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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências Livro Eletrônico 2 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido Sumário Nulidades no Processo do Trabalho. Exceções. Audiências .................................................. 3 Apresentação ................................................................................................................................... 3 1. Nulidades no Processo do Trabalho ........................................................................................ 3 1.1. Princípios das Nulidades no Processo do Trabalho .......................................................... 6 1.2. Momento de Arguição ............................................................................................................. 9 2. Exceções ..................................................................................................................................... 10 2.1. Exceção de Impedimento e de Suspeição ......................................................................... 10 2.2. Exceção de Incompetência ...................................................................................................12 3. Audiências ...................................................................................................................................16 3.1. Princípios da Audiência Trabalhista ....................................................................................16 3.2. Realização das Audiências ..................................................................................................20 3.3. Ausência das Partes à Audiência Inicial ........................................................................... 22 3.4. Ausência das Partes à Audiência em Prosseguimento ................................................. 26 3.5. Ata de Audiência .................................................................................................................... 27 3.6. Procedimento da Audiência .................................................................................................28 3.7. Atraso das Partes e do Juiz à Audiência .............................................................................31 4. Revelia......................................................................................................................................... 32 4.1. Efeitos da Revelia .................................................................................................................. 35 4.2. Hipóteses de não Aplicação dos Efeitos da Revelia ...................................................... 36 Resumo ............................................................................................................................................ 39 Questões de Concurso .................................................................................................................43 Gabarito ........................................................................................................................................... 72 Referências ..................................................................................................................................... 73 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO, EXCEÇÕES, AUDIÊNCIAS Olá!! Tenho uma ótima notícia para você: hoje nossa aula será sobre temas mais práticos e gos- tosos de estudar. Mas não fugiremos dos princípios... rsrs Como sempre, a matéria está reforçada e novamente discutida nos exercícios, para que você, de tanto ler a mesma coisa, grave a matéria sem nem perceber. Siga firme nos estudos diariamente e não se permita fugir do roteiro programado. Se por acaso acontecer de dar uma escapada, volte o mais rápido possível para minorar os estragos... rsrs. Não vá chutar o balde e dizer “ah, já não estudei direito ontem, nem vou estudar hoje”. Pequenas fogueiras são mais fáceis de apagar que grandes incêndios, né? Saiba que é difícil para todo mundo e que é só uma fase. Quanto mais você se dedicar, maia rápido ela passará. Mas não deixe de cultivar momentos de lazer durante a semana e fazer exercícios físicos. É possível conciliar tudo. Sua aprovação está próxima! Conte comigo! Abraços. Priscila. 1. Nulidades No Processo do Trabalho Nulidade é quando o ato processual não produz o efeito que normalmente deveria produzir, em razão de algum defeito na prática desse ato. A nulidade ocorre pela falta de algum requisito que a lei prescreve como necessário para a sua validade. A nulidade só será declarada se implicar em prejuízo ao direito de uma das partes. E é im- prescindível, no processo do trabalho (tal qual no processo civil) que a nulidade do ato proces- sual seja declarada, pois todo ato processual é válido e produz efeitos normalmente, até que seja reconhecida e decretada sua nulidade. EXEMPLO Sentença já transitada em julgado, mas que foi proferida por juiz absolutamente incompetente. A sentença tem um defeito que a torna nula, mas que não foi reconhecido ainda e, por isso, a sentença existe no mundo e está produzindo efeitos. Ela possui validade e eficácia até que seja desconstituída por um acórdão proferido pelo TRT em sede de ação rescisória. As nulidades processuais podem ser absolutas, relativas e, ainda, o ato pode ser conside- rado inexistente. Há, também, as chamadas meras irregularidades processuais, que não acar- retam nulidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido Nulidade absoluta ocorre quando são violadas normas de ordem pública e interesse social. O ato será nulo. As nulidades absolutas podem ser declaradas de ofício pelo juiz e não estão sujeitas à preclusão. Seria o caso do exemplo dado acima: sentença proferida por juiz in- competente em razão da matéria. O vício é tão grave que não haverá preclusão e mesmo após o trânsito em julgado poderá ser questionado por meio de ação rescisória. Nulidade relativa é aquela em que a norma violada é “menos importante”, por não ser norma de ordem pública (a norma violada atende mais aos interesses da parte que ao próprio desenvolvimento do processo). O ato é anulável. E para que seja anulado depende da iniciativa da parte, não podendo ser anulado de ofício pelo juiz. Em relação ao ato anulável ocorre pre- clusão, ou seja, não poderá mais ser alegado o vício se a parte não o fizer na primeira oportu- nidade que tiver de falar nos autos após a prática do ato defeituoso. EXEMPLO A incompetência territorial é relativa. Assim, se for ajuizada ação em local diverso de onde o empregado trabalhou, mas a reclamada não opuser exceção de incompetência no prazo opor- tuno, será considerado competente o juízo onde foi ajuizada a ação (operou-se a preclusão). E o juiz não pode reconhecer de ofício a incompetência territorial, pois se trata de nulidade relativa. Ato inexistente ocorre quando falta um pressuposto processual de existência. O defeito é tão grande que o ato não pode continuar existindo, podendoser reconhecido o defeito inde- pendentemente de ação rescisória. A parte pode se valer da ação declaratória de inexistência do ato processual, a qual não tem prazo para ajuizamento (diferentemente da ação rescisória, que deve ser ajuizada no prazo de 2 anos após o trânsito em julgado). Embora sejam mais “graves” que os atos nulos, a consequência prática é a mesma que vimos na nulidade absoluta: precisam ter os efeitos cassados por decisão judicial, que pode ocorrer de ofício e não ocorre