e os aspectos marciais, tendo 
como foco elementos tais como a fraternidade e a efi ciência. A luta surgiu no 
Japão e foi idealizada pelo mestre Jigoro Kano. 
A vestimenta é o judogi (quimono) branco, mas, em função da esportivizaç ã o, 
aderiu -se ao uso do judogi azul para diferenciar os competidores durante a 
luta. A luta envolve a necessidade de amortecimentos de quedas (ukemis), 
rolamentos e técnicas de movimentos — o objetivo é derrubar ou imobilizar 
Classificação das artes marciais4
o adversário. Cada movimento apresenta pontuação e pode ser classificado 
como ippon, wazari ou yuko.
Quanto aos princípios operacionais, a intenção é indireta, já que, em algunsmomentos, como na projeção, há o contato direto entre os envolvidos por 
meio de situações de agarre, mas que não se resumem simplesmente nesse 
agarre ao outro. Há outro fim, que é projetar o adversário com as costas no 
solo, ocasionando o ippon e, consequentemente, a vitória do autor do golpe 
(RUFINO; DARIDO, 2015).
Figura 2. Judô.
Fonte: Master1305/Shutterstock.com.
Sumô
O sumô (Figura 3) é uma arte marcial de ascendência japonesa que conserva 
em sua prática aspectos de antigos rituais religiosos (LEDUR; ASSMANN; 
MAZO, 2018). A modalidade apresenta regras simples e de fácil entendimento: 
os atletas lutam em uma arena (ringue) em formato circular chamada de dohyō 
e digladiam-se com técnicas de agarre, quedas e arremesso. O objetivo da luta 
é retirar o adversário ou fazê-lo tocar qualquer parte do corpo, sem ser os 
pés, no solo. A indumentária é um tipo de cinto protetor, chamada mawashi, 
que nada mais é que um tecido grosso enrolado em volta da cintura. O intuito 
dessa vestimenta é mostrar que a luta é feita sem armas, além de proteção das 
5Classificação das artes marciais
partes íntimas, como também facilitar golpes de agarramento e a retirada do 
oponente para fora do dohyō. 
O sumô é um esporte de grande status no Japão, ocupando o posto mais 
alto na preferê ncia dos nipô nicos, tal como é o futebol para os brasileiros 
(LEDUR; ASSMANN; MAZO, 2018). Apesar de seus praticantes serem 
obesos, em sua maioria, não existe limites físicos, éticos ou etários para a 
sua prática. Porém, acredita-se que, como um dos objetivos da competição é 
desequilibrar o adversário a ponto de ele encostar uma parte do corpo no chão 
(exceto o pé) ou então tentar empurrá-lo até que saia do ringue, quanto mais 
pesado e forte o lutador, mais facilmente ele vencerá o adversário. 
Quanto aos princípios operacionais, a intenção é indireta, ou seja, há o 
contato entre os oponentes por meio de situações de agarre, mas o objetivo é 
derrubar ou excluir o outro do espaço estipulado. 
Figura 3. Sumô.
Fonte: mTaira/Shutterstock.com.
Wrestling
O wrestling (Figura 4) é conhecido também como luta livre, semelhante ao 
vale-tudo, e utiliza várias técnicas de combate, como atirar o adversário às 
cordas, torções, chaves, pontapés, murros, entre outros.
Nessa modalidade, há diversos estilos (tradicionais e modernos) e formas 
de competição, cabendo a cada lutador impor a sua luta. O vencedor é aquele 
que força o adversário à desistência ou consegue deixá-lo imobilizado no chão. 
Classificação das artes marciais6
Um dos seus estilos que mais se destacam é a luta greco-romano o estilo livre, 
o judô wrestling e o sambo wrestling.
Ele é derivado do pancrácio, a modalidade mais popular da Antiguidade 
e que envolvia uma mistura de boxe e luta livre e era a base do treinamento 
de luta do exército grego — como os poderosos soldados de Esparta e de 
Alexandre, o Grande. A vestimenta utilizada é macacão, sapatos especiais, 
protetor de cabeça e protetor bucal.
Quanto aos princípios operacionais, a intenção é indireta, uma vez que há 
o contato entre os oponentes por meio de situações de agarre.
Figura 4. Wrestling.
Por fim, verificamos que, quanto aos critérios de categorização das artes 
marciais existentes, todos os estilos citados dizem respeito às práticas cor-
porais envolvendo a ação motora de agarrar e, por esse motivo, exigem uma 
espacialidade mínima entre os oponentes, de curta distância e com um elevado 
nível de contato entre os praticantes. 
