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Meningite Meningite: processo inflamatório das meninges (membranas que revestem o cérebro). Podemos ter só meningite (atinge apenas as leptomeninges; podendo ser infecciosa ou não). A síndrome meníngea, que é aquela que temos sinais e sintomas característicos de meningite (cefaleia + febre + rigidez de nuca). Encefalite (cérebro inflamado) e meningoencefalite (inflamação de todas as leptomeninges e também do encéfalo). Essas doenças seguem uma sazonalidade: bacterianas são mais comuns no inverno (aglomeração de pessoas) e virais são mais comuns no verão (circulação maior dos vírus causadores). A principal bactéria causadora de meningite é a Neisseria meningitidis. ● OBS: Pseudomonas são mais comuns em ambientes hospitalares. Listeria, SBHB e E.coli são mais comuns em neonatos. ● OBS: HIB diminuiu muito sua incidência por conta da vacinação ● Neisseria meningitidis (Meningococo): Gram -. Possui diversos sorogrupos, sendo os mais comuns o A, B, C, W135 e Y. ● Estreptococo: Gram + ● Haemophilus influenzae: Gram -. 6 sorotipos (a; b; c; d; e; f). Considerado cocobacilo Meningites virais: representadas principalmente pelos enterovírus Transmissão: é necessário contato íntimo entre os indivíduos (mesma casa, quarto, escola...). A transmissão pode ocorrer através das vias respiratórias, pode ser fecal-oral (de grande importância em infecção por enterovírus). A incubação varia de 2-10 dias. O período de transmissão depende do agente infeccioso e da instituição do tratamento. Grupos mais suscetíveis à meningite: ● < 5 anos (principalmente < 1 ano) ● Neonatos raramente adoecem (proteção pelos anticorpos maternos), exceto em casos de colonização por SBHB e rotura prematura. ● Adultos > 60 anos Clínica: principalmente neurológica ● Cefaléia (principalmente) ● Febre ● Vômitos (atenção a vômitos em jato) ● Fadiga ● Sensibilidade à luz ● Manchas vermelhas pelo corpo (a depender do agente) ● Delírio ● Coma ● Convulsões ● Paralisias ● Tremores ● Transtornos pupilares ● Hipoacusia ● Ptose e nistagmo ● Casos fulminantes → choque (meningococo causando meningococcemia, por exemplo) Sinais meníngeos: ● Kernig: extensão passiva da perna com o joelho fletido → positivo se a criança sentir dor ● Brudzinski: Criança deitada, faz-se a flexão do pescoço → positivo se a criança dobrar as pernas (para aliviar a dor) ● Sinal de Lasegue: dor na flexão da coxa sobre o quadril ○ OBS: Crianças até 9 meses não tem sinais clássicos de irritação meníngea, mas apresentam outros sinais (febre, irritabilidade, choro persistente (grito meníngeo → chora ao ser manipulada, principalmente ao fletir as pernas para trocar de fralda), recusa alimentar (acompanhada ou não de vômitos, convulsões e abaulamento da fontanela. A suspeita é estritamente clínica nesses casos. Os sinais meníngeos não tem valia. Meningites bacterianas: Meningococo (N.meningitidis) pode causar meningite, meningococcemia e ambas as formas clínicas associadas. A meningite com meningococcemia é chamada de doença meningocócica. É uma bactéria que sempre devemos estar atentos para o risco de epidemia (atuação da vigilância epidemiológica). Tem como principais complicações: O aparecimento de exantemas (eritematoso e maculopapular, que evolui para petequial) nas extremidades. Quando esse exantema vai aumentando é um sinal que pode sugerir a suspeita etiológica de meningococo. Meningites virais: Clínica semelhante às demais meningites agudas. Em geral o indivíduo não tem tanto comprometimento do estado geral. Em alguns pode nem haver sinais de irritação meníngea (a celularidade das meningites virais é menor que as bacterianas, ou seja, a inflamação é menor). Raramente deixa sequelas. Tem duração < 1 semana. Não está associada a complicações (salvo casos de imunodeficiência). Enterovírus são muito prevalentes, por isso sinais e sintomas são muito inespecíficos (manifestações gastrointestinais e respiratórias normalmente precedem ou acompanham o quadro meníngeo). Diagnóstico laboratorial das meningites: ● Padrão ouro: LCR (coleta realizada entre L3 e L4 (palpar a crista ilíaca, criar uma linha imaginária, palpar a coluna e inserir agulha em direção cranial. Procedimento asséptico). ● Em crianças com suspeita de meningococcemia: raspado das lesões petequiais e hemocultura ● Meningites virais: pode ser realizado através de urina e fezes (muito difícil) ● Principais exames para esclarecimento diagnóstico: ○ Análise quimio citológica do líquor ○ Bacterioscopia direta (líquor) ○ Cultura (líquor, sangue, petéquias ou fezes) ○ CIE (líquor e soro) ○ Aglutinação pelo látex (líquor e soro) ● OBS: No período neonatal os valores de celularidade proteínas tem corte maior ● OBS: quando fazer neuroimagem antes de LCR: Indivíduo vomitando, com dor de cabeça, rebaixamento de nível de consciente, papiledema, convulsiona, déficits focais, infecção cutânea no sítio de punção, coagulopatias graves e em imunossuprimidos. Devemos suspeitar de hipertensão intracraniana e se puncionarmos essa pessoa, a pressão intracraniana aumenta e causa herniação. Evitamos colher no RN pelo risco de herniação. Tratamento: ● Ao suspeitar de meningite, não sabemos (a princípio) se é viral ou bacteriana, por isso começamos tão logo quanto possível a antibioticoterapia (idealmente após punção lombar e hemocultura, porém a adoção do tratamento não impede a coleta do material) ● O antibiótico deve ser associado a tratamentos de suporte como reposição de líquidos, suporte ventilatório e hemodinâmico (UTI) ● A antibioticoterapia é administrada via EV, de 7 a 14 dias (ou mais), dependendo da evolução clínica e agente etiológico ● A precocidade do tratamento e do diagnóstico melhora o prognóstico ● Meningites virais: Não há tratamento antiviral específico. Faz-se tratamento de suporte, com criteriosa avaliação e acompanhamento clínico. ○ OBS: Na caxumba, a globulina específica hiper-imune diminui a incidência de orquite, mas não melhora o quadro neurológico ○ OBS: Para meningoencefalite herpética (HSV1, HDV2 e VZV): aciclovir endovenoso. ● Antibioticoterapia: ○ Empírica: Ceftriaxone (amplo espectro) ○ Após cultura → direcionar ○ Ceftriaxone em RN → deve ser evitado pois compete com a albumina, piorando a icterícia Prevenção: Isolamento com uso de máscara nas primeiras 24 horas de antibioticoterapia (para meningite por meningococo ou hemófilos). A vacinação existente em nosso meio previne a meningite por meningococo (cepas disponíveis), hemófilos tipo B e meningococo tipo C. Quimioprofilaxia: Indicada para contactantes próximos do paciente (moradores do mesmo domicílio, contactantes em creches e escolas e pessoas expostas diretamente às secreções do paciente) nas primeiras 48 horas. A medicação de escolha para profilaxia é a rifampicina (600 mg VO 12/12 hrs por 2 dias), alternativamente pode-se utilizar ceftriaxona ou ciprofloxacino.
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