a preclusão. Como visto logo no início da aula, todos os atos pro- cessuais produzem efeitos enquanto não forem submetidos à apreciação jurisdicional. Para que o ato seja considerado inexistente, é necessária uma decisão judicial. EXEMPLO Citação nula. Processo se desenvolve normalmente após a citação, até o trânsito em julgado da ação. Após, se verifica que o réu não foi citado; quem foi citado foi um homônimo (pessoa com nome idêntico). Caberá a ação declaratória de inexistência do ato processual para anular todo o processo desde a citação. Irregularidade violação de norma que não traz nenhuma consequência para o processo. Como não influi em nada, não há sanção. Simplesmente o ato foi praticado de forma diferente daquela prevista em lei, mas não influencia em nada no processo e o resultado é o mesmo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido EXEMPLO Sempre citado pela doutrina: quando o juiz extrapola o prazo previsto em lei para a prática de algum ato processual (para proferir sentença, por exemplo). O ato não será nulo em razão desse excesso de prazo. O ato continuará válido e o juiz poderá ser punido administrativamen- te, mas não haverá qualquer consequência dentro do processo. Em razão disso, diz-se que houve mera irregularidade. Outro exemplo: O art. 813 da CLT diz que as audiências devem ser realizadas das 8h às 18hs. Se a audiência ultrapassar às 18h, será mera irregularidade. 001. (GESTÃO CONCURSO/EMATER-MG/ASSESSOR JURÍDICO/2018) No que tange às nuli- dades no Processo do Trabalho, assunto previsto na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir. ( ) O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. A nuli- dade do ato prejudicará todos os atos posteriores ao ato nulo. ( ) Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. ( ) O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua decisão. ( ) As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deve- rão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. Deverá, entre- tanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios. De acordo com as afirmações, a sequência correta é a) (F); (F); (V); (V). b) (V); (V); (F); (F). c) (V); (F); (F); (F). d) (F); (V); (V); (V). • O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende (até aqui, correto. Art 797, CLT). A nulidade do ato NÃO prejudicará todos SENÃO os atos posteriores ao ato nulo QUE DELE DEPENDAM OU SEJAM CONSEQUÊNCIA (ART. 798). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/gestao-concurso https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/emater-mg 6 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido • Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando re- sultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. CORRETO. Art. 794, CLT. • O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua decisão. CORRETO. Art. 795, § 2º, CLT. • As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais de- verão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios. CORRETO. Art. 795, caput e § 1º, CLT. Letra d. Feita essa introdução (que não difere do que você já deve ter estudado sobre nulidades em processo civil), vamos ao estudo dos princípios das nulidades (princípios, sempre eles... Não há como fugir... rsrs). 1.1. PriNcíPios das Nulidades No Processo do Trabalho PRINCÍPIO DO PREJUÍZO OU TRANSCENDÊNCIA De acordo com o princípio do prejuízo ou transcendência, se o ato for defeituoso mas não causar prejuízo a nenhuma das partes, não deve ser anulado. Ou seja, o ato é mantido no processo e dele decorrem consequências processuais como se válido fosse. Esse princípio é aplicado tanto para os atos nulos (nulidade absoluta) quanto para os atos anuláveis (nulidade relativa). Você não está com uma vaga lembrança de já termos estudado isso? Estudamos recente- mente, na aula de princípios do processo do trabalho. Lembra do princípio da instrumentalida- de das formas? Ele dizia justamente isto: não haverá nulidade a ser declarada no processo se do ato viciado não resultar prejuízo para nenhuma das partes. Como já vimos, o princípio da instrumentalidade das formas está previsto no art. 794 da CLT: Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. Portanto, o princípio do prejuízo ou transcendência diz exatamente a mesma coisa que o princípio da instrumentalidade das formas, apenas com enfoques diferentes pelo princípio da transcendência, se o ato defeituoso não trouxer prejuízo às partes, não será anulado. Pelo princípio da instrumentalidade das formas, se o ato não trouxer prejuízo ao processo, que atin- giu sua finalidade ainda que de outra forma, o ato não será anulado. EXEMPLO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido De aplicação do princípio da transcendência: o reclamado é condenado em sentença a pagar diversas verbas. Ele recorre e suscita preliminar de nulidade da sentença por cerceamento de defesa. O tribunal, no mérito, verifica que a ação será improcedente. Nesse caso, o tribunal poderá deixar de declarar a nulidade, uma vez que não haverá prejuízo nenhum ao reclamado. A ação será, ao final, favorável a ele. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS (OU DA FINALIDADE) como aca- bamos de ver, por este princípio não se reconhece a nulidade ou anulabilidade de ato viciado que não tenha causadoprejuízo às partes. Portanto, se o ato processual atingiu sua finalidade e produziu os efeitos processuais previstos na lei, deve ser mantido. Isso porque o processo não é um fim em si mesmo, mas um instrumento de realização da justiça. De acordo com o art. 277 do CPC: “Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz con- siderará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.” PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO Convalidação é o ato inicialmente inválido se tornar válido por não ter sido reconhecida no momento oportuno a sua invalidade. Ou seja, se passou batido e ninguém falou nada, passou a ser válido. O princípio da convalidação é aplicado apenas à nulidade relativa. Quando houver nulidade relativa, ela deve ser apontada pela parte na primeira oportunidade que tiver de falar nos autos, sob pena de preclusão (se não falar na primeira oportunidade, precluiu a chance de alegar a nu- lidade relativa e haverá a convalidação daquela nulidade em ato válido). Agora, se for nulidade absoluta ou ato inexistente, não há preclusão (podem ser apontados a qualquer tempo, inclusi- ve suscitados de ofício pelo juiz), de forma que não se aplica o princípio da convalidação. Em relação à nulidade absoluta ou ao ato inexistente, o ato produz efeitos antes de ser declarada sua invalidade, mas isso não quer dizer que ele se tornou válido. O princípio da convalidação está expresso no art. 795 da CLT: Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deve- rão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. § 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios. § 2º - O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua decisão. É importante fazer uma leitura atenta do § 1º: o que está tratado ali é a incompetência em razão da matéria e não em razão do lugar. A palavra foro pode até dar a ideia de que está tratando do lugar de propositura da ação. Mas não é isso. Foro está no sentido de foro cível, criminal, trabalhista, etc. Como já vimos, a competência em razão da matéria é absoluta e O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido pode ser declarada de ofício pelo juiz. Já a competência em razão do local é relativa