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Jornal Valor --- Página 1 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 08/12/2022@00:00:49 Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 | Ano23 | Número 5642 | R$5,00www.valor.com.br Roberto Lameirinhas DeSãoPaulo O Congresso do Peru deu posse on- tem ao sexto presidente do país desde 2018, após Pedro Castillo tentar fechar o Legislativo unicameral, entre outras medidas inconstitucionais. Ele foi de- posto pelo Congresso e está detido. Di- na Boluarte, até então vice-presidente, assumiu o governo depois da confusa tentativa de golpe de Estado. Em uma reação rápida, os congres- sistas votaram a destituição de Castillo em uma sessão de emergência e, pou- cas horas depois, passaram a faixa a Boluarte — que se tornou a primeira mulher a governar o país. A crise que derrubou Castillo ga- nhou força quando ele foi à televisão para anunciar que fecharia o Congres- so, convocaria eleições para eleger um novo Legislativo com poderes consti- tuintes em nove meses, promoveria uma “reorganização do sistema Judi- ciário” e governaria por decreto até uma nova votação. Em seu discurso de posse, a presi- dente Boluarte defendeu “um amplo processo de diálogo entre todas as for- ças políticas do país” e pediu um tem- po para “resgatar o país da corrupção e do desgoverno.” Página A19 Corsan atrai interessados, apesar de risco TaísHirata DeSãoPaulo A privatização da Companhia Rio- grandense de Saneamento (Corsan) atraiu a atenção de grandes grupos do setor e até de um fundo estrangeiro. Vencerá a licitação quem fizer a maior oferta pela empresa, com lance míni- mo de R$ 4,1 bilhões. Apesar disso, a percepção no mercado é de que o pro- jeto também tem riscos. Há receio de que, após a venda, haja uma onda de judicialização, com prefeituras hoje atendidas pela estatal buscando rom- per os contratos.PáginaB3 Vale recebe ofertaspor fatia emmetais FranciscoGóes DeNovaYork Dois meses após a Vale tornar pública a intenção de buscar parceiro para a áreade metaisbásicos, aoperação avan- ça a passos rápidos. A mineradora rece- beu ofertas não vinculantes de poten- ciais sócios e trabalha para separar o ne- gócio — responsável pela produção de níquel e cobre — do restante da compa- nhia, cuja principal atividade é o miné- rio de ferro. A nova empresa que vai sur- gir,aindasemnomeesededefinidos, te- rágovernançaegestão independentes. “Temos oportunidade de criar uma companhia especial, que vai criar mui- to valor para nossos acionistas”, disse ao Valor o presidente da Vale, Eduar- do Bartolomeo, que ontem participou de apresentação a investidores na Bol- sa de Nova York. Página B1 Perufrustragolpeeviceassume PECdaTransiçãoéaprovadano SenadoeterátestenaCâmara RenanTruffi, VandsonLima, Raphael Di Cunto eMarceloRibeiro DeBrasília O Senado aprovou na noite de quar- ta-feira a PEC da Transição, que aumen- ta em R$ 145 bilhões o limite do teto de gastos e retira pouco mais de R$ 60 bi- lhões do mecanismo de controle de gastos em 2023 e 2024. Agora, a maté- ria segue para a Câmara, que já discute reduzir seu impacto fiscal. A votação foi o primeiro teste de governabilidade do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta teve 64 votos a fa- vor — eram necessários 49. Na prática, os senadores deram au- torização para que o governo use os re- cursos para manter o Auxílio Brasil em R$ 600 a partir de janeiro, crie um adi- cional de R$ 150 por criança, recompo- nha o orçamento de programas sociais e amplie os investimentos públicos. O texto não retira o Auxílio Brasil do teto de gastos, como queria a equipe de transição, mas, por outro lado, permite que as comissões permanentes do Con- gresso e a equipe de transição tenham prioridade nas sugestões feitas ao rela- tor-geral do Orçamento sobre como os R$ 145 bilhões deverão ser usados. A PEC também obriga o próximo go- verno a apresentar, até agosto de 2023, lei