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Mayra Alencar AULA 03 - Pós- operatório Febre no pós- operatório Pode-se afirmar que um paciente tem febre quando apresenta um valor matinal maior que 37,2 ºC e um valor aferido a tarde maior que 37,7ºC. A patogênese da febre justifica-se pela liberação de substâncias denominadas pirogênios exógenos, quando na presença de micro-organismos invasores. Tais substâncias quando em contato com células do sistema imune estimulam a síntese e liberação de pirogênios endógenos, como IL-1, IL-6, TNF-alfa, interferon gama e etc. A presença de febre é presente em 33% dos indivíduos submetidos a procedimentos cirúrgicos. Hiperpirexia: Distúrbio caracterizado pela temperatura maior que 41,5 ºC, comum em infecções graves e AVCh. Obs.: Hipertermia é diferente de febre, visto que hipertermia representa aumento de temperatura e geração excessiva de calor por mecanismos não relacionados ao centro de termorregulação hipotalâmico. Como interpretar um pico febril no pós- operatório ? Para isso, deve-se considerar as seguintes variáveis: ➔ Presença de infecção sintomática ou subclínica; ➔ Uso de drogas ou hemoderivados; ➔ Uso de dispositivos invasivos (cateter vesical de demora, cateter venoso superficial ou profundo, drenos cavitários); ➔ Evidências de síndromes inflamatórias (flebite, trombose venosa de mmii); ➔ Evidências de síndromes infecciosas (celulite, peritonite, sinusite e etc); Sendo que as principais causas de febre infecciosa são: Infecção de sítio cirúrgico (ferida operatória), infecção urinária, infecção relacionada ao cateter e à pneumonia); Outro fator importante na avaliação da febre é o seu tempo de aparecimento, visto a possível relação direta com a etiologia. Assim, pode-se identificar os seguintes momentos para aparecimento da febre: ➔ Intraoperatória: - Infecção preexistente ou reação a transfusão; - Hipertermia maligna; - Infecção necrosante do sítio cirúrgico (fascite necrosante) - Streptococcus ou Clostridium; ➔ Primeiras 36 horas: Mayra Alencar - Lesão de alça intestinal → Peritonite difusa; ➔ Primeiras 48 horas: - Flebite; ➔ 5- 8 dia: - 5 - 8 dia; - Infecciosa (Possível foco urinário); - Ferida operatória (FO) - 7 a 10 dias; - Contaminação peritoneal 4 dia; Obs.: Caso não encontrada a etiologia, considerar: - Sinusites, colecistite alitiásica, TVP, colite pseudomembranosa, pancreatite, IAM, amigdalite e parotidite; Desordens da Termorregulação: Hipertermia maligna (30min a 24h) - Presente durante a anestesia ou no pós- operatório; - Crise desencadeada pela exposição a: bloqueadores neuromusculares despolarizante e/ou agentes inalatórios; - Fisiopatologia: Cálcio armazenado no miócito→ exposição a agentes→ intensa liberação desse cálcio → contração muscular incessante → aumento significativo do metabolismo muscular → calor + hipertermia. Hipotermia Hipotermia é definida como redução da Temperatura Corporal Central para menos de 35ºC, a qual é mensurada por dispositivos próprios. Onda J da hipotermia. Complicações da Ferida Operatória: Obs.: - Primeira camada: Pele - Segunda camada: Tecido subcutâneo - Terceira camada: Aponeurose e músculos - Quarta camada: Órgão ou cavidade Mayra Alencar Seroma Acúmulo de soro ou linfa no tecido subcutâneo. ➔ O tratamento consiste em aspirações. Caso insucesso após 2 aspirações, realiza-se drenagem aberta. ➔ Se presença de próteses → opta-se por drenagem aberta Hematomas (até 48h) Acúmulo de sangue ou coágulo no tecido subcutâneo. Deiscência (3%) 7 - 10 dias Separação dos folhetos músculo- aponeuróticos (terceira camada). - No abdome, conhecida como deiscência aponeurótica ou deiscência de ferida operatória; Fatores de risco para deiscência anastomótica Fatores associados à deiscência aponeurótica: Infecção do sítio cirúrgico (30 dias a 1 ano) Infecção que ocorre no local de incisão cirúrgica ou nos tecidos manipulados durante a operação. Pode ser dividida em 3 categorias, conforme sua localização anatômica: Mayra Alencar Fatores de risco para infecção do sítio cirúrgico: Determinação do risco de Infecção do Sítio Cirúrgico Complicações Gastrointestinais Fístulas Fístulas correspondem a comunicação entre duas superfícies epiteliais, sendo que uma delas deve obrigatoriamente ser um órgão oco. As fístulas são classificadas como de: - Alto débito (>500 ml/24h) - Médio débito (200 