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UNIVERSIDADE PAULISTA Campus Paraíso LEONARDO ZANDA BRUCOLI LÍGIA DE SOUZA MOURA LUANA LACERNA ANDRADE LUCAS DA SILVA CAVALHEIRO MARCELLA PALERMO MOREIRA ANÁLISE DE PERCEPÇÃO DE FIGURA AMBÍGUA São Paulo 2020 2 LEONARDO ZANDA BRUCOLI R.A.: F2848E4 LÍGIA DE SOUZA MOURA R.A.: N621877 LUANA LACERNA ANDRADE R.A.: F324FC5 LUCAS DA SILVA CAVALHEIRO R.A.: N5558B2 MARCELLA PALERMO MOREIRA R.A.: F300242 ANÁLISE DE PERCEPÇÃO DE FIGURA AMBÍGUA Trabalho de Avaliação de Práticas Supervisionadas (APS), referente à disciplina de Processos Psicológicos Básicos Professora: Suzan Iaki São Paulo 2020 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 5 2. PERCEPÇÃO E SENSAÇÃO .................................................................. 6 3. METODOLOGIA E HIPÓTESE................................................................ 7 4. CONCLUSÃO ........................................................................................ 14 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 15 4 TABELA DE FIGURAS E GRÁFICOS Figura 1: Imagem ambígua utilizada durante as entrevistas ............................. 7 Gráfico 1: Porcentagem de entrevistados e respectivas visualizações para os quais foi lido o “Poema do Beijo” ............................................................................... 12 Gráfico 2: Porcentagem de entrevistados e respectivas visualizações para os quais foi lido o “Poema da Princesa” ......................................................................... 13 5 1. INTRODUÇÃO Este trabalho traz como tema o estudo a acerca da percepção de imagens ambíguas, caracterizadas por conterem, geralmente, duas figuras, uma oculta na outra. Nossa percepção visual não nos permite ver as duas figuras ao mesmo tempo, sendo que nosso sistema visual interpreta ambos os modos sem nunca vermos a mistura das imagens. Segundo GAZZANIGA (2018), a Psicologia da Forma (Gestalt) tenta explicar como percebemos figuras definidas que ficam em fundos indefinidos. De acordo com psicólogos dessa linha, a percepção seria mais que apenas dados sensoriais separados agrupados, sendo então uma percepção de um “todo” organizado. Cada indivíduo tem a percepção de acordo com suas experiências e realidade pessoais, isso ocorre por sermos submetidos a diversas situações, o mesmo indivíduo pode ter múltiplas percepções do mesmo acontecimento, de acordo com seu estado físico e psicológico. As relações entre o indivíduo e sua perspectiva de mundo são dirigidas pelo mecanismo perceptivo e todo o conhecimento é necessariamente adquirido a partir da percepção. Dois indivíduos da mesma faixa etária que sejam sujeitos ao mesmo estímulo nas mesmas condições o captam, o selecionam, o organizam e o interpretam com base num processo perceptivo individual segundo as suas necessidades, valores e expectativas. O processo perceptivo começa pela captação através dos órgãos dos sentidos de um estímulo que em seguida é enviado ao cérebro. A percepção pode ser definida como a recepção por parte do cérebro, da chegada de um estímulo ou como o processo através do qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta estímulos. Este processo pode ser separado em duas fases: a sensação um mecanismo fisiológico no qual os órgãos sensoriais registram e transmitem os estímulos externos; e a interpretação que permite organizar e dar um significado aos estímulos recebidos. A sensação corresponde a uma resposta direta e imediata dos órgãos sensoriais a um estímulo básico como a luz, a cor, o som, ou o tato. A sensibilidade ao estímulo varia de acordo com a qualidade sensorial dos órgãos receptores e a quantidade e intensidade dos estímulos aos quais estamos expostos. 