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Objetivo desta aula: Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Conhecer a visão de Bleger, um dos autores clássicos nos estudos sobre instituições na perspectiva da psicologia. A Psicologia Institucional como Psico-higiene - José Bleger José Bleger tornou-se um autor conhecido com seus trabalhos sobre Psicanálise, Psicologia, Grupos e Instituição na década de 60. O diferencial de seus estudos estava, sobretudo, na proposta de uma atuação profissional que fosse além dos limites do consultório e também na importância que deu à saúde mental ou à psico-higiene nos grupos e nas atividades da vida diária. Na época, foi o autor que recuperou a dimensão institucional e política nos processos grupais, tornando-se, assim, uma referência no que diz respeito ao termo “Psicologia Institucional” no Brasil. A perspectiva de Bleger sobre a intervenção do psicólogo nas instituições é sempre política - esta entendida como em termos de relações de poder que delimitam a vida dos grupos e das classes sociais. No entanto, o autor se esforça em demonstrar que esse trabalho é uma forma de fazer ciência, mas ciência no sentido de investigação que não se desvincula do cotidiano e que está relacionada à subjetividade do indivíduo nas relações humanas. Para Bleger, psicologia institucional é uma forma de intervenção psicológica com significação social e sua prática não é uma mera aplicação da ciência da psicologia, mas uma forma de fazer a psicologia enquanto profissão. O autor também dava importância tanto à intervenção quanto à investigação e acreditava no método clínico para a execução do trabalho do psicólogo institucional. Para Bleger, a atuação deste profissional é diferente do trabalho psicológico comum em instituição, porque o que ele faz é lidar com a instituição enquanto totalidade. Ele afirma que o psicólogo institucional, portanto, não pode ser empregado no contrato de trabalho, embora possa ser, no entanto, assessor ou consultor, porque precisa de autonomia técnica para se afastar do objeto estudado. Apesar de Bleger não ser explícito, a autonomia técnica tem a ver com um comprometimento diferente do psicólogo com os processos inconscientes das relações interpessoais no conjunto das práticas institucionais. A autonomia é, então, exigência para que se configure o caráter analítico da intervenção. Para Bleger, em sua concepção, o objetivo do psicólogo é a psico-higiene, ou seja, promover a saúde e o bem-estar dos integrantes da instituição, e sua função não será a de decidir ou resolver os problemas da instituição. A descoberta das soluções concretas e a execução das ações propostas será uma tarefa dos organismos próprios da instituição. O referencial teórico e técnico de Bleger para esse fim é a psicanálise exercida no âmbito das instituições e não em consultório. Por isso, o psicólogo não deve esconder do contratante seu propósito de desenvolver um trabalho com a totalidade da instituição e precisa estabelecer com ele como se dará o trabalho a partir de sua demanda institucional. Saiba Mais +: Sabendo, então, que a psicologia institucional é um trabalho com o todo da instituição e que, por este motivo, o psicólogo institucional não pode ser empregado dela, tendo de esclarecer a demanda institucional e os fins da intervenção, Bleger passa então para as características do método de trabalho. Para ele, o método que deve ser utilizado é o clínico com enquadramento técnico-psicoanalítico - método no qual a observação é imprescindível. • atitude clínica; • esclarecimento da função do psicólogo, com delimitação de tempo, honorários e com prazo fixo apenas para o relatório diagnóstico; • limites e caráter da tarefa em todos os níveis ou grupos de atuação; • esclarecimento a quem serão dirigidos os resultados; • caráter de atuação particular com cada grupo; • limitação de contato extraprofissional; • neutralidade em relação aos grupos; • limite de atuação como assessor ou consultor, sem função dentro do organograma institucional; • estímulo de independência em relação ao trabalho de psicólogo institucional e não dependência; • controle de onipotência; • entendimento do sucesso do trabalho e da saúde da instituição como o grau de independência e melhoramento desta, levando em consideração que conflitos podem existir e que a instituição deve explicitá-los para traçar sua resolução; • manejo da informação dependente da veracidade, do timing e da quantificação; e consciência da presença de resistência para investigá-la e, assim, tornar-se agente de mudança como psicólogo institucional. A considerar a Psicologia Institucional de Bleger, é no contexto da intervenção do psicólogo que se articula seu contorno científico e psicoanalítico. Bleger enfoca as relações institucionais sob o ângulo psicoanalítico, chamando a atenção para a dinâmica inconsciente das relações intra e intergrupais. Partindo da conceituação da personalidade como estruturada pela dinâmica entre um ego sincrético e um ego organizado, o autor considera a existência da comunicação grupal como derivada desta estruturação para, enfim, supor uma intrincável relação entre o sujeito, a organização grupal e a institucional. Para entender melhor, é preciso conhecer a questão da identidade para Bleger. A personalidade ou a identidade do sujeito se dá, sempre, pelo jogo de um ego sincrético e um ego organizado. Atenção: O ego sincrético inclui os aspectos simbióticos e ambíguos: é o ego enquanto ponta de lança dos impulsos agressivos e libidinosos completamente unidos. No ego organizado estão os aspectos discriminados que permitem uma relação normatizada e controlada como o meio: é o ego enquanto ponta de lança dos controles superegoicos. Pelo ego sincrético, formamos vínculos que não permitem a distinção entre o que é sujeito e objeto da libido. Pelo ego organizado, podemos nos ver em relação ao outro. A distinção entre esses dois egos será possível pela clivagem dos processos mais primitivos da sociabilidade. A clivagem, que é o mecanismo de junção do ego que permite a coexistência de duas atitudes psíquicas em relação à realidade, uma levando em conta, outra negando, não elimina esses processos primitivos. Pelo contrário, faz com que convivam ao lado dos processos do ego organizado sem que se influenciem reciprocamente. Assim, o sincretismo permanece como forma de comunicação na expressão pré-verbal. É nesse contexto que se coloca a questão da identidade para Bleger. Ela jamais será um corte absoluto da individuação, mas sempre uma diferenciação possível sobre um fundo de indiferenciação. Bleger teoriza então sobre o grupo e sua relação com a estruturação da personalidade do sujeito. O grupo não será uma entidade acima dos indivíduos, mas uma resultante desta possibilidade de se vincular, pela sociabilidade sincrética, e de se relacionar, pela sociabilidade organizada. Portanto, é possível afirmar que a comunicação no grupo é este permanente movimento de diferenciação e indiferenciação. Por outro lado, também se pode dizer que por este movimento o indivíduo é grupo. Bleger vai além, afirma a mesma relação entre a identidade e a organização, entendida como um conjunto de grupos distribuídos num organograma e que interagem num determinado espaço físico. Qualquer mudança que se provoque na organização, enquanto conjunto de grupos com tarefas e objetivos comuns no espaço e no tempo, implica numa mudança da própria personalidade. Saiba Mais +: Segundo Bleger, “o grupo é sempre uma instituição muito complexa, ou melhor, é sempre um conjunto de instituições”, porque entende a instituição como o nível interativo do funcionamento grupal. Mas, na medida em que este funcionamento se estabiliza excessivamente, em que se criam estereotipias muito rígidas, o grupo acaba se burocratizando, e assim tomando as formas da organização. A normatização da conduta, para que se atinjam os objetivos explícitos e estes setransformassem num fim em si, exige a fidelidade dos integrantes, de maneira que a sua perpetuação enquanto organização torne-se a meta. Quando isso ocorre, o objetivo terapêutico de um grupo fica impedido. Dessa dinâmica, pode-se concluir que toda organização tende a ter a mesma estrutura do problema que deve enfrentar e para a qual foi criada. Apoiados nessas formulações teóricas sobre o vínculo e a relação, bem como sobre o indivíduo, o grupo e a instituição, podemos entender o que Bleger propõe como a tarefa do psicólogo institucional: atuar sobre a totalidade da instituição, tendo em vista as relações entre os grupos do organograma da instituição, e fazê-lo a partir do enquadramento, que define uma postura de independência técnica e que permite a dissociação instrumental. Antes de finalizar esta aula, vamos realizar uma atividade! Atividade Proposta 1 - A respeito da clivagem, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A clivagem é entendida como as relações de poder que delimitam a vida dos grupos e das classes sociais. b) ( x ) A clivagem é o mecanismo de junção do ego que permite a coexistência de duas atitudes psíquicas em relação à realidade, uma levando em conta, outra negando, não elimina esses processos primitivos. Pelo contrário, faz com que convivam ao lado dos processos do ego organizado sem que se influenciem reciprocamente. c) ( ) A clivagem é a normatização da conduta, para que se atinjam os objetivos explícitos e estes se transformem num fim em si, exigindo a fidelidade dos integrantes, de maneira que a sua perpetuação enquanto organização torne-se a meta. d) ( ) A clivagem é o mecanismo de separação do ego que permite a coexistência de duas atitudes psíquicas em relação à realidade. A clivagem inibe os processos do ego organizado