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HIGIENE E LEGISLAÇÃO DOS ALIMENTOS Prof.ª Dr.ª Kelen Estavanate Doutora em Promoção de Saúde - UNIFRAN Docente do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM Nutricionista – CRN 9 MG 6913 kelen@unipam.edu.br CONTAMINAÇÃO INICIAL DOS ALIMENTOS • Grandes perdas de alimentos → 35% • Causa → proliferação de microorganismos • Grande quantidade → doenças ao homem • Menor contaminação inicial → Menor possibilidade de ocorrer toxinfecção • Menor contaminação → Maior vida útil do alimento FORMAÇÃO DA MICROBIOTA NO ALIMENTO • Microorganismos associados com matéria prima original → presentes no solo e água • Microorganismos adquiridos durante o processo de manipulação → via de transmissão direta Contaminação pelas mãos (Stafilococus, parasitoses) Fezes e Urina Nariz Boca Secreção vaginal Ferimentos FORMAÇÃO DA MICROBIOTA NO ALIMENTO • Microorganismo que sobrevive aos processos de preservação e estocagem. • Contaminação pode ocorrer → durante a produção, colheita ou abate, transporte (temperatura inadequada, má embalagem, falta de higienização), manipulação, distribuição, embalagem inadequada. CRESCIMENTO MICROBIANO FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA NOS ALIMENTOS • Solo: solo arenoso (baixa concentração de bactérias) solo fértil, rico em matéria orgânica (106 UFC/g) Bactérias: Clostridium, Bacillus, Pseudomonas, Streptomyces Leveduras: (todas as espécies) Aspergilus, Rhizopus, Peniciliun. • Água: Se não estiver em boas condições poderá aumentar a concentração de micróbios. Possui microbiota muito variável FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA NOS ALIMENTOS Bactérias do solo podem atingir a água, mas não conseguem se multiplicar. Bactérias intestinais podem ser veiculadas pela água Exemplos: Escherichia, Salmonela, Shigela, Yersinia. • Animal: Microorganismo na pele humana (Stafilococcus) Bovinos e Suínos 1010 UFC/g Peixes 102 UFC/g FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA NOS ALIMENTOS Microorganismos intestinais Fezes de animais 106 UFC/g a 1011 UFC/g Fezes de peixes 104 UFC/g a 107 UFC/g • Manipulador Mãos 102 – 103 UFC/g Stafilococcus aureus Fezes 1010 – 1012 UFC/g Stafilococcus aureus Exemplos: Escherichia coli, Lactobacilus, Clostridium, Baccilus, Streptococcus, Salmonela, Shigela FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA NOS ALIMENTOS • Equipamentos, utensílios, bancadas: Podem ter diversos tipos de bactérias, em diferentes quantidades (contaminação pelo ar, água, manipulador). Devem ser higienizadas e sanitizadas para diminuir a carga microbiana) • Especiarias: Temperos podem ter até 108 UFC/g, principalmente mesofílico. • Poeira: Micrococcus, Bacilus, bolores • Alimento a alimento: Contaminação está envolvida com os principais fatores que levam a contaminação de alimentos e DTA. • Insetos: Moscas 108 UFC/mosca - mesofílico Sobrevivência de microrganismos patógenos no solo e em vegetais FONTE : FORSYTHE,S.J. MICROBIOLOGIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR ED. ARTMED 2002 424p. FATORES INTRÍNSECOS – Particularidades inerentes aos tecidos vegetais ou animais pH Conteúdo em umidade Potencial de oxirredução (Eh) Conteúdo de nutrientes Compostos antimicrobianos Estruturas biológicas FATORES QUE AFETAM DESENVOLVIMENTO MICROBIANO FATORES EXTRÍNSECOS Temperatura de