6 2. PERCEPÇÃO E SENSAÇÃO Segundo GAZZANIGA (2018), se dá o nome de sensação a detecção de estímulos físicos – sejam ondas sonoras ou de luz - e sequente transmissão dessas informações ao cérebro. Já a percepção, consiste na atividade de processamento, organização e interpretação desses estímulos. Portanto, em uma primeira etapa a informação é identificada e captada por nossas células receptoras e, em um segundo momento, essa mesma informação é organizada e interpretada por nosso sistema nervoso. O sistema nervoso do ser humano possui estrutura complexa e rege, dentre outros aspectos fisiológicos, as atividades neurológicas de um organismo. Ao realizar o processo de interpretação de um estímulo, faz com que essa execução ocorra subjetivamente em cada indivíduo e, portanto, seja influenciada pelas estruturas neurais e mente de cada indivíduo. O mundo exterior e todos os estímulos por ele gerados geram representações em nosso cérebro, onde todo esse conglomerado de informações poderá ser armazenado, gerando nossa percepção subjetiva da nossa realidade. Nesse contexto, tanto a sensação como a percepção estão associadas e integradas com a experiência. (GAZZANIGA, 2018). Segundo MYERS (2000), quando a análise sensorial e processamento de informações ocorre a partir do ambiente externo e, posteriormente, é associada pela nossa mente, dá-se a esse processo o nome de bottom-up (de baixo para cima). Entretanto, quando esse processo e essa percepção se iniciam a partir de associações da nossa mente, guiada pela detecção feita por nossos sentidos, a esse processamento é dado o nome de top-down (de cima para baixo). A visão é considerada o sentido mais relevante na formação de nossa percepção, uma vez que através dos nossos olhos e do processo de transdução visual podemos captar maiores informação acerca do mundo exterior. Transdução visual é o nome dado à tradução de propriedades físicas dos estímulos externos – que, no caso da visão, é a luz, uma onda eletromagnética com diferentes comprimentos -, que são convertidos em impulsos neurais, podendo então chegar ao cérebro e ser interpretados na região do Lobo Occipital. Ao abrir os olhos e identificar uma imagem, a luz é captada pelas células receptoras: bastonetes e cones. Em sequência, há o processamento retiniano, que é 7 seguido da detecção de características como contornos, linhas e ângulos. Combinado com esse processo, em paralelo, são identificados cores, formas, movimento e profundidade. Por fim, com base em todas as informações coletadas, o cérebro é capaz de interpretar a imagem construída tomando por base, conjuntamente, as imagens que estão armazenadas em nossa mente. Quando se trata de imagens ambíguas, essa interpretação subjetiva pode levar a caminhos e interpretações diferentes para cada indivíduo que, considerando sua bagagem de experiências, vivencias pessoais, e, portanto, percepções pessoais e associações mentais, irá interpretar uma das possibilidades possíveis da imagem em um primeiro momento, podendo ou não ser capaz de vez a(s) outra(s) possibilidade(s) em um momento posterior. 3. METODOLOGIA E HIPÓTESE Para contextualização de hipótese, é importante entender o método adotado por cada integrante durante a entrevista. Primeiramente, definiu-se uma imagem ambígua, a qual trazia duas percepções distintas: uma mulher perfilada ou o encontro de duas bocas. Figura 1: Imagem ambígua utilizada durante as entrevistas Fonte: (CASTILLO, 2020, p. 1) 8 A partir disso, o grupo fez a pesquisa de duas maneiras, estabelecendo um importante padrão para os testes realizados. Este consistia na leitura de duas histórias distintas, ambas retratadas por poemas. O primeiro poema falava sobre tipos de beijos e foi destinado a metade dos candidatos;o outro era a respeito de uma princesa e foi destinado a outra metade. Isso sem considerar a hipótese de que tais conteúdos poderiam influenciar em duas interpretações imediatas diferentes, através da imagem apresentada