sem que se influenciem reciprocamente. Nesta aula, você: • Conheceu a visão de Bleger sobre a Psicologia Institucional como uma forma de intervenção psicológica com significação social; • compreendeu os princípios de enquadramento, nos quais são ancorados as formulações teóricas sobre o vínculo e a relação, bem como sobre o indivíduo, o grupo e a instituição; • aprendeu como se instrumentalizar em intervenções grupais para atuar na prevenção do sofrimento psíquico. Na próxima aula, você vai estudar: • A visão de Lapassade sobre instituições que tem caráter predominantemente sociológico e político, na medida em que é entendida a partir de relações instituídas. • Os três níveis que a análise institucional considera como base da realidade social: o do grupo, o da organização e o da instituição. • A crítica de Lapassade sobre a teoria de Marx e sua relação com a proposta do autor de suspensão das instituições dominantes, provocando as relações de poder rígidas e hierarquizadas. • A análise institucional com a organizacional, verificando que o sentido das organizações e dos grupos é sempre externo a eles, porque está na história, no modo de produção e na formação social em que esta organização é constituída. Teste de Conhecimento - Aula 1 1. A intervenção do psicólogo nas instituições, segundo Guirado (2009), se caracteriza nas relações sociais e não no local material, pois se dá na interação dos membros do grupo. De acordo com Bleger, como se caracteriza a intervenção do psicólogo nas instituições? a) ( ) A atuação deve considerar o ambiente, os recursos, o conteúdo do trabalho e os profissionais envolvidos. b) ( x ) A intervenção psicológica tem um significado social e o objetivo de promover a Pico-Higiene dos integrantes da instituição. c) ( ) No âmbito institucional, a intervenção deve estar atrelada à ordem social e aos grupos sociais. d) ( ) Pelo desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à organização e à sociedade. e) ( ) Pela neutralidade, organização e preocupação com o desempenho de cada membro da instituição. Explicação: O do psicólogo institucional de acordo com Bleger, configura-se num objetivo de psico- higiene, ou seja, a obtenção da melhor organização e condições as quais possam promover saúde e bem-estar dos integrantes da instituição. A Psicologia sai do âmbito individual para o social. 2. "O estudo dos fatores psicológicos que se acham em jogo na instituição, pelo mero fato de que nela participam seres humanos e pelo fato da mediação imprescindível do ser humano para que ditas instituições existam". Define, segundo Bleger, o conceito de: a) ( ) Psicologia Clínica b) ( x ) Psicologia Institucional. c) ( ) Psicologia Aplicada d) ( ) Psico-Higiene e) ( ) Psicoterapia Explicação: Psicologia Institucional é a ciência que estuda os fatores psicológicos que se acham em jogo na instituição, pelo mero fato de que nela participam seres humanos e pelo fato da mediação imprescindível do ser humano para que ditas instituições existam. 3. As relações intra e intergrupais que ocorrem nas instituições apresentam dinâmicas inconscientes que são abordadas por Bleger na perspectiva: a) ( x ) Psicoanalitica b) ( ) Positivista c) ( ) Behaviorista d) ( ) Cognitivista e) ( ) Tradicional Explicação: A perspectiva pela qual Bleger considera as relaçoes institucionais é a psicoanalitica. 4. 6. Em psicologia institucional, interessa a instituição em sua totalidade, o psicólogo institucional pode até se ocupar de parte dela, mas sempre em função da totalidade. Em relação ao regime de contratação e ao trabalho do psicólogo institucional, podemos afirmar de acordo com Bleger (1984): I. O trabalho do psicólogo institucional é definido após a realização do diagnóstico II. O psicólogo institucional é um consultor, para ter autonomia na realização do seu trabalho III. O psicólogo institucional deve ser contratado seguindo o regime de trabalho estabelecido pela CLT, ou seja, deve ser registrado como funcionário da empresa. IV. O psicólogo institucional deve realizar as atividades pré-estabelecidas pela empresa contratante. É correto o que se afirma em: a) ( ) I e IV apenas b) ( ) I e III apenas c) ( x ) I e II apenas d) ( ) II e III apenas e) ( ) II e IV apenas Explicação: Papel do psicólogo institucional. 5. Em psicologia, a ética precisa coincidir com a técnica. Analise as afirmativas abaixo quanto às técnicas de enquadramento do psicólogo nas instituições: I. Cabe ao psicólogo institucional se identificação com os fatos e pessoas, mas garantir a manutenção de certo distanciamento para evitar implicação pessoal. II. II. Cabe ao psicólogo institucional o estabelecimento de relações claras e profissionais. III. III. Cabe ao psicólogo institucional aceitar a função de direção da instituição por ser mais vantajosa financeiramente. IV. IV. Cabe ao psicólogo institucional fazer intervenções nos grupos, abrindo espaço para que os integrantes se manifestem. Estão Corretas as afirmativas: a) ( ) somente I, III e IV b) ( x ) somente I , II e IV c) ( ) somente I, II e III d) ( ) I, II, III e IV e) ( ) somente II, III e IV Explicação: É preciso ter clareza quanto ao seu papel de psicólogo institucional, ter consciência quanto a relevância de sua prática e criar um clima de confiança entre os integrantes do grupo, evitando agir em benefício próprio. 6. Para Bleger a função do psicólogo institucional não será decidir ou resolver os problemas da instituição. Em sua concepção, o objetivo do psicólogo é promover a saúde e o bem-estar dos integrantes da instituição. A isso ele deu o nome de: a) ( ) Psicologia Clínica Institucional b) ( ) Psicologia Industrial c) ( x ) Psico-higiene d) ( ) Psicologia Social e) ( ) Psicologia Institucional Explicação: Para Bleger, em sua concepção, o objetivo do psicólogo é a psico-higiene, ou seja, promover a saúde e o bem-estar dos integrantes da instituição,e sua função não será a de decidir ou resolver os problemas da instituição. A descoberta das soluções concretas e a execução das ações propostas será uma tarefa dos organismos próprios da instituição. 7. Para ___________________, psicologia institucional é uma forma de intervenção psicológica com significação social e sua prática não é uma mera aplicação da ciência da psicologia, mas uma forma de fazer a psicologia enquanto profissão. O autor também dava importância tanto à intervenção quanto à investigação e acreditava no método clínico para a execução do trabalho do psicólogo institucional. a) ( ) Lapassade b) ( ) Rogers c) ( x ) Bleger d) ( ) Allport e) ( ) Bandura Explicação: Para José Bleger, essa é a definição de Psicologia Institucional e, para ele, a intervenção do psicólogo nas instituições é sempre política - esta entendida como em termos de relações de poder que delimitam a vida dos grupos e das classes sociais. 8. Para José Bleger, alguns requisitos são indispensáveis para que os conceitos da Psicanálise possam ser utilizados na atuação do psicólogo institucional. Entre eles temos como elemento relevante a) ( x ) O enquadramento da atuação b) ( ) As regras institucionais c) ( ) As consultas institucionais d) ( ) O salário do psicólogo e) ( ) O horário do profissional Explicação: Para Bleger, o enquadramento reúne as condições específicas do trabalho do psicólogo institucional , da mesma maneira que é utilizado na clínica psicanalítica. Objetivo desta aula: Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Conhecer a visão de Lapassade, um dos autores clássicos nos estudos sobre instituições na perspectiva da sociologia. A Análise Institucional de Inspiração Sociológica – Lapassade Assim como Bleger, Georges Lapassade também fornece uma rica contribuição teórica à prática da Psicologia em instituições. Mas, diferentemente daquele autor, que denomina essa forma de compreender e intervir em grupos e organizações psicologia institucional, Lapassade usa o termo análise institucional. Georges Lapassade Em Lapassade, entende-se, de modo geral, a análise institucional como a maneira singular de entender o que são as relações instituídas e a forma de trabalhá-las ou agir sobre elas na condição de psicólogo. Suas bases concretas encontram-se nas experiências da pedagogia institucional que, criticando uma pedagogia autoritária, procurou constituir uma outra que dimensionasse o espaço, o tempo e a relação educador-educando. Também encontram-se nas práticas da psicoterapia institucional e na psicossociologia. Os pensamentos de Lapassade, iniciados na França da década de 1960 junto com René Lourau, foram considerados um movimento porque constituíram uma forma de análise política da realidade social e institucional. A análise institucional considera a realidade social acontecendo em três níveis: o do grupo, o da organização e o da instituição. O primeiro nível, do grupo, é a base da vida cotidiana; o segundo, o da realidade ou do sistema social, é o da organização, com seus regimentos e regulamentos – é nesse segundo nível que Lapassade situa a burocracia em sua mais concreta dimensão; e o terceiro nível é o do Estado, a instituição propriamente dita. Instituição, nessa abordagem, é o conjunto de do que está instituído e, como jurisdição e política, pauta toda e qualquer relação. Lapassade distingue o termo instituição de organização. No nível da organização fala-se do equipamento, das condições materiais, do espaço físico, do estabelecimento e do organograma. O termo instituição não designa as formas materiais do prédio ou a distribuição hierárquica mais imediata de uma empresa, escola ou hospital. Instituição é algo como o inconsciente do Freud, não localizável e imediatamente problemático. Ainda na conceituação de instituição, Lapassade distingue outros dois termos: instituído e instituinte. Instituído -> Instituinte -> Embora se identifique a instituição com o instituído, Lapassade ressalta que o instituinte é também um movimento da instituição. É ele que garante a possibilidade de mudança. Criticando o lugar que as instituições ocupam na teoria de Marx, que situa as instituições como parte das superestruturas, determinando-as como nada mais do que um reflexo do modo de produção, Lapassade procura destacar que as próprias relações de produção são instituídas; o modo de produção sendo uma instituição. A nível de superestrutura de uma instituição, o que se encontra é apenas o aspecto institucionalizado da instituição. A questão dos horários e das rotinas dos grupos e das organizações. Para Lapassade, quando se admitem os movimentos do instituído e do instituinte, o conceito de instituição se transforma e passa a ser um importante instrumento de análise das contradições sociais. Lapassade considera o Estado a instituição primeira, aquela que legitima toda e qualquer outra instituição; é a lei e a repressão. O que o Estado reprime permanentemente, afirma o autor, é o sentido da ação. É esse mecanismo coletivo de repressão, determinante do desconhecimento social, que é a ideologia. E quem faz essa repressão de sentido é o Estado, a instituição por excelência que, controlando a informação, a educação e a cultura, nos grupos e nas relações face a face, instaura a autocensura e impede a verdadeira comunicação. Com isso, o Estado reprime a Revolução. Tudo o que permite a expressão e o exercício da ação coletiva são as instituições da revolução. Atenção: A revolução supõe não apenas a destruição do que já existe, mas o esforço instituinte de novas pautas para o exercício social. Da relação entre a força instituinte e o instituído nasce a necessidade de luta e de ação dos grupos sociais. Na concepção de organização da vida social, criada pelo Estado, Lapassade atribui um lugar fundamental à burocracia, situando-a como uma questão política. A burocracia é, para ele, a organização da separação, e seu traço definidor é a forma de organização do poder, em que há uma alienação da condição de decisão sobre o fazer cotidiano, em favor de grupos que, embora em relação, não alinham seus interesses aos dos grupos ou indivíduos executores. Saiba Mais +: Na quase totalidade das vezes, sequer essa impressão de estar sendo lesado na sua capacidade de decisão chega à consciência do sujeito. A burocracia é, portanto, o ritual de iniciação no universo institucional. É com vistas à suspensão das instituições dominantes, provocando as relações de poder rígidas e hierarquizadas, que Lapassade propõe a análise institucional. Na década de 1960, Lapassade revê a análise institucional como prática e não teorização sobre a burocracia: os três níveis da realidade social, o conceito de instituição de Estado e de Ideologia. Em Chaves da sociologia (1971), ele define a análise institucional como um método de análise da realidade social, bem como um método de intervenção. Como método de análise, a análise institucional redefine o conceito de instituição afastando-se, até certo ponto, da teoria marxista clássica. Como intervenção, propõe-se ser a condição concreta para que se revele a determinação institucional, oculta pela repressão do sentido e pelo encobrimento ideológico. Para Lapassade, a análise institucional visa revelar nos grupos uma dimensão oculta, não analisada e determinante, da vida e do funcionamento de uma instituição. O que ela faz é chegar ao Estado – mas Estado de classes – que criva o cotidiano das instituições. Assim, a análise institucional, uma vez efetiva, atingirá, em cada grupo, a questão das relações sociais de classe. Para ele, há uma diferença entre análise institucional e organizacional. Embora no primeiro caso seja o grupo o lugar das intervenções, deve-se, no trabalho com ele, colocar em questão sua dimensão institucional e não buscar a reorganização ou a recuperação da burocracia. ParaLapassade, o sentido das organizações e dos grupos é sempre externo a eles; está na história, no modo de produção e na formação social em que esta organização é constituída. Por essa razão, propõe a análise institucional como um instrumento de análise das contradições sociais, enquanto revela a dimensão oculta do que se passa nos grupos. Antes de finalizar esta aula, vamos realizar uma atividade! Atividade Proposta 1 - A respeito da concepção de burocracia de Lapassade, assinale a alternativa correta: a) ( ) A burocracia é, para ele, a repressão permanentemente do Estado, é o sentido da ação. É um mecanismo coletivo e determinante do desconhecimento social. b) ( x ) A burocracia é, para ele, a organização da separação, e seu traço definidor é a forma de organização do poder, em que há uma alienação da condição de decisão sobre o fazer cotidiano, em favor de grupos que, embora em relação, não alinham seus interesses aos dos grupos ou indivíduos executores. c) ( ) A burocracia é, para ele, o movimento de criação, é a capacidade de inventar novas formas de relação. d) ( ) A burocracia é, para ele, a organização da separação, e seu traço definidor é a forma de organização do poder, em que há uma organização da condição de decisão sobre o fazer cotidiano dos grupos ou indivíduos executores. Nesta aula, você: Conheceu a visão de Bleger sobre a Psicologia Institucional como uma forma de intervenção psicológica com significação social; compreendeu os princípios de enquadramento, nos quais são ancorados as formulações teóricas sobre o vínulo e a relação, bem como sobre o indivíduo, o grupo e a instituição; aprendeu como se instrumentalizar em intervenções grupais para atuar na prevenção do sofrimentopsíquico. Na próxima aula, você vai estudar: O percurso histórico do conceito de instituições passa por Marx, Durkheim e insere-se nos domínios da psiquiatria, da pedagogia e da psicossociologia. as instituições externas à classe e internas no âmbito da escola são distintas, assim como a pedagogia institucional se opõe à pedagogia tradicional. a reflexão de Lapassade sobre o papel do fenômeno burocrático e conceitos de instituído e instituinte. a técnica da autogestão no trabalho do pedagogo em suas três etapas até a finalização dos acordos dentro do novo método. Teste de Conhecimento – Aula 2 1. Numa escola de ensino tradicional, que vinha apresentando problemas no processo de ensino/aprendizagem, depois de sofrer uma intervenção feita por um analista institucional, sua equipe escolar constata a necessidade de mudar seu modelo de ensino, afim de atender as demandas da comunidade escolar. Pode-se dizer que nessa dinâmica institucional a relação estabelecida está entre: a) ( ) grupo e organização. b) ( x ) instituído e instituinte. c) Estado e organização. d) instituição e organização. e) grupo e instituição. Explicação: Instituído se refere ao que foi estabelecido e Instituinte é o movimento de mudança. 2. São eixos norteadores da Análise Institucional: I- O rompimento das relações de poder rígidas e hierarquizadas; II- A explicitação da dimensão oculta das instituições nas ações cotidianas; III-O papel do analista como desencadeador do processo de análise que deverá ser continuado, no dia a dia, pelos próprios agentes organizacionais; IV- A Análise Institucional, como método de análise, visa a revelar nos grupos, esse nível oculto de sua vida e funcionamento ¿ a dimensão institucional ¿ representado pelo Estado, enquanto instituição por excelência (instituição primeira) e como método de intervenção assume um caráter político imediato ¿ o trabalho organizativo dos grupos, sua libertação pela palavra, sua passagem da heteronomia para a auto-análise, auto-gestão, autonomia. a) ( ) I e III estão certas. b) ( ) I, III e IV estão certas. c) ( x ) I, II, III e IV estão certas. d) ( ) I, II e III estão certas. e) ( ) I e IV estão certas. Explicação: O aluno deve Análise dar as proposições e identificar as corretas. 3. A análise institucional considera a realidade social acontecendo em três níveis: o do grupo, o da organização e o da instituição. A respeito dessa afirmativa marque alternativa correta que se refere ao nível da organização: a) ( ) Esse é o nível da vida cotidiana. b) ( ) Esse é o nível do que está instituído, como jurisdição e política. c) ( x ) Esse é o nível da realidade ou do sistema social, com seus regimentos e regulamentos. d) ( ) Esse é o nível da vida diária. e) ( ) Esse é o nível do instituinte. Explicação: Questão válida. 4. A Análise Institucional direcionou-se para a análise de grupos sociais (e não de indivíduos). Trata-se de uma análise sustentada pelo coletivo, que assume a tarefa de pesquisar, questionar e analisar a história, os objetivos, a estrutura e o funcionamento da organização e o analista faz com que os sujeitos da organização se transformem em protagonistas do saber. Esse tipo de intervenção tem como objetivo promover : a) ( ) a neutralidade das ações. b) ( ) uma gestão centralizada. c) ( ) o que está instituído. d) ( ) a análise da gestão. e) ( x ) a autogestão. Explicação: A autogestão promove nos membros do grupo um saber que não é exterior, mas um saber que é provocado, pois eles tomam consciência do que são e, sobretudo, de suas potencialidades. 5. Análise Institucional é o nome dado a um movimento que supõe um modo específico de compreender as relações sociais, um conceito de instituição e um modo de inserção do profissional psicólogo que é de natureza imediatamente política. Quem é o idealizador da Análise Institucional? a) ( ) Michel Foucault b) ( ) José Bleger c) ( ) José Augusto Guilhon Albuquerque. d) ( ) Moscovici e) ( x ) Georges Lapassade Explicação: Georges Lapassade é o idealizador da Análise Institucional - nome dado a um movimento que supõe um modo específico de compreender as relações sociais, um conceito de instituição e um modo de inserção do profissional psicólogo que é de natureza imediatamente política. 