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LARISSA GOMES SANTOS | INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS 1 *Resumo sem imagens devido a direitos autorais, conferir fotos no slide. Classificação geral: (Art. 16 – RIISPOA – Decreto 9.013/2017) Os estabelecimentos de produtos de origem animal que realizem comércio interestadual e internacional, sob inspeção federal, são classificados em: I - de carnes e derivados; II - de pescado e derivados; III - de ovos e derivados; IV - de leite e derivados; V - de produtos de abelhas e derivados; VI - de armazenagem; e VII - de produtos não comestíveis. Dentro do grupo de carnes e derivados, existem tipos de estabelecimentos, como: I) Unidades frigoríficas de abate (abatedouro frigorífico) – nomeia-se: abatedouro frigorífico + nome da espécie que ele se destina; p. ex.: abatedouro frigorífico de equídeos Todo abatedouro frigorífico deve dispor de câmaras frigoríficas pois a cadeia do frio é de extrema importância dentro de uma indústria. Isso tem a sua importância também na saúde pública. Antigamente, a cadeia do frio não existia, por isso era chamado apenas de abatedouro. Cada abatedouro frigorífico deve abater apenas a espécie que lhe foi idealizada – onde se abate bovídeo, não se abate ave e vice versa, devido as diferentes tecnologias do abate. Além disso, todo abatedouro frigorífico deve ser devidamente equipado para receber o animal que será abatido. II) Unidade de beneficiamento de carnes e produtos cárneos: A diferença desses estabelecimentos é que nesse caso não há abate, só há o recebimento da matéria prima. Após o abate, todo corte cárneo deve ser resfriado com uma temperatura de no máximo 7ºC. A temperatura é aferida com um termômetro espeto e tira-se do centro geométrico da carne, não só da superfície. Requisitos para construção e instalação de estabelecimentos de P.O.A. Quando se faz a instalação de um abatedouro frigorífico, uma série de requisitos devem ser cumpridos. Área disponível: deve ser adequada a espécie e a quantidade de animais por dia que a indústria pretende abater. Tipo de terreno: arenoso, pantaneiro e alagadiço não são recomendados, pois podem causar acidentes e doenças nos animais. Não deve ser próximo a escolas, igrejas, etc., ou pontos de mau cheiro, como lixões. Só recebe animais no raio máximo de 100 km, pois quando é muito longe, infringe o bem estar animal, que deve ser respeitado desde o momento em que estão na fazenda. Alguns outros critérios citados no Art. 42 do RIISPOA: localização em terreno com área suficiente para circulação e fluxo de veículos de transporte; paredes e separações revestidas ou impermeabilizadas e construídas para facilitar a higienização; pé-direito com altura suficiente para permitir a disposição adequada dos equipamentos e atender às condições higiênico-sanitárias e tecnológicas específicas para suas finalidades; Construção e Instalação de Abatedouros Frigoríficos CONCEITO: É o estabelecimento destinado ao abate dos animais produtores de carne, à recepção, à manipulação, ao acondicionamento, à rotulagem, à armazenagem e à expedição dos produtos oriundos do abate, dotado de instalações de frio industrial, podendo realizar o recebimento, a manipulação, a industrialização, o acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de produtos comestíveis e não comestíveis. CONCEITO: É o estabelecimento destinado à recepção, à manipulação, ao acondicionamento, à rotulagem, à armazenagem e à expedição de carne e produtos cárneos, podendo realizar industrialização de produtos comestíveis e o recebimento, a manipulação, a industrialização, o acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de produtos não comestíveis. LARISSA GOMES SANTOS | INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS 2 pisos impermeabilizados com material resistente e de fácil higienização, construídos de forma a facilitar a coleta das águas residuais e a sua drenagem para seus efluentes sanitários e industriais; ralos de fácil higienização e sifonados; janelas, portas e demais aberturas construídas e protegidas de forma a prevenir a entrada de vetores e pragas e evitar o acúmulo de sujidades; luz natural ou artificial e ventilação adequadas em todas as dependências; equipamentos e utensílios resistentes à corrosão, de fácil higienização e atóxicos que não permitam o acúmulo de resíduos; gelo de fabricação própria ou adquirido de terceiros; dependência específica dotada de ar filtrado e pressão positiva; equipamentos apropriados para a produção de vapor; e laboratório adequadamente equipado, caso necessário para a garantia da qualidade e da inocuidade do produto. Numa indústria de alimentos é importante que haja água em quantidade e qualidade. Há pelo menos 3 lagoas de tratamento, que tem como finalidade “filtrar” a água utilizada. 