e precisa ser alegada pela parte. PRINCÍPIO DA RENOVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS VICIADOS (ou SANEAMENTO DAS NULIDADES ou PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL) Por este princípio, deve-se bus- car o máximo proveito dos atos processuais defeituosos, sem a necessidade de declaração da nulidade. De acordo com o art. 796 da CLT: “A nulidade não será pronunciada: a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato; (...).” Este princípio se aplica tanto aos atos nulos quanto aos anuláveis. Para que ocorra a “cura” da nulidade ou anulabilidade é preciso que não haja demora significativa para isso e que não ocorra prejuízo a nenhuma das partes. No caso de ato inexistente, não há como o defeito ser sanado. Mesmo que se busque ra- pidamente corrigir o vício e aparentemente não haja prejuízo, não haverá como se corrigir ou superar o defeito. EXEMPLO Se a parte for ilegítima, não existe convalidação nem saneamento da nulidade. Não há como o processo prosseguir. PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO OU CONSERVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS PRATI- CADOS Este princípio nada mais é do que a aplicação daquela máxima “o útil não se vicia pelo inútil”. Assim, a declaração da nulidade deve atingir apenas o defeituoso e aqueles que sejam diretamente decorrentes, não se estendendo aos atos validamente praticados. A matéria encontra previsão no art. 798 da CLT: Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam consequência. Por sua vez, dispõe o art. 797 da CLT: Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. PRINCÍPIO DO INTERESSE Por este princípio, somente possui interesse para arguir a nu- lidade a parte que tenha sido prejudicada e desde que NÃO tenha sido ela quem deu causa àquela nulidade. Isso está previsto expressamente na alínea b do art. 796 da CLT: “A nulidade não será pro- nunciada: [...] b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa.” Este princípio não traz nenhuma novidade. Trata-se da aplicação do princípio geral de direi- to segundo o qual ninguém pode se valer da própria torpeza. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido O PULO DO GATO Como você já sabe, as nulidades absolutas e os atos inexistentes podem ser decretados até mesmo de ofício pelo juiz. Portanto, pode-se dizer que o princípio do interesse só se aplica às nulidades relativas, as quais devem ser arguidas pela parte que sofreu o prejuízo. Esses são os princípios que regem as nulidades no processo do trabalho, você deve ter percebido que a doutrina traz inúmeras nomenclaturas, mas, a bem da verdade, todos os prin- cípios estudados contêm basicamente a ideia de aproveitamento do ato defeituoso, desde que não haja prejuízo à parte que não lhe deu causa. 1.2. MoMeNTo de arguição Bom, que a nulidade absoluta e o ato inexistente podem ser alegados a qualquer tempo, uma vez que em relação a eles não se opera a preclusão; e que a nulidade relativa deve ser suscitada pela parte na primeira oportunidade que tiver de falar nos autos, sob pena de pre- clusão; você já está cansado de saber, né? Mas essa é a regra geral. Precisamos ver mais alguns detalhes: Se no curso do processo for proferida uma decisão que cause prejuízo à parte, mas contra a qual ela não tenha recurso imediato (lembrando que no processo do trabalho as decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato), o que a parte deve fazer? Ela deve constar seus protestos, a fim de assegurar que já fique constando nos autos que ela não concorda com o ato e evite, assim, a preclusão. Se o ato for praticado em audiência, na própria audiência a parte já pede que sejam constados em ata os seus protestos. As nulidades processuais podem ser sanadas tanto em primeiro quanto em segundo grau de jurisdição. Contudo, não podem ser sanadas em instância extraordinária (TST), uma vez que há a exigência do prequestionamento, ou seja, a matéria já deve ter sido discutida/resolvida no segundo grau. 2. exceções A matéria é curtinha e simples no processo do trabalho. E já tivemos um primeiro contato com ela quando estudamos suspeição e impedimento, e, posteriormente, quando estudamos competência territorial. Hoje estudaremos a matéria de forma mais completa. Como bem explica Mauro Schiavi: “As exceções são defesas dirigidas contra o processo, e não contra o mérito, não visam à improcedência do pedido, mas sim a trancar o curso do processo, provocando sua extinção sem resolução de mérito, ou a dilatação do seu curso”.1 1 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 17ª edição. Editora Jus Podivm. 2021, p. 694. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00,vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido As exceções são cabíveis no processo do trabalho quando a parte pretende alegar a exis- tência de suspeição, impedimento ou incompetência relativa. A CLT trata da matéria no art. 799: Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com sus- pensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. § 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. § 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se termi- nativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. 2.1. exceção de iMPediMeNTo e de susPeição Já estudamos impedimento e suspeição, razão pela qual não repetirei toda a matéria aqui. Mas uma coisa precisa ser relembrada: as causas de impedimento são de ordem pública, ra- zão pela qual podem ser declaradas a qualquer tempo no processo, não ocorrendo preclusão. Se já tiver ocorrido o trânsito em julgado da decisão, é cabível ação rescisória. Por sua vez, as causas de suspeição devem ser alegadas na primeira oportunidade que a parte tiver de falar nos autos após o conhecimento do fato, sob pena de preclusão. O juiz pode, de ofício, se declarar suspeito ou impedido para julgar o processo. Sobre o procedimento das exceções de impedimento e suspeição, dispõe o art. 802 da CLT: Art. 802 - Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução e julgamento da exceção. § 1º - Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada procedente a ex- ceção de suspeição, será logo convocado para a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira quando algum dos membros se declarar suspeito. § 2º - Se se tratar de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na forma da organização judiciária local. A doutrina majoritária entende que o referido dispositivo não foi recepcionado pela Consti- tuição Federal, pois não há como o próprio juiz marcar audiência e decidir se ele é impedido ou suspeito. Isso viola completamente o princípio da imparcialidade. Assim, deve-se aplicar o Código de Processo Civil (art. 146) e quem deve julgar a suspeição ou impedimento de juiz do trabalho é o TRT (e não o próprio juiz). Dispõe o art. 146 do CPC: Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impe- dimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fun- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido damento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediata- mente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em aparta- do da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documen- tos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I – sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II – com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal conde- nará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. Então, em síntese, no processo do trabalho o impedimento e a suspeição devem ser apre- sentados por meio de exceção, mas seguindo-se, no que couber, o art. 146 do CPC. A exceção será julgada pelo TRT. O que o juiz faz quando recebe a exceção? 