armazenamento Umidade relativa do meio ambiente Presença de concentração de gases no meio ambiente FATORES QUE AFETAM DESENVOLVIMENTO MICROBIANO FATORES INTRÍNSECOS > 4,5 = alimentos de baixa acidez pH entre 4,5 e 4,0 = alimentos de média acidez < 4,5 = alimentos de alta acidez FATORES INTRÍNSECOS ALIMENTO pH ALIMENTO pH Clara de ovo 7,6-9,5 Camarão 6,8-8,2 Caranguejo 6,8-8,0 Leite 6,3-6,8 Manteiga 6,1-6,4 Mel 6,0-6,8 Carne de Frango 5,5-6,4 Carne bovina 5,3-6,2 Alho 5,3-5,8 Repolho 5,2-6,3 Presunto 3,5-4,0 Abacaxi 3,2-4,1 Laranja 2,8-4,0 Limões 2,2-2,4 pH FATORES INTRÍNSECOS ORGANISMO Mínimo Ótimo máximo Bactérias (maioria) 4,5 6,5-7,5 9,0 Leveduras 1,5-3,5 4,0-6,5 8,0-8,5 Mofos 1,5-3,5 4,5-6,8 8,0-11,0 Clostridium botulinum 4,8-5,0 6,0-8,0 8,5-8,8 Salmonella sp 4,5-5,0 6,0-7,5 8,0-9,6 Vibrio parahaemolyticus 4,8-5,0 7,5-8,5 11,0 pH FATORES INTRÍNSECOS • Quantidade de água no alimento • Necessidade de água nos microorganismos → • Atividade de água (Aa) • Bactérias → valores de Aa mais elevados • Redução da Aa ↓ 0,70 → diminuição do volume de água pela adição de sal e açúcar Umidade FATORES INTRÍNSECOS Atividade de água (Aa) O valor absoluto de Aa fornece uma indicação segura do teor de água livre do alimento Água livre - única forma de água passível de utilização por parte dos microrganismos Numericamente a Aa varia de 0 a 1 FATORES INTRÍNSECOS Aa Alimentos Microrganismos 0,98-0,99 Leite, peixe, carne fresca, vegetais em salmoura, fruta em calda leve Salmonella, Campylobacter, E.coli, Shigella, B. cereus, Clostridium, S. aureus. 0,93-0,97 Leite evaporado, queijo processado, carne curada, carne e peixe levem. Salgado, lingüiça cozida, fruta em calda forte e pão. S. aureus e V. parahaemolyticus e outros acima crescem lentamente ou para sua reprodução. 0,85-0,92 Leite condensado, queijo cheddar maturado, lingüiça fermentada, carne seca, presunto cru e bacon. S. aureus mas sem produção de enterotoxina. Bolores micotoxigênicos. 0,60-0,84 Farinhas, cereais, nozes, frutas secas, leite e ovos em pó, gelatinas e geléias, melaço. Não há crescimento de bactérias patogênicas <0,60 Confeitos, vegetais fermentados, chocolate, mel, macarrão seco, biscoitos e batatas chips. Não há crescimento microbiano, mas permanecem viáveis. FATORES INTRÍNSECOS CURIOSIDADES Os chineses e os gregos, desde 5.000 anos atrás, utilizavam o sal para conservar os peixes acumulados em épocas de fartura. Os índios brasileiros, muito antes do descobrimento, costumavam assar as carnes e secar os peixes, e depois armazená-los em caldo grosso de pimenta. FATORES INTRÍNSECOS • Facilidade com que o substrato pode ganhar (redução) ou perder (oxidação) elétrons • Quando um elemento ou composto perde elétrons → substrato oxidado → aeróbios → alimento exposto ao ar • Enquanto que um substrato que ganha elétrons → reduzido → anaeróbios Potencial de oxi-redução (Eh) FATORES INTRÍNSECOS Potencial de oxi-redução (Eh) Os microrganismos são classificados em aeróbios, anaeróbios facultativos, microaerófilos e anaeróbios em função da capacidade de utilizarem ou não o oxigênio como receptor final de elétrons no metabolismo respiratório. Os microrganismos aeróbios somente se desenvolvem em substratos com potencial de oxirredução elevado, portanto, em contacto íntimo com o oxigênio atmosférico, ocorrendo o contrário no caso dos anaeróbios. FATORES INTRÍNSECOS