6. Tendo como referência o processo de institucionalização, marque a opção ERRADA. a) ( ) A instituição atravessa, de modo invisível, todo tipo de organização social e toda a relação de grupos sociais b) ( x ) Segundo a Psicologia Institucional, não há necessidade das pessoas combinarem algumas regras para viverem em grupo. c) ( ) Por meio da ideologia, o ponto de vista, as opiniões e as idéias de uma das classes sociais " dominante e dirigente" tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade. d) ( ) Diz-se que uma regra social foi institucionalizada quando se passam muitas gerações e a regra estabelecida perde sua referência de origem. e) ( ) O processo de institucionalização começa com o estabelecimento de regularidades comportamentais. Explicação: O processo de institucionalização envolve o cumprir regras. 7. Alunos trabalhadores ingressam na instituição escolar, porém, devido a pouca trajetória escolar de seus pais e familiares, tendo em vista a necessidade, igualmente, de se trabalhar para sobreviver, podemos afirmar que esses alunos trabalhadores: a) ( ) Eles se adaptam facilmente ao modelo de ensino proposto pela educação pública; b) ( ) Eles têm as mesmas chances de êxito que os filhos das elites; c) ( x ) Eles não conseguem ascender de forma satisfatória, deixando a escola antes de concluir etapas importantes; d) ( ) Eles estudam como qualquer outro aluno que não seja trabalhador. e) ( ) Eles nunca deixam a escola sem a conclusão das principais etapas mesmo quando precisam cumprir uma carga de trabalho; Explicação: Alunos trabalhadores podem fracassar na escola ou evadir pois precisam se dedicar muitas horas ao trabalho, e quandochegam a escola, estão cansados e voltados principalmente para suas necessidades básicas. 8. Para ele, o sentido das organizações e dos grupos é sempre externo a eles e está na história, no modo de produção e na formação social em que esta organização é constituída. Esse teórico é: a) ( ) Pichon Riviére b) ( ) José Bleger c) ( ) Jean Piaget d) ( ) Wilhelm Wundt e) ( x ) George Lapassade Explicação: Para Lapassade, a realidade social é determinada pela Burocracia que estabelece pelas suas práticas a supremacia do Estado. assim, ela é externa aos grpos e organizações, ela é determinada pelo Estado. Objetivos desta aula: Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Ampliar a visão de Lapassade, explicitando o papel dos grupos na prática psicossociológica de instituições. Instituições: Instituídos e Instituintes O francês Georges Lapassade, com ampla experiência pedagógica e psicossociológica, contribuiu muito para o estudo da psicologia e da pedagogia institucional. Uma de suas tarefas foi desconstruir e reconstruir o conceito de instituição, não se detendo apenas ao estudo da instituição escolar. De acordo com este autor, o estudo das instituições já esteve atrelado apenas aos sociólogos, para então o conceito de instituição começar a ser utilizado em setores mais próximos da pesquisa sociológica, como em linguagem jurídica e no vocabulário de antropologia. Mais tarde, a noção de instituição foi usada igualmente pelos psicossociólogos. A prática psicossociológica cuida de instituições, mas sempre através de grupos que falam: nesses grupos, a palavra da sociedade passa por palavra reprimida, tornada ideológica, censurada pelas instituições, como linguagem do desconhecimento; a dimensão política mostra-se e encobre-se nessa alienação da palavra inacabada. Karl Marx Podemos resumir a evolução desse conceito de instituição ao afirmar que o sentido dele se modificou profundamente há pouco mais de um século. No tempo de Marx, no século XIX, entendia-se por instituições, essencialmente, os sistemas jurídicos, o direito, a lei. Para o marxismo, as “instituições” e as “ideologias” são as superestruturas de uma sociedade dada, cujas “infraestruturas” são as forças produtivas e as relações de produção. Emile Durkheim Depois, em uma segunda fase, o conceito assume uma importância central em sociologia com a escola francesa. No começo do século XX, Durkheim e a sua escola definem a sociologia como uma ciência das instituições. Há cerca de um pouco mais de vinte anos, ingressamos, com o estruturalismo, em uma nova fase que conduz a uma profunda reorganização do conceito, em ligação com as práticas institucionais que se desenvolvem nos domínios da psiquiatria, da pedagogia e da psicossociologia. 1 Em relação às instituições escolares, Lapassade acredita que a pesquisa pedagógica deveria fazer distinção entre as instituições externas à classe e internas. 2 Na pedagogia tradicional, essas instituições, na classe, impõem-se como um sistema que não poderia ser discutido. 3 É o quadro necessário da formação, julgado indispensável. 4 Em oposição a essa concepção das “instituições”, o autor propõe chamar de “pedagogia institucional” uma pedagogia em que as instituições são meios cuja estrutura se pode alterar. 5 Na autogestão pedagógica, os alunos instituem ao nível das instituições internas. Saiba Mais +: Esses programas, instituições e regulamentos são objeto de decisão de cúpula da burocracia pedagógica. São difundidos pela via hierárquica até a base do sistema, até os professores e alunos. A burocracia, para o autor, que a condena, nada mais é do que chamada de “administração”. As instituições pedagógicas internas são a dimensão estrutural e regulada das trocas pedagógicas (com os seus limites - por exemplo, a hora de entrada e saída da classe é um elemento externo à classe, regulado pelo conjunto do grupo escolar) e o conjunto de técnicas institucionais que se pode utilizar nas classes: o trabalho em equipe, o conselho etc. As instituições pedagógicas externas são as estruturas pedagógicas externas à sala de aula, os inspetores, o diretor da escola, os programas, as instruções e os regulamentos. Para uma pedagogia institucional, Lapassade faz uma grande reflexão sobre o papel do fenômeno burocrático. Para ele, o que é preciso reprovar na burocracia e nos burocratas é, antes de tudo, o fato de que alienam fundamentalmente os seres humanos, retirando-lhes o poder de decisão, a iniciativa, a responsabilidade de seus atos, a comunicação. Atenção: Lapassade, portanto, critica uma pedagogia burocrática no sentido de que o modelo de domínio pedagógico anuncia e contém o modelo de domínio burocrático, e é a justificação profunda de que se os indivíduos não tivessem experimentado, durante toda a infância, o modo de domínio pedagógico, eles jamais aceitariam o modo de domínio burocrático, porque ele lhes pareceria a pior das alienações. De outra forma, privam os seres humanos de sua atividade propriamente humana. No entanto, o fenômeno burocrático não aparece como uma forma de parasitismo, mas, ao contrário, como o motor, o núcleo central, o cérebro da sociedade, como o que há de mais útil, que visa o “bem” de todos. Toda a crítica que se pode fazer a esse sistema consiste em que é ineficaz porque toda a psicologia contemporânea da aprendizagem e da formação mostra que o ser humano só aprende nos limites do interesse que tem em aprender. Um comportamento adquirido desaparece se não for reforçado e confirmado. A criança que aprende a lição para recitá-la ou para passar no exame esquecerá o conteúdo da lição, uma vez recitada, e esquecerá tudo o que aprendeu para o exame. 1 - Lapassade, então, esclarece o espírito da pedagogia institucional, que é um movimento que se desenvolve na França com a autogestão educativa como contestação à dominação pedagógica. 2 - Diz o autor que tentar enfrentar a burocracia dominante por meio de uma ação reivindicativa que vise criticar os atos dessa burocracia ou obrigá-la a aceitar uma certa participação dos administrados e uma certa colaboração com eles não significa colocá-la fundamentalmente em questão. 3 - Nada pode ser feito desde que não se destrua a relação hierárquica efetivamente em todo lugar onde possa ser destruída, desde que não o substitua por uma nova relação. Essa substituição, quando pode ser efetuada, tem o valor de um modelo e inspira imediatamente seguidores. Então, em contraposição ao modelo burocrático, o movimento da pedagogia institucional procura difundir no interior da Escola real um novo modo de funcionamento e de relações humanas não burocráticas. A criança torna-se o centro de decisão, ou melhor, o grupo assume a sua própria direção e caminha para a sua própria autogestão. O pedagogo, entronizado pela “Instituição externa” conserva naturalmente essa entronização, mas efetivamente deixa de representar o papel que corresponde à sua função. Ele nega a si como poder e como burocrata e se recusa a tomar decisões em lugar do grupo. Mas ele pode começar a entrar verdadeiramente em interação com os outros membros do grupo, o que não podia fazer antes, ele pode começar a dar uma formação. Nesse movimento, leva-se em conta as diferenças entre crianças e adultos, porque a insistência nas diferenças reais entre eles só pode ter valor de objeção desde que se acredite que a competência fundamenta e justifica uma relação de dominação. Este é um argumento clássico da burocracia, afirma Lapassade. Ele equivale a confundir a diversidade técnica das competências, das aptidões e das funções com a hierarquização social. Na verdade, diferenças objetivas e reais não podem entrar em relação, em colaboração, chegar a um trabalho em comum e mesmo a uma transmissão de saber, a não ser quando há reciprocidade das pessoas, e não uma hierarquização. Porque se aquele que