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HISTÓRIA DO INSTRUMENTO
O psicólogo suíço Hans Zulliger (1893-1965) desenvolveu sua técnica baseada em manchas de tintas durante a Segunda Guerra Mundial, em 
1948. A experiência que tinha com o método de Herman Rorschach possibilitou um aprofundamento teórico e prático no manuseio de técni
cas que envolvessem a organização de estímulos não estruturados e o motivou a realizar estudos com novos estímulos, seguindo os fundamen
tos e os princípios do método original (Zulliger & Salomon, 1970).
Salomon (Zulliger & Salomon, 1970) trouxe interessantes informações biográficas sobre Hans Zulliger, quando realizou a edição norte-am
ericana de sua obra. Relata que Zulliger foi inicialmente professor de crianças e assim permaneceu mesmo quando já envolvido com as ativid
ades da psicologia. Interessou-se desde cedo pela psicanálise e fez sua análise pessoal com Oskar Pfister, grande amigo e discípulo de Freud, e 
foi o primeiro a introduzir a psicanálise no contexto pedagógico. Aplicou o método psicanalítico em um aluno com problemas de fala em 191
3, tendo obtido êxito completo e sem recaídas. Criou uma técnica de jogo para tratamento psicanalítico de crianças, tendo publicado diversos
livros e artigos científicos, entre eles o Psychoanalytische Erfahrungen aus der Volksschulpraxis (Experiências psicanalíticas na escola primári
a), de 1921. Mais de 20 livros de Zulliger versavam sobre a psicanálise infantil e as aplicações da psicanálise nos casos de problemas educacion
ais e de psicoprofilaxia.
Foi na Sociedade Psicanalítica Suíça que Zulliger conheceu Hermann Rorschach e logo tornou-se seu amigo e discípulo, de modo que em 
1932 publicou o livro Der Rorschachsche Testversuch im Dienste der Erziehungsberatung (Teste de Rorschach a serviço do assessoramento e
ducacional) e a seguir diversas outras obras sobre o Rorschach até que em 1948 publicou o seu próprio teste. Criou seu teste no ano de 1942, 
quando foi psicólogo do exército suíço. No período da guerra, Zulliger pretendia usar o Método de Rorschach na avaliação de oficiais das for
ças armadas suíças, entretanto, o tempo consumido na administração individual dos 10 cartões do Rorschach dificultava a realização de rápid
as avaliações, o que impulsionou suas pesquisas para modificar a técnica. Desde o início, estava claro que o uso das manchas de Rorschach pr
ojetadas em uma tela, ou mesmo a escolha de somente algumas delas, traria grandes prejuízos para o teste original, o que apontava para a nec
essidade de criação de novos estímulos.
Então, desenvolveu algumas experiências diminuindo o número de estímulos, diferentes dos que compunham o conjunto do Rorschach, e
alterando a forma de apresentação, agora como diapositivos projetados em uma tela. Inicialmente criados para aplicações coletivas e para ser
em usados especialmente em situações de triagem, logo foram publicados em cartões para aplicações também individuais, seguindo a sugestã
o de Robert Heiss, diretor do Instituto de Psicologia da Universidade de Friburgo.
Foi assim que um teste coletivo para uma triagem inicial se transformou em um teste individual para realização de psicodiagnósticos. Apó
s inúmeros estudos de comparação com o Rorschach e as versões de três estímulos, em diapositivos ou impressas, Zulliger constatou que os r
esultados diferiam se as imagens eram projetadas e observadas à distância ou se eram impressas em cartão manuseado pelo sujeito, observan
do respostas diferentes em uma ou outra condição (Zulliger & Salomon, 1970). Desse modo, manteve as duas versões com propósitos relativa
mente distintos.
O princípio fundamental que legitima o uso de manchas de tinta remete ao fato de que a pessoa tende a expressar seu modo de ser e agir d
e maneira tão mais significativa quanto maior for a ambiguidade do estímulo ao qual responde. Diante de uma situação pouco definida, a pes
soa precisará apoiar-se principalmente nos seus recursos e registros internos para dar-lhe sentido. Portanto, o pressuposto é de que o modo c
omo a pessoa responde à tarefa evidencia um estilo próprio de enfrentar situações ambíguas e de resolver problemas. Suas respostas, portanto
, expressam um modo de funcionamento psíquico, resultante da combinação de recursos mentais pessoais e das tensões geradas pela ambigui
dade do estímulo externo.
Para a análise dos resultados no Zulliger, tal como no Rorschach, as respostas não são interpretadas considerando-se apenas seu conteúdo,
mas são classificadas de acordo com inúmeros critérios que resultam em códigos, que, por sua vez, serão computados para constituir fórmula
s e proporções. Esses cálculos levam a uma série de valores quantitativos que são comparados às expectativas normativas, para uma compree
nsão dinâmica dos dados da pessoa avaliada. Certamente uma análise do conteúdo idiográfico das respostas, do ponto de vista simbólico, anc
orada firmemente em teorias da personalidade, complementa a interpretação dos resultados.