Artes marciais com golpes/impactos
As artes marciais envolvendo golpes podem ser divididas entre aquelas que 
utilizam apenas os punhos, como o boxe, por exemplo, os que utilizam apenas 
as pernas, como o boxe francês, e as que misturam a utilização dos membros 
7Classificação das artes marciais
inferiores e superiores, como o muay thai, o caratê, etc. (ESPARTERO, 1999), 
utilizando-se ações de golpear e impactar o oponente (estão inclusas nessa 
categoria outras artes, como o kung fu, o taekwondo, etc).
Essas práticas geralmente envolvem média distância e, nesse contexto, 
as ações de toque estão presentes. Assim, enfatiza-se o toque entre os envol-
vidos, isto é, a forma de encostar, de tocar ou de percutir o corpo da outra 
pessoa por diferentes meios ou modo (RUFINO; DARIDO, 2015). Os autores 
acreditam que as ações ligadas ao toque podem se constituir de duas formas: 
toque realizado diretamente na outra pessoa ou toque intermediado por algum 
implemento, como veremos mais adiante. 
As artes marciais com golpes/impacto são ações motrizes que envolvem o 
toque realizado diretamente no outro e práticas cuja espacialidade é de média 
distância. Por isso, há a intenção de encostar, tocar na outra pessoa, de forma 
direta, sem nenhum objeto que faça essa ligação entre os praticantes. 
A seguir, serão apresentados exemplos de práticas de média distância com 
toque realizado diretamente no outro.
Boxe
A origem do boxe (Figura 5) remonta a Creta, em 1500 a.C., e sua prática 
começou na Grécia e em Roma, como um esporte violento, cujo enfrentamento 
ocorria até a morte. “A base do boxe está sobretudo nos pé s, nas pernas, na 
forç a no abdô men, na respiraç ã o” (PEREIRA, 2017, p. 132). Segundo Pereira 
(2017), o soco nã o está isolado na luta: faz parte de sé ries de movimentos que 
devem procurar o espontâ neo e, para tanto, apesar de o boxe nã o usar chutes, 
os membros inferiores sã o fundamentais. O boxeador deve estar presente, 
atento e perceptivo e ser capaz de responder, a partir de esquivas, absorç ã o 
de golpes e defesas, ao adversá rio (PEREIRA, 2017). 
Há duas categorias de boxe, o profissional e o olímpico. A diferença entre 
uma modalidade e outra é que no profissional os juízes avaliam qual lutador 
é mais contundente no combate, o que mostra maior domínio do centro do 
ringue, melhores golpes, ou seja, nem sempre o volume de golpes representa 
a vitória, mas, sim, a contundência deles. Já no boxe olímpico, é dado como 
válido cada golpe encaixado, mesmo sem ser contundente. Ao final de uma 
luta, vence aquele que obtiver mais pontos, ou golpes encaixados. Vale ressaltar 
que “encaixar o golpe”’ significa assimilar e absorver o soco da forma correta, 
e não necessariamente acertar o golpe.
 O objetivo no boxe é desferir golpes para pontuar ou nocautear o adversário, 
e a indumentária utilizada são as luvas (com bandagens internas, envolvendo 
Classificação das artes marciais8
as mãos), camiseta sem manga (no boxe olímpico), shorts e sapato especial. 
Há, também, o protetor bucal e protetor genital (coquilha). As lutas acontecem 
em uma arena (ringue de boxe), um tablado amortecido cercado de cordas que 
delimitam a área do combate.
Quanto aos princípios operacionais, são de ação direta, quando se objetiva 
socar o rosto da pessoa com a intenção de pontuar ou nocautear, sendo o outro 
o fim dessa ação. Vale ressaltar que o boxe que conhecemos hoje é também 
oriundo do pancrácio. 
Figura 5. Boxe.
Caratê
O caratê (Figura 6) surgiu em Okinawa, nas ilhas ao sul do Japão, com 
o nome tode (mão). Era uma arte de defesa pessoal, com forte infl uência 
das lutas chinesas. “De acordo com versões lendárias, por volta de 1429, 
foi publicado um decreto proibindo a prática de artes marciais, e que, 
em 1609, houve uma proibição de armas” (SOUSA, 2012, p. 1). O tode se 
tornou o único método de proteção e recurso de autodefesa dos habitantes 
de Okinawa e, como sua prática era proibida, os praticantes deveriam 
fazê-la em sigilo total.