posteriormente. Abaixo, segue o trecho referente ao poema que retrata o beijo, intitulado “Beijo do Amor”1: Há beijos secretos e outros flagrados. Há o primeiro e o último beijo que para sempre serão recordados. Há beijo de tudo que é jeito, atrevido e desajeitado. Há beijos com línguas entrelaçadas, ou com dentes chocados. Há beijo quente e beijo frio, mas que causam arrepio. Há beijo de verdade e beijo encenado. Há beijo de tudo que é sabor, mas beijo bom mesmo é beijo dado com amor, seja lá como for! Em seguida, o poema sobre uma princesa, “Linda por sua Natureza”, de autoria de Antônio Bezerra2: Linda por sua natureza Ungida com toda certeza Com a graça de uma princesa Importa-se com a família com realeza Amada pela sinceridade, amor e beleza. Na aplicação do teste, foi ressaltado antes de tudo que não se tratava de resposta certa ou errada, apenas de um experimento registrar a percepção do entrevistado. Os candidatos ouviram os poemas e logo após, fizeram as leituras da imagem durante dez segundos, enquanto nós os monitorávamos. Ao final da observação, nós os questionamos para que eles relatassem o que viram na imagem, 1 Autoria desconhecida, disponível em: https://www.mundodasmensagens.com/mensagens- beijo/ - Acessado em 12/11/2020. 2 Disponível em: https://www.pensador.com/frase/MzkzMjIw/ - Acessado em 12/11/2020. https://www.mundodasmensagens.com/mensagens-beijo/ https://www.mundodasmensagens.com/mensagens-beijo/ https://www.pensador.com/frase/MzkzMjIw/ 9 a fim de obter um resultado das leituras. Em seguida, foi os dado mais 20 segundos para melhor observação, que poderia possibilitar outra interpretação. No entanto, a primeira percepção imediata será a considerada para a análise. Para obter uma considerável conclusão, foram entrevistadas 18 (dezoito) pessoas ao todo, divididas em 2 (dois) grupos de 9 (nove) pessoas, diferenciados somente pelo tema do conteúdo poético apresentado que antecedia a figura. Os voluntários se encontravam em variedade de idade e gênero, pessoas de 16 a 67 anos, sendo em sua maioria jovens adultos e adultos, sem características individuais específicas com relevância dentro da hipótese. • Grupo 1: para o qual foi lido o “Poema da Princesa”. A.H. (feminino, 54) Primeira imagem vista: princesa de vestido Segunda imagem vista: casal se beijando A.R. (feminino, 30) Primeira imagem vista: bailarina Segunda imagem vista: duas bocas se beijando D.H. (feminino, 20) Primeira imagem vista: Princesa de vestido Segunda imagem vista: Casal se beijando G.V. (feminino, 21) Primeira imagem vista: bailarina Segunda imagem vista: duas bocas se beijando J.R. (feminino, 21) Primeira imagem vista: uma princesa de vestido Segunda imagem vista: uma silhueta de uma boca R.N. (feminino, 48) Primeira imagem vista: Princesa 10 Segunda imagem: Princesa G.M (masculino, 23) Primeira imagem vista: princesa Segunda imagem vista: princesa P.M. (masculino, 26) Primeira imagem vista: princesa Segunda imagem: princesa P.A. (masculino, 33) Primeira imagem vista: mulher de vestido dançando Segunda imagem: mulher de vestido dançando • Grupo 2: para o qual foi lido o “Poema do beijo”. M.G (masculino, 23) Primeira imagem vista: Princesa Segunda imagem: Duas bocas D.L. (feminino, 17 anos) Primeira imagem vista: princesa Segunda imagem: duas bocas J.G. (feminino, 27 anos) Primeira imagem vista: bailarina Segunda imagem: duas bocas P.Z. (feminino, 47) Primeira imagem vista: casal se beijando Segunda imagem vista: casal se beijando S.H. (feminino, 67) Primeira imagem vista: princesa de vestido 11 Segunda imagem vista: casal se beijando D.M. (masculino, 37) Primeira imagem vista: princesa de vestido Segunda imagem: princesa de vestido F.S. (masculino, 24) Primeira imagem vista: duas bocas Segunda imagem: mulher de vestido J.L (masculino, 16 anos) Primeira imagem vista: princesa e as duas bocas. Segunda