1º - ele pode verificar que a parte tem razão e se dar realmente por impedido ou suspeito, ficando afastado do caso e remetendo os autos ao seu substituto legal. 2º - se o juiz não concorda, não se enxerga como impedido ou suspeito, deverá apresentar suas razões em 15 dias. Com as razões, o juiz deve remeter o processo ao Tribunal para julgamento da exceção. A exceção de suspeição ou impedimento pode ser arguida tanto pelo reclamante quanto pelo reclamado, e deve ser feita assim que a parte tomar conhecimento do motivo que carac- terize um impedimento ou suspeição. Se o reclamado já tiver conhecimento do motivo quando for apresentar sua defesa (contestação), deverá apresentar a exceção junto com a contesta- ção. Se não tiver conhecimento no momento da defesa, deverá arguir a exceção assim que ficar sabendo da existência de motivo configurador da suspeição ou do impedimento. Da mes- ma forma, o reclamante, por sua vez, deve alegar a existência de suspeição ou impedimento na primeira oportunidade que terá para falar nos autos após o conhecimento dos fatos (art. 795 da CLT). É importante lembrar que as hipóteses de impedimento se referem à matéria de ordem pública e, portanto, embora devam ser alegadas na primeira oportunidade em que a parte puder falar O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido nos autos, não sofrem preclusão. O que isso quer dizer? Quer dizer que mesmo que a parte não alegue na primeira oportunidade, poderá suscitar a matéria posteriormente, a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado (por meio de ação rescisória). O mesmo não ocorre com a suspeição, a qual, se não alegada na primeira oportunidade, é abarcada pela preclusão. Ao receber a exceção de suspeição ou impedimento, o juiz suspenderá o processo (art. 799 da CLT). O juiz não poderá decidir nada antes de se verificar se procede a suspeição ou o impe- dimento. Isso porque um juiz impedido ou suspeito não tem legitimidade para dar nenhuma decisão válida no processo. A decisão que julga uma exceção de suspeição ou uma exceção de impedimento tem natureza interlocutória e, portanto, não é cabível nenhum recurso de imediato (o processo segue e a questão só será discutida ao final, quando for o momento de apresentação de recurso ordiná- rio para discutir o próprio mérito da causa). 2.2. exceção de iNcoMPeTêNciaApenas a incompetência relativa (no caso do processo do trabalho, a competência relativa é a competência territorial), deve ser alegada pela parte por meio de exceção de incompetência. A incompetência absoluta deve ser alegada na própria contestação, como matéria preliminar. A parte que apresenta exceção de incompetência em razão do lugar é sempre o reclamado, pois o reclamante, ao ajuizar a ação, já optou pela localidade. A incompetência relativa não pode ser suscitada de ofício pelo juiz e está sujeita à preclusão, caso não seja suscitada pela parte no momento oportuno (como veremos a seguir, deve ser alegada no prazo de 5 dias após a notificação). A incompetência absoluta pode ser conhecida de ofício pelo juiz e não se sujeita à preclusão. Acerca do processamento da exceção de incompetência, a CLT traz regras específicas nos artigos 799 e 800. Vejamos: Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com sus- pensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. § 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. § 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se termi- nativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido ------ Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da noti- ficação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o proce- dimento estabelecido neste artigo. § 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção. § 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias. § 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o di- reito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente. § 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a desig- nação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. Se a incompetência territorial não for suscitada no momento processual oportuno (5 dias contados da notificação, ou seja, 5 dias contados da data em que a parte foi cientificada da ação ajuizada em seu desfavor), prorroga-se a competência (e aí o processo continuará trami- tando no juízo que inicialmente era incompetente em razão do lugar). O TST disse, recentemente, que o prazo é preclusivo (ou seja, se a parte não alegar nos 5 dias após a notificação, não poderá alegar mais. Não será possível alegar depois na contesta- ção, em audiência...). De acordo com o § 3º, do art. 800, da CLT “o excipiente e suas testemunhas têm o direito de serem ouvidos por carta precatória no juízo que o excipiente indicou como competente”. O que isso quer dizer? Quer dizer que se o reclamado recebe uma notificação e entende que a Vara do Trabalho é incompetente em razão do lugar porque o empregado não prestou serviços naquela localidade, ele vai apresentar exceção de incompetência e o juiz pode marcar audiên- cia para verificar se, por exemplo, o empregado nunca trabalhou mesmo na localidade. Mas o reclamado (chamado excipiente porque foi ele quem opôs a exceção de incompetência) não precisa comparecer à audiência em que será analisada essa questão da exceção. Ele pode ser ouvido por carta precatória, ou seja, um juiz do local em que o reclamado/excipiente indicou como correto irá ouvi-lo e também ouvir suas testemunhas, e depois remeterá a ata de audi- ência ao juiz que está com o processo para que analise. A CLT tem essa previsão porque não faria sentido o excipiente precisar se deslocar para o local que ele entende ser incompetente para fazer prova dessa incompetência. Se for rejeitada a exceção de incompetência (ou seja, se o juiz disser que está tudo certo e que o processo vai seguir ali mesmo) ou se for acolhida e o processo for remetido para outra Vara para dar continuidade ao processo, não cabe recurso de imediato (lembrando que não cabe recurso imediato de decisão interlocutória no processo do trabalho). Só caberá a discus- são disso lá na frente, quando a parte for recorrer da decisão final de mérito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art843 14 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido No entanto, existe uma exceção. Dispõe a alínea c da Súmula 214 do TST: JURISPRUDÊNCIA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. Assim, se o juiz acolher a exceção de incompetência e remeter os autos à Vara do Trabalho vinculada a outro TRT (por exemplo, o Juiz do Trabalho de uma das Varas do Rio de Janeiro acolhe exceção de incompetência e remete os autos a uma das Varas do Trabalho de São Pau- lo), caberá recurso de imediato. 