Algumas transformações no método original criado por Zulliger ocorreram ao longo dos anos. No Brasil, há três versões do Zulliger com 
parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia para uso (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2016). Entre essas versões está a do Zull
iger pelo Sistema Compreensivo (ZSC), que se apoia na proposta de John Exner (1999), feita para o Método de Rorschach, que foi adaptada, 
padronizada e normatizada para administração exclusivamente individual (Mahmood, 1990; Mattlar et al., 1990; Zdunic, 2007; Villemor-Am
aral & Franco, 2008; Villemor-Amaral & Primi, 2009).
PESQUISAS COM O ZULLIGER NO BRASIL E SUAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS
A partir de um levantamento realizado em agosto de 2017 na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-PSi), foram encontradas 17 pu
blicações em periódicos científicos com esse teste no Brasil. Dessas, 13 artigos adotaram o ZSC, três, o sistema Klopfer, e uma era revisão de li
teratura. As 13 pesquisas com o ZSC visaram à análise das qualidades psicométricas do instrumento, sendo um de precisão, sete de evidências
de validade para uso com adultos voltados para o contexto de saúde mental e organizacional e, mais recentemente, cinco de evidências de vali
dade para uso com crianças. As três pesquisas com sistema Klopfer envolveram a aplicação do Zulliger em contextos diferentes. Primeiramen
te serão descritos os estudos com o ZSC organizados por data de publicação, posteriormente os que envolvem o uso do Zulliger pelo sistema 
Klopfer e, por último, o estudo de revisão de literatura.
Ferreira e Villemor-Amaral (2005) correlacionaram o desempenho no Zulliger com um questionário de avaliação de desempenho de 86 co
laboradores da área de exatas que passaram por um processo de seleção em uma empresa de telecomunicações. O ZSC foi administrado dura
nte a seleção dos funcionários, e o questionário de avaliação de desempenho de cada um dos funcionários foi respondido pela chefia imediata
após 6 ou 12 meses de permanência na empresa. O questionário de desempenho profissional respondido pela chefia envolvia aspectos do Rel
acionamento Interpessoal (RI); Presença de Atuação Interna e Externa (PAIE); Tomada de Decisões Oportunas (TDO); Competência na Esp
ecialização (CE); Busca por Aprimoramento e Inovação (BAI); Absorção, Organização, Registro e Divulgação de Conhecimento (AORDC); 
Organização (ORG); Relacionamento com Pares e Colegas (RPC); Solução de Problemas (SP) e Orientação para o Cliente (OC).
As autoras constataram a presença de correlações positivas e significativas do Zulliger com as avaliações de desempenho. Entre essas correl
ações, pode-se citar que o foco de atenção (lambda) correlacionou com AORDC (r = 0,23, p < 0,05) e RPC (r = 0,24, p < 0,05), a tendência a o
bjetividade e interesse por trabalhos práticos e concretos (D) se correlacionou com AORDC (r = 0,26, p < 0,05) e ORG (r = 0,22, p < 0,05) e q
ue o ajustamento ao convencional (X+%) se correlacionou com ORG (r = 0,33, p < 0,01) e SP (r = 0,21, p < 0,05). Além disso, detalhismo (Dd
), forma de pensar menos elaborada(DQv) e oposicionismo (S-) tiveram correlação negativa com SP (r = -0,22, p < 0,05; r = -0,22, p < 0,05 e 
r = 0,21, p < 0,05, respectivamente). Já as pessoas que demonstraram maior capacidade para tomar iniciativa e solucionar problemas [Ma:Mp 
(r = 0,21, p < 0,05)] e indícios de tensão situacional [Y (r = 0,22, p < 0,05)] apresentaram mais competências para Solução de Problemas na op
inião dos líderes.
O índice de egocentrismo no Zulliger se correlacionou com TDO (r = -0,29, p < 0,01) e AORDC (r = -0,26, p < 0,05). Desse modo, os profi
ssionais de exatas que foram bem avaliados pelos chefes apresentaram tendência a maior formalidade nos relacionamentos, reserva social e pr
eferência por atividades de execução solitária, de cunho intelectual e mecânico ou artístico. Também foram valorizados os funcionários que d
emostraram um funcionamento cognitivo mais prático e que tendiam a se comportar de maneira realista e independente. Os resultados indic
aram evidências de validade para o uso do ZSC em processos de seleção de profissionais da área de exatas.
Villemor-Amaral, Machado e Noronha (2009) estudaram a fidedignidade temporal do ZSC. As administrações do Zulliger foram realizad
as individualmente com um intervalo de cinco meses entre o teste e o reteste. Participaram do estudo 25 homens, sem histórico de busca de a
juda psicológica ou psiquiátrica. Os pesquisadores selecionaram 16 indicadores do ZSC mais relevantes para análise de componentes cognitiv
os, afetivos e de relacionamento interpessoal. Foram feitas as estatísticas descritivas e a correlação de Pearson entre os dados da primeira e da 
segunda administração. Considerando o nível de significância de 0,01, as correlações de R, S, Dd, D, C, M, H, Hd, (H) e (Hd) foram satisfatór
ias (entre 0,60-0,99), H:Hd+(H)+(Hd), W, Sum_SH e CF foram moderadas (entre 0,40-0,60), e FC e EB não tiveram índices aceitáveis. As aut
oras concluíram que, pelo fato de a maioria dos índices ter boa precisão, a pesquisa contribuiu para a credibilidade do método.
