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Gestão em Enfermagem A1 Prof. Gisele Costa Caso 1 MFS, 57 anos, sexo feminino, divorciada, tem ensino fundamental completo, do lar. Vive com a filha e com a neta. Interna no Hospital Universitário com Diagnóstico médico de Broncopneumonia a Esquerda. Conta que há 1 semana apresenta febre, tosse produtiva e dor torácica. Diz ter dores contínuas nas pernas, quadril e membro superior direito por ter fibromialgia. Sente também dores no peito ao tossir devido a broncopneumonia. Em repouso, quase não sente dor, mas quando se movimenta a intensidade da dor aumenta. Tem dificuldade para deambular pequenas distâncias, pois se sente cansada, diz querer ficar deitada. Tabagista de 1 maço/dia; nega etilismo. Relata uso de celebra® 2x/dia, e outra medicação (não sabe o nome) para depressão. Tem hábito intestinal normal, com evacuação 1x/dia; eliminação vesical sem alterações. Estilo de vida sedentário. Tem dificuldade para enxergar, mas usa óculos. Ao exame físico: PA= 130x80 mmHg, P= 105 bpm (rítmico), FR= 36 rpm (expansão simétrica), T= 37ºC, Peso= 76 kg, Altura= 1,46 m. Regular estado geral, mucosas descoradas. Ausência de todos os dentes superiores e de alguns inferiores, relata não fazer falta para mastigar; mucosas íntegras e língua saburrosa. Ausculta pulmonar com creptações em ápice de pulmão esquerdo e murmúrios diminuídos em base esquerda. Ausculta cardíaca normal. Abdome globoso, flácido, indolor a palpação, com cicatriz de cirurgia abdominal prévia. Caso 2 E.R.F., 18 anos, sexo feminino, solteira, um filho, foi internada para tratamento de pneumonia bacteriana. À admissão estava consciente, gemendo, referindo dor torácica intensa às inspirações e à tosse, que se caracterizava por expectoração de grande quantidade de muco espesso amarelado. Queixava-se de intenso cansaço e frio desproporcional à temperatura ambiental. Referiu falta de apetite há cinco dias, eliminações urinária e intestinal sem alterações. Disse estar preocupada com o filho, que deixou sob os cuidados de sua mãe. Ao exame físico apresentava FR= 36 rpm, respiração superficial, com presença de estertores disseminados no pulmão esquerdo; pulso radial= 102 bpm, rítmico e forte, PA= 120/80 mmHg; temperatura axilar= 37,8ºC. Abdome plano e sem sinais de irritação à palpação; ruídos hidroaéreos normais. Apresentava manchas hipocrômicas nos membros inferiores; pele íntegra, quente e úmida. O peso corporal era adequado para a estatura, idade e sexo. Gestão em Enfermagem Oxigenoterapia Prof. Gisele Costa Ventilação Mecânica ➢ Entende-se por ventilação mecânica a aplicação, por modo invasivo ou não, de uma máquina que substitui, total ou parcialmente, a atividade ventilatória do paciente. ➢ Objetivos: - Manter as trocas gasosas: correção da hipoxemia e da hipercapnia - Reduzir o trabalho respiratório - Reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória - Permitir a aplicação de terapêuticas específicas ➢ Pode ser dividida em 2 tipos: Ventilação Invasiva e Ventilação Não Invasiva. Ventilação Mecânica Não Invasiva 1- Ventilação Não invasiva (VNI): é definida como uma técnica de ventilação mecânica onde nenhum dispositivo invasivo é usado. A ventilação é feita através da adaptação do paciente em máscaras facial ou nasal onde esta, encontra-se conectada por um circuito ao ventilador. ➢ A VNI está indicada para os pacientes em insuficiência respiratória cujos os sinais e sintomas clínicos estejam presentes, como : taquipnéia, dispnéia, baixa saturação, hipoxemia, retenção de dióxido de carbono, aumento de trabalho muscular respiratório e diminuição do volume corrente. ➢ A VNI reduz em 60% os casos de intubação. ➢ Objetivo: - Aliviar os sintomas do desconforto respiratório; - Aumentar ou estabilizar a toca gasosa; - Reverter a hipoxemia e acidose respiratória; - Reduzir o trabalho ventilatório; - Evitar a IOT Ventilação Mecânica Não Invasiva ➢ Contraindicação: - Pneumotórax não drenado; - Trauma facial e/ou obstrução de VAS; - Vômitos e hematêmese; - Queimadura grave de face e/ou VAS; - PCR; - Instabilidade hemodinâmica. ➢ Vantagens: - Minimiza as complicações da Ventilação Mecânica Invasiva; - Manutenção dos mecanismos de defesa pulmonar (tosse e expectoração); - Possibilita a alimentação e a comunicação verbal; - Permite aplicação intermitente; - Menor necessidade de sedação. ➢ Se apresenta em dois tipos: CPAP e BIPAP - CPAP: Pressão positiva contínua nas vias aéreas. utilização de um nível pressórico constante. - BIPAP: ventilação em dois níveis de pressão Ventilação Mecânica Não Invasiva ➢ Podem ser de dois tipos: 1- CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas). Nesta modalidade de ventilação estipula-se somente um nível de pressão que se mantém constante durante a inspiração e expiração. 