002. (INSTITUTO AOCP/TRT - 1ª REGIÃO (RJ)/ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- RIA/2018) No que tange à exceção de incompetência territorial, no âmbito do processo traba- lhista, assinale a alternativa correta. a) A Exceção de Incompetência territorial deverá ser apresentada como preliminar de contes- tação. Ao exceto será concedido prazo de 24 horas para manifestação respectiva, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir. b) A exceção de incompetência territorial deverá ser apresentada em peça apartada que sinali- ze explicitamente a existência da exceção, antes da audiência no prazo de 5 dias, contados do recebimento da notificação pela reclamada. Protocolada a petição de exceção, ao exceto será concedido prazo de 24 horas para manifestação respectiva, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir. c) A Exceção de Incompetência territorial deverá ser apresentada como preliminar de contes- tação. Ao exceto será concedido prazo de 24 horas para manifestação respectiva, devendo a decisão ser proferida no prazo de 5 dias. d) A exceção de incompetência territorial deverá ser apresentada em peça apartada que sina- lize explicitamente a existência da exceção, antes da audiência, no prazo de 5 dias, contados do recebimento da notificação pela reclamada. Protocolada a petição de exceção, o processo será suspenso. O juiz intimará o exceto para manifestação no prazo de 5 dias. Da decisão que decidir a exceção de incompetência, caberá recurso ordináriono prazo de 8 dias. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/instituto-aocp https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/trt-1-regiao-rj 15 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido e) A exceção de incompetência territorial deverá ser apresentada em peça apartada que sina- lize explicitamente a existência da exceção, antes da audiência, no prazo de 5 dias, contados do recebimento da notificação pela reclamada. Protocolada a petição de exceção, o processo será suspenso até que se decida o incidente. a) Errada. A Exceção de Incompetência territorial deverá ser apresentada em peça separada. Deverá ser apresentada no prazo de 5 dias a contar da notificação. Apenas a incompetência absoluta (incompetência em razão da matéria) é que deve ser apresentada como preliminar da contestação. b) Errada. A exceção de incompetência territorial deverá ser apresentada em peça apartada que sinalize explicitamente a existência da exceção, antes da audiência, no prazo de 5 dias contados do recebimento da notificação pela reclamada (ATÉ AQUI ESTAVA LINDO). Protoco- lada a petição de exceção, ao exceto será concedido prazo de 24 horas 5 (CINCO) DIAS para manifestação respectiva, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir. APENAS SE ENTENDER NECESSÁRIA A PRODUÇÃO DE PROVA ORAL É QUE O JUIZ DESIGNARÁ AUDIÊNCIA (ART. 800, § 3º. CLT) c) Errada. Idem letra a. d) Errada. A exceção de incompetência territorial deverá ser apresentada em peça apartada que sinalize explicitamente a existência da exceção, antes da audiência, no prazo de 5 dias, contados do recebimento da notificação pela reclamada. Protocolada a petição de exceção, o processo será suspenso. O juiz intimará o exceto para manifestação no prazo de 5 dias (ATÉ AQUI FOI LINDO). SÓ ERROU AQUI NO FINAL: Da decisão que decidir a exceção de incompe- tência, caberá recurso ordinário no prazo de 8 dias NÃO CABERÁ RECURSO DE IMEDIATO, POR SE TRATAR DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA (exceção: se a decisão acolher a exceção de incompetência e remeter os autos à Vara vinculada a outro TRT, caberá recurso de imediato). e) Certa. Art. 800 da CLT. Letra e. 3. audiêNcias Este tema será o mais extenso da nossa aula de hoje. Mas, sem dúvidas, o mais interes- sante também. O processo do trabalho é, essencialmente, um processo de audiência. Isso porque os prin- cipais acontecimentos da fase de conhecimento se dão em audiência. É na audiência que o juiz tem contato, pela primeira vez, com a inicial (lembre-se que quando o processo é distribu- ído, quem faz a notificação inicial é o servidor e, na mesma notificação, já informa a data da audiência. O juiz, em regra, tomará contato com o processo apenas na data designada para O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido audiência. É claro que existem exceções, como, por exemplo, quando há exceção de incompe- tência – nesse caso o juiz decidirá a exceção antes da audiência de mérito). É também em audiência que o juiz tenta a conciliação; discute os incidentes do processo; discute a causa com as partes e os advogados; fixa os pontos controvertidos sobre os quais será necessária produção de prova; colhe as provas (no processo do trabalho as provas são, em sua maioria, testemunhais) e julga a causa. Achou que escaparia dos princípios? Rsrs. Vamos estudar agora os princípios da audiência trabalhista. 3.1. PriNcíPios da audiêNcia TrabalhisTa • Presença obrigatória das partes: consta no art. 843 da CLT que o comparecimento das partes à audiência é obrigatório: Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, in- dependentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sin- dicato de sua categoria. § 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. § 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. § 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa ser empregado da parte reclamada. Como se percebe do referido dispositivo, a ausência da parte à audiência somente é ad- mitida em casos específicos e justificados. A obrigatoriedade de comparecimento das partes tem por finalidade facilitar a conciliação, bem como garantir a colheita dos depoimentos pes- soais e a melhor compreensão dos fatos pelo juiz. • Audiência una (ou concentração dos atos processuais numa única audiência): A audiên- cia na Justiça do Trabalho deve ser, em regra, una. Isto é, devem ser praticados na mesma audiência a tentativa de conciliação, a instrução (colheita de provas) e o julgamento. Contudo, na prática, muitos juízes fracionam a audiência em 3 momentos distintos: audiên- cia inicial (tentativa de conciliação e apresentação de defesa); audiência de instrução (colheita de provas e nova tentativa de conciliação) e audiência de julgamento (data em que a sentença é proferida). Em regra, o juiz não profere sentença na própria audiência. Para que possa analisar deti- damente, com calma, todos os detalhes do processo, o juiz deixa para proferir sentença em gabinete. Então, ao terminar a audiência de instrução e não havendo necessidade de mais nenhuma prova, o juiz declara encerrada a instrução e remete os autos para julgamento. A sen- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido tença será prolatada em gabinete e as partes serão notificadas do julgamento. O que se chama de audiência de julgamento não é propriamente uma audiência, mas a publicação da sentença. No entanto, pode ser que após a colheita das provas orais ainda reste alguma medida a ser tomada (por exemplo: realização de perícia, envio de algum ofício para esclarecer algum ponto controvertido, etc.), e, nesse caso, será designada uma audiência de encerramento, nas quais as partes e advogados são dispensados de comparecimento (devem comparecer apenas se desejarem fazer mais algum apontamento ao juiz). A audiência de encerramento é designada para que haja um marco temporal onde todas as providências já estejam encerradas e o pro- cesso seja remetido ao juiz para julgamento. A CLT trata da possibilidade de fracionamento da audiência no art. 849 da CLT: “A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentementede nova notificação.” Embora o art. 849 fale em “força maior” como motivo justificador do adiamento/partição da audiência, a jurisprudência é unanime no sentido de que o juiz pode fracionar a audiência sempre que entender necessário, seja para melhor conhecer a causa, possibilitar tempo ade- quado às partes para melhor exercício do contraditório e ampla defesa, ou para organizar a dinâmica de sua Vara do