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PSICOLOGIA INSTITUCIONAL INSTITUIDO E INSTITUINTES

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PSICOLOGIA INSTITUCIONAL
INSTITUIÇÕES: INSTITUÍDOS E 
INSTITUINTES
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Ampliar a visão de Lapassade, explicitando o papel dos grupos na prática psicossociológica de instituições.
Instituições: Instituídos e Instituintes
O francês Georges Lapassade, com ampla experiência pedagógica e psicossociológica, contribuiu muito para o
estudo da psicologia e da pedagogia institucional. Uma de suas tarefas foi desconstruir e reconstruir o conceito
de instituição, não se detendo apenas ao estudo da instituição escolar.
De acordo com este autor, o estudo das instituições já esteve atrelado apenas aos sociólogos, para então o
conceito de instituição começar a ser utilizado em setores mais próximos da pesquisa sociológica, como em
linguagem jurídica e no vocabulário de antropologia. Mais tarde, a noção de instituição foi usada igualmente
pelos psicossociólogos.
A prática psicossociológica cuida de instituições, mas sempre através de grupos que falam: nesses grupos, a
palavra da sociedade passa por palavra reprimida, tornada ideológica, censurada pelas instituições, como
linguagem do desconhecimento; a dimensão política mostra-se e encobre-se nessa alienação da palavra
inacabada.
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Figura 1 - Karl Marx
Podemos resumir a evolução desse conceito de instituição ao afirmar que o sentido dele se modificou
profundamente há pouco mais de um século. No tempo de Marx, no século XIX, entendia-se por instituições,
essencialmente, os sistemas jurídicos, o direito, a lei. Para o marxismo, as “instituições” e as “ideologias” são as
superestruturas de uma sociedade dada, cujas “infraestruturas” são as forças produtivas e as relações de
produção.
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Figura 2 - Émile Durkheim
Depois, em uma segunda fase, o conceito assume uma importância central em sociologia com a escola francesa.
No começo do século XX, Durkheim e a sua escola definem a sociologia como uma ciência das instituições. Há
cerca de um pouco mais de vinte anos, ingressamos, com o estruturalismo, em uma nova fase que conduz a uma
profunda reorganização do conceito, em ligação com as práticas institucionais que se desenvolvem nos domínios
da psiquiatria, da pedagogia e da psicossociologia.
Em relação às instituições escolares, Lapassade acredita que uma pesquisa pedagógica deve fazer distinção entre
as instituições externas à classe e internas.
Na pedagogia tradicional, essas instituições, na classe, impõem-se como um sistema que não poderia ser
discutido.
É o quadro necessário da formação, julgado indispensável.
Em homenagem a essa concepção das “instituições”, o autor propõe chamar de “pedagogia institucional” uma
pedagogia em que as instituições são cuja estrutura se pode alterar.
Na autogestão pedagógica, os alunos instituem ao nível das instituições internas.
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Para uma pedagogia institucional, Lapassade faz uma grande reflexão sobre o papel do fenômeno burocrático.
Para ele, o que é preciso reprovar na burocracia e nos burocratas é, antes de tudo, o fato de que alienam
fundamentalmente os seres humanos, retirando-lhes o poder de decisão, uma iniciativa, a responsabilidade de
seus atos, a comunicação.
De outra forma, privam os seres humanos de sua atividade propriamente humana. No entanto, o fenômeno
burocrático não aparece como uma forma de parasitismo, mas, ao contrário, como o motor, o núcleo central, o
cérebro da sociedade, como o que há de mais útil, que visa o “bem” de todos.
Toda a crítica que se pode fazer a esse sistema consiste em que é ineficaz porque toda a psicologia
contemporânea da aprendizagem e da formação mostra que o ser humano só aprende os limites do interesse
que tem em aprender. Um comportamento adquirido desaparece se não for reforçado e confirmado. A criança
que aprende uma lição para recitá-la ou para passar no exame esquecer o conteúdo da lição, uma vez recitada, e
esquecer tudo o que aprendeu para o exame.
Lapassade, então, esclarece o espírito da pedagogia institucional, que é um movimento que se desenvolve na
França com a autogestão educativa como contestação à dominação pedagógica.
Saiba mais
Esses programas, instituições e regulamentos são objeto de decisão de cúpula da burocracia
pedagógica. São difundidos pela via hierárquica até a base do sistema, até os professores e
alunos. A burocracia, para o autor, que a condena, nada mais é que chamada de
“administração”.
