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Leticia Aparecida Zanettin Relatório detalhado das técnicas de gastrotomia, enterotomia e enterectomia PITANGA 2022 Leticia Aparecida Zanettin Relatório detalhado das técnicas de gastrotomia, enterotomia e enterectomia Relatório apresentado à Faculdade de Ensino Superior UCP a fim da obtenção de nota bimestral no curso de Medicina Veterinária. Professor: Leonardo Matheus Jagelskki Rosina PITANGA 2022 2 Sumário Introdução……………………………………………………………………………… 4 Técnica de Gastrotomia………………………………………………………………. 5 Técnica de Enterotomia………………………………………………………………. 6 Técnica de Enterectomia……………………………………………………………… 7 Referências…………………………………………………………………………….. 9 3 Introdução As cirurgias gástricas geralmente são realizadas para corrigir enfermidades ou defeitos secundários que podem ser causados por neoplasias, ingestão de corpos estranhos, traumatismos e problemas de manejo medicamentoso ou alimentar. O método mais confiável de obter um diagnóstico é, por meio de anamnese completa, juntamente com um exame físico e exames de imagem como radiografia, endoscopia e ultrassonografia abdominal. O uso de intervenções no estômago e intestinos acaba sendo rotineiro, e frequentemente utilizado em casos de corpos estranhos, ulcerações e/ou erosão, dilatação-vóvulo gástrica, fecalomas, intuscepção, doenças infiltrativas, neoplasias, obstruções gastrointestinais, traumas e infecções. 4 - Técnica de Gastrotomia A gastrotomia em cães e gatos é feita por uma técnica realizada no animal em decúbito dorsal, onde se faz uma incisão na linha média ventral abdominal desde o processo xifóide até o púbis. Usam-se afastadores na parede abdominal levando a exposição adequada do trato gastrointestinal, onde deve-se inspecionar todos os componentes abdominais antes de incisar o estômago, o qual, deve ser isolado dos outros componentes abdominais com compressas cirúrgicas umedecidas e fixado para auxiliar sua manipulação evitando o derramamento do conteúdo gástrico. Em seguida se realiza uma incisão gástrica em uma área hipovascular ventral do estômago, entre as curvaturas maior e menor, verificando se não está próxima ao piloro, pois o fechamento da incisão poderá causar excessiva invaginação de tecido dentro do lúmen gástrico, o qual, deve ser incisado também com um bisturi. Durante o procedimento usa-se de sucção para aspirar o conteúdo gástrico e reduzir o derramamento. Para fechar o estômago é recomendado o uso de um material de sutura absorvível 2-0 ou 3-0 (p. ex., polidioxanona, poligliconato) em padrão seromuscular de duas camadas invertida, onde inclui-se a serosa, muscular e submucosa na primeira camada, usando um padrão de Cushing ou simples contínuo incorporando as camadas serosa e muscular. Antes do fechamento da incisão abdominal deve-se substituir os instrumentos contaminados pelo conteúdo gástrico por instrumentos e luvas estéreis (FOSSUM, 2014). Essa cirurgia é indicada em casos onde o animal ingeriu um corpo estranho, possui úlceras, erosões gástricas, neoplasias, exploração gástrica ou síndrome de dilatação vólvulo gástrica. No pré operatório recomenda-se um jejum de aproximadamente 12 horas e exames radiográficos antes do começo da cirurgia, bem como, a indução de antibióticos perioperatórios durante a indução que serão continuados por um intervalo de 12 em 12 horas (FOSSUM, 2014). Segundo FOSSUM (2014), no pós cirúrgico devemos nos atentar quanto aos eletrólitos, especialmente o potássio, monitorando-os constantemente. A fluidoterapia intravenosa é realizada até o animal começar a ingerir água, e em casos de vômito prolongado ou anorexia deve-se entrar com hiperalimentação enteral fornecida através de um tubo de gastrostomia ou enterostomia que, podem estar já ser colocados em casos de planejamento pré cirúrgico evitando um segundo procedimento. O animal pode voltar a se alimentar após 12 horas desde a cirurgia se 5 não houver vômito. Deve-se ainda realizar eletrocardiogramas para monitorar possíveis arritmias antes da cirurgia ou antecipá-las no pós-cirúrgico. De medicação pós cirúrgica imediata pode ser feito o uso de antibióticos como Ceftriaxon e Metronidazol, analgésicos como a Dipirona e de anti inflamatório o Meloxicam, todos por via IV, e quando o animal receber alta podem ser receitados de antibióticos o Enrofloxacino e o Metronidazol, alem de analgesicos como a Dipirona sódica e o Tramadol (BRENTANO, 2010). - Técnica de Enterotomia Enterotomia é caracterizada por ser uma incisão no intestino, indicada geralmente na clínica cirúrgica de pequenos animais, sendo geralmente utilizada para coletar amostras de biópsia e fazer remoção de corpo estranho (FOSSUM, 2014). A técnica cirúrgica consiste em realizar a tricotomia do abdômen e fazer a indução anestésica com o animal em decúbito dorsal, fazendo ainda a antissepsia da área e colocação do pano de campo. Inicia-se por meio de uma celiotomia mediana pré-umbilical, realizando uma incisão na linha média na pele próxima ao processo xifóide até o púbis e em seguida se faz outra incisão no tecido subcutâneo até que a fáscia externa do músculo reto abdominal fique exposta, sempre ligando e cauterizando pequenos sangramentos além de identificar a linha alba, onde com o auxílio de uma pinça, se eleva a parede abdominal, incisa a linha alba e o peritônio com o bisturi e em seguida utilizar a tesoura para estender a incisão cranialmente e/ou caudalmente (FOSSUM, 2014). OLIVEIRA, (2022) diz que após realizar o acesso à cavidade peritoneal, a área intestinal a qual será operada é isolada com compressas úmidas. Já o acesso cirúrgico é realizado no sentido longitudinal na borda antimesentérica e em seguida o conteúdo intestinal deve ser removido por sucção, sempre com muita cautela. Os segmentos intestinais devem ser isolados com pinças de Doyen sendo de 4 a 6 cm de cada lado, para evitar o extravasamento do quimo. Quanto à sutura do intestino, pode ser feita com fios absorvíveis monofilamentares 3.0 ou 4.0, com o padrão Gambee modificado, desde que estejam a 2 mm da borda, estando 2 a 3 mm distantes entre si. Ou ainda poderá fazer o uso 6 do fio monofilamentar não absorvível como o náilon ou polibutester, desde que seja levado em consideração a concentração de albumina do paciente quando for de 2 g/dL ou menor, o que indica um tempo maior até ocorrer a cicatrização intestinal. Por fim coloca-se o omento sobre a linha de sutura antes de fechar o abdômen, fixando-o no sítio de sutura, que evitará aderências a outros órgãos e pode ajudar no processo cicatricial. Em seguida substituem-se os instrumentos e luvas contaminados antes de fechar o abdômen (OLIVEIRA, 2022). Esse procedimento é indicado em casos de corpo estranho, biópsias intestinais e obstruções benignas. Previamente a essa cirurgia deve se ser realizado jejum de 8 a 12 horas em adultos e 4 a 8 em jovens a fim de corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, bem como, terapia profilática com antimicrobianos e cefalosporinas de primeira geração em caso de cirurgias de intestino delgado superior e médio e, cefalosporinas de segunda geração em procedimentos no intestino delgado distal (FOSSUM, 2014). No pós-cirúrgico devemos nos atentar quanto ao cuidado com cada animal que varia a depender do estado de saúde geral do paciente. Devemos manter o paciente hidratado podendo ser por via intravenosa e ainda corrigir possíveis alterações eletrolíticas e de ácido base, fazendo uso de analgésicos se necessário. Realizar no mínimo 2 exames físicos ao dia para averiguar todas as possíveis complicações, como peritonites. Uma dieta leve e de fácil digestão deve ser incentivada de 12 a 24 horas depois da cirurgia, e se houver vômitos utiliza-se antieméticos de ação central. Antibióticos também devem ser utilizados em casos de possível septicemia, infecção e/ou comprometimento da parede intestinal (OLIVEIRA, 2022; FOSSUM, 2014). - Técnica de Enterectomia Enterectomia é caracterizada por ser a remoção de um segmentointestinal, empregada quando uma lesão na parede intestinal for de aspecto irreversível. Quanto ao procedimento cirúrgico, com o animal em decúbito dorsal fazemos uma celiotomia mediana, geralmente pré-umbilical que é uma incisão mediana da região do xifóide até a região caudal ao umbigo e se localizada a porção intestinal comprometida. No local em que ocorrerá o procedimento realiza-se um tipo de 7 “ordenhamento” na porção da alça intestinal a ser retirada para retirar alguns resíduos internos e fazemos o desligamos o intestino de sua conexão com mesentério, sendo em seguida posicionar pinças de Doyen, ou dois clamps intestinais ou ainda os dedos em cada lado que será seccionado de maneira que o suprimento sangüíneo da anastomose não seja impedido, e o mais próximo possível da linha de corte, para evitar extravasamento de conteúdo intestinal. A técnica mais utilizada para a secção é a termina – terminal. Feito isso realiza-se a aposição do mesentério com um padrão simples contínuo com nylon 3.0 e a omentalização do local da anastomose seguindo um padrão de sutura isolado simples com nylon 3.0. Em seguida se faz a lavagem da cavidade abdominal com solução fisiológica morna e estéril, e a celiorrafia com nylon 2.0, e sutura contínua simples, redução do subcutâneo com nylon 3-0 e sutura contínua simples, dermorrafia com nylon 3-0 e por fim sutura intradérmica. O procedimento descrito é indicado em casos de corpo estranho com dano permanente de alça, neoplasias intestinais, intussuscepção irredutível, isquemia ou necrose. O pré operatório consiste basicamente no protocolo frequente, realizando jejum, estabelecimento do animal, tricotomia e etc, além da antibioticoterapia profilática antes da cirurgia utilizando geralmente cefazolina e cefoxitina intravenosas. Já no pós se faz a continuidade da antibioticoterapia, analgesia e pode ser feito o uso do colar elisabetano. Água e pequenas quantidades de alimento sólido podem ser oferecidas assim que o paciente tenha se recuperado da anestesia (DIAS, 2018). 8 Referências BRENTANO, L. M. Cirurgia gástrica em cães. Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Faculdade de Veterinária, Porto Alegre, 2010. CANELAS, Hugo Augusto Mendonça et al. Gastrotomia em cadela: Relato de caso. 2021. DIAS, Tiago Trindade et al. Enterectomia com Remoção Cirúrgica de Corpo Estranho em um Cão – Relato de Caso. XXVII Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018. FOSSUM, T. W.. Cirurgia de pequenos animais. 4ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. OLIVEIRA, André Lacerda de A. Cirurgia veterinária em pequenos animais. Editora Manole, 2022. E-book. ISBN 9786555763195. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555763195/. Acesso em: 27 out. 2022. 9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555763195/
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