constitui o elemento fracona relação de formação não se interessa por essa relação, desde que não se consiga ingressar no circuito de sua vontade e de sua expectativa, nada se passa, a não ser uma aplicação mecânica das decisões tomadas pelo mais forte. Atenção: No entanto, a pedagogia dita “moderna” inclinava-se a negligenciar os problemas que resultam da decisão de “desalienar” os alunos e os futuros adultos, por isso chegou a um certo fracasso e provocou respostas conservadoras na Europa e na América porque os problemas têm a ver com colocarem a questão das relações humanas na Escola e não o problema de vagos arranjos ou de uma mudança nas técnicas pedagógicas. O movimento da pedagogia institucional começou a tomar força no começo do século XX, com o plano Dalton e o método Vinnetka. Os que apareceram entre as duas guerras andaram de marcha à ré com relação aos anteriores, extremamente audaciosos. Lapassade, então, propõe a técnica da autogestão. O trabalho do pedagogo passaria por três etapas até a finalização dos acordos dentro do novo método. Em um primeiro momento, os alunos, surpreendidos com a novidade da experiência, permanecem imóveis, mudos, mais ou menos inertes, esperando que o pedagogo “assuma a direção das coisas”. Em um segundo momento, o profissional vê aparecer discussões sobre uma organização possível que possa contentar os desejos de todo mundo e a terceira etapa é a do trabalho propriamente dito, que pode assumir formas extremamente diversas: em equipes especializadas e funcionais, em equipes homogêneas, sem equipes etc. A intervenção do pedagogo se estrutura, portanto, em três níveis: o de monitor de training group que se entrega à atividade de “reflexo” ou de análise, o de técnico de organização e o de sábio ou de pesquisador que possui um saber e procura comunicá-lo. E em cada um desses níveis o pedagogo permite uma “formação” que era impossível no sistema antigo, por exemplo, uma formação em relações sociais, em interrogações, em colaboração... Os objetivos procurados pelo pedagogo inspirado pela pedagogia institucional são: • fazer um trabalho interessante “aqui e agora”, apaixonante, não aborrecido, com os alunos; • propiciar uma formação cem vezes superior à do sistema tradicional, uma vez que ela não é fortuita, mas é sistemática; • preparar os alunos para contestar o sistema social em que vivem, isto é, o sistema burocrático; • e criar “modelos” que serão válidos em outros planos, numa sociedade transformada. • criar, sem o querer, um campo de contestação, pois a experiência é conhecida pela administração, pelos outros pedagogos, pelo público; Atenção: O esforço da pedagogia institucional, conclui Lapassade, constitui, de qualquer maneira, a empresa mais sistemática e mais estruturada para colocar em questão, no interior da escola, o domínio burocrático. Antes de finalizar esta aula, vamos realizar uma atividade! Atividade Proposta 1 - A intervenção do pedagogo se estrutura, em três níveis. Quais são eles? a) ( ) Esses três níveis são: o formativo que é o foco da aprendizagem, o corporativo e o pesquisador que possuem um saber e procura comunicá-lo. b) ( ) Esses três níveis são: o educacional que é o foco da aprendizagem, o corporativo e o instrutivo. c) ( x ) Esses três níveis são: o de monitor de training group que se entrega à atividade de “reflexo” ou de análise, o de técnico de organização e o de sábio ou de pesquisador que possui um saber e procura comunicá-lo. d) ( ) Esses três níveis são: o de instrutor de training group que se entrega à atividade de “reflexo” ou de análise, o de professor e o de sábio ou de pesquisador que possui um saber e procura comunicá-lo. Teste de Conhecimento - Aula 3 1.Na proposta de Lapassade sobre a técnica da autogestão, o trabalho do pedagogo passaria por três etapas para o desenvolvimento da técnica. Analise as afirmativas a seguir sobre as três etapas: I - Num primeiro momento, os alunos, surpreendidos com a novidade da experiência, permanecem imóveis, mudos, mais ou menos inertes, esperando que o pedagogo assuma a direção das coisas. II - O segundo momento mostra ao profissional da pedagogia o surgimento de discussões sobre uma organização possível que possa contentar os desejos de todos. III - A terceira etapa é a do trabalho propriamente dito, que pode assumir formas extremamente diversas: em equipes especializadas e funcionais, em equipes homogêneas ou até sem equipes. a) ( ) Somente as afirmações II e III estão corretas b) ( x ) As afirmações I, II, e III estão corretas c) ( ) Somente as afirmações I e III estão corretas d) ( ) Somente a afirmação II está correta e) ( ) Somente a afirmação I, está correta Explicação: Supõe-se que as etapas apresentadas procedem, pois, primeiro o desconforto pelos alunos; depois o pedagogo se organiza para apresentar alguma intervenção posteriormente, o trabalho propriamente dito com os alunos. 2. Em Lapassade entende-se, de modo geral, a análise institucional como a maneira singular de entender o que são as relações instituídas e a forma de trabalhá-las ou agir sobre elas enquanto psicólogo. Suas bases concretas encontram-se nas experiências da ______________________ que, criticando uma _____________________, procurou constituir uma outra que dimensionasse o espaço, o tempo e a relação educador- educando. a) ( ) visão escolanovista - pedagogia institucional b) ( x ) pedagogia institucional - pedagogia autoritária c) ( ) teoria Psicoanalítica - abordagem escolanovista d) ( ) visão cognitivo comportamental - visão materialista histórica e) ( ) visão cognitivo comportamental - abordagem da gestalt Explicação: A questão está elaborada de acordo com o conteúdo de forma clara e objetiva. 3. Lapassade em relação à Instituições escolares diz que a pesquisa pedagógica deveria fazer distinção entre Instituições externa e interna à classe. São consideradas Instituições pedagógicas internas: a) ( ) Os programas, as instruções. b) ( ) Inspetor, Diretor, normas. c) ( x ) Conjunto de técnicas utilizados na classe: trabalho em equipe. d) ( ) O Diretor, as regras. e) ( ) Os inspetores, os programas. Explicação: Questão clara, sobre instituições escolares. 4. O movimento da pedagogia institucional leva para a Escola um novo modo de funcionamento e de relações humanas não burocráticas. Isso significa que: I- A criança torna-se o centro de decisão e o grupo assume a sua própria direção na autogestão. II- Essa escola prepara os alunos para contestar o sistema social em que vivem (sistema burocrático). III- Essa escola propiciar uma formação superior à do sistema tradicional. Quais das afirmativas estão corretas? a) ( x ) As afirmativas I, II e III. b) ( ) Somente a afirmativa II. c) ( ) Somente as afirmativas I e III. d) ( ) Somente a afirmativa I. e) ( ) Somente as afirmativas I e II. Explicação: Os objetivos da pedagogia institucional podem ser identificados no trabalho que transforme o lugar de "educação" para diminuir a alienação, favorecendo as trocas de todo tipo, através de mediações entre os indivíduos e os grupos: reuniões, esquemas de trabalho que organizam o ambiente onde se vive, a circulação de informações, e o gerenciamento coletivo. 5. As instituições pedagógicas internas são: a) ( ) formas de relacionamento dos professores e da instituição com as famílias dos alunos. b) ( ) as normas de funcionamento do estabelecimento de ensino, horário, calendário de atividades, reuniões, etc. c) ( x ) métodos e técnicas institucionais que se pode utilizar nas classes, o trabalho em equipes, jogos, brincadeiras, dramatização, leitura de palavras, o Conselho, etc. tudo que diz respeito à relação professor-aluno. d) ( ) atividades relacionadas com o setor administrativo da escola, como, documentação, registroe matrícula do aluno. e) ( ) os inspetores, o diretor da escola, os programas, as instruções,os regulamentos, etc. Explicação: Instituições pedagógicas internas refere-se à métodos e técnicas institucionais que se pode utilizar nas classes, no trabalho em equipes, jogos, brincadeiras, dramatização, leitura de palavras, no Conselho, etc. tudo que diz respeito à relação professor-aluno. 6. Na pedagogia institucional existe o objetivo de difundir um novo modo de funcionamento nas instituições escolares que se opoe às praticas da Pedagogia Burocrática. (Lapassade, 1977) Assinale PI (Pedagogia Institucional ) e PB (Pedagogia Burocrática) conforme identifique as afirmativas com essas praticas ( ) a criança/estudante é o centro das decisões ( ) o grupo assume a autogestão ( ) as decisões nunca são tomadas nas bases ( ) o professor tem pouco poder de decisão ( ) o conhecimento pedagógico pode ter poder de autogestão e transformação social a) ( x ) PI- PI- PB -PB - PI b) ( ) PI- PB - PI - PI- PB c) ( ) PI- PI- PI - PB -PB d) ( ) PI- PI - PB - PI- PB e) ( ) PB- PB- PI -PI - PB Explicação: Para Lapassade a burocracia marca a pedagogia que tira dos sujeitos a autonomia, o poder de decisão e compromete a criatividade e a construção do conhecimento significativo. Apresenta a Pedagogia Institucional que busca superar suas práticas. 