2- BIPAP (Ventilação com Pressão Positiva em Dois Níveis Pressóricos). Dois níveis de pressão são oferecidos durante a ventilação, sendo que um tem uma pressão maior na inspiração e o outro pressão menor na expiração se alternando em todo o ciclo respiratório. ➢ Cuidados de Enfermagem na utilização da VNI - Verificar a pressão na fixação das máscaras; - Observar vazamentos de O2 pelas máscaras; - Atentar para as lesões cutâneas; - Atentar para o ressecamento de conjuntiva – lesão de córnea; - Monitorar os sinais vitais, incluindo a saturação de oxigênio; - Atentar para as possíveis complicações. Ventilação Mecânica Não Invasiva Ventilação Mecânica Invasiva ➢ Conta-se com uma via aérea mais avançada sendo necessário usar tubos oro traqueal, traqueostomia ou nasotraqueal. Ventilador Mecânico Ventilação Mecânica Invasiva ➢ Parâmetros Básicos Para Regulagem do Ventilador Mecânico: 1- Fração inspiratória de oxigênio (FiO2): corresponde a concentração percentual de Oxigênio no ar inspirado. Deve ser controlada e mantida em níveis entre 40% a 60%. A FiO2 a 100% é permitida em período curto, 30 minutos, após início da ventilação, onde gradativamente a cada 5 a 10 minutos, reduzi-la até manutenção de PaO2 e saturação favoráveis. 2- Frequência Respiratória (FR): recomenda-se a frequência respiratória de 10 a 14 incursões por minuto (ipm). Para manutenção, o controle da sedação e analgesia é fundamental, evitando-se retenções ou altas liberações de CO2 da corrente sanguínea. É importante observar a gasometria arterial e atentar para os valores de PaCO² e ph. 3- Volume corrente (VT): é o volume de ar oferecido a cada ventilação. O cálculo do volume corrente (VT), baseado no peso ideal do paciente, considera uma regulagem inicial de 7 a 8 mL/Kg. Ventilação Mecânica Invasiva ➢ Parâmetros Básicos Para Regulagem do Ventilador Mecânico: 4- Pressão Expiratória Final Positiva (PEEP): recurso utilizado para otimizar a pressão positiva ao fim da expiração, de forma a manter os alvéolos abertos, evitando o colabamento e atelectasias. A PEEP ideal e fisiológica é a utilização de 5cm/H2O. 5- Fluxo inspiratório: corresponde a velocidade com que o volume corrente é ofertado. Geralmente são utilizados valores entre 40 a 60 L/min. 6- Sensibilidade (Disparo/Triggers): consiste no esforço inspiratório despendido pelo paciente para disparar um novo ciclo assistido pelo ventilador. Ventilação Mecânica Invasiva ➢ Fases dos Ciclos Ventilatórios: a) Disparo (início da fase inspiratória), quando o paciente está em esforço respiratório e é identificado por sensor de pressão ou disparo do ventilador por controle de tempo predeterminado. b) Fase inspiratória (é a insuflação de ar nos pulmões vencendo toda a resistência) c) Ciclagem (mudança da fase inspiratória para a expiratória) d) Fase expiratória é o esvaziamento dos pulmões de forma passiva. Ventilação Mecânica Invasiva ➢ Modalidades Ventilatórias: A escolha da modalidade de ventilação mecânica determina como o ventilador e o paciente vão interagir. 1- Modo Controlado: Não existe a participação do paciente. O volume, o fluxo e a frequência respiratória são determinados pelo aparelho. 2- Modo Assistido/Controlado: O paciente tem uma participaçãono início da fase inspiratória determinando quando iniciar através de um ligeiro esforço inspiratório. Se não houver esforço do paciente, o respirador fornece ciclos controlados na frequência mínima determinada. 3- Ventilação mandatória intermitente sincronizada ou SIMV: Permite ao paciente em ventilação controlada, respirar espontaneamente nos intervalos entre os ciclos ventilatórios determinados pelo aparelho. Ventilação Mecânica Invasiva ➢ Modalidades Ventilatórias: A escolha da modalidade de ventilação mecânica determina como o ventilador e o paciente vão interagir. 4- Ventilação com pressão de suporte ou PSV: consiste na oferta de níveis de pressão positiva constantemente nas vias aéreas do paciente durante as inspirações. O objetivo é diminuir o trabalho da musculatura inspiratória. 