O caratê é uma arte de defesa pessoal e uma forma saudável de exercícios 
físicos, mas, conforme aumentou sua popularidade, cresceu muito seu interesse 
pela realização de disputas, como aconteceu com o kendo e o judô (SOUSA, 
2012, p. 1).
9Classificação das artes marciais
Ele passou de geração em geração, do mestre (professor) para o discípulo 
(aluno), e os kata (exercícios formais) foram a principal forma de manutenção 
das tradições do caratê. Essa relação hierárquica de professor (sensei)e aluno 
(deshi) era a base do ensino das artes marciais de Okinawa e do Japão no 
período feudal (FROSI; OLIVEIRA; TODT, 2008). 
Diferentes exercícios formais são praticados nos diversos estilos existen-
tes (FROSI; LOPES FILHO; MAZO, 2011), e a indumentária utilizada é o 
karate-gi (quimono). Quanto aos princípios operacionais, são de ação direta, 
quando, por exemplo, nas técnicas de chutes, o praticante levanta a perna 
com o joelho articulado e, com o giro de cintura, termina o deslocamento do 
pé até o oponente.
Figura 6. Caratê.
Fonte: Kzenon/Shutterstock.com.
Taekwondo
O taekwondo (Figura 7) surgiu há aproximadamente 1800 anos, na Coreia. É 
uma técnica de combate desenvolvida para a defesa pessoal, com movimentos 
efetuados pelos pé s e pelas mã os (CANOVA, GOMES, TRACTENBERG, 
2016). O taekwondo, além de luta corporal, representa um estilo de pensamento 
e um padrã o de vida que requer disciplina. É també m um sistema de treino da 
mente e do corpo e se dá grande ê nfase ao desenvolvimento do cará ter moral do 
Classificação das artes marciais10
aprendiz (SILVA, 2010 apud CHEMELLO; BONONE, 2014). A indumentária 
utilizada no taekwondo é o dobok (quimono), o protetor de cabeça (capacete), o 
protetor de tórax (hongu) e o protetor de antebraço e bucal, que, recentemente, 
têm sido obrigatórios também.
Quanto aos princípios operacionais, são de ação direta, quando, por exem-
plo, um praticante objetiva chutar o tronco do outro praticante para pontuar, 
já que o fim da ação é encostar no outro. 
Figura 7. Taekwondo.
11Classificação das artes marciais
Muay thai
O muay thai (Figura 8) é uma arte marcial tailandesa cuja origem está nas tá ticas 
de guerra dos campos de batalhas siameses. Essa modalidade de combate utiliza 
socos, cotoveladas, joelhadas e chutes. Exige uma certa inteligê ncia tá tica devido 
à variedade de té cnicas e habilidades que o atleta deve apresentar (MORTATTI 
et al., 2003). Até por volta de 1920, os lutadores não usavam luvas ou qualquer 
outro tipo de proteção; a partir de 1920, teve-se as divisões por peso, o uso de 
luvas, a inclusão dos rounds e do árbitro central juntamente aos juízes laterais.
Para lutas em campeonatos, a vestimenta obrigatória são os shorts e as 
luvas. Para garantir a segurança do atleta, é necessário que cada lutador utilize 
proteção genital (conquilha) e protetor bucal. Nas competições, é proibido ter 
cabelos longos e/ou barba no Oriente; já no Ocidente, não há essa restrição.
Seus princípios operacionais são de ação direta, como no taekwondo.
Figura 8. Muay thai.
De maneira geral, podemos considerar que as ações motoras nos diferentes estilos 
de lutas se desenvolvem a partir dos seguintes fundamentos:
  traumatizantes: representados por chutes, socos, joelhadas, etc.;
  fintas: situações em que o objetivo é enganar ou ludibriar o adversário;
Classificação das artes marciais12
De modo geral, podemos perceber que, quanto aos critérios de categori-
zação das artes marciais existentes, todos os estilos citados dizem respeito 
às práticas corporais envolvendo a ação motora de tocar e a espacialidade 
classificada como média distância. Desse modo, vemos a ausência de contato 
proporcionado pelas ações de agarrar e um contato mais vinculado às ações 
de toques ou percussão no outro. Há também outros tipos de artes marciais 
que se enquadrariam nessa categoria, como o sambo, o krav maga e o kung 
fu, por exemplo.