7. Em relação à Pedagogia Institucional, qual afirmativa NÃO se refere a sua proposta: a) ( x ) Nessa pedagogia os alunos são impedidos de contestar o sistema social em que vivem, isto é, o sistema burocrático, pois é ele que impõe as regularidades comportamentais. b) ( ) O movimento da pedagogia institucional procura difundir no interior da Escola, um novo modo de funcionamento e de relações humanas não burocráticas. A criança torna-se o centro de decisão, ou melhor, o grupo assume a sua própria direção e caminha para a sua própria autogestão. c) ( ) O objetivo dessa pedagogia é transformar conflitos em situações de aprendizagem. d) ( ) Um aspecto importante dessa pedagogia é o ensino mútuo, já que o conhecimento dos próprios alunos são estruturados para uma participação ativa de cada um no processo de aprendizagem. e) ( ) Uma vertente revolucionária da educação, que defende uma crítica às instituições de ensino existentes, ultrapassando os muros da escola, diversificando o papel dos professores e atribuindo importância ao sistema educativo com o recurso às metodologias de análise política e de intervenção social. Explicação: Os objetivos da pedagogia institucional podem ser identificados no trabalho que transforme o lugar de "educação" para diminuir a alienação, favorecendo as trocas de todo tipo, através de mediações entre os indivíduos e os grupos: reuniões, esquemas de trabalho que organizam o ambiente onde se vive, a circulação de informações, e o gerenciamento de 8. Para esse estudioso da Psicologia Institucional, o psicólogo é um provocador de rachaduras e rupturas na burocracia das relações instituídas. Está do lado do instituinte, ainda que se questione sempre esse lugar e a própria análise, como facilitador da ¿liberação da palavra social dos grupos". Estamos falando de a) ( ) Emille Durkheim b) ( ) José Bleger c) ( x ) George Lapassade d) ( ) Guilhon Albuquerque e) ( ) Martin Baró Explicação: Lapassade é o estudioso que entende a ação da psicologia institucional como ato politico e postula que a burocracia deve ser pela intervenção superada pela autogestão dos grupos. Objetivos desta aula: Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Conhecer a visão de autores clássicos nos estudos sobre instituições na perspectiva da psicologia, sublinhando a visão das correntes microssociológicas. Segundo Lapassade, a descrição das atividades cotidianas em termos de realizações práticas permite mostrar como se efetua nas situações escolares um trabalho microssocial de instituição. Para ele, a instituição se constitui um dos objetos essenciais das correntes microssociológicas. Este autor analisa, também, o desvio escolar sob o ponto de vista institucional. Aponta ele que, na visão do paradigma institucionalista clássico, a primeira definição de desvio remete a três formas: Arraste as imagens para o paradigma correto. Forma definidas em relação à instituição estabelecida e ao comportamento dos transgressores em relação às normas de comportamento esperadas da igreja. Nesta análise começa-se por descrever uma ordem instituída e coercitiva à qual se opõem, às vezes, movimentos ditos instituintes que tentam derrubá-la para substituí-la por uma nova ordem. A análise das forças instituintes confirma, pelo inverso, a estabilidade habitual e repressora da ordem estabelecida Lapassade compara, a partir dessa discussão, duas visões de análise: a institucional e a interacionista. Para a análise institucional, os analisadores desviantes, quando definidos por um desvio em relação a uma norma, contribuem para revelar a ordem estabelecida descrita, frequentemente denunciada como coercitiva e arbitrária. A análise interacionista, por sua vez, também vê no desvio um revelador social das normas prescritas pelos empresários da moral e até o produto da ordem social estabelecida. Mas, ao mesmo tempo, ela descreve esse desvio como sendo resultado de uma construção interativa e localizada, consequentemente, o produto de um verdadeiro trabalho microssocial de instituição. No ponto de vista dos etnógrafos ingleses, os comportamentos antiescolares de alunos que recusam e até mesmo atacam a ordem escolar e os professores que são por eles responsáveis encontrariam suas causas nos dispositivos organizacionais, tais como: grupos de níveis, diversos encaminhamentos, seleção dos alunos e sua colocação em grupos institucionais desfavorecidos. Atenção: A instituição escolar torna-se, assim, a causa e o alvo em relação a uma norma instituída. Lapassade mostra ainda que estudos sobre acontecimentos perturbadores desenvolvidos por Woods em 1990 descreve como os alunos “desviados” tornam-se transgressores em virtude dos procedimentos dos professores de rotulagem e de categorização: o aluno que rouba uma vez pode tornar-se “o ladrão”. Ao atribuir-lhe essa nova identidade, ele vai se conformar com ela e atuar com base nela. Quando o professor categoriza seus alunos, fazendo a distinção entre os bons e os maus, ele constrói sua classe como fato social estabilizado. Tal estabilização parece necessária ao cumprimento das tarefas escolares: são os referenciais sobre os quais o mestre vai se apoiar para ensinar. • Pode-se também descrever essa mesma classe como uma situação na qual múltiplas interações contribuem para o estabelecimento de uma ordem mínima, para que se possa trabalhar, e fazem da classe uma microssociedade instituída que, ao mesmo tempo, institui-se continuamente. • Desta forma, a visão da etnografia interacionista define a instituição em dois sentidos. • O primeiro como um sistema de normas estabelecidas quando identificam aí a origem de certos desvios no meio escolar. • O segundo como um trabalho de instituição quando apresentam esse desvio escolar não mais como apensa um “efeito de estabelecimento” mas como o resultado das interações entre professores e alunos. Segundo Lapassade, há, então, uma convergência das microssociologias em torno de uma concepção construtivista de uma ordem social que se institui. Conforme as discussões sobre desvio, é possível comparar a complementaridade da abordagem interacionista com a da análise institucional. A abordagem interacionista enfatiza a construção social do desvio para além das relações com a norma instituída. Desta forma, o autor aponta a importância da observação participante e da pesquisa-ação como dispositivos para a análise institucional. Antes de finalizar esta aula, vamosrealizar uma atividade! Atividade Proposta 1 - A visão da etnografia interacionista define a instituição em dois sentidos. Quais são esses dois sentidos? a) ( ) O primeiro, como um sistema de práticas que define os desvios no meio escolar. O segundo, como um trabalho de instituição quando apresenta esse desvio escolar não mais como um “efeito de estabelecimento”, mas como o resultado das interações entre professores e alunos. b) ( ) O primeiro, como um sistema de distinção entre os bons e os maus, ele constrói sua classe como fato social estabilizado. E segundo, que julga o aluno a partir de seu mérito. c) ( x ) O primeiro, como um sistema de normas estabelecidas quando identifica a origem de certos desvios no meio escolar. O segundo, como um trabalho de instituição quando apresenta esse desvio escolar não mais como um “efeito de estabelecimento”, mas como o resultado das interações entre professores e alunos. d) ( ) O primeiro, como um sistema de distinção entre os bons e os maus, ele constrói sua classe como fato social estabilizado. E segundo, com um sistema de normas prescritas pelos empresários da moral e até o produto da ordem social estabelecida. Teste de Conhecimento – Aula 4 1. A Análise Institucional concebe o desvio escolar a partir de duas visões de análise: a institucional e a interacionista. Das afirmativas a seguir, qual ou quais estão corretas? I-O desvio serve para revelar que a ordem estabelecida é coercitiva e arbitrária, o desvio seria a consequência da desorganização social e do caráter patológico da sociedade. II-O desvio deve ser visto como um sintoma social, como um sinal de que algo está errado naquele contexto social. III-O desvio e a rotulação de indivíduos ou grupos sociais dependem da maneira que o fenômeno é vivido em cada sociedade, num dado momento histórico e social. a) ( ) Somente as afirmativas II e III. b) ( ) Somente a afirmativa I e II. c) ( ) Somente as afirmativas I e III. d) ( ) Somente a afirmativa I. e) ( x ) As afirmativas I, II e III. Explicação: O desvio deve ser compreendido numa perspectiva Social. 2. A Análise Institucional concebe o desvio escolar a partir de duas visões de análise: a institucional e a interacionista. Das afirmativas a seguir, qual ou quais estão corretas? I-O desvio serve para revelar que a ordem estabelecida é coercitiva e arbitrária, o desvio seria a consequência da desorganização social e do caráter patológico da sociedade. II-O desvio deve ser visto como um sintoma social, como um sinal de que algo está errado naquele contexto social. III-O desvio e a rotulação de indivíduos ou grupos sociais dependem da maneira que o fenômeno é vivido em cada sociedade, num dado momento histórico e social. a) ( ) Somente as afirmativas II e III. b) ( ) Somente a afirmativa I. c) ( ) Somente as afirmativas I e III. d) ( x ) As afirmativas I, II e III. e) ( ) Somente a afirmativa I e II. Explicação: O desvio aqui, deve ser compreendido numa perspectiva Social. 3. A Análise Institucional concebe o desvio escolar a partir de duas visões de análise: a institucional e a interacionista. Das afirmativas a seguir, qual ou quais estão corretas? I-O desvio serve para revelar que a ordem estabelecida é coercitiva e arbitrária, o desvio seria a consequência da desorganização social e do caráter patológico da sociedade. II-O desvio deve ser visto como um sintoma social, como um sinal de que algo está errado naquele contexto social. III-O desvio e a rotulação de indivíduos ou grupos sociais dependem da maneira que o fenômeno é vivido em cada sociedade, num dado momento histórico e social. a) ( ) Somente as afirmativas II e III. b) ( ) Somente a afirmativa I. c) ( ) Somente as afirmativas I e III. d) ( x ) As afirmativas I, II e III. e) ( ) Somente a afirmativa II. Explicação: As afirmativas já definem a própria questão. 