complementar com um novo arca- bouço fiscal para garantir a sustentabi- lidade das contas públicas. BC indicamaior preocupação comrumofiscal AlexRibeiro, LarissaGarcia, Victor Resende, Gabriel Roca eMatheusPrado DeSãoPaulo eBrasília O Comitê de Política Monetária do Banco Central acompanhará “com espe- cial atenção” o rumo fiscal do governo Lula para decidir a política de juros, em meioàsperspectivasdeexpansãodegas- tos e às incertezas sobre qual será a ânco- ra que vai garantir sustentabilidade das contas públicas. Por ora, o colegiado manteveos jurosem13,75%aoanoepre- gou“serenidade”naavaliaçãodapolítica fiscal. Mas renovou os avisos de que, caso se mostre insuficiente a estratégia de manter os juros no nível atual, pode ser que tenhadesubirmais.PáginasC1aC3 Após denúncia do MercadoLivre, Cade vai investigar práticas da loja de aplicativos daAppleB8 CopadoMundo frustra expectativas de bares e restaurantesB8 Ao longo do dia, o presidente da Câ- mara, Arthur Lira (PP-AL), alertou repre- sentantes do governo eleito de que uma atuação política no Supremo Tribunal Federal para tornar inconstitucionais as emendas de relator ao Orçamento — o chamado “orçamento secreto” — atrapa- lhará a governabilidade e pode afetar até a aprovação da PEC da Transição na Casa. Aconversaaconteceuprimeirocomode- putado José Guimarães (PT-CE), em seu gabinete, e à tarde com o presidente elei- to, Luiz InácioLuladaSilva,por telefone. O julgamento no Supremo, iniciado na quarta-feira, foi suspenso sem nem mesmo o voto da relatora, ministra Ro- sa Weber, e só será retomado na próxi- ma quarta-feira, dia 14.PáginaA14 Adama investe para produzir princípios ativos de novos defensivos noBrasil, diz StanguerlinB9 Ibovespa 7/dez/22 -1,02% R$ 23,8 bi Selic (meta) 7/dez/22 13,75% ao ano Selic (taxa efetiva) 7/dez/22 13,65% ao ano Dólar comercial (BC) 7/dez/22 5,2202/5,2208 Dólar comercial (mercado) 7/dez/22 5,2041/5,2047 Dólar turismo (mercado) 7/dez/22 5,2178/5,3978 Euro comercial (BC) 7/dez/22 5,4823/5,4850 Euro comercial (mercado) 7/dez/22 5,4716/5,4722 Euro turismo (mercado) 7/dez/22 5,5155/5,6955 Ideias Indicadores Raquel Elias FerreiraDodge Oaumentodapobrezaé fatourgentee imprevisível, que jáestáexcluídodoteto degastos, conformeaConstituição.A20 JorgeArbache Aenergia,definitivamente,deixoudeserum itemamaisdecustoparasetornar fatorcrí- ticododestinodeoperações industriais.A21 Destaques MinasGeraisviveuoutroanodecrescimen- to.Aeconomialocaldeveencerrar2022em altade3,5%a4%,segundoprojeçãodaFun- daçãoDomCabral—resultadomelhorque os2,8%projetadosparaopaís.Apesarda expansão,oEstadovaiencerraroanocom déficitdeR$11,7bilhões,muitoinferioraos R$61,2bilhõesde2021.“Foimaisumano derecuperaçãofinanceira.Maspara2023 nãoháumcenárioconfortável”,dizEduar- doMenicucci,daFDC.Cadernoespecial Agropedecombateadesmatamento Investidoreseespecialistasdoagronegócio esperamqueoBrasilcombataodesmata- mentonaAmazôniaeretorneàsmesas in- ternacionaisdenegociaçãosobrequestões climáticas.EmdebatenoAgrovision,evento promovidopeloItaúBBA, liderançasdose- toravaliaramqueainaçãodoatualgoverno colaborouparaqueUEaprovasse leique barraaimportaçãodecommoditiesasso- ciadasàdevastaçãoambiental.B10 Exportaçãodeveículos De janeiroanovembro, asmontadoras instaladasnoBrasil exportaram34,3% mais, emvolume,doqueemigualperío- dodoanopassado.AcrisenaArgentina, que reduziuaparticipaçãodopaísnos embarquesbrasileirosde36%para29%, foi compensadapeloaumentodevendas paramercadoscomoMéxico,Colômbiae Chile,que, alémdisso,demandamveícu- losdemaiorvaloragregado.B5 ‘Responsabilização360°’ Empresas condenadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por cartel em licitações públicas correm o risco de também terem que responder no Judiciário pelas infrações. O Cade adotou a chamada “responsabili- zação 360°” e passou a expedir comuni- cados sobre as condenações aos órgãos competentes, como o Ministério Públi- co, para possíveis medidas legais.E1 Safravêbolsacomdescontode30% Na esteira do ciclo de alta da Selic, o Ibo- vespa passou a ser negociado a múlti- plos bastante atrativos, com desconto de mais de 30% em relação à média dos últimos cinco anos.