Villemor-Amaral e Machado (2011) observaram que os indicadores de depressão que compõem a Constelação de Depressão (DEPI) do Si
stema Compreensivo no Rorschach podem auxiliar no diagnóstico de depressão pelo Zulliger. Para chegar a essa conclusão, as pesquisadoras 
administraram o ZSC em 27 pacientes diagnosticados com depressão e 27 não pacientes e compararam os grupos. Entre as variáveis do DEPI
, alcançaram valores significativos o índice FD + V (t = 4,29, p < 0,001), Sum-SH (t = 2,15, p = 0,038), Egocentrismo (t = 2,57, p = 0,013), FC>
CF+C (t = 2,89, p = 0,006), Determinantes-mistos (t = 2,54, p = 0,014) e Intelectualização (t = 3,10, p = 0,003), sugerindo que o ZSC pode con
tribuir no diagnóstico da depressão.
Villemor-Amaral e Cardoso (2012) buscaram evidências de validade convergente do Tipo de Vivência (EB) do Sistema Compreensivo no 
Método de Rorschach e de Zulliger. Foram correlacionados 51 protocolos de adultos que responderam ao Zulliger e ao Rorschach em dias co
nsecutivos, alternando-se a ordem de aplicação das técnicas. Ainda que os resultados indicassem correlações significativas, as diferenças nos e
stímulos oferecidos entre as duas técnicas tornaram menos confiável a definição do Tipo de Vivência no Zulliger segundo os parâmetros do 
Rorschach. A inconsistência observada sugere a necessidade de estabelecer novas proporções entre M e WSumC no Zulliger para definir o Ti
po de Vivência. Além disso, as autoras consideram que há a necessidade de alterar as instruções do Zulliger, estimulando um número maior 
de respostas dadas a cada prancha, o que naturalmente demandaria novas pesquisas de padronização do Zulliger.
Franco e Villemor-Amaral (2012) analisaram 141 protocolos do teste de Zulliger, sendo 1/3 de pacientes psiquiátricos com diagnóstico co
nfirmado pela SCID-I e os demais de não pacientes. Compararam as variáveis que compõem as constelações de psicopatologia do Sistema Co
mpreensivo entre os dois grupos. Os resultados foram considerados insuficientes para indicar evidências de validade de uso das constelações 
de psicopatologia do Rorschach pelo Sistema Compreensivo com o Zulliger, não sendo possível simplesmente transpor esses dados de um mé
todo para outro. As pesquisadoras concluíram que o ZSC é mais eficaz para a compreensão de aspectos da dinâmica de personalidade que in
dependem de quadros psicopatológicos, sendo mais indicado para a compreensão do funcionamento psíquico de uma pessoa do que para a a
tribuição de um diagnóstico nosográfico.
Grazziotin e Scortegagna (2012) encontraram evidências de validade das variáveis de relacionamento do ZSC correlacionando-as com o In
ventário de Habilidades Sociais (IHS). Participaram do estudo 19 trabalhadores que atuavam em funções que envolviam o relacionamento co
m o público. Após correlacionar os dois instrumentos, observou-se que percepção positiva da representação humana (GPHR) no ZSC se corr
elacionou positivamente com índice geral de Habilidades Sociais (GIHS) (r = 0,51, p < 0,05) e com conversação e desenvoltura social (F3) (r 
= 0,54, p < 0,05). A soma de conteúdo Humano (Sum H) do ZSC teve correlação positiva com autoafirmação e enfrentamentos com risco (F1
) (r = 0,53, p < 0,05), e conteúdo Humano Inteiro (Pure H) correlacionou-se positivamente com conversação e desenvoltura social (F3) (r = 0
,42, p < 0,05). Já código especial de agressividade (AG) do ZSC teve correlação negativa com autocontrole da agressividade em situações avers
ivas (F5) com o IHS (r = -0,49, p < 0,05), indicando que, quanto maiores forem os indicadores de agressividade no ZSC, menor será o autoco
ntrole pelo IHS. Além disso, o sombreado Textura (Sum T) apresentou tendência de se correlacionar negativamente com autocontrole da agr
essividade em situações aversivas (F5) (r = -0,53, p < 0,05), indicando que quanto maiores forem os indicadores de necessidade de contato no
ZSC menor será o autocontrole pelo IHS. Todos esses resultados estão de acordo com as expectativas teóricas e contribuíram para evidências 
de validade para uso do Zulliger no contexto de trabalho.
Em outro estudo, Grazziotin e Scortegagna (2013) evidenciaram a validade das variáveis de relacionamento e de produtividade do ZSC cor
relacionando-as com os resultados no Inventário de Habilidades Sociais (IHS). Nessa pesquisa, os instrumentos foram administrados em 40 
participantes com idade entre 18 e 43 anos. Os resultados corroboraram o estudo anteriormente realizado pelas pesquisadoras. Além disso, o 
número de respostas (R) não obteve correlação significativa do ponto de vista estatístico com os fatores do IHS, mas qualitativamente denoto
u conexão. Desse modo, os resultados desse estudo também contribuíram para evidências de validade do ZSC.