1) Lagoa anaeróbica: material rico em matéria orgânica. Ex.: sangue, fezes, pelo (suínos). 2) Lagoa intermediária: há um certo grau de matéria orgânica, mas há oxigenação. 3) Lagoa aeróbica: quase não tem matéria orgânica e tem oxigenação. Um dos critérios para isso é criar peixes nessa água. A água então é devolvida a natureza em condições físico-químicas adequadas. Plataforma de desembarque e corredor central O caminhão deve acoplar perfeitamente na plataforma de desembarque, sob o risco de acidentes dos animais no momento de descida do transporte. Os animais não devem ser desembarcados sob gritos, chicotadas, e/ou outros métodos agressivos. Choques de baixa voltagem (20-30V) são permitidos apenas 1 vez, exceto em genitália, úbere e face. Os animais são alojados nos currais, e teremos três tipos dentro da indústria: 1) de chegada e seleção; 2) de matança; 3) de observação. Baterias de currais e estruturas anexas I. Currais de chegada e seleção Recebimento dos animais para o abate, permitindo sua acomodação e sua separação por lotes, de acordo com a raça, sexo, idade, chifres, cor da pelagem, etc. São os primeiros após o desembarque. Não é recomendado que misture os lotes, pois os animais já estão acostumados entre si. No mesmo lote, pode separar machos e fêmeas, com chifre e sem chifre, e no caso de equídeos os animais de pelo claro devem ser separados dos de pelo escuro, a fim de observar se os animais tem melanoma. A área deve ser (2,5 m² / animal), nunca inferior à dos currais de matança. Pavimentação adequada e de fácil higienização – o piso deve ser impermeável, antiderrapante e de fácil higienização; utiliza-se paralelepípedo com asfalto. As cercas devem ter no mínimo com 2m de altura – alvenaria, madeira (dupla) ou tubos de aço galvanizado pois evita a corrosão. Cordão sanitário (alvenaria) entre os currais: 30cm de altura Bebedouros: permitir 20% dos animais simultaneamente. Os currais não são abertos por obrigatoriedade. No caso de suínos, as pocilgas devem ser cobertas, pois são animais que sofrem muito com o estresse térmico. Os currais devem estar distantes 80m das áreas de produtos comestíveis. LARISSA GOMES SANTOS | INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS 3 II. Currais de matança Recebimento dos animais considerados aptos ao abate após a inspeção ante-mortem. ✓ Possui as mesmas características dos currais de chegada e seleção. Depósito de chegada: todas as vezes que, pelo adiantado da hora ou ausência de funcionário responsável por tal serviço, houver animais para ingressar nos estabelecimentos, este ingresso só é permitido em um depósito à parte, exclusivamente destinado a essa finalidade. Os animais aí introduzidos só podem ser retirados depois de inspecionados pelo Médico Veterinário. III. Curral de observação São destinados aos animais excluídos da matança normal após a inspeção ante-mortem. Situa-se adjacente aos currais de chegada e seleção e afastado, no mínimo, 3 metros. Tem basicamente as mesmas características descritas paraos currais de chegada e seleção. Cordão sanitário de alvenaria com 50cm de altura Faixa vermelha na altura de 2m (ou última fileira de tábuas) Possuir seringa e brete de contenção / Equipamentos próprios IV. Departamento de necropsia Está situado próximo ao curral de observação, é um local para examinar as carcaças de animais encontrados mortos no caminhão de transporte ou nas dependências da indústria. Suspensão do abate / quarentena do lote. Destino sanitário das carcaças e demais animais do lote. Doenças de notificação obrigatória – Informar à DSA. (Febre Aftosa / Carbúnculo Hemático / Raiva / EEB / etc) Instalações e equipamentos próprios Carrinhos exclusivos para transporte de cadáveres Forno crematório ou Autoclave industrial Produção de adubos ou fertilizantes V. Abatedouro sanitário Trata-se de uma exigência para estabelecimentos que visam à exportação de carne para outros países, devendo possuir condições mínimas para o abate higiênico de emergência dos animais, como instalações e equipamentos próprios. VI. Banheiro de aspersão Destina-se ao banho dos animais em conjunto para diminuir a contaminação superficial da pele. Portas tipo guilhotina (que sobe e abaixa). Largura mínima de 3m. Os animais tomam banho com água hiperclorada (15 p.p.m.), com borrifadores em todas as direções (3 atm de pressão). As tubulações tem cores distintas para que fique claro qual tubulação