“É um bom momen- to para alocar em renda variável para quem tem um horizonte mais dilatado e pode esperar retorno do investimento a médio e longo prazo”, afirma Cauê Pi- nheiro, estrategista de investimentos em ações do Banco Safra.C6 MinasGerais Éxito pode render até R$ 1,5 bi ao GPA O GPA, dono do Pão de Açúcar, espera obter de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão com a cisão da varejista colombiana Éxito, que hoje faz parte do grupo. A separa- ção — semelhante à realizada com o As- saí — deve ser concluída no segundo tri- mestre de 2023. O GPA tem hoje 96% do capital do Éxito, que opera lojas na Co- lômbia, Uruguai e Argentina, e deverá se desfazer de 83% das ações.B6 EduardoBartolomeo,presidentedaVale: objetivoévender10%donegóciodemetaisbásicos,mascisãoseráefetivadamesmosemumparceiro LEOPINHEIRO/VALOR Apósdois finsdeanocomkaraokêvirtualdos funcionários, aconstrutoraPassarelli retomaa confraternizaçãopresencial, dizadiretoradegestãodepessoas, LuciaMenezesCotes.Pág.B2 SI LV IA C O ST A N TI /V A LO R Momentode festa . Governoeleito assumedesafio dareconstrução BrunoGóes “OGlobo”, deBrasília Os obstáculos que o futuro governo já enfrenta, como as negociações da PEC da Transição e o destino do “orçamento se- creto”, foram analisados, na terça-feira, por integrantes da equipe de transição em mais uma edição da série de debates “E agora, Brasil?”, promovida pelo Valor e “O Globo”, com patrocínio do Sistema Comércio,pormeiodaCNC,Sesc, Senace de suas federações. “O desafio é fazer a transição, encaminhar a pacificação e iniciar a reconstrução nacional”, disse o ex-ministro Nelson Barbosa, que citou a faltaderecursos, jáneste fimdeano,para atividades essenciais da máquina públi- ca. Participaram do encontro o governa- dor da Bahia, Rui Costa; o senador eleito Wellington Dias e a deputada federal eleitaMarinaSilva.PáginasA8eA9 Submarino abre quiosque e estuda lojas AdrianaMattos DeSãoPaulo A varejista on-line Submarino, con- trolada pela Americanas, entrou no mundofísicocomaaberturadesuapri- meira unidade — no formato de fran- quia de quiosques — no Shopping Tam- boré, em Barueri, na Grande São Paulo. Numsegundomomento,aempresapo- deráavançarparaomodelode lojas tra- dicionais. O foco dessas unidades serão itens de tecnologia, como telefones ce- lulares e acessórios, um segmento do varejo extremamente pulverizado e ba- sicamente de lojas regionais.PáginaB6 Jornal Valor --- Página 2 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@22:33:59 A2 | Valor | Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 Brasil Economiasustentável exigeesforços quevãoalémdepolíticaspúblicas SILVIAZAMBONI/VALOR Carolina Learth, Patrícia EllendaSilva, CarloPereira e FelipeBittencourt: reconhecer aurgência doassunto ClaudioMarques Para oValor, de SãoPaulo Oavançorumoaumaeconomia mais sustentável, com a adoção de práticas socioambientais e boa go- vernança corporativa (ESG) pelas empresas, passa pela combinação de capital e esforço privado, políti- cas públicas e a adesão da socieda- de civil no processo. Esse é o qua- droquese formasegundoosparti- cipantes da live, promovida pelo Valor, “Desafios da transformação ESGnocenáriobrasileiro”. O debate, realizado na quarta- feira, foi uma prévia ao Cidadão Global,eventopromovidopeloVa- lor e Santander, que ocorre nesta quinta-feiraeterácomotema“ESG —dodiscursoàprática”. Participaram da live Carolina Learth, líder de Sustentabilidade do Banco Santander Brasil, Patrícia El- len da Silva, sócia-presidente da Sys- temiq no Brasil e cofundadora da AYA Earth Partners, Carlo Pereira, CEOdoPactoGlobaldaONUnoBra- sil, e Felipe Bittencourt, fundador e CEO da WayCarbon, consultoria