a 500 ml/24h) - Baixo débito ( <200ml/ 24 horas) O íleo é o local de maior ocorrência das fístulas de alto débito. As fístulas manifestam-se geralmente entre o 3-7 dia de pós- operatório; E as fístulas de Mayra Alencar alto débito tendem a estar associadas a distúrbios hidroeletrolíticos. Fatores que afetam o fechamento de fístulas intestinais externas: Obstruções intestinais (Funcional e Mecânica): Após grandes cirurgias, o REMIT e a própria manipulação das alças intestinais podem contribuir para uma condição denominada atonia intestinal, em que, normalmente, a peristalse tende a retornar gradualmente. Nesse cenário, a obstrução intestinal precoce (primeiros 30 dias) pode ser de caráter funcional ou mecânico. Dentre os casos funcionais temos o: Em que a obstrução intestinal se resolve mais tardiamente e são encontradas em um ou mais distúrbios, como: Causas de íleo paralítico: Embora de pouca importância no pós- operatório, as aderências são a principal causa de obstrução intestinal de delgado fora desse período. No íleo paralítico, a peristalse é reduzida ou ausente. Obs.: - Paciente apresenta: vômitos, distensão abdominal e cólica, por exemplo; - Embora o nome seja íleo, a atonia ocorre em todo o TGI. Mayra Alencar Complicações Cardiovasculares: Hipertensão arterial 180/110 mmHg - Tais valores para PA exigem tratamento, visto risco de: rotura de anastomoses vasculares, emergência hipertensiva e etc. IAM - Até 30% dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos apresentam algum grau de doença coronariana; - Valores de troponina > 1 Complicações Pulmonares: Complicações respiratórias são as mais frequentes entre os pacientes cirúrgicos. Fatores que provocam redução da capacidade residual funcional (ar que fica nos pulmões após o término da expiração): - Distensão abdominal; - Incisão dolorosa no andar superior do abdome; - Obesidade; - Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); - Decúbito dorsal; - Anestesia geral (redução da contratilidade diafragmática); Espirometria: Prova de função respiratória, a qual está indicada nos seguintes casos: - Carga tabágica elevada; - Dependência de oxigênio contínuo (DPOC); - Incapacidade de subir lances de escadas sem cansar; - História de ressecção pulmonar; - Idosos desnutridos e/ou asmáticos; Pacientes que apresentam espirometria com valor de volume expiratório forçado no 1º segundo maior que 2 litros → Provavelmente, não apresentaram problemas respiratórios; Porém, apresentam redução de 50% do valor previsto → maior incidência de complicações pulmonares. Atelectasia (mais comum) - Causa mais comum de febre pós- operatória nas primeiras 72 horas (48h); Ocasionada por colapso alveolar segmentar. Broncoaspiração Mayra Alencar Aspiração de conteúdo gástrico para a árvore traqueobrônquica. - Uma das complicações mais graves em pacientes cirúrgicos; ● Visto secreção ácida estomacal → queimação química das vias aéreas → Quadro inflamatório agudo → Sd. de Mendelssohn. Edema pulmonar Acúmulo de líquido no interior dos alvéolos → Aumento do trabalho respiratório → Hipoxemia . Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) Insuficiência respiratória hipoxêmica, acompanhada de infiltrados radiológicos bilaterais + PaO2/FiO2 < 300 mmHg. Critérios diagnósticos da SRDA: A ventilação com baixos volumes correntes e baixa pressão plateau (pressão aferida ao término da inspiração após 0,5s de pausa) reduziu a mortalidade em pacientes com SDRA. - Antes era empregado maior volume e maior pressão. Tromboembolismo Pulmonar Condição que secundária a Trombose Venosa Profunda (TVP), em que o trombo despreende total ou parcialmente, é transportadopela corrente sanguínea, ascende e alcança a circulação arterial pulmonar, em que sofre impactação. Principais fatores de risco para a doença tromboembólica em pacientes cirúrgicos: Mayra Alencar Risco modificado de Caprini para a determinação do risco de tromboembolismo venoso em pacientes cirúrgicos: Estratégia de profilaxia de doença tromboembólica de acordo com Escore de Caprini: Risco de tromboembolismo venoso em pacientes cirúrgicos e conduta na tromboprofilaxia: Mayra Alencar Conclusões finais: - Monitorar o paciente; - Náuseas e vômitos; - Controle glicêmico; - Hemoglobina; - Exames de controle; - Admissão UTI e enfermaria;
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