Lutas com golpes e implementos 
Lutas com golpes e implementos, como o próprio nome admite, são aquelas 
nas quais há a utilização de algum tipo de objeto que intermedeia as ações dos 
oponentes com o objetivo de tocar o adversário, como é o caso da esgrima, 
por exemplo (ESPARTERO, 1999). Podemos verifi car, nas práticas de longa 
distância, que há um contato intermediário por implementos, independente-
mente de quais sejam esses objetos, o que também diferencia as formas de 
realização desse contato e, consequentemente, as ações motoras proporcionadas 
por essas práticas (RUFINO; DARIDO, 2015). A seguir, são apresentados dois 
exemplos de práticas de longa distância cuja ação básica envolve o manuseio 
dos implementos, a esgrima e o kendo.
Esgrima
“A esgrima é considerada uma prá tica elegante de origem aristocrá tica. 
As disputas entre cavalheiros empunhando espadas acontecem há muito 
tempo na histó ria das civilizaç õ es, para busca de territó rio e poder, entre 
grandes impé rios” (BRASIL, 2016, documento on-line). Antigamente, prin-
  bloqueios: representados pelas defesas com brações, mãos e pernas;
  esquivas: mudanças de direções;
  desequilibrantes: visando a perda de apoio dos segmentos corporais;
  projeçoes: visando a queda do adversário;
  imobilizações: aplicação de chaves nas articulações;
  estrangulamentos: realizados no pescoço do adversário;
  acrobáticos: movimentos plásticos, estéticos, dentre outros.
Fonte: Paiva (2015).
13Classificação das artes marciais
cipalmente na Franç a, os jovens aristocratas aprendiam, em sua formação 
pessoal e desde cedo, té cnicas de manuseio desses armamentos (BRASIL, 
2016, documento on-line). As regras da esgrima (Figura 9) evoluíram e, da 
mesma forma, seus equipamentos, que se desenvolveram impedir ferimentos 
nos atletas — “a máscara utilizada é o maior exemplo da civilidade do 
novo esporte (formada por arames posicionados de maneira a possibilitar a 
visão dos desafi antes, ela impede que o armamento em posse do adversário 
atinja a face do atleta)” (BRASIL, 2016, documento on-line).
As indumentárias da esgrima são máscara, luva, calça, sapato e meia, 
roupas sempre brancas e colete de proteção com sensores e a arma (florete, 
espada ou sabre). O combate é realizado numa pista (14 x 2 m) e, se um atleta 
sair pelo fundo dessa pista, marca-se um ponto para o adversá rio. Cada toque 
da arma no corpo do oponente vale um ponto e, nas principais competições, 
existem sensores posicionados nas armas dos atletas que impossibilitam erros 
na contagem dos pontos (BRASIL, 2016, documento on-line).
Você sabia que o florete — uma das armas usadas na esgrima — é o segundo objeto 
mais rápido dos Jogos Olímpicos, perdendo apenas para a bala disparada na modali-
dade de tiro ao alvo? Confira essa e mais informações sobre a esgrima na reportagem 
do programa ApêTV, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/eyTt7
A esgrima é um esporte de valores nobres e, por esse motivo, algumas ati-
tudes ainda sã o muito valorizadas nas disputas da modalidade, como o respeito 
ao adversário, aos á rbitros e ao pú blico. Quanto aos princípios operacionais, 
“há uma intenção direta quando se objetiva tocar, encostar o implemento na 
outra pessoa visando o outro como finalidade, ou seja, visando a pontuar 
ou encerrar o combate por meio do toque do implemento no outro, como na 
ação de encostar a ponta da espada da esgrima, visando pontuar” (RUFINO; 
DARIDO, 2015).
Classificação das artes marciais14
Figura 9. Esgrima.
Kendo
A origem do kendo (Figura 10) foi escrita pelos nossos antepassados há mais 
de 657 anos a.C. Desde épocas remotas, o kendo nã o se limitava apenas à 
defesa pessoal ou à sua utilização em guerras, mas continha outro objetivo, 
que era adquirir um espírito. O kendo é uma prá tica de vida, que ocorre para o 
autoaperfeiç oamento mediante treinamentos disciplinares básicos que regem a 
arte do manejo da espada. Uma vez que a prática com espadas de combate em 
aço ou em madeira maciça provocava tantas ví timas desnecessá rias, criou-se, 
por volta de 1710, a prática com espadas de bambu, menos perigosas, que se 
mantêm até hoje (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE KENDO, 2019). 