de- dicada à gestão da pauta ambiental eminiciativaspúblicaseprivadas. SegundoLearth,oprimeiropasso é reconhecer a urgência do assunto e, a partir daí, empresas, governos e sociedade passarem da intenção pa- ra a ação. Já Silva lembra que há um desafio de escala no país, especial- mentenapreservaçãodasflorestas. Bittencourt, da WayCarbon, adi- ciona que o setor público é peça- chave para que oportunidades não sejam perdidas. Uma melhor coor- denação interministerial éessencial, o que não aconteceu nos últimos quatro anos, diz, deixando o Brasil atrásdaColômbiaeMéxiconaagen- da climática latina. “Outro ponto, é terumcompromissocomaNDC(si- gla em inglês para Contribuição Na- cionalmente Determinada), meta brasileira no âmbito da ONU e que está ligadaaodesmatamento.” Segundo estudo da consultoria McKinsey, serão necessários US$ 9,2 trilhõesemgastosmédiosanuaisaté 2050 em ativos físicos para a trans- formação da economia global, de modo a alcançar as emissões líqui- daszero.Essecenárioéapontadoco- mo capaz de gerar muitas oportuni- dades para o Brasil. “Realmente acredito em ESG e sustentabilidade, como um diferencial comparativo paraoBrasil”, afirmaPereira,doPac- toGlobal.Maselealertaqueparaob- teros resultadosesperadosépreciso oenvolvimentodetodaasociedade, engajar as lideranças das empresas nesseprocesso. Bittencourt, da WayCarbon, lembra que os dirigentes de em- presas estão mais familiarizados com o tema ESG, especialmente o climático, mas ainda precisam amadurecer e entender como suas empresas devem agir, compreen- dendo as oportunidades e os ris- cos. Ele também considera impor- tante a criação de incentivos, des- de juros diferenciados, a um mer- cadoreguladodereduçãodeemis- são. “É ter os incentivos certos para engajaracadeiade fornecimento.” Para Learth , do Santander, a pró- pria indústria financeira também precisa repensar seu jeito de fazer negócios para acelerar as transfor- mações para a nova economia. “O desafio é fazer com que minhas es- teiras de risco possam conversar com as melhores práticas dos clien- tes, aquelesqueestãoemrota para a descarbonização precisam ter algu- madiferenciação”,diz. Apesar de a instituição já ter me- canismos para considerar as ques- tões climáticas, ela diz que o banco vai trabalhar muito mais para reco- nhecer as práticas dos clientes. Tam- bém cita a agenda positiva, com a criação de produtos e serviços para descarbonizaçãoemétricasparapo- der dar certeza de que se está fazen- doacoisacerta,queumempréstimo érealmenteparadescarbonizar. Silva, da Systemiq, afirma que é preciso adotar uma política eco- nômicaclimáticaesocial,queinte- greo ‘E’, o ‘S’ eo ‘G’. Paraela, semfa- lar de emprego, crescimento eco- nômico e fome, a agenda fica pre- judicada. “Somos um celeiro de alimentos no mundo, mas volta- mos ao mapa da fome e temos muitos problemas de desperdício alimentar. Se solucionarmos essa equação, resolvemos boa parte do problemaclimático”, afirma. Pereira,doPactoGlobal,nãoacre- dita que o social, o “S” de ESG, tenha avançado menos em relação ao am- bientalegovernançanosetorcorpo- rativo. “É um processo. Não existe hoje uma empresa que tenha avan- çado igualmente em todos esses as- pectos.” Mas reforça que é preciso começar a reconhecer mais itens dentro do guarda-chuva do social, como os direitos humanos, incluin- doostrabalhistasesaúdemental. Abundance Brasil F5 Adama B9 Aegea B3 Águas do Brasil B3 Americanas B6 AMP F1 Anglo American F1, F4 Aperam South America F4 Apple B8 ArcelorMittal F2, F4 Ativa Corretora F4 Azul B7 B3 A12 Banco do Brasil C1 Basf F5 Battery Streak F2 BHP Billiton F2 BNDES A6 Boeing B5 Bradesco Asset Management C3 BTG Pactual B1 Caixa A12 Canadian Solar F4 CanPack F1 Cargill B10 CBMM F2 CBTU F7 Cedro Mineração F8 Cemig F7 CGN Brasil Energia F4 CMOC F2 Codemge F7 Codemig F7 Companhia Riograndense de Saneamento B3 Companhia Tradicional de Comércio B8 Comprovei F5 Cooxupé F6 Copasa