Villemor-Amaral e Quirino (2013) buscaram evidências de validade do ZSC por meio da correlação entre as respostas envolvendo o uso d
o determinante cor (FC, CF e C) no Zulliger com o aspecto formal (Tapetes, Formações e Estruturas) no teste de Pfister. As pesquisadoras ad
ministraram o ZSC e o TPC em 60 crianças, sendo metade com 6 anos e a outra metade com 12 anos. Uma das principais hipóteses da pesqui
sa era de que crianças mais velhas teriam maior controle emocional. No entanto, as crianças de 12 anos apresentaram mais respostas de impu
lsividade (C) no ZSC, que se correlacionaram com o aumento de Estruturas do Pfister (r = 0,44; p = 0,01). As autoras problematizaram a poss
ibilidade de esse resultado ser decorrente da puberdade, sugerindo a necessidade de mais estudos no mesmo sentido. As correlações foram ba
ixas, e a única correlação significativa não condiz com o esperado, indicando a necessidade de mais estudos correlacionando essas técnicas.
Tavella e Villemor-Amaral (2014) buscaram evidências de validade para uso do ZSC para a avaliação da criatividade infantil. Para tal, 90 c
rianças de 11 e 12 anos de ambos os sexos realizaram o Teste de Criatividade Figural Infantil (TCFI). A partir dos resultados no TCFI, foram 
compostosdois grupos que responderam ao ZSC: um de crianças consideradas mais criativas (n = 26), e outro de crianças menos criativas (n 
= 35). O desempenho no ZSC foi comparado entre os dois grupos por meio do t de Student e houve diferenças significativas nas variáveis que
mais frequentemente são indicadas na literatura como relacionadas com a criatividade [M (t = -3,33, p = 0,001) e Ma (t = -2,93, p = 0,001)]. A
lém disso, o grupo das crianças mais criativas demonstrou propensão a uma visão mais subjetiva, por vezes distorcida da realidade, demonstr
ando certa flexibilidade e capacidade de observar o que é de senso comum [FQ- (t = -3,74, p = 0,001) com P (t = -3,40, p = 0,001)] e tendência
s mais criativas e produtivas [R (t = -2,70, p = 0,001)]. O ZSC demonstrou potencial para ser usado com crianças, havendo a necessidade de 
mais estudos para verificar as evidências de validade para identificação de criatividade.
Biasi e Villemor-Amaral (2016) constataram que o ZSC pode diferenciar crianças mais populares de crianças menos populares, indicando 
evidências de validade de critério para a avaliação de relacionamento interpessoal de crianças. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na pri
meira, participaram 119 crianças de ambos os sexos do 4º ao 6º ano do ensino fundamental de escolas públicas de uma cidade do interior de 
São Paulo. Todas as crianças responderam a um sociograma indicando com quais colegas da sala de aula elas mais gostariam de brincar e co
m quais não gostariam de brincar. Na segunda etapa, as crianças foram organizadas em dois grupos, sendo G1 (n = 26) de crianças mais popu
lares e G2 (n = 22) de crianças menos populares. As crianças participantes da segunda etapa realizaram o ZSC individualmente em sessão úni
ca e após seus desempenhos foram comparados. Os resultados indicaram que as crianças consideradas mais populares tendem a se referencia
r em suas próprias vivências no momento de tomar decisões, mostrando-se mais empáticas e com interesse pelas pessoas [Mp (U = 221,00, p 
= 0,04) e P (U = 210,5, p = 0,05)]. Já as crianças menos populares revelaram uma tendência a se afastar das figuras humanas inteiras e reais, d
ando preferência pelas partes das pessoas e por figuras fictícias [H<(H)+Hd+(Hd) (x2 = 4,16, p = 0,04)]. Esses resultados indicam boas evidên
cias de validade de critério.