imagem: princesa e as duas bocas M.B.M (masculino, 52) Primeira imagem vista: mulher de vestido Segunda imagem vista: mulher de vestido 12 A partir dos dados obtidos através das percepções dos entrevistados, foram elaborados dois gráficos que melhor ilustram nossa análise. Como pode ser observado no Gráfico 1, 56% das pessoas que participaram confirmaram a hipótese de que ler sobre o assunto que vai ser retratado na imagem influencia a interpretação de imagem que a pessoa terá, enxergando de primeira a mesma figura do poema lido, no caso o beijo; enquanto 44% enxergaram a princesa como primeira imagem. Em seguida, na segunda leitura da imagem (20s), já não representada no gráfico, ocorreu a mesma situação, metade do grupo enxergou a própria imagem e o restante a outra imagem, exceto um indivíduo (J.L masculino, 16 anos), que conseguiu ver ambas as figuras de primeira instância. Gráfico 1: Porcentagem de entrevistados e respectivas visualizações para os quais foi lido o “Poema do Beijo” Fonte: Elaborado pelos autores (2020) Já no gráfico 2, é observado que que 100% das pessoas entrevistadas comprovaram a hipótese, já que elas visualizaram a mesma imagem que estava associada ao poema lido (princesa). Porém, apesar de não ter sido retratado no gráfico, na segunda leitura(20s) metade do grupo enxergou a mesma imagem, a princesa, e a outra metade enxergou a outra imagem, o beijo, que ainda não tinha sido identificada por eles. 13 Gráfico 2: Porcentagem de entrevistados e respectivas visualizações para os quais foi lido o “Poema da Princesa” Fonte: Elaborado pelos autores (2020) 14 4. CONCLUSÃO Diante do trabalho realizado, o grupo pode concluir que, as histórias contadas para as pessoas entrevistadas, em sua maioria, influenciaram naquilo que elas viram nas imagens. Pode-se verificar que, a maior parte das pessoas entrevistadas visualizou as duas imagens (casal se beijando e mulher de vestido). No primeiro momento a primeira imagem vista estava de acordo com a história contada, no tempo de 10 segundos. No segundo momento, ao apresentar novamente a imagem dando o tempo de 20 segundos os sujeitos conseguiram enxergar a outra figura na imagem, pode-se entender que os indivíduos analisaram a imagem por mais tempo e, em alguns casos, buscaram enxergar algo a mais. Pode-se observar que, em alguns contextos, a imagem vista possui relação com a vida do indivíduo naquele momento, exemplo: um casal que está junto a pouco tempo e desenvolvendo o sentimento de paixão, pode enxergar a imagem do casal se beijando ou uma pessoa que vai se casar em pouco tempo ou que sonha em casar, pode enxergar a mulher de vestido. Desta forma pode-se concluir que de fato aquilo que o sujeito está ouvindo, visualizando e vivendo pode interferir naquilo que o mesmo enxerga na imagem. É interessante observar como a mente humana sofre influências do meio e daquilo que está dentro dele, para todos os contextos e ambientes. 15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GAZZANIGA, Michael. Ciência Psicológica. Michael Gazzaniga, Todd Heatherton, Diane Halpern; tradução: Maiza Ritomy Ide, Sandra Maria Mallmann da Rosa, Soraya Imon de Oliveira. 5ª Ed. Porto Alegre, 2018. MYERS, David G. Psicologia. David G. Myers; tradução: Daniel Argolo Estill, Heitor M. Corrêa. 9ª Ed. Rio de Janeiro, 2015. BEZERRA, Antonio. "Poema da Princesa"; Pensador. Disponível em: <https://www.pensador.com/frase/MzkzMjIw/>. Acesso em 29 out. 2020. AUTOR DESCONHECIDO. "Beijo com amor"; Mundo das mensagens. Disponívelem: <https://www.mundodasmensagens.com/mensagem/beijo-com- amor.html>. Acesso em 29 out. 2020. CASTILLO, Ana Rodríguez del. Educación Plástica y Visual. Disponível em: <http://labordehormiga.blogspot.com/2012/09/ilusiones-opticas-percepcion- visual.html>. Acesso em 22 out. 2020.
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