B3, F7 Corsan B3 CSN F5 Datum F5 Delta Air Lines B5 DSM B10 Echion F2 Embraer B3 Emtel F5 Equatorial B3 Equinor B1 Eve B3 Foxconn A18 Gasmig F7 Gerdau F2, F4, F5 Gerdau Next F4 GK Ventures B10 Glencore B4 Goldman Sachs B1 guide investimentos C2 Heineken F1 Iguá B3 INC S.P.A. F7 Itaú F5, F8 Itaú BBA B10 KFW F5 Lenarge F5 Loft B1 McKinsey A2 Mercado Livre B8 Mineração Taboca F2 Minsur F2 MRV F8 Natura F8 NSTech F5 NV Capital F4 ParaisoState Coffee F6 Petrobras A6, A12 Sabesp A12, B3 SAM F4 Samarco F2, F5 Sanepar B3 Santander A2 Saurus C1 Serpro A5 Shell F1, F4 SMC Specialty Coffee F6 Solver Tecnologias F5 Southwest Airlines B5 Submarino B6 Swift F5 Syngenta Group B9 Systemiq A2 TIM Brasil B1 Tozzini & Freire Advogados B8 Uni.co B6 United Airlines B5 Urca Capital Partners C2 Urca Real Estate Holdings Company C2 Usiminas F2, F4 Vale B1, F2, F4, F5, F8 Valor da Logística Integrada B1 VLI B1 Volkswagen Financial Services C1 WayCarbon A2 Wickbold F5 Zurich F5 Índice de empresas citadas em textos nesta edição 6% dos domicílios têm vítima de roubo ou furto LucianneCarneiro e AlessandraSaraiva DoRio Quase6%(5,8%)dosdomicílios no Brasil tiveram pelo menos um morador que foi vítima de roubo ou furto em 2021. Isso correspon- de a 4,225 milhões de todo o país. Ao mesmo tempo, mulheres, pre- tos e pardos temem mais ser víti- mas, na maioria dos crimes, do que homens e brancos. Os dados são estudos do Insti- tuto Brasileiro de Geografia e Es- tatística (IBGE), realizados a par- tir de perguntas incluídas na Pes- quisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do quarto trimestre de 2021. A taxa de quase 6% se refere à ocorrência de furto e/ou roubo em algum momento nos 12 me- ses anteriores ao momento em que o entrevistado participou da pesquisa. O indicador exclui os casos duplicados, em que o mes- mo domicílio tem um caso de morador que foi vítima de roubo e outro em que sofreu um furto. Aincidênciadealgumasituação de roubo e/ou furto foi maior na região Norte, em que 9,34% dos domicílios tinham alguma vítima (516 mil domicílios). A região Sul foiademenorproporçãodedomi- cílios com vítimas de roubo e/ou furto, com4,59%(504mil). “A ideia com a pesquisa é chegar à cifra obscura de furtos e roubos no país, que é a de crimes não re- gistrados”, explica a analista do IBGE Alessandra Brito, uma das responsáveispelapesquisa. A pesquisa traz também indi- cadores isolados sobre a ocor- rência de furtos (quando não há violência ou ameaça à vítima) e roubos (situações em que há vio- lência, com ou sem uso de arma). Em 2021, 2,9 milhões de domi- cílios tinham ao menos um mora- dor que foi vítima de furto nos 12 meses anteriores à data da entre- vista, ou 4% do total de domicílios no país. A região Norte apresentou o maior percentual (6,5%), e a Nor- deste, omenor (3,3%). A incidência de roubos foi me- nor que a de furtos. Em 2021, 1,5 milhão de domicílios tinham pe- lo menos um morador que foi ví- timaderoubonosúltimos12me- ses, 2% dos domicílios do país. Na classificação dos furtos e roubos, a pesquisa divide entre as situações que ocorreram den- tro do domicílio (sem considerar carro, moto e bicicleta), fora do- micílio (também excluindo os três itens) e aquelas que se refe- rem especificamente aos três bens de consumo duráveis (car- ro, moto e bicicleta). Entre aqueles domicílios que ti- nham pelo menos um morador ví- tima de furto, 184 mil (6,4%) sofre- ram furto de carro; 144 mil (5%) de moto; e348mil (12%)debicicleta. Os pesquisadores alertam sobre a possibilidade de os dados de es- tarem sobrerrepresentados, pelo fato de o entrevistado poder rela- tar como furto bens que se perde- ram sem explicação ou de pouca importânciapara registropolicial. No estudo, as mulheres tive- ram proporção de risco maior do queoshomens,deseremvítimas, em dez de 13 crimes listados cita- dos pelo IBGE. A maior diferença em pontos percentuais, entre ho- mens e mulheres, ficou