Villemor-Amaral, Pavan, Tavella, Cardoso e Biasi (2016) encontraram evidências de validade do ZSC para identificar diferenças cognitiva
s e emocionais em diferentes fases do desenvolvimento infantil. Participaram 103 crianças com idade entre 6 e 12 anos, estudantes de escolas 
públicas do interior do estado de São Paulo. Foi comparado o desempenho no ZSC entre as crianças de 6 e de 12 anos. As crianças de 6 anos 
demonstraram mais contenção da expressão emocional de afetos desprazerosos [C’ (p = 0,032, d = 0,60)], identificação com figuras humanas 
reais e fantasiosas [H (p = 0,029, d = 0,49) e (H) (p = 0,022, d = 0,53)], expectativas de que suas necessidades sejam satisfeitas por outras pesso
as [Fd (p = 0,050, d = 0,48)], preocupações com o corpo [An (p = 0,003, d = 0,66); An+Xy (p = 0,001, d = 0,47)], tendência ao oposicionismo 
[S-%; (p = 0,042, d = 0,46)], percepções mais inusuais e distorcidas dos fatos [FQ- (p = 0,007, d = 0,56), WD com FQ- (p = 0,001, d = 0,93), X
-% (p = 0,001, d = 0,80) e Wsum6 (p = 0,007, d = 0,55)]. Já os participantes de 12 anos demonstraram mais criatividade conseguindo observar
os fatos de um modo mais subjetivo [M (p = 0,042, d = 0,42) e M com FQu (p = 0,044, d = 0,35)], capacidade de reflexão de um modo mais ra
cional e menos impregnado de afetos disfóricos [FD (p = 0,045, d = 0,31)] e uma percepção adequada da realidade [XA% (p = 0,001, d = 0,72)
, WDA% (p = 0,001, d = 0,96) e X+% (p = 0,048, d = 0,42)]. Os adolescentes também indicaram estados de ansiedade [FY (p = 0,024, d = 0,28
) e ΣY (p = 0,004, d = 0,48)] com indícios de carência afetiva [FT (p = 0,018, d = 0,38) e ΣT (p = 0,018, d = 0,38)] e maior tendência ao isolam
ento [Ls (p = 0,029, d = 0,37)]. As pesquisadoras concluíram que o Zulliger diferenciou aspectos emocionais, sociais e cognitivos do desenvol
vimento infantil típicos das diferentes faixas etárias, contribuindo para evidências de validade de uso do instrumento com o público infantil.
Villemor-Amaral e Vieira (2016) buscaram por evidências de validade para o ZSC na avaliação da maturidade para o relacionamento inter
pessoal em crianças. O ZSC foi administrado em dois grupos de crianças com 6 e 12 anos, totalizando 115 crianças. Foram feitas comparaçõe
s por sexo e por idade. Nessa pesquisa, meninos apresentaram mais controle emocional [FC (t = -2,803, p = 0,005)], com certa imaturidade in
telectual e desconfiança [Ad (t = -2,442, p = 0,015)]. Já as meninas indicaram mais capacidade de empatia e de relacionamentos interpessoais 
[H (t = 2,010, p = 0,045)] e menor eficiência cognitiva [A (t = 2,098, p = 0,036)]. Na comparação por idade, as crianças menores mostraram u
ma tendência de perceber as relações como hostis [(H) (t = 2,812, p = 0,006)], enquanto os participantes de 12 anos indicaram maturidade rel
acional e interesse pelos outros [H (t = -1,877, p = 0,063)] e mais estabilidade nas ações [M (t = -1,940, p = 0,050)]. Os resultados indicam que
o teste de Zulliger identificou aspectos de maturidade para o relacionamento interpessoal em crianças, sugerindo boas evidências de validade 
para uso do Zulliger.
Gregoleti e Scortegagna (2017) objetivaram verificar a utilidade do ZSC para avaliar idosos com doença renal crônica (DRC), em especial 
os construtos cognitivo e de relacionamento e a relação com variáveis externas. Participaram do estudo 60 idosos do Rio Grande do Sul com 
média de 73 anos (DP = 5,8), organizados em dois grupos: idosos com DRC e idosos sem um quadro clínico, pareados conforme o sexo. Os i
nstrumentos adotados no estudo foram um protocolo elaborado pelas pesquisadoras para levantamentos das características sociodemográfica
s e de saúde, a escala de avaliação do estado mental Minimental e o ZSC. Após comparação entre o grupo com DRC e o grupo não clínico, ve
rificou-se diminuição das variáveis Xu% (p = 0,031, d = 0,58), R (p = 0,002, d = 0,78), Fd (p = 0,021, d = 0,65) e índice de isolamento (p = 0,00
6, d = 0,61) e uma tendência não significativa para aumento de X-% (p = 0,337 e d = 0,23) e PHR > GHR. Foram encontrados resultados imp
ortantes que sugerem a utilidade do uso do ZSC para a compreensão do funcionamento cognitivo e do relacionamento interpessoal de idosos
com DRC.
É importante acrescentar que, como já mencionado, além do Sistema Compreensivo, há também no Brasil publicações na perspectiva do s
istema que Bruno Klopfer desenvolveu para a análise do Rorschach. No estudo de Angelini e Oliveira (2003) defenderam a possibilidade de u
so de um teste verbal, como o Zulliger, na avaliação psicológica de pessoas surdas bilíngues. Os pesquisadores aplicaram o Zulliger individual
mente em 10 pessoas com perdas profundas na audição. Para administração, traduziram as instruções padronizadas do Zulliger pelos Sistema
Klopfer para a língua brasileira de sinais (Libras). Os resultados foram organizados em três tópicos. No primeiro, referente ao uso de um teste
verbal com crianças surdas, as autoras consideraram ser viável o uso de testes verbais com surdos desde que o examinador seja fluente em Lib
ras. No segundo tópico, sobre a necessidade de adaptações, destacaram que o tempo de sinalização na Libras difere do tempo da oralização d
os ouvintes. Por fim, no terceiro tópico, compararam o desempenho dos surdos com as tabelas normativas de ouvintes e concluíram que é po
ssível o uso do instrumento com surdos. As pesquisadoras destacaram a relevância de serem conduzidos mais estudos sobre a aplicação do te
ste em pessoas surdas.