transporta o que – as de água hiperclorada são verdes. Os animais saem em fila indiana do banheiro de aspersão. VII. Rampa de acesso e seringa Paredes devem ser impermeabilizadas e piso antiderrapante. Os animais entram em fila indiana e tomam outro banho individual, com água potável (cloro: 0,2-0,3 p.p.m.) e fria. LARISSA GOMES SANTOS | INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS 4 A água fria faz com que haja vasoconstricção periférica, aumentando a circulação dos grandes vasos – o que é bom no momento da sangria, onde deve-se tirar o máximo de sangue possível, pois o sangue deteriora o produto além de ser um meio de cultura. As projeções de água devem ser embutidas na parede para evitar acidentes. No final, há o boxe de insensibilização. VIII. Boxe de insensibilização Está situado no início da área de matança (área suja). É uma estrutura metálica reforçada para alojar um único animal, com porta do tipo guilhotina, com lateral e fundo móveis. Há uma parede para causar uma leve compressão no animal, pescoceira e elevador de cabeça. IX. Área de vômito Situada na saída do boxe de insensibilização. Após a desensibilização, o animal não pode mais ter contato com o chão. Existe uma grade de tubos galvanizados onde é lavado um animal por vez, com o auxílio de uma mangueira com pistola de água sob pressão. Os animais são içados (erguidos) para trilhagem aérea com o uso de corrente, apenas por um dos membros superiores. Há o uso de mangueira com água potável para lavar região peribucal e perianal – para limpar vômito, urina e fezes. X. Sala de matança (área suja x área limpa) Área total: 8m² / bovino / hora (Ex.: 100 bois / hora = 800m²) O pé direito deve ter mínimo 7 metros de altura, pois uma vez içado, o animal não pode mais arrastar no chão. Paredes revertidas e impermeabilizadas (2m de parede – 3m de exportação). Geralmente é azulejo. O piso deve ser resistente, antiderrapante e impermeabilizado. Os ângulos piso x parede x teto devem ser arredondados, a fim de facilitar a higienização. As portas e janelas devem ser teladas ou com cortinas de ar – as cortinas de ar não deixam o frio sair do local, além de evitar a entrada de alguns insetos. Deve ter iluminação e ventilação adequadas – natural e artificial. XI. Trilhagem aérea Onde a carcaça é transportada. Em pequenos ruminantes pode ser manual, mas em caso de bovídeos e equídeos é automatizada. Altura mínima de 5,25m Distância mínima de 70cm do focinho do animal ao piso Distância mínima de 1,20m das paredes A propulsão das carcaças será feita através da nórea – transportador aéreo É de caráter obrigatório nas linhas de inspeção a presença de sistemas para interromper o funcionamento da nórea XII. Canaleta de Sangria A canaleta de sangria é projetada para que o animal permaneça no mínimo 3 minutos. Eles devem morrer por choque hipovolêmico e o coração ainda deve estar batendo, para expulsar o sangue dos vasos. Há a esfola – que é a retirada da pele. Importante saber: couro é a pele que passou por um processo tecnológico. LARISSA GOMES SANTOS | INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS 5 Dentro do abatedouro tem caixas brancas e vermelhas. Nas caixas/bandejas/carrinhos de cor BRANCA são transportados tudo que for aprovado para consumo humano; nas caixas/bandejas/carrinhos de cor VERMELHA, são transportados tudo que não for aprovado. Em alguns abatedouros, há ainda caixas/bandejas/carrinhos de cor AZUL, que denuncia risco específico – como a BSE – todo conteúdo nesse recipiente será incinerado. Na BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy / Encefalopatia espongiforme bovina) há muita proteína infectante, a inspeção é feita na medula espinhal, olhos, intestino delgado, etc. XIII. Departamento de inspeção final (DIF) Estrutura dentro da sala de matança (porém em área isolada), onde o veterinário responsável dá o parecer final, a carcaça é encaminhada quando os funcionários têm dúvidas acerca da qualidade da mesma. Placa com identificação em local de destaque Área de 6% da sala de matança Plataforma elevada para exame do posterior da carcaça Pia, esterilizador de facas, carrinho e chute próprios Câmara frigorífica própria (Câmara de Sequestro) Após a inspeção, irão para o conjunto de frigorificação, onde ficarão de 18 a 24 horas em câmaras frigoríficas diversas. Após isso, irão para a sala de desossa e de lá só podem sair em cortes, embalados à vácuo e refrigerados (7ºC). A sala de desossa deve ter de 10-12ºC (no máximo) e depois da matança, não é permitida a manipulação da carcaça em temperatura elevada.
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