no crime “ser vítima de agressão sexual”. Enquanto 5,7% dos homens en- trevistados tinham temor de se- rem alvos desse crime, essa fatia saltou para 20,2% das mulheres. Na análise pela ótica cor ou ra- ça, a proporção de pessoas que relataram risco médio ou alto de ser vítima foi maior entre as de cor preta e parda para dez dos 13 tipos de violência investigados. NoBrasil, evita-se olharparao lado CristianoRomero N ão é verdadeira a afirmação de que o Brasil é um país que não faz reformas. Este diagnóstico não pode ser aplicado sequer aos 21 anos em que vivemos sob um regime ditatorial. É falsa também a ideia de que deputados e senadores, eleitos pelo povo, são obstáculo à aprovação de reformas institucionais. O Brasil, de fato, deitou-se, preguiçoso, em berço esplêndido desde a invasão europeia, em 1500. O que foi determinante para a letargia deste território, o quinto maior do planeta, riquíssimo em recursos naturais e habitado por uma das maiores populações, fator importante para o desenvolvimento de uma economia? Não tenhamos dúvida: o modelo econômico, amparado no trabalho de indígenas nativos do país e de africanos escravizados e responsável pelo florescimento comercial da então colônia portuguesa, condenou de morte qualquer projeto de nação que se projetasse para este enorme canto do mundo. Os indígenas foram escravos durante 150 anos. Seus algozes demoraram todo esse tempo para constatar que eles não se adequavam ao trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar porque, durante séculos, talvez, milênios, jamais recorreram à produção contínua porque, para eles, não havia sentido. O extrativismo e a pesca eram as principais formas de trabalho, e estas não exigem dedicação diária, ao contrário da agricultura. Vem daí uma das mistificações mais cruéis da triste história deste país — a de que os povos indígenas do Brasil são preguiçosos. Quando nos lembramos que convivemos com essa ignomínia por quase quatro séculos, 93% da nossa história desde a chegada do navegador português Pedro Álvares Cabral, fica bastante fácil entender a principal razão do nosso fracasso como nação. Como a abolição da escravidão não foi aceita pelas oligarquias rurais, a situação de apartheid da população negra foi mantida por meio de ardis como permitir que os ex-escravos pudessem estudar em escolas construídas a uma enorme distância de onde eles moravam. Os oligarcas ficaram tão furiosos com a perda de “patrimônio” (os africanos escravizados e vendidos como mercadoria durante quase 400 anos) que imediatamente exigiram do então governo monárquico compensação financeira. Em seguida, conspiraram com os militares para derrubar o imperador Dom Pedro II, instituir uma República e forçar os novos governantes a criar incentivos para atrair imigrantes do Japão e da Europa. No caso dos europeus, o objetivo declarado foi o de “embranquecer” a força de trabalho, dominada pelos negros. Como poderia dar certo uma República no ódio a uma população sequestrada em seu país e que, portanto, não veio para cá por decisão própria. A escravidão e a tentativa das elites de convencer os brasileiros de que somos uma democracia racial amaldiçoaram o Brasil. A longeva escravidão consagrou neste país a ideia de que existem cidadãos de duas classes, sendo que a mais numerosa, os negros, são uma categoria inferior, destinada a sempre exercer funções sucedâneas. O caso da família brasileira, de classe média alta, denunciada nos Estados Unidos por não pagar salário à empregada, negra, que eles levaram do Brasil mostra a mentalidade, no que diz respeito às relações sociais predominantes. O racismo contra os negros, mais do que o manifestado a minorias como os indígenas, era e será a principal característica nacional por muito tempo ainda ou mesmo para sempre, como constatou, frustrado, o abolicionista Joaquim Nabuco. Em discurso proferido no Congresso Nacional, Nabuco lamentou