Montes e Vaz (2003) utilizaram o Zulliger para constatar as condições afetivo-emocionais em mulheres com síndrome pré-menstrual (SP
M). Participaram da pesquisa 43 universitárias, com idade entre18 e 35 anos, distribuídas em dois grupos: um com 25 mulheres que relatara
m ter SPM e outro por 18 mulheres sem SPM. Após comparar os grupos usando o t de Student, os resultados indicaram que as mulheres com
SPM reagem emocionalmente de forma mais intensa e têm tendência à perda de controle emocional em comparação às mulheres do grupo se
m sintomas pré-menstruais.
Rodrigues e Alchieri (2009) investigaram a manifestação da afetividade em crianças e jovens com síndrome de Down (SD) e a percepção d
e pais e educadores quanto à sua expressão no comportamento e nas atividades sociais. Os 70 participantes com SD tinham entre 4 e 26 anos 
de idade e responderam ao Zulliger pelo Sistema Klopfer, enquanto os pais e os professores responderam a um questionário sobre a percepçã
o da afetividade dos participantes. As crianças e os adolescentes com SD expressaram sua afetividade mediante características positivas e nega
tivas, tal como as crianças que não tinham a síndrome.
Na revisão de literatura realizada por Graziotin e Scortegagna (2016), foram encontrados 15 artigos com o Zulliger, publicados entre 2004 
e 2014, no cenário brasileiro. As autoras usaram o método Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). 
Dos estudos obtidos, identificaram que 73% eram de normatização, validade e precisão, com a utilização do ZSC. As pesquisadoras identifica
ram que 20% eram com crianças (20%) e 80% eram com adultos idosos, sendo dois (13%) com idosos. Os resultados mostraram que, embora 
o número de publicações tenha se expandido, são escassos os trabalhos de investigações com o uso do instrumento, especialmente com crianç
as e idosos.
O conjunto de pesquisas relatadas demonstra a utilidade do método de Zulliger para a avaliação da personalidade. É notável nos últimos a
nos o aumento dos estudos que conferem validade e fidedignidade, mas novos estudos ainda precisam ser feitos visando a ampliar o conheci
mento e sua aplicabilidade. Observa-se ainda que as lacunas apontadas por Graziotin e Scortegagna (2016) aparentemente foram considerada
s pelos pesquisadores da área de modo que, das cinco pesquisas realizadas após 2014, quatro eram com crianças e uma com idosos. Por fim, d
estaca-se que além das publicações nacionais, há estudos internacionais que podem ser encontrados na Rorschachiana, revista da Sociedade I
nternacional de Rorschach (International Society of Rorschach – ISR), ou por meio do ResearchGate, uma rede social para cientistas.
CARACTERÍSTICAS DO TESTE E SUA APLICAÇÃO
Neste capítulo, será considerada a versão do ZSC (Villemor-Amaral & Primi, 2009). Nesse sistema, o material é composto por três cartões qu
e contêm manchas de tinta ambíguas, e uma folha de localização das respostas para uso exclusivo do psicólogo que vai aplicar o teste. O instr
umento pode ser aplicado em qualquer pessoa que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha suficiente acuidade visual, não i
mportando a idade ou o nível cultural. A aplicação é sempre individual e dura cerca de meia hora, tendo duas fases distintas.
Na primeira, chamada fase de associação ou de resposta, os cartões são apresentados um de cada vez em uma sequência fixa predetermina
da. Ao receber o cartão, o examinando deve dizer com o que cada uma das manchas se parece, enquanto o examinador deve fazer anotações c
ompletas e literais da fala do examinando, considerando cada detalhe da fala e do comportamento durante as respostas. É desejável que a pess
oa examinada forneça um número suficiente de respostas para que seja feita uma boa análise. Protocolos com menos de seis respostas podem
ter sua confiabilidade reduzida. Por isso, um bom preparo da pessoa antes de fazer a prova é fundamental para que ela responda ao teste com 
interesse e engajamento. Estimular um número maior de respostas, caso apenas uma seja dada na primeira prancha, é absolutamente necessá
rio para que o examinando entenda que é preciso produzir mais para que os resultados sejam confiáveis.
Após a fase de respostas, inicia-se a etapa seguinte, chamada de inquérito, na qual o examinando deve indicar em que área da mancha loca
liza sua resposta, que pode ocorrer na mancha toda ou em partes dela (localização das respostas), e esclarecer quais características da mancha 
possibilitaram que ele achasse parecido com aquilo (determinantes das respostas). Nessa fase, também é preciso que o psicólogo registre toda
s as falas da pessoa, tal como foram ditas, e anote a área de localização da resposta em uma folha que contenha uma reprodução reduzida de c
ada cartão.