Fique ligado
Lapassade, portanto, critica uma pedagogia burocrática no sentido de que o modelo de
domínio pedagógico anunciado e contém o modelo de domínio burocrático, e é uma
justificação profunda de que se os não tivessem experimentado, durante toda a infância, o
modo de domínio pedagógico , eles jamais aceitariam o modo de domínio burocrático, porque
ele pareceria a pior das alienações.
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Diz o autor que tentar enfrentar uma burocracia dominante por meio de uma ação que vise criticar os atos dessa
burocracia ou obrigá-la a aceitar uma certa participação dos administrados e uma certa colaboração com eles não
significa definida-la fundamentalmente em questão.
Nada pode ser feito desde que não se destrua a relação hierárquica germinativa em todo lugar onde possa ser
destruída, desde que não o substitua por uma nova relação. Essa substituição, quando pode ser efetuada, tem ou
valor de um modelo e inspira imediatamente seguidores.
Então, em contraposição ao modelo burocrático, o movimento da pedagogia institucional procura difundir no
interior da Escola real um novo modo de funcionamento e de relações humanas não burocráticas. A criança
torna-se o centro de decisão, ou melhor, o grupo assume sua direção e caminha para sua própria autogestão.
O pedagogo, entronizado pela “Instituição externa” conserva naturalmente essa entronização, mas deixa de
representar o papel que corresponde à sua função. Ele nega a si como poder e como burocrata e se recusa a
tomar decisões em lugar do grupo. Mas ele pode começar a entrar em interação com os outros membros do
grupo, o que não podia fazer antes, ele pode começar a dar uma formação.
Nesse movimento, leva-se em conta as diferenças entre crianças e adultos, porque a insistência nas diferenças
reais entre eles só pode ter valor de objeção desde que se acredite que a competência fundamenta e justifica uma
relação de dominação. Este é um argumento clássico da burocracia, afirma Lapassade. Ele equivale a confundir a
diversidade técnica das competências, das aptidões e das funções com a hierarquização social.
Na verdade, diferenças objetivas e reais não podem entrar em relação, em colaboração, chegar a um trabalho em
comum e mesmo a uma transmissão de sabre, a não ser quando há reciprocidade das pessoas, e não uma
hierarquização. Porque se constitui o elemento fraco na relação de formação não se interessa por essa relação,
desde que não se consiga ingressar no circuito de sua vontade e sua expectativa, nada se passa, a não ser uma
aplicação mecânica das decisões pelo mais forte.
O movimento da pedagogia institucional começou a tomar força no começo do século XX, com o plano Dalton e o
método Vinnetka. Os que apareceram entre as duas guerras andaram de marcha à ré com relação aos anteriores,
extremamente audaciosos.
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No entanto, uma pedagogia dita “moderna” inclinava-se a negligenciar os problemas que
resultam da decisão de “desalienar” os alunos e os adultos adultos, por isso chegou a um certo
fracasso e provocou respostas conservadoras na Europa e na América porque os problemas a
ver com colocarem a questão das relações humanas na Escola e não o problema de vagos
arranjos ou de uma mudança nas técnicas pedagógicas.
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A intervenção do pedagogo se estrutura, portanto, em três níveis: o de monitor de grupo de treinamento que se
entrega à atividade de “reflexo” ou de análise, o de técnico de organização e de sábio ou de pesquisador que
possui um saber e procura comunicá -lo. E em cada um desses níveis o pedagogo permite uma “formação” que
era impossível no sistemaantigo, por exemplo, uma formação em relações sociais, em interrogações, em
colaboração ...
Os objetivos procurados pelo pedagogo inspirado pela pedagogia institucional são:
fazer um trabalho interessante “aqui e agora”, apaixonante, não aborrecido, com os alunos;
propiciar uma formação cem vezes superior à do sistema tradicional, uma vez que ela não é fortuita, mas é
sistemática;
preparar os alunos para contestar o sistema social em que vivem, isto é, o sistema burocrático;
criar “modelos” que serão válidos em outros planos, numa sociedade transformada;
criar, sem o querer, um campo de contestação, pois a experiência é conhecida pela administração, pelos outros
pedagogos, pelo público;
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu um pouco mais sobre Lapassade e os grupos na prática psicossociológica de instituições
Fique ligado
O esforço da pedagogia institucional, conclui Lapassade, constitui, de qualquer maneira, a
empresa mais sistemática e mais estruturada para colocar em questão, no interior da escola, o
domínio burocrático.
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	Olá!
	Instituições: Instituídos e Instituintes
	CONCLUSÃO

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