Trabalho. Portanto, não há qualquer nulidade no fracionamento da audiência, embora a regra geral seja de que a audiência deve ser una. • Publicidade: Este princípio encontra assento no inciso IX, do art. 93, da CF, segundo o qual todos os atos e julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, exceto quando o sigilo for necessário para assegurar o direito à intimidade da parte. Como ato processual, as audiências deverão ser públicas, isto é, realizadas com portas abertas e permitido o ingresso de qualquer pessoa que desejar acompanhar o ato. A audiência trabalhista somente não será pública se houver sido decretado segredo de justiça no processo. E quando será decretado segredo de justiça? A matéria está tratada no art. 189 do CPC: Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I – em que o exija o interesse público ou social; II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confi- dencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certi- dões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido O segredo de justiça pode ser requerido pela parte ou decretado de ofício pelo juiz. EXEMPLO De casos que exigem a decretação de segredo de justiça no processo do trabalho: empregado dispensado por ser portador de doença contagiosa (ex. HIV); discussão sobre assédio sexual ocorrido na empresa; causa em que se discuta violação a segredo da empresa (ex. patente). • Oralidade: Como já vimos na aula sobre princípios, a oralidade é um dos princípios basi- lares do processo do trabalho. O processo do trabalho se desenvolve de forma essencialmente oral, principalmente por- que a maior parte dos atos ocorre em audiência. E a audiência é oral, sendo feita, é claro, a re- dução a termo dos principais acontecimentos em ata de audiência (com a implementação das audiências telepresenciais, em razão da pandemia, há a possibilidade de a redução a termo ser substituída pela gravação, mas a questão ainda é polêmica). A CLT prevê que a defesa será apresentada oralmente em audiência (art. 847, CLT), mas, na prática, poucos advogados se valem dessa possibilidade, sendo a contestação apresentada por escrito até a data da audiência (parágrafo único do art. 847, CLT). Da mesma forma, tam- bém as razões finais podem ser apresentadas de forma oral em audiência, após o encerramen- to da instrução (art. 850, CLT), entretanto, a praxe forense é que o juiz conceda prazo para que as partes apresentem razões finais escritas (por memoriais) e posteriormente os autos sejam conclusos para julgamento. Embora a praxe na Justiça do Trabalho seja a apresentação de contestação e razões finais por escrito, isso não retira a importância do princípio da oralidade. Isso porque, a apresentação oral das referidas peças continua sendo possível e, além disso, em audiência o juiz conversará com as partes e advogados para melhor entender a controvérsia, fixará os pontos controverti- dos e colherá as provas orais (depoimentos pessoais e oitiva de testemunhas), que são atos essenciais ao deslinde do processo e praticados de forma oral. • Imediatidade ou imediação: em audiência o juiz se aproxima mais das partes, tendo uma real dimensão do conflito e favorecendo a conciliação. Ainda, em audiência o juiz tem contato direto com as provas que serão produzidas naquele ato e maiores condi- ções de proferir um julgamento justo. • Conciliação: como já estudamos lá nos princípios do processo do trabalho (você deve ter percebido que os princípios da audiência são praticamente idênticos aos princípios do processo do trabalho, né?), a conciliação é a busca central do processo do trabalho e isso está previsto no art. 764 da CLT, segundo o qual: “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido A conciliação é a melhor forma de resolver o problema, pois a solução é encontrada pelas próprias partes, as quais sabem realmente o que se passou, as condições pessoais e financei- ras de cada uma delas, bem como suas necessidades. Ao buscar a conciliação, o juiz deve agir com imparcialidade e sensibilidade, pois muitas vezes as partes estão movidas mais por seus sentimentos do que por questões efetivamente de direito. Em audiência, o juiz deve buscar a conciliação em dois momentos: no início da audiência, antes do recebimento da defesa (mas nada impede que o juiz leia a inicial e a defesa para só depois tentar a conciliação, já com maiores elementos para tentar aproximar as partes); e após as razões finais. É claro que o juiz pode tentar a conciliação sempre que entender devido, não estando limitado a esses dois momentos previstos de forma expressa na CLT (arts. 846 e 850). E se o juiz não fizer essas duas tentativas de conciliação, o que acontece? Boa parte da doutrina entende que será caso de nulidade se o juiz não fizer, ao menos, a última tentativa de conciliação, uma vez que a conciliação é da própria essência do processo do trabalho. E outra parte da doutrina entende que não haverá qualquer nulidade, pois as próprias partes podem buscar a conciliação a qualquer tempo. Embora a conciliação seja a busca primordial do processo do trabalho, o juiz pode deixar de homologar um acordo quando verificar que o acordo é extremamente desvantajoso a uma das partes (geralmente ao empregado hipossuficiente); quando houver suspeita de fraude (ex. conluio entre as partes para que o reclamante receba um bem do reclamado, com o nítido propósito de fraudar um processo cível que certamente atingiria o respectivo bem); quando o acordo for contrário à lei (ex. o empregador alega que a dispensa foi por justa causa e não paga as verbas rescisórias, mas as partes pedem, em acordo, que o juiz o homologue e expeça alvará para recebimento de seguro-desemprego). Nesse sentido, a Súmula 418 do TST: JURISPRUDÊNCIA MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.Encerrados os princípios, vamos ver como se operacionaliza a audiência trabalhista. 3.2. realização das audiêNcias No processo do trabalho, o recebimento da petição inicial é feito pelo diretor ou outro servi- dor da secretaria. Não há despacho de recebimento da inicial efetuado pelo juiz, que somente conhecerá a inicial na data da audiência. O servidor recebe a inicial e já designa data para audi- ência, notifica a parte reclamada informando a referida data e, ainda, que o não comparecimen- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido to acarretará revelia e confissão quanto à matéria de fato. Se a audiência for una, já consta tam- bém na notificação inicial que a parte deverá comparecer acompanhada de suas testemunhas. O reclamante também é notificado da audiência inicial, ficando ciente de que se não com- parecer, o processo será arquivado e ele terá de arcar com o pagamento das custas. A audiência será marcada para a primeira data desimpedida, observado o interregno mí- nimo de 5 dias entre a notificação e a data de realização de audiência, para que o reclamado possa preparar a sua defesa. Dispõe o art. 841 da CLT: Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. § 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior. § 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consenti- mento do reclamado, desistir da ação. Como vimos na aula passada, o Ministério Público tem prazo em dobro (art. 180 do CPC), de sorte que se o MPT estiver no polo passivo da ação, o prazo entre a notificação e a data da audiência deve ser de, no mínimo, 10 dias. Se figurar no polo passivo a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público, o prazo mínimo entre