Após a aplicação individual, caso o examinando não tenha emitido o número mínimo de respostas durante a primeira fase, haverá uma fas
e intermediária entre a associação e o inquérito. Essa fase é conhecida como repassagem. Na repassagem, é explicado ao examinando que ele 
demonstrou compreensão da tarefa, mas que para a análise do material é importante que forneça uma quantidade maior de respostas. Desse 
modo, todos os cartões são repassados na mesma sequência para que ele tente produzir novas respostas, diferentes daquelas anteriormente da
das. Estas serão consideradas respostas adicionais e serão computadas igualmente na análise quantitativa dos dados. O fato de terem sido vist
as posteriormente, mediante solicitação extra do examinador, será considerado na análise qualitativa dos dados.
Após a aplicação do teste, as respostas são rigorosamente codificadas, o que varia conforme o sistema interpretativo adotado. No Quadro 1
6.2.1, é possível visualizar uma síntese da aplicação.
QUADRO 16.2.1
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Síntese dos procedimentos de aplicação
Fase de associação ou fase de respostas • Inicialmente sem interferência do aplicador.
• Aplicador interfere se for dada resposta única na prancha 1 ou se dar mais de 5 respostas aos estímulos na 
prancha 1.
Fase de inquérito ou de esclarecimento de resp
ostas
• Participação ativa do aplicador, esclarecendo a localização e o determinante de cada resposta.
Fase da repassagem • (Eventual) Deverá ocorrer entre a fase da associação e de inquérito se houver um número reduzido de respo
stas.
PANORAMA GERAL SOBRE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS RESPOSTAS
Não é propósito deste capítulo apresentar detalhadamente o processo de classificação e interpretação das respostas dadas ao teste devido à su
a complexidade. Para trabalhar com o teste, é necessária a leitura cuidadosa dos manuais disponíveis. Entretanto, para uma compreensão ger
al de como a análise funciona, o sistema de codificação com os seus principais passos será apresentado a seguir e sintetizado no Quadro 16.2.
2.
QUADRO 16.2.2
Síntese dos critérios de codificação das respostas
Localização: W, D, Dd e S
Qualidade evolutiva: +, o, v e v/+
Determinantes: F, M, FM, m, FC, CF, C, FC’, C’F, C’, FT, TF, T, FV, VF, V, FY, YF, Y, FD, Fr e rF
Qualidade formal: +, o, u e -
Par: (2)
Conteúdo: H, (H), Hd, (Hd), A, (A), Ad, (Ad), An, Xy, Cg, Bl, Cl, Na, Bt, Fd, Hh, Ge, Ls, Sc, Fi, Ex, Sx, Ay, Art e Id
Popular: (P)
Atividade organizativa: ZW, ZS, ZA e ZD
Códigos Especiais: DV, DR, INC, FAB. CONTAM, ALOG, PSV, AB, AG, COP, MOR, PER, CP, GHR e PH
Classificação das respostas
Conforme já mencionado, com base no inquérito, as respostas recebem diversos códigos que representam as suas características, conforme se
verá no esquema a seguir:
Localização: registra em que área da mancha a pessoa viu sua resposta e pode ser de quatro tipos básicos: Globais (W), partes frequenteme
nte destacadas para se dar uma resposta (D), áreas menos frequentes (Dd) ou S, para quando a pessoa usa a parte branca da mancha, em u
ma inversão ou combinação de figura-fundo.
Qualidade evolutiva, que indica o grau de definição da resposta dada e sua complexidade, podendo ser respostas que combinam vários obj
etos (+), um objeto único percebido (o), um objeto vago (v) ou vários conceitos vagos combinados em uma única resposta (v/+).
Determinantes: indicam que aspecto da mancha sugeriu aquela resposta para a pessoa. Os determinantespodem ser de um modo geral a F
orma, a Cor, a impressão de movimento ou as características de sombreado e tonalidades das manchas, cada uma dessas categorias com os
devidos subtipos, totalizando 22 tipos diferentes de determinantes.
A qualidade formal: indica o quanto a resposta adequa-se ao formato da área onde está localizada, conforme estatisticamente demonstrad
o, ou o quanto se afasta dela. São quatro os tipos de qualidade formal, que vão da mais precisa à mais distorcida (+, o, u, -).
Respostas par sinalizam quando a pessoa se refere a dois objetos iguais devido à característica simétrica das manchas.
Categorias de conteúdo que se referem ao tipo de objeto identificado, tais como figuras humanas, animais, plantas e paisagens, constituin
do 27 tipos.
Um código que indica se aquela resposta é muito comum na população (vista por 25% ou mais das pessoas).
Atividade organizativa que indica o grau de complexidade e sofisticação do raciocínio quando há combinação de mais de um objeto em u
ma resposta, podendo ser de quatro tipos (ZW, ZS, ZD e ZA).
Códigos especiais que se referem a deslizes cognitivos evidenciados na verbalização ou na percepção da resposta ou a características especi
ais de conteúdo. Essa categoria envolve 15 subcategorias.
A interpretação dos dados
Após a classificação das respostas de acordo com as nove categorias descritas, atribuindo-se vários códigos a cada uma, são feitas contagens d
e frequência e cálculos com esses códigos que vão levar a resultados que serão comparados com dados normativos. Estes se originam em estu
dos estatísticos e vão ajudar a construir o psicograma ou sumário estrutural do indivíduo, que sintetiza a análise quantitativa dos resultados. 