5- Pressão positiva continua nas vias aéreas ou CPAP: É uma modalidade de pressão espontânea, consistindo na manutenção de uma pressão positiva nas vias aéreas do paciente, durante as respirações espontâneas, prevenindo o colapso alveolar no final das expirações. Aspiração das Vias Aéreas ➢ Procedimento utilizado para remoção de secreções, por meio de sucção, das vias aéreas inferiores e superiores e/ou cavidade oral. ➢ Utilizado quando o paciente é incapaz de limpar as vias aéreas. ➢ Objetivos da Aspiração: - Manter as vias aéreas permeáveis/livres; - Eliminar muco e secreções; - Diminuir a colonização microbiana; - Impedir a broncoaspiração de secreções; - Proporcionar ventilação e melhora na troca gasosa. Aspiração das Vias Aéreas ➢ Indicadores da Necessidade de Aspiração: - Presença de secreção visível nas vias aéreas; - Presença de ruído no tubo traqueal; - Presença de roncos e/ou crepitações durante a ausculta pulmonar; - Desconforto respiratório; - Queda da saturação; - Oscilações na curva de fluxo do respirador. Aspiração das Vias Aéreas ➢ Existem dois sistemas de aspiração: aberto e fechado. 1- Aberto: a cada aspiração, usa-se um novo cateter desconectando o paciente do ventilador para realizar o procedimento. Aspiração das Vias Aéreas 2- Fechado: um cateter é mantido protegido por uma bainha plástica, é usado várias vezes e não se desconecta o paciente do ventilador. Aspiração das Vias Aéreas ➢ Cuidados na aspiração: - Lavagem das mãos; - Uso dos EPIs: máscara, óculos de proteção e luvas e gorros. - Posicionar o paciente com a cabeceira a 30º - Atentar para os sinais vitais antes, durante e após o procedimento; - Parar a dieta enteral durante o procedimento; - Profundidade da introdução da sonda; - Pressão do vácuo na aspiração – 100 a 150 mmHg; - Aumentar a FiO2 do paciente antes e depois de cada aspiração. - Não demorar muito no procedimento – ventilação do paciente – 10 a 15 segundos; ➢ Ordem da Aspiração: - Tubo endotraqueal - Nariz - Boca Aspiração das Vias Aéreas Ventilação Mecânica ➢ Complicações da Ventilação Mecânica: - Diminuição do débito cardíaco: devido o aumento da pressão intratorácica, reduzindo o retorno venoso. - Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica (PAV): devido a broncoaspiração e uso de técnicas assépticas. - Atelectasia, intubação seletiva. - Pneumonia - Barotraumas - Instabilidade hemodinâmica - Desequilíbrio acidobásico, gasométrico. - Estenose ou malácia da traquéia e lesão das cordas vocais. -Toxicidade pelo oxigênio - Dependência do ventilador. - Extubação acidental: má fixação; agitação e manuseio do paciente. Desmame ➢ O desmame da ventilação mecânica invasiva pode ser compreendido como o processo de transição da ventilação mecânica para a ventilação espontânea. Este processo ocorre de forma gradual, com a instituição de intervenções terapêuticas apropriadas, para corrigir impedimentos funcionais e psicológicos e permitir que o paciente reassuma a autonomia ventilatória. ➢ O desmame da ventilação mecânica é realizado no momento mais precoce possível compatível com a segurança do paciente. O desmame é iniciado quando o paciente a causa da insuficiência respiratória foi suficientemente revertida. ➢ O que determina o sucesso do desmame respiratório, é a respiração espontânea do paciente, de no mínimo 48hs após a interrupção da ventilação mecânica ➢ Extubação é a retirada da via aérea artificial. No caso de pacientes traqueostomizados, utiliza-se o termo decanulação. Denomina-se reintubação ou fracasso de extubação, a necessidade de reinstituir a via aérea artificial. A reintubação é considerada precoce quando ocorre em menos de 48 h após a extubação (ou decanulação). Ventilação Mecânica ➢ Principais Cuidados de Enfermagem com o Paciente em Ventilação Mecânica: - Controle dos sinais vitais e monitorização cardiovascular; - Higiene oral diária e sempre que necessário, com o objetivo de proporcionar conforto, preservar a integridade da mucosa orofaríngea, colaborando na prevenção de Infecções. - Troca de fixação do TOT ou TQT, sempre que necessário; - Atenção para os alarmes e a identificação do problema; - Troca, segundo rotina da SCIH, do circuito respiratório, atentar para umidificação do ar e condensação das traquéias; - Observar nível de sedação – de preferência utilizar a escala de Glasgow. - Medidas de precaução para evitar infecção; - Aspiração das vias aéreas e TOT e/ou TQT; - Avaliação da pressão do balonete do TOT – ideal entre 15 a 20 mmHG. Esse cuidado evita lesões da laringe e da traqueia por necrose decorrente da insuflação excessiva do balonete; - Manutenção da cabeceira elevada entre 30 a 45º Ventilação Mecânica ➢ Principais Diagnósticos de Enfermagem relacionados a Oxigenoterapia: - Troca de gases prejudicada; - Resposta disfuncional ao desmame ventilatório; - Ventilação espontânea prejudicada; - Padrão respiratório ineficaz; - Risco de Infecção; - Desobstrução ineficaz das vias aéreas; ESCLARECIMENTO DE DÚVIDAS