profundamente o atraso do Brasil em eliminar aquela barbaridade. O país foi o último das Américas a abolir a escravidão. Diz-se que Dom Pedro II desejou fazer isso bem antes de maio de 1888. O problema é que os produtores rurais ameaçavam pegar em armas para defender o regime escravocrata, a prova definitiva de que a sociedade humana é fundada no ódio ao outro, se é que ainda havia necessidade de se provar qualquer coisa. O Brasil avançou em algumas questões referentes à reparação da população negro pelos males impingidos a eles durante a escravidão e mesmo depois. O sistema de cotas nas universidades públicas estão uma verdadeira revoluçãona formação universitária dos negros e pobres no Brasil. Nada mais apropriado, as universidades são públicas, portanto, no país de maior desigualdade de renda, elas deveriam funcionar desde sempre como uma forma, por meio da educação, de reduzir essa distância. CristianoRomero é colunista e escreve às quintas-feiras E-mail cristiano.romero@valor.com.br Semcombateao racismo,reformas nuncaserãodefinitivas Jornal Valor --- Página 3 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@20:13:35 Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 | Valor | A3 PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM CONTEÚDO PATROCINADO POR Santander e BYD, líder global em vendas de veículos elétricos, firmam parceria estratégica para alavancar a aquisição de automóveis e módulos solares fotovoltaicos Banco concedeu R$ 60 milhões com compromissos ESG à BSBIOS, maior produtora de biodiesel do Brasil de metas de indicadores ambientais, sociais e de governança estabeleci- dos em contrato. O banco é pioneiro no mercado de empréstimos atrelados a indicadoresdesustentabili- dadenoBrasil. “Apresentamos este projeto a outros bancos e o Santanderfoimaisrápidona resposta.Alémdarapidez, a qualidadedaequipe técnica do banco nos surpreendeu. Seus profissionais ainda tiveram um perfil consul- tivo, em contato perma- nente,apontandosugestões para incrementar a nossa proposta”, elogia Erasmo Carlos Battistella, presi- dentedaBSBIOS. Para a empresa de biocombustíveis, além de colocar o projeto em prática, Battistella perce- beu que a ação deu mais confiança ao seu time de profissionais. “Quando a gente vê que nossas ideias saíram do papel, a motiva- ção é inevitável. Passamos a trabalhar com mais confiançaeenergia, conso- lidando a imagemde credi- bilidade da nossa empresa nomercado”, declara. O financiamento “verde” foiumcaminhonaturalpara aBSBIOS,quejátememseu DNAopropósitodepraticar o desenvolvimento susten- távelpormeiodoagronegó- cio e das energias renová- veis.Umadesuasprincipais metas é tornar-se uma das maiores produtoras de biocombustíveis domundo ecarbononeutroaté2030. Outra parceria que está em tratativas finais com o Santander é sobre o Programa Crédito de FornecedorSustentável2SC da BSBIOS, uma iniciativa alinhada comos princípios ESG. O objetivo é aumen- tar a qualidade e promover o desempenhopermanente da cadeia de suprimentos, visando mitigar riscos e obter ecoeficiência, garan- tindo a participação das empresas no mercado de combustíveis sustentáveis atravésdecertificações. “Com este apoio, nós poderemos realizar a certificação sustentável de nossas matérias-pri- mas, adequando nossa cadeia de fornecedores, agregando valor e desen- volvimento sustentável”, explica Battistella. Além de duas unidades produtivas no país, uma em Passo Fundo (RS) e outra em Marialva (PR), a BSBIOStambémcontacom umaunidadedeproduçãona Suíça e conduz o projeto de construçãodabiorrefinaria OmegaGreen,noParaguai, que irá produzir biocom- bustíveisavançadosapartir de 2025. Recentemente, a companhia também anun- ciou o projeto de implan- tação de uma unidade de produção de etanol no Rio GrandedoSul. C om o propósito deajudar seus clientes e fornecedoresaencontrarem soluçõesparaseusnegócios baseados nos princípios da agenda ESG, o Santander Brasil