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Resenha crítica da Apelação Cível TJ-MG - AC: 10518100135657003 MG Essa resenha crítica sobre DIREITO REAL, visa analisar o que fundamentou a decisão do TJ-MG - AC: 10518100135657003 MG, concluir se a sentença foi acertada ou não. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REIVINDICATÓRIA - DIREITO REAL DE HABITAÇÃO. Constatada a presença dos requisitos concernentes à ação reivindicatória, quais sejam: a titularidade do domínio pelo requerente, a individuação da coisa e a posse exercida pela parte ré em oposição ao título de domínio, impõe-se o reconhecimento da procedência do pedido reivindicatório. Não se reconhece o direito real de habitação previsto no parágrafo único do art. 7º da Lei nº 9.278/961, quando o imóvel não é de propriedade exclusiva do de cujus, sob pena de ofensa ao princípio do exercício pleno de propriedade. (TJ-MG - AC: 10518100135657003 MG, Relator: Anacleto Rodrigues, Data de Julgamento: 06/10/2015, Data de Publicação: 23/10/2015) Apelação cível é o recurso usado processualmente pela parte que se sentir insatisfeita com a sentença proferida pelo juiz de primeiro grau, lembrando que o prazo estabelecido para interposição é de quinze dias após a publicação da sentença por parte do julgador, o objetivo é modificar parcialmente ou integralmente a decisão em tribunal de instância superior. No caso em tela faremos uma análise do pleito pelo DIREITO REAL DE HABITAÇÃO. Lembramos aqui que artigo 1.831 do Código Civil (Lei 10.406/2002) diz: Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. No caso presente, a apelante (Maria) pleiteia reforma da sentença de 1ª instância que desconsiderou o DIREITO REAL DE HABITAÇÃO, trazendo o embasamento na tese de que já reside no imóvel com o ex- companheiro 09 (nove) anos antes do falecimento do marido, em virtude dessa consideração, deve ser mantida na POSSE do imóvel. Por sua vez, os apelados (Adélia e Fábio) alegam que o então marido da apelada (Adélia), na ocasião da aquisição do imóvel, pactuou pagarem juntos o objeto da lide, porém algum tempo depois o ex- marido parou de honrar com sua parte nos pagamentos das parcelas do imóvel e desde então a apelada passou a pagar sozinha as prestações. A apelante sustenta que detém a posse no exercício legítimo do DIREITO REAL DE HABITAÇÃO, pois vivia estavelmente com o falecido, “como convivente do ex-marido da parte apelada (Adélia) faz jus ao direito real de habitação, não havendo que se falar em reintegração de posse.” O CERNE DO CONFLITO ESTÁ NA AÇÃO REIVINDICADORA PELA PROPRIETÁRIA/APELADA (ADÉLIA), QUE NÃO DETÉM A POSSE EM FACE DA POSSUIDORA/APELANTE (MARIA) QUE NÃO É PROPRIETÁRIA DO IMÓVEL. Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. É bem verdade que a apelante de certa forma, está em uma possível situação de “desamparo” pelo fatídico acontecimento com seu companheiro, por outro lado, a apelada não tem motivos racionais para abdicar de seus próprios interesses, principalmente por ter sido a única (ou principal) financiadora do bem imóvel em questão. In casu está claro que a apelante foi companheira do falecido por aproximadamente 09 (nove) anos, antes de seu falecimento e o imóvel em litígio era, e ainda é, utilizado para sua residência. Ao contrário disso, também é cristalino que na data fatídica da morte, o imóvel que até então não estava devidamente com seu registro em cartório em nome dos compradores (apelada e falecido), a apelante não consegue comprovar a propriedade exclusiva do imóvel ao seu falecido companheiro. Por tais razões, se faz impossível assegurar o DIREITO REAL DE HABITAÇÃO à companheira sobrevivente. Portanto, se o imóvel não pertencia exclusivamente ao falecido, não elege à apelante sobrevivente obter o pretendido, pois os outros proprietários apelados não são devedores desse encargo. Por via de consequência, à parte apelada não possui vínculo obrigacional com a apelante que justifique o pleito de DIREITO REAL DE HABITAÇÃO, tendo em vista que os fatos corroboram que o imóvel foi adquirido antes da alegada união da apelante. Por fim, não cabe outro caminho ao tribunal que não seja negar o provimento do recurso e manter inalterada a sentença de 1º grau. José Carlos Terra Junior Matrícula 202008081335