4. A análise interacionista vê no desvio um revelador social das normas prescritas pelos "empresários da moral". Analise as sentenças e assinale a alternativa correta: I-De acordo com a Análise Interacionista, o desvio de comportamento e a rotulação de indivíduos pelos empresários da moral depende da maneira que o fenômeno é vivido em cada sociedade, num dado momento histórico e social. Na realidade, é um conjunto de operações materiais e simbólicas que dá sentido às práticas e governa as ações dos atores, no plano individual e social; II-A Análise Interacionista compreende o desvio comportamental como um ato transgressor, individual, porém não apresenta a tentativa de tipificar indivíduos por conta de tais atos. III- Para a Análise Interacionista, o caráter desviante ou não de um ato depende da maneira que os outros reagem. Segundo as teorias da rotulação, o desvio é o resultado das iniciativas do outro, visto que ele encadeia um processo de intervenções colocado em prática para selecionar, identificar e tipificar os indivíduos. a) ( x ) As afirmativas I e III estão corretas. b) ( ) As afirmativas I e II estão corretas; c) ( ) Somente a III está correta; d) ( ) Somente a I está correta; e) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas; Explicação: Os empresários da moral são aqueles que julgam, que rotulam os indivíduos e isso desencadeia um processo de intervenções colocado em prática para selecionar, identificar e tipificar os indivíduos. 5. Considerando a Psicologia nas instituições, assinale a alternativa INCORRETA. a) ( ) Trabalhar com Psicologia Institucional, também conhecida como Análise Institucional, significa tomar, ao mesmo tempo, a instituição e suas relações, a partir de uma perspectiva psicanalítica. b) ( ) A Organização corresponde ao nível da realidade social em que as ações são regidas por estatutos e ocorrem em espaços físicos determinados, enquanto a Instituição se refere ao nível da lei que rege uma formação social, estando acima dos estatutos das organizações. c) ( ) Psicologia Institucional é um termo cunhado por J. Bleger, psiquiatra argentino que aliava psicanálise e marxismo. Nessa abordagem, o alvo da intervenção é a instituição como um todo. d) ( x ) O idealizador da Análise Institucional, Georges Lapassade, definiu o Instituinte como o momento do processo de institucionalização em que as ações estão em constituição, e o Instituído como a cristalização desse processo. e) ( ) Na Análise Institucional, o psicólogo exerce um papel de favorecedor da revelação dos níveis institucionais, desconhecidos e determinantes do que se passa nos grupos nas organizações. Explicação: O idealizador da Análise Institucional, Georges Lapassade, definiu o Instituído como o momento do processo de institucionalização em que as ações estão em constituição, como a cristalização desse processo. O instituinte é o movimento que gera a mudança do instituído. 6. A Análise Institucional concebe o desvio escolar a partir de duas visões de análise: a institucional e a interacionista. Das afirmativas a seguir, qual ou quais estão corretas? I-O desvio serve para revelar que a ordem estabelecida é coercitiva e arbitrária, o desvio seria a consequência da desorganização social e do caráter patológico da sociedade. II-O desvio deve ser visto como um sintoma social, como um sinal de que algo está errado naquele contexto social. III-O desvio e a rotulação de indivíduos ou grupos sociais dependem da maneira que o fenômeno é vivido em cada sociedade, num dado momento histórico e social. a) ( ) Somente as afirmativas II e III. b) ( ) Somente a afirmativa I e II. c) ( x ) As afirmativas I, II e III. d) ( ) Somente a afirmativa I. e) ( ) Somente as afirmativas I e III. Explicação: O termo desvio supõe uma relação social, que sai do foco no indivíduo para o foco nas relações, que produzem regras e exigem seu cumprimento.As regras, desvios e rótulos são sempre construídosem processos políticos, nos quais alguns grupos conseguem impor seus pontos de vista como mais legítimos que outros. O desvio não é inerente aos atos ou aos indivíduos que os praticam; ele é definido ao longo de processos de julgamento que envolvem disputas em torno de objetivos de grupos específicos 7. O desvio é resultado das relações de poder, visto que ele encandeia um processo de intervenções colocadas em prática para selecionar, identificar e tipificar os indivíduos. Das afirmativas a seguir, escolhas as que são verdadeiras. I-De acordo com a Análise Interacionista o desvio de comportamento e a rotulação de indivíduos depende da maneira que o fenômeno é vivido em cada sociedade, num dado momento histórico e social. Na realidade, é um conjunto de operações materiais e simbólicas que dá sentido às práticas e governa as ações dos atores, no plano individual e social; II-A Análise Institucional compreende o desvio comportamental como um ato transgressor, com a finalidade de modificar as normas instituídas. III-Para a Análise Institucional o comportamento desviante funciona como um sintoma social. a) ( ) As afirmativas I, II e III estão erradas. b) ( ) Somente a III está correta; c) ( x ) As afirmativas I, II e III estão corretas; d) ( ) Somente a II está correta; e) ( ) Somente a I está correta; Explicação: O desvio é resultado das relações de poder e serve como sintoma para identificar uma sociedade desestabilizada. 8. O desvio escolar sob o ponto de vista institucional deve ser compreendido como: I-sintoma social, como um sinal de que algo está errado no contexto social. II-atribuído somente ao indivíduo que apresenta um comportamento que foge aos padrões sociais, pois apresenta um problema de ajuste. III-uma definição social, com a forma que certos rótulos são colados em algumas pessoas, com as conseqüências que tal fato pode engendrar neles e nos que os rotularam assim. Das considerações sobre o desvio, pode-se considerar que: a) ( ) Todas estão corretas. b) ( ) Apenas a afirmativa I está correta. c) ( ) Apenas a afirmativa I e II estão corretas. d) ( ) Apenas a afirmativa III está correta. e) ( x ) Apenas a I e III estão corretas. Explicação: O desvio deve ser concebido como um sintoma Social. Objetivos desta aula: Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Compreender as principais discussões contemporâneas relacionadas à área temática das instituições nela inserida, o estudo sobre escola e cidadania. De forma geral, a sociedade costuma reproduzir alguns mitos sobre o significado da instituição escolar. Igualdade social, oportunidades para todos, neutralidade e cientificidade, estão entre estes mitos que colocam a Escola à parte da luta de classes. Coimbra, educadora e psicóloga, mostra que o objetivo, nesta situação, é político- ideológico. Um dos motivadores desta situação, segundo ela, refere-se à vários tópicos, tais como, ênfase na relação professor/aluno, melhoria dos currículos, modernização das técnicas e métodos de ensino que, desvinculados do contexto histórico, social, político e econômico reforça o ponto de vista predominante, como se a formação social não fosse necessária. Para uma visão integral da Escola, enquanto instituição, para a autora cabem algumas perguntas: “Estamos sendo formados para servir a quem”? Para propiciar e desenvolver o quê? Para reforçar o poder de quem? Somos levados a refletir criticamente sobre o mundo que nos cerca? Sobre como nos inserimos neste mundo e como poderíamos dele participar de forma mais ativa e transformadora? Para responder às questões levantadas, a autora apresenta um histórico da Instituição Escolar. Aponta que nas formações sociais mais antigas todos os adultos ensinavam: Ensinavam -> Atenção: No século XVII, surge a Escola como instituição, de modo semelhante ao contemporâneo. Este surgimento é concomitante à Revolução Industrial, (por volta de 1750). A necessidade principal foi a formação de um número maior de pessoas que soubessem ler, escrever e contar, habilidades necessárias para a mão de obra das indústrias. O marco para o início da instituição Escola foi a Idade Média, especialmente na Europa, onde religiosos se responsabilizavam pelo ensino reservado às elites, fossem crianças ou adultos. Nesta época, a ênfase não era referida à disciplina. Inspirada em vários autores clássicos tais como Althusser, Bourdieu, Passeron, Baudelot, Establet, Poulantzas, Coimbra, com a burguesia no poder percebeu-se, também, a necessidade no âmbito atitudinal. A massa trabalhadora existente nos grandes centros urbanos teria que ser socializada e educada de acordo com os parâmetros burgueses. Supunha-se, nesta época, que isto seria formar "bons" cidadãos e trabalhadores disciplinados. A ideia predominante aqui é o surgimento da Escola com a função de inculcar os valores, hábitos e normas da ideologia burguesa e, com isso, mostrar a cada “educando” o lugar que deve ocupar na sociedade, segundo sua origem de classe. Saiba Mais +: Essa ideia fundamenta a visão “Escola como Aparelho Ideológico de Estado”. Na sequência, é possível concordar com a autora quando reforça que a família e os meios de comunicação, também, são elementos reforçadores da visão mencionada. Sobre a influência das instituições na subjetividade humana, Martin-Baró (1998), reconhecido por seu comprometimento com as maiorias populares, à quebra do fatalismo e a desideologização para a liberdade das massas, destaca três grandes categorias que se encontram extremamente relacionadas entre si: 1) as condições materiais da existência, 2) a estrutura social e 3) a trama ideológica. Estas três categorias se entrelaçam num determinado regime político que, para Martín- Baró, compreende uma ideologia, constituída num sistema, que organiza e regula as formas de vida, de um conglomerado social em um determinado tempo e circunstância. Neste sentido, o regime político se forma a partir de três