A indumentária utilizada no kendo consiste em uma armadura, que, em 
japonê s, é chamada bogu, uma espada de bambu, chamada de shinai e as roupas: 
hakama (tipo de vestimenta tradicional japonesa: saia calça com pregas) e keiko gi 
(quimono semelhante ao usado no caratê). No kendo, há duas maneiras de abordar 
o ataque: batidas e estocadas. Só sã opermitidos golpes nos seguintes pontos: 
  Mem: a cabeça (no alto da máscara); 
  Kote: o antebraço direito coberto pelo Kote (eventualmente, o esquerdo);
  Do: o tronco (lado direito ou esquerdo do protetor Do);
  Tsuki: o pescoço (no protetor de garganta). 
15Classificação das artes marciais
Quanto aos princípios operacionais, caracteriza-se como uma prática de 
intenção direta, como na ação de encostar a ponta da espada, visando pontuar.
Figura 10. Kendo.
Fonte: Kusuyama (2013, documento on-line).
A partir de todos os exemplos supracitados, podemos verificar que o nível 
de contato é uma característica determinante que modifica as compreensões 
que se tem de cada prática e, consequentemente, interfere nas ações motoras 
que devem ser realizadas pelos praticantes. Rufino e Darido (2015) colocam, 
ainda, que o nível de contato é uma forma interessante de divisão do ensino 
das lutas no âmbito escolar. Vale ressaltar que, além da esgrima e do kendo, 
em alguns estilos de kung fu, são também utilizados implementos.
Você sabia que, independentemente do estilos de lutas, tanto nas modalidades de 
agarre quanto nas sem agarre (de golpe ou com utilização de instrumentos), existem 
diversas características em comum que variam de acordo com as ações motoras 
desenvolvidas? 
Essas práticas podem ser definidas como de ataque e de defesa. Nas práticas de 
ataque, temos o agarre, a retenção, o desequilíbrio e a imobilização. Há diversas possíveis 
Classificação das artes marciais16
A partir desses pressupostos teóricos, podemos definir, de maneira holística, 
que a luta é uma “prática corporal imprevisível, caracterizada por determinado 
estado de contato, que possibilita a duas ou mais pessoas se enfrentarem numa 
constante troca de ações ofensivas e/ou defensivas, regida por regras, com o 
objetivo mútuo sobre um alvo móvel personificado no oponente” (GOMES, 
2008, p. 49 apud RUFINO; DARIDO, 2015).
Por fim, sem reduzir as múltiplas definições acerca da multidimensio-
nalidade de possibilidades do universo das artes marciais, buscamos, neste 
capítulo, formas de compreender as lutas de modo a gerar, também, reflexões 
potenciais sobre essas práticas corporais.
Um ponto que merece destaque é o quão difícil é limitar as lutas aos sistemas 
de classificação, que não são completos. Algumas modalidades vão além das 
proposições que lhes foram apresentadas, como a capoeira e o kung fu, que 
podem ser categorizados tanto como artes marciais baseadas em golpes que 
envolvem implementos quanto apenas como golpes/impactos, como ocorre 
na maioria dos seus estilos. 
Outro ponto importante a destacar é que a classificação das lutas abordadas 
neste capítulo foi baseada na classificação de Espartero (1999), que divide as 
práticas das artes marciais (ou lutas) a partir da terminologia empregada por 
ele em três níveis diferentes: esporte de luta com agarre, esportes de luta com 
golpes e esportes de luta com implementos. Desse modo, acredita-se que o 
conhecimento sobre a classificação adotado neste capítulo servirá como ponto 
de partida aos profissionais de educação física na elaboração de propostas de 
intervenções em lutas mais eficazes.
ações que os representam, como, por exemplo, o apanhar/pegar (nos braços, nas pernas, 
na cintura, roupas), o puxar, o empurrar, o carregar, o projetar, o combinar ações, etc. 
Já nas práticas que envolvem as ações de defesa, podemos citar o esquivar-se, o resistir 
e o livrar-se, e suas representações possíveis estão no rolar, no saltar, no abaixar-se, no 
opor-se, no empurrar, no girar, no virar, entre outras. 
A forma como essas ações de lutas são representadas é interessante, e vale lem-
brar que as ações tanto de ataque quanto de defesa costumam ser simultâneas e 
realizadas por cada um dos oponentes a qualquer momento. Um ponto importante 
a se destacar é que ações motoras como socar, chutar, bloquear, tocar também 
fazem parte, mas devem ser limitadas quando utilizadas no esporte educacional, 
por exemplo (PAIVA, 2015).
17Classificação das artes marciais
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19Classificação das artes marciais

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