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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO POLO PARALELA CURSO DE LETRAS COM HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA FRANCIELLE SANTOS DE ALBUQUERQUE ESTUDOS SEMÂNTICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA AVALIAÇÃO 2 SALVADOR-BA 2022 https://uva.instructure.com/courses/28298 FRANCIELLE SANTOS DE ALBUQUERQUE ESTUDOS SEMÂNTICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA AVALIAÇÃO 2 Trabalho para a disciplina de Estudos Semânticos da Língua Portuguesa, apresentado ao curso Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Língua Inglesa do Centro Universitário Jorge Amado. Docente: Tatiane Silva Ribeiro SALVADOR-BA 2022 https://uva.instructure.com/courses/28298 INTRODUÇÃO A importância de trabalhar com textualidades indígenas em sala de aula, vai além de seguir o que se encontra no livro didático, se tornando fundamental para a formação do sujeito, transformando a maneira como o estudante vai passar a encarar o seu dia a dia, posicionando-se como cidadãos críticos e pensantes, uma vez que, além de ser um exemplo de conceitos importantes como: a preservação e o respeito com os seres vivos, irá ajudar o leitor na compreensão de si mesmo e na realidade que o cerca. Assim como abordado por Santos (2017), “A literatura indígena traz características que podem representar as fases da formação do indivíduo, arraigado em seu conteúdo um valor significativo de informação que só tem a contribuir no desenvolvimento de seus leitores.” Contudo, como visto no e-book disponível no módulo da disciplina, “a forma como a Literatura Brasileira é estudada nas escolas, por exemplo, costuma excluir a Literatura Indígena, atendo-se a textos sobre índios escritos por não índios”. Portanto, este plano de aula busca, não apenas explorar parte dos aspectos cognitivos-conceituais e aspectos léxico-gramaticais do texto indígena, como ajudar os alunos a identificar textualidades indígenas, mostrando-os a literatura Indígena com textos produzidos pelos mesmo, incentivando desta forma a diversidade em sala de aula. Consequentemente, é importante abordarmos também o conceito de imprecisão semântica, uma vez que há uma série de fatores criativos da língua, que não podem ser facilmente abordados de forma lógica ou estrutural se encaixando, por exemplo, nas narrativas indígenas o termo “a gente”, podendo assim ser considerado “preciso” em textualidades de origem indígena, pois seguindo os pensamentos de Mattos (2021), “...se relaciona ao sentido de pertencimento identitário, preservando o lugar de fala do índio no decorrer da sua narrativa”. DESENVOLVIMENTO Título: Identificando textualidades indígenas em meio ao conceito de precisão e imprecisão. Objetivos: - Analisar diferentes conceitos de precisão e imprecisão semântica à luz de textualidades indígenas”. - Reforçar aspectos básicos de construção dos significados em línguas diferentes. Procedimentos: - Pré-leitura: Inicialmente será debatido em classe sobre os diferentes conceitos de precisão e imprecisão semântica, com ajuda de exemplos do nosso cotidiano, a fim de trazer o tema principal voltado as textualidades indígenas. A partir disso, os alunos serão questionados sobre tópicos como: Que imagens eles têm de índios. O que sabem sobre eles? Que filmes, séries e/ou livros conhecem que contenham personagens indígenas? O que você sabe sobre literatura indígena? Você já leu algum texto indígena? Sabem as diferenças entre textos indianistas, indigenistas e indígenas? Conhece algum indígena que contém produções literárias? - Leitura: Será apresentado aos alunos a diferença entre textos indianistas, indigenistas e indígenas, através de obras representativas (vistas como exemplo no e-book disponível no módulo da disciplina), com trechos de Iracema (ALENCAR, 1865), um trecho de Dias de chuva (MANCINI, 