componentes essenciais: 1) a ideologia, 2) a organização/ regulação e 3) a historicidade. O argumento principal que amplia a visão de Coimbra refere-se a outro estudo de Martín- Baró (1983) em que ele aponta que as pessoas incorporam psiquicamente a ideologia social, em forma de atitudes, como um conjunto psicológico de crenças sobre o mundo, nas quais três instituições funcionam como catalisadores: 1) a família, 2) a escola e 3) a moral. Estes elementos contribuem para formar o que o autor denomina de "mentalidade fatalista". A família, desde o tradicional corte patriarcal, expressa, através de suas atitudes, padrões dinâmicos e dicotômicos que transcendem sua realidade enquanto indivíduos. Neste espectro, a figura do pai é habitualmente machista, autoritária e psicologicamente ausente do lar e dos trabalhos domésticos, enquanto a mãe mantém uma postura feminina, dadivosa e presente no lar e tarefas domésticas. Estes padrões vão configurando o estado atual da família e dificultam a maturidade emocional dos filhos, produzindo uma insegurança psíquica, que culmina num padrão de dependência física e emocional. A segunda instituição abordada por este autor é a escola, com sua estrutura bancária, vertical e seletiva, na qual se destacam dois traços importantes: a competitividade (individualismo) e a verticalidade autoritária. Atenção: Estes traços geram uma visão de mundo fatalista, determinista e a-histórica. A moral, segundo este pensador, é composta pelas normas que determinam as atitudes (pensamento, sentimento e julgamento). Se, de um lado, estas três instituições têm importância na determinação da mentalidade fatalista, por outra, aponta Martín-Baró, que a ruptura desta mentalidade fatalista se dá através da consciência histórica, desideologização e manutenção de uma atitude altruísta. Para Coimbra, este histórico leva à identificação de alguns mitos questionáveis.1 - a Escola surge para fortalecer e garantir o poder de uma classe social que é dominante numa determinada formação social; 2 - a Escola não é neutra, na medida em que tem por finalidade universalizar os valores, hábitos e costumes de uma determinada classe social. Essa visão hierárquica vertical define disciplina como o conjunto de punições e castigos. 3 - a Escola não assume responsabilidade pelos fracassos escolares. O grande número de repetências e evasões passa a ser explicado como responsabilidade dos alunos e suas famílias. Essas práticas, que excluem os alunos segundo sua classe social, estão concretizadas nos currículos, nos conteúdos, nos métodos de avaliação, nos testes psicológicos. Se educadores acreditam nesses mitos, eles próprios acatam a neutralidade como natural e, segundo Coimbra, fica reforçada a ideia de que educadores se configuram como instrumentos importantes na transmissão da ideologia dominante. E assim, a Escola cotidianamente coloca em funcionamento a ideologia dominante, utilizando o aval técnico e científico da Educação. Para a autora, entretanto, há “luz no fim do túnel” porque “apesar de a Escola ser uma instituição fortemente articulada com o Estado” (COIMBRA, 1986, p. 16), há espaços possíveis para a atuação contra ideológica com base na pedagogia da emancipação. E, nessa atuação, é possível fazer mais do que denunciar as funções da instituição escolar. Saiba Mais +: As concepções influenciadas pelas ideias de Gramsci apontam para uma concepção caracterizada pela pluralidade ideológica, em que o conjunto de instituições civis (Igreja, partidos políticos, meios de comunicação, sindicatos, entidades etc) e a Escola influenciam de forma efetiva a construção da Sociedade Civil. Sendo assim, na concepção da autora, se a Escola é uma instituição fundamental para a formação da cidadania, é preciso que esta tenha um papel fundamental no desenvolvimento do processo social mais amplo com ideias transformadoras. E isso é possível através da ação organizada de setores sociais que atuem dentro dessas instituições. Um dos objetivos da Escola é a formação do comportamento crítico e, para isso, é essencial o desenvolvimento das competências lógica, linguística e moral. Neste sentido, o planejamento (currículos e programas escolares) da Escola deve estar de acordo com as características e necessidades da população atendida. Outro ponto a ressaltar nesta discussão sobre o papel da Escola na formação da cidadania é a necessidade de se assegurar a permanência das crianças durante os anos básicos escolares. Para isso, há, atualmente, indicadores para avaliar a educação básica no Brasil, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb, criado em 2007. Ele sintetiza dois conceitos para a qualidade da educação: aprovação e média de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática. O indicador, que avalia em uma escala de zero a dez, é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações propostas pelo MEC. Com base nestes dados concretos, é possível verificar que o enfrentamento dos fatores extraescolares depende da superação dos principais problemas socioeconômicos que afetam a população. Resultados do Ideb A série histórica de resultados do Ideb se inicia em 2005, a partir de onde foram estabelecidas metas bienais de qualidade a serem atingidas não apenas pelo País, mas também por escolas, municípios e unidades da Federação. A lógica é a de que cada instância evolua de forma a contribuir, em conjunto, para que o Brasil atinja o patamar educacional da média dos países da OCDE. Em termos numéricos, isso significa progredir da média nacional 3,8, registrada em 2005 na primeira fase do ensino fundamental, para um Ideb igual a 6,0 em 2022. Em 2005, quando o Ideb foi calculado pela primeira vez, 57,55% das crianças nos anos iniciais estavam matriculadas em escolas municipais de redes de ensino com avaliação abaixo de 3,8 — média nacional de então. Com a evolução consistente do indicador nos últimos anos, o percentual caiu para 17,09% em 2011. Em 2005, mais de 7,1 milhões de crianças estudavam nas escolas com o Ideb mais baixo (até 3,8). Esse número caiu para 1,9 milhão em 2011. Com relação aos índices de avaliação mais elevados, ainda nos anos iniciais, consideradas as matrículas de redes municipais com Ideb acima da meta de 5,0, o registro era de 2,87% das crianças (cerca de 350 mil matrículas). Em 2011, o percentual saltou para 38,04%, com 4,2 milhões de estudantes acima da meta estabelecida. Nos anos finais (sexto ao nono) do ensino fundamental, o Ideb nacional atingiu 4,1 em 2011 e ultrapassou a meta proposta, de 3,9. Considerada tão-somente a rede pública, o índice nacional chegou a 3,9 e também superou a meta, de 3,7. Assim como nos anos iniciais, a evolução constante do Ideb nos anos finais do ensino fundamental garante o aumento da proporção de matrículas nas faixas de índice mais elevado. Em 2005, 56,2% dos estudantes da rede pública (7,5 milhões) concentravam-se em faixas de Ideb inferiores a 3,4. Em 2011, o percentual caiu para 26,59% (3,2 milhões de matrículas). Redes com Ideb acima de 4,5 atendiam a pouco mais de 300 mil estudantes (2,44%). Agora, abrangem mais de 2 milhões (17,17% do total de matriculados). De todos os municípios submetidos à avaliação do Ideb para os anos finais do ensino fundamental (cerca de 4,3 mil), 62,5% atingiram as metas, que foram superadas também em todas as regiões do país. Em termos nacionais, incluídos ensino público e particular, foi igualada em 2011 a meta para o ensino médio, de 3,7. O indicador é obtido pelas notas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e pela taxa média de aprovação percentual. Setores organizados têm possibilitado a organização dos setores sociais para permitir o atendimento dos interesses da maioria da população, principalmente as parcelas historicamente marginalizadas. Assim, a questão inicial em discussão nesta aula é respondida com a conclusão de que a escolarização tem um papel decisivo no processo de formação da cidadania. E para dar continuidade à evolução, é preciso aprofundar os estudos em relação ao fracasso escolar incluindo, sobretudo, a explicação dentro da própria Escola, às condições de oferta do ensino básico, ao contexto social concreto e não somente responsabilizar as dificuldades do aluno e da família. Para saber mais sobre este assunto, leia o texto: A escola e a formação da cidadania ou para além de uma concepção reprodutivista. A escola e a formação da cidadania ou para além de uma concepção reprodutivista Sérgio Antônio da Silva Leite Doutor em Psicologia. Professor do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação-UNICAMP O interessante artigo da psicóloga Cecília Maria B. Coimbra, "As funções da instituição escolar: análises e reflexões", publicado nesta edição, sugere uma série de questões bastante polêmicas, a respeito das diferentes concepções sobre o papel da Escola no desenvolvimento da sociedade brasileira. No sentido de colaborar para o debate, apresento algumas reflexões que julgo oportunas. Para se discutir a questão proposta, gostaria de iniciar colocando a pergunta central: a Escola é uma instituição fundamental para a formação da cidadania? Obviamente, estamos entendendo cidadania no seu sentido mais amplo possível, ou seja, o exercício pleno dos direitos e deveres de cidadão numa sociedade democrática, incluindo a participação efetiva em todo o processo social como sujeito histórico, de forma crítica e consciente. Além disso, a questão colocada pretende enfocar principalmente a Escola pública atual, com os problemas que todos já conhecem. Esta questão nos leva a discutir sobre o papel da Escola. Isto porque entendo que a atuação dos profissionais da Educação depende muito
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