Para a realização dessa análise, os dados são organizados em agrupamentos de indicadores que envolvem aspectos como recursos e controle, t
olerância ao estresse, dinâmica afetiva, autopercepção, relacionamento interpessoal e as funções cognitivas que consideram o processamento 
da informação, a mediação e a ideação.
Posteriormente, deve ser feita uma análise qualitativa, considerando seu conteúdo idiográfico, que extrapola a classificação padronizada d
as respostas e verifica suas especificidades individuais. Na continuidade da interpretação dos dados, a combinação da análise quantitativa (su
mário estrutural) com a análise qualitativa deve ser verificada à luz da história do examinando e do motivo de realização da avaliação. E, por f
im, integram-se esses dados com os obtidos por meio da entrevista e de outros testes, para uma visão abrangente e mais fidedigna da pessoa a
valiada.
Dessa forma, fica clara a abrangência de dados sobre o funcionamento psíquico que o Zulliger permite revelar. É essa abrangência que o to
rna um instrumento útil nos mais variados campos de atuação do psicólogo, tais como os contextos organizacional, educacional, clínico e for
ense.
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O INSTRUMENTO E SEU USO
O Zulliger, como método projetivo, permite explorar aspectos mais profundos do funcionamento psíquico da pessoa assim como ocorre no 
Método de Rorschach. Portanto, é possível fazer interpretações estruturais, associadas aos critérios de codificação das respostas, e temáticas, e
nvolvendo uma análise interpretativa do conteúdo pessoal que é projetado sobre a mancha de tinta (Weiner, 2000), o que vai revelar aspectos
mais idiossincráticos do examinando.
No que se refere aos aspectos estruturais, é preciso que se considerem as características psicométricas envolvidas no uso do instrumento, a 
começar pela padronização da aplicação. O Zulliger é bastante complexo e requer treinamento intenso para que seja administrado de modo a
dequado, conforme padronização. A administração exige também um conhecimento técnico prévio quanto aos critérios de codificação, inter
pretação das respostas, já que isso auxiliará na realização do inquérito sobre as respostas do sujeito. Isso demanda muito treino e habilidade d
o profissional que pretende usar o método, demandando supervisão para um efetivo aprendizado.
Conforme visto nas pesquisas mencionadas, o ZSC foi alvo de diversos estudos que buscaram por evidências de sua validade tanto para ad
ultos quanto para crianças. Entretanto, ainda assim, há algumas lacunas relacionadas com a validade da interpretação de alguns indicadores e
às normas para faixas etárias específicas, tais como adolescência e velhice. Além disso, as pesquisas têm sido realizadas em algumas regiões do
Brasil sendo necessárias mais investigações que verifiquem semelhanças ou diferenças normativas devidas a diferenças culturais. Quanto aos 
estudos de precisão, embora esses ainda sejam incipientes no Brasil (Villemor-Amaral, Machado, & Noronha, 2009), há no manual do ZSC p
ara adultos (Villemor-Amaral & Primi, 2009) os estudos de consistência entre avaliadores e de estabilidade temporal, que são os mais indicad
os no caso dos métodos projetivos (Fensterseifer & Werlang, 2008).
Parte das dificuldades para realizar esse tipo de pesquisa envolve particularidades do próprio instrumento. Pesquisar com os métodos proj
etivos é uma tarefa bastante complexa (Fensterseifer & Werlang, 2008), em especial no que se refere à coleta e à interpretação dos dados. No c
aso das pesquisas com o ZSC, destaca-se a dificuldade de acesso à quantidade representativa de amostra, uma vez que a administração ocorre 
de modo individual, exige estabelecimento de um rapport e boa interação entre aplicador e avaliado. Quanto à interpretação do desempenho 
no Zulliger, reforça-se que este é muito abrangente. Assim, além do rigor na codificação e análise do sumário estrutural do Zulliger, consider
am-se os demais fenômenos que emergem durante a avaliação, tais como verbalizações e comportamentos expressos durante o exame, as tem
áticas preferenciais e, sobretudo, a associação dos dados gerados pelo Zulliger com os demais dados obtidos no decorrer do processo de avalia
ção como um todo, que deve associar outros instrumentos. Para a interpretação do material, não devem ser considerados os indicadores de 
modo isolado, devendo ser relacionados com as demais informações sobre o examinando (Weiner, 2000; Villemor-Amaral & Primi, 2009).
Por fim, consideramos que o Zulliger é um método relativamente rápido quando comparado a outros métodos projetivos e que, nos últim
os anos, vem acumulando uma série de estudos psicométricos. Esses estudos sugerem tratar-se de um instrumento interessante para uso em 
diversos contextos, em especial o organizacional e clínico. Esperamos que, a partir do exposto, mais pesquisadores sigam ampliando as pesqu
isas com o método, contribuindo com o aprimoramento constante para uso do Zulliger no Brasil.
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Zulliger, H. (1970) Prefácio à Primeira Edição do Teste Individual de Zulliger. In H. Zulliger, & F. Salomon. El Test de Zulliger. Kapelusz: Buenos Aires.
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