a notificação e a audiência deve ser de 20 dias (DL n. 779/69, art. 1º, II: fala em prazo em quádruplo). A notificação do MPT e da Fazenda Pública deve ser feita de forma pessoal (por oficial de justiça) (arts. 180 e 247, III, CPC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido Acerca da realização das audiências, estabelece o art. 813 da CLT: Art. 813 - As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não po- dendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente. § 1º - Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, median- te edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas. § 2º - Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior. Conforme se extrai do referido artigo, as audiências serão realizadas entre às 8h e 18 ho- ras. Nós já vimos na aula passada que o art. 770 da CLT dispõe que os atos processuais são realizados das 6 às 20 horas. Há incompatibilidade entre os dois artigos? Não. A regra do art. 813 é específica para audiências. E o limite de 5 horas previsto no art. 813? Há certa divergência na doutrina, havendo quem de- fenda que o limite máximo de 5 horas é para uma mesma audiência. No entanto, prevalece o en- tendimento de que o limite se refere a todas as audiências da pauta. Para garantir a qualidade do serviço, a pauta não pode se estender por mais de 5 horas seguidas. No entanto, não é raro que as pautas ultrapassem tal limite e isso não implica em nulidade (trata-se de mera irregularidade). O local de realização das audiências é a sede do Juízo ou Tribunal. De acordo com o § 1º do art. 813, excepcionalmente poderá ser designado outro local para a realização das audiên- cias, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 horas. A lei fala apenas em edital, mas obviamente deve haver uma comunicação efetiva às partes e aos advogados da alteração. Ao presidir a audiência, o juiz exerce poder de polícia, sendo aplicável ao processo do tra- balho o art. 360 do CPC: Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe: I – manter a ordem e o decoro na audiência; II – ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem inconvenientemente; III – requisitar, quando necessário, força policial; IV – tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério Público e da Defen- soria Pública e qualquer pessoa que participe do processo; V – registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência. Na CLT há apenas um dispositivo que trata do assunto, de maneira genérica: Art. 816 - O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido 3.3. ausêNcia das ParTes à audiêNcia iNicial Prevê o art. 844 da CLT: Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. § 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência. § 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calcu- ladas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. § 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a propositura de nova demanda. § 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se: I – havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV – as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contra- dição com prova constante dos autos. § 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentoseventualmente apresentados. A ausência do reclamante implica em arquivamento do processo (extinção sem julgamen- to do mérito). O reclamante terá de arcar com o pagamento das custas. Enquanto não houver ocorrido a prescrição, o reclamante pode ajuizar a ação novamente, mas desde que tenha efetuado o pagamento das custas do processo arquivado. E se o recla- mante for beneficiário da justiça gratuita? Paga as custas do mesmo jeito, ninguém mandou faltar. O reclamante somente ficará isento do pagamento se comprovar, no prazo de 15 dias após a audiência, que não compareceu por motivo legalmente justificado. O pagamento das custas pelo reclamante ausente, ainda que beneficiário da justiça gra- tuita, é uma inovação trazida pela reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) e tem o objetivo de fazer com que haja maior responsabilidade e seriedade no processo trabalhista, evitando-se as “aventuras jurídicas”. Não se trata de violação ao direito de ação ou acesso ao Poder Ju- diciário, pois o reclamante que comprovar motivo justo para sua ausência estará isento do pagamento das custas. O § 2º do art. 843 da CLT traz uma hipótese em que mesmo sem a presença do reclamante à audiência inicial, não ocorre o arquivamento. Vejamos: Art. 843 (...) § 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art789 23 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido Há uma divisão doutrinária quanto ao referido dispositivo. Parte da doutrina entende que o representante comparece apenas para justificar a ausência e requerer o adiamento da audi- ência. Contudo, a doutrina majoritária defende que se fosse apenas para justificar a ausência e pedir o adiamento, o advogado mesmo poderia fazê-lo, não sendo necessário o compareci- mento do representante. Prevalece, assim, o entendimento de que estando presente outro em- pregado que represente o reclamante impossibilitado de comparecer, a audiência deve prosse- guir normalmente. Se o reclamante, por duas vezes, der causa ao arquivamento da ação, ocorrerá a peremp- ção, prevista no art. 732 da CLT: Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por 2 (duas) vezes segui- das, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844. Como se extrai dos dispositivos acima, a perempção (perda do direito de propor a ação) no processo do trabalho é temporária. Decorrido o prazo de seis meses após o segundo arquiva- mento, o reclamante poderá ajuizar novamente a ação. Não se aplica ao processo do trabalho a perempção prevista no art. 486 do CPC (perda total do direito de propor a ação), uma vez que a CLT possui regramento específico. O não comparecimento do reclamado acarretará revelia e confissão quanto à maté- ria de fato. O reclamado deve comparecer pessoalmente à audiência ou nomear preposto para repre- sentá-lo, cujas declarações obrigarão o proponente (Art. 843, § 1º, CLT). Desde a reforma tra- balhista não há mais exigência de que o preposto seja empregado da empresa (Art. 843, § 3º, CLT). Pode ser qualquer pessoa que tenha conhecimento dos fatos (o conhecimento dos fatos pode ter se dado diretamente, por ter presenciado; ou pode ter tomado conhecimento por terceiros). Se o preposto alegar desconhecimento dos fatos, também será aplicada a pena de confissão ficta. O advogado do reclamado não pode cumular a função de preposto, uma vez que isso con- traria o Código de Ética da OAB. Como vimos, se o reclamante for ausente, haverá o arquivamento do processo. Para o re- clamado (que normalmente é o empregador) a penalidade é mais severa: revelia e confissão ficta. Essa diferença de tratamento entre as partes se justifica pelo princípio protetivo do pro- cesso do trabalho. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art786 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art844 24 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido Inovação trazida pela reforma trabalhista Se o reclamado não comparecer à audiência ini- cial, mas juntar contestação (e documentos, se houver) e o seu advogado estiver presente à audiência, o juiz analisará a defesa do reclamado. Dispõe o § 5º do art. 843 da CLT: § 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados. O PULO DO GATO Não confunda com a ausência do reclamante. Se o reclamante faltar à audiência, mas seu advogado estiver presente, mesmo assim o processo será arquivado. O processo só seguirá se o reclamante estiver presente à audiência inicial (ou mandar um outro empregado que o represente, caso esteja impossibilitado de comparecer). Se uma das partes não puder comparecer ou permanecer na audiência em razão de motivo relevante, a audiência poderá ser adiada. O que é motivo relevante? Qualquer motivo que torne a realização ou continuação da audiência inviável ou desaconselhável (ex. alagamento do fó- rum; a parte passar mal na audiência; audiência extremamente longa e que já expôs as partes, os advogados e o juiz a cansaço extremo, etc.) Dispõe, ainda, o art. 849: Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira de- simpedida, independentemente de nova notificação. A suspensão/adiamento da audiência também é possível por convenção entre as partes. E se as duas partes forem ausentes à audiência inicial? O processo será arquivado. As consequências que vimos até aqui (arquivamento em caso de ausência do reclamante e revelia em caso de ausência do reclamado) se aplicam ao não comparecimento à audiência inicial ou audiência una. Mas pode ocorrer de uma das partes comparecer à audiência inicial e, depois, não comparecer à audiência de instrução. O que ocorre neste caso? As consequências não são as mesmas da ausência à audiência inicial. No caso de não comparecimento à audi- ência de instrução, que é o momento em que a parte iria fazer seu depoimento pessoal, o juiz aplicará à parte ausente a pena de confissão ficta em relação à matéria fática (ou seja, será considerada verdadeira a tese da parte contrária em relação aos fatos). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções,Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido Mas e se as duas partes compareceram à audiência inicial e ambas faltaram à audiência de instrução? Será aplicada a pena de confissão ficta tanto ao reclamante quanto ao reclamado. E aí o juiz resolverá o processo por meio das regras de distribuição do ônus da prova (art. 818 da CLT e art. 373 do CPC) (ou seja, a parte que tinha o ônus de provar determinado fato será preju- dicada em relação à matéria, pois será considerado que ela “confessou não possuir o direito”). E se as partes faltam à audiência de instrução, mas as testemunhas comparecem? O juiz pode dispensá-las ou ouvi-las como testemunhas do juízo. Ainda, pode determinar a realiza- ção das provas que entender cabíveis. Tudo isso com base no art. 765 da CLT e busca da ver- dade real. A confissão ficta impede que a parte confessa produza as provas, mas não limita a atuação do juiz. O PULO DO GATO Se o reclamante ou o reclamado comparecerem, mas o advogado não comparecer, a audiência não será adiada, uma vez que há o jus postulandi e a parte pode prosseguir sozinha. Mas, lem- bre-se que o jus postulandi é aplicável apenas ao empegado e empregador, então o processo, para seguir, deve ser baseado em relação de emprego (e não de trabalho). Se for relação de trabalho, a audiência deverá ser adiada. 003. (VUNESP/CÂMARA DE NOVA ODESSA - SP/ASSESSOR JURÍDICO I/2018) Consoante disposição legal constante da Consolidação da Leis do Trabalho (CLT), é correto afirmar que a) o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato quando o litígio versar sobre direitos indisponíveis. b) ausente o reclamado, mesmo que presente o advogado na audiência, não serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados. c) a parte deverá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. d) terminada a instrução, terão as partes, para aduzir razões finais, o prazo comum de 10 (dez) minutos. e) não havendo acordo, o reclamado terá 20 (vinte) minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. 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(Art. 844, § 5º, CLT). c) Errada. A parte deverá PODERÁ apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. (Art. 847, parágrafo único, CLT). Obs.: � É poderá e não deverá, pois existe também a possibilidade de apresentar defesa oral em audiência. d) Errada. Terminada a instrução, terão as partes, para aduzir razões finais, o prazo comum de 10 (dez) minutos PARA CADA UMA. (Art. 850, CLT). Se fosse prazo comum, as duas partes falariam ao mesmo tempo. Obviamente isso não pode acontecer, então é prazo de 10 minutos para uma parte e depois 10 minutos para outra. e) Certa. É exatamente o que diz o art. 847 da CLT. Letra e. 3.4. ausêNcia das ParTes à audiêNcia eM ProsseguiMeNTo Vamos ver mais uma vez esta matéria, dada a importância dela (como eu sempre te falo: “a repetição é a chave da memorização”). Lembra que a audiência trabalhista, apesar de ser prevista na CLT como una, pode ser fra- cionada? Então pode ser que aconteça de o reclamante ter comparecido à audiência inicial, mas ter faltado à audiência de instrução. E aí, o que acontece? Não será caso de arquivamento, pois o arquivamento somente ocorre quando o reclamante não comparece à audiência inicial. Aqui estamos falando em audiência em prosseguimento (audiência de instrução), onde o processo já está avançado (já houve apresentação de defesa, provavelmente tenha tido prazo para impugnação à contestação). Se o reclamante não comparecer à audiência de instrução (que é a audiência em que pres- tará depoimento pessoal), será aplicada a pena de confissão quanto à matéria de fato, ou seja, serão considerados verdadeiros os fatos narrados na defesa. O reclamante já deve sair ciente da audiência inicial de que o seu não comparecimento à audiência em prosseguimento impli- cará em confissão quanto à matéria fática. 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É diferente da confissão real, que é quando a parte chega em audiência e conta fatos contrários ao seu interesse. Se o reclamado comparecer à audiência inicial e não comparecer à audiência de instrução, a consequência será a mesma aplicada ao reclamante que falta à audiência de instrução: con- fissão ficta quanto à matéria de fato. Para que a pena seja aplicada, o reclamado também deve ter saído ciente da audiência inicial de que o seu não comparecimento acarretaria confissão ficta. 3.5. aTa de audiêNcia Consta do art. 851 da CLT: Art. 851 - Os tramites de instrução e julgamento da reclamação serão resumidos em ata, de que constará, na íntegra, a decisão. § 1º - Nos processos de exclusiva alçada das Juntas, será dispensável, a juízo do presidente, o re- sumo dos depoimentos, devendo constar da ata a conclusão do Tribunal quanto à matéria de fato. § 2º - A ata será, pelo presidente ou juiz, junta ao processo, devidamente assinada, no prazo impror- rogável de 48 (quarenta e oito) horas, contado da audiência de julgamento, e assinada pelos juízes classistas presentes à mesma audiência. Conforme se observa, deverá constar da ata o resumo dos principais ocorridos da audiên- cia, tais como depoimentos das partes e testemunhas, juntada de documentos e requerimen- tos das partes. Se for proferida decisão na audiência, deverá constar a íntegra dela na ata. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 74www.grancursosonline.com.br Nulidades no Processo do Trabalho, Exceções, Audiências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Priscila Margarido O § 2º não tem muita aplicação prática, uma vez que no processo eletrônico é dispensada a assinatura dos presentes, bastando a assinatura digital do juiz (conforme dispõe o art. 23 da Resolução 185/2017 do CSJT).
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