2017) e um trecho de narrativa Fulni-Ô, para assim serem indagados sobre as diferenças de representação do índio em cada um dos textos. Usando como exemplo um trecho, extraído da narrativa de Eloi Lúcio Cajueiro de Amorim, índio Fulni-Ô, haverá uma explicação sobre as diversas formas de leituras e palavras precisas e imprecisas usadas nas textualidades indígenas, como por exemplo: o uso do termo “frangote”, “as coisas” e “a gente”. - Pós-leitura: Nesta etapa, será apresentado aos mesmos as versões em português brasileiro (PB) e Yaathe de uma das narrativas disponíveis no livro A fala dos Fulni-ô (SÁ et al., 2018), para posteriormente comparar as palavras precisas e imprecisas contidas na obra, ajudando os alunos a ver como a associação ao povo indígena se constrói na narrativa (nós, o povo, os Fulni-Ô, a gente etc.). MATERAIS NECESSÁRIOS: Artigos impressos, canetas e caderno. CONCLUSÃO A estrutura deste plano de aula parte dos aspectos cognitivos-conceituais para chegar aos aspectos léxico-gramaticais do texto indígena, a fim de desconstruir preconceitos em relação às nações originárias do Brasil, o que pode ser um dos possíveis problemas dentro da sala de aula ao abordar este tema, pelo fato dos alunos entenderem as narrativas como “erradas”, consequência da dificuldade em compreender o uso preciso e impreciso da semântica em termos usados na textualidade indígena. Neste caso, é importante enfatizar, por exemplo, que o Yaathe é uma língua sujeito + complemento + verbo, mostrando assim como a língua se organiza e como o português brasileiro falado por Fulni- Ô é uma variedade importante e diferente do PB falado por ele. É importante deixar claro para os alunos que, o que devemos levar em conta é que a linguagem foi feita para a comunicação. É importante termos em mente que nós, como sociedade, temos experiências (culturais, sociais, históricas e políticas) diferentes e que se refletem no nosso comportamento linguístico. O que resulta em variações linguísticas no tempo, no espaço social, geográfico, e de acordo com a situação que o falante se encontra. Cagliari (1999), sugere que a definição de erro e acerto é apenas uma forma de facilitar o preconceito social e a construção de prestígio. Toda língua é múltipla, flexível, rica em suas muitas formas, ou seja, toda língua possui variantes linguísticas, como afirmado por Ferreira (2013). REFERÊNCIAS ALENCAR, J. Iracema. Rio de Janeiro. Ministério da Cultura. 1865. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/iracema.pdf. Acesso: 05 de jun. de 2022. http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/iracema.pdf CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1999. FERREIRA (Links para um site externo.), V. O que é variação linguística. 2013. Disponível em: <https://decifrandoalingua.wordpress.com/2013/02/27/o-que-e- variacao linguistica2/>. Acesso em: 05 de jun. de 2022. MANCINI, C. Dias de Chuva. São Paulo: Estronho, 2016. MATTOS, J. O conceito de autodeterminação de acordo com a perspectiva indígena. Universidade Veiga de Almeida. 2021. SANTOS, F. LEITURA DA LITERATURA INDÍGENA NA SALA DE AULA: Contribuições para o ensino. Unirios. Revista Científica da FASETE. 2017. Disponível em:https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2017/12/leitura_da_literatura_i ndigena_na_sala_de_aula_contribuicoes_para_o_ensino.pdf. Acesso: 05 de jun. de 2022. SÁ, E. F.; COSTA, J. F.; FULNI-Ô, F.; JÚNIOR, M. O. Fulni-ô Sato Saathatise/ A fala dos Fulni-ô/ Fulni-ô’s Speech. São Paulo: Blucher, 2018. https://blog.estrategiavestibulares.com.br/author/luanasignorelli/ https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2017/12/leitura_da_literatura_indigena_na_sala_de_aula_contribuicoes_para_o_ensino.pdf https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2017/12/leitura_da_literatura_indigena_na_sala_de_aula_contribuicoes_para_o_ensino.pdf