Conteúdo de nutrientes Água Fonte de energia – carboidratos, alcoois e gorduras Fonte de nitrogênio – aminoácidos (fonte primária), peptídeos e proteínas. Vitaminas Minerais Outros fatores de crescimento FATORES INTRÍNSECOS Constituintes antimicrobianos Lacteninas - leite fresco Lizozima – clara do ovo Eugenol - cravo Ácido benzóico - vegetais Aldeído cinâmico - canela FATORES INTRÍNSECOS Estruturas Biológicas Membranas das sementes Cobertura externa dos frutos Casca das nozes Pele dos animais Casca dos ovos FATORES EXTRÍNSECOS Temperatura de armazenamento - 8º a + 90ºC (faixa ampla de crescimento). Os microrganismos possuem uma temperatura mínima, ótima e máxima de crescimento. Podem ser classificados em : psicrófilos, psicrotróficos, mesófilos e termófilos. FATORES EXTRÍNSECOS GRUPO T. MÍNIMA T. ÓTIMA T. MÁXIMA Termófilos 40-45 55-75 60-90 Mesófilos 5-15 30-45 35-47 Psicrófilos -5 - +5 12-15 15-20 Psicrotróficos -5 - +5 25-30 30-35 Revista Science - Agosto 2003 Pesquisa realizada em Amherst, EUA, Universidade de Massachusetts. Um micróbio que se multiplica em água fervente e "respira" ferro lançou por terra os limites em que os cientistas acreditavam que a vidafosse possível. A bactéria vive naturalmente no ambiente inóspito em torno de chaminés vulcânicas submarinas, onde não há luz, a pressão é tal que esmagaria qualquer coisa que vive sobre a terra e a água é repleta de substâncias tóxicas. Já se sabia que há micróbios nesses ambientes, mas, levada para um laboratório, a bactéria sobreviveu a duas horas sob 130 graus Celsius e, "refrescada" novamente até os 103º graus, voltou a reproduzir-se como se nada tivesse acontecido. A descoberta tem lado sombrio: o procedimento padrão de esterilização em clínicas e hospitais requer que os objetos passem algumas horas sob 121 graus Celsius, em autoclaves pressurizadas. Para a bactéria, conhecida apenas pelo nome Cepa 121, 24 horas sob 121 graus em uma autoclave parecem um dia no parque. O número de bactérias na amostra duplicou no período. Já havia sido encontrada vida na fumaça negra, equilibrando-se entre as águas geladas e ferventes e freqüentemente usando o enxofre como combustível. Outro micróbio achado nesses ambientes, o Pyrolobus fumarii, suporta 113 graus Celsius. Mas, na pesquisa, quando amostras foram sujeitas a 121 graus em uma autoclave, apenas 1% dos P. fumarii estava intacto após uma hora. "E não havia indícios de que as células restantes eram viáveis", contaram os pesquisadores na "Science". FATORES EXTRÍNSECOS AVES E COELHOS comercializadas a temperatura ambiente FATORES EXTRÍNSECOS Alimentos comercializadas ao sol FATORES EXTRÍNSECOS Umidade relativa do meio ambiente A umidade relativa possuiu uma estreita relação com a Aa. Quando a Aa de um alimento for muito baixa (0,60) deve-se armazenar em condições em que não seja possível recuperar umidade. FATORES EXTRÍNSECOS Atmosfera envolvendo o alimento Provavelmente o CO2 é o gás mais estudado e mais aplicado na prática industrial, particularmente em carnes e frutas. O Clostridium botulinum é totalmente inibido em presença de O2 REFERÊNCIAS Capítulo 3 - Germano, Pedro Manuel Leal. Higiene e vigilância sanitária de alimentos / Pedro Manuel Leal Germano, Maria Izabel Simões Germano. - 6. ed. - Barueri [SP] : Manole, 2019. 864 p. ; 24 cm.
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