vem atuando como banco estruturador, finan- ciador e garantidor de projetos na área de susten- tabilidade para setores estratégicos. A institui- ção possui um portfólio completo de financiamen- tos para geração de energia renovável, reduçãodeemis- sõesedoconsumodeáguae energia, tanto para pessoas quantoparaempresasepara oagronegócio. Um dos recentes parcei- ros do Santander é a líder global em vendas de veícu- los elétricos, a BYD. Ambos firmaram uma parceria estratégica para alavancar a aquisição de automóveis elétricosdamarca.Trata-se de uma linha de financia- mento especial que passa por todas as etapas, da compra, da análise à apro- vação do crédito e ainda pelas opções de planos de pagamento, com procedi- mento 100%digital na rede SantanderFinanciamentos, de maneira ágil e livre de processosburocráticospara concessionáriaseclientes. “Essa parceria chega em ummomentomuito propí- cio para a BYD, que tem o compromisso de entre- gar produtos com 100% de tecnologia verde. Este f inanciamento especí- fico vai nos ajudar a atrair novos clientes e a cumprir nossas metas de vendas de carros elétricos, que mostraramótimosresulta- dosnoúltimobalanço”,diz o diretor de comunicação, sustentabilidadeeassuntos corporativos da empresa, AdalbertoMaluf. A BYD possui 15 conces- sionárias no Brasil e espera chegar até o final de 2023 com 100 pontos de venda. “2023 será o ano da eletri- ficação dos veículos leves e estamos preparados para esta meta”, acres- centa Adalberto. Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) corroboram as expectati- vasdaBYD.Segundoaenti- dade, jáforamcomercializa- dosnopaís 100mil veículos elétricos ou híbridos entre 2012 e o primeiro semestre de2022.Nosprimeiros sete meses deste ano, as vendas foram31%maioresdoqueno mesmoperíododoanoante- rior— o quemostra cresci- mentoemaceleração. Os investimentos na eletrif icação de veícu- los poderão chegar a até R$ 150 bilhões em 15 anos, incluindo não apenas a produçãodeveículoshíbri- doseelétricos, levesepesa- dos,mastambémaconstru- çãodefábricasdebateriase semicondutores e da infra- estrutura de fornecimento de biocombustíveis, de Santander Brasil concedeu R$60milhõescomcompro- missosESGàBSBIOS,maior produtora de biodiesel do Brasil. A parceria terá como contrapartida a ampliação do projeto social de coleta de óleo de cozinha usado (UCO, da sigla em inglês) emPassoFundo(RS). Alémdereduziroimpacto ambiental causado pelo descarte inadequado do resíduo nomeio ambiente, a parceria elevará em 15% a renda de famílias que já fazemparte da cooperativa dereciclagemdomunicípio. A empresa utiliza gorduras animais, óleode soja eUCO como matérias-primas para a produção de biodie- sel. Aproximadamente 40% das matérias-primas utili- zadas são provenientes da odesenvolvimento susten- tável aomunicípio. A linha de empréstimos ESG Linked Loan é um modelonoqualoSantander oferece como benefício a redução da taxa de juros vinculada ao cumprimento acordo com levantamento daAssociaçãoNacionaldos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), feito em parceria com o Boston Consu lt ing Group (BCG). O Santander tambémvai disponibilizar aos clientes BYD a modalidade Floor Plan, uma linha de crédito rotativadeutilizaçãoexclu- siva100%digital,comcondi- ções atrativas para aquisi- ção de veículos da marca. Trata-se demais uma solu- çãofundamental, tantopara a BYD—que assim conse- gue maior movimentação em seu estoque — como para as próprias concessio- nárias, que assim ganham umsuportefinanceiroextra paraoseunegócio. Alémdos automóveis, os concessionáriosBYDofere- cerão aos clientes a solução completa para a geração de energia limpa por módu- los fotovoltaicos fabrica- dos pela empresa chinesa, que também são finan- ciados pelo Santander. O banco é líder em soluções de financiamento para este segmentonoBrasil. INCENTIVO À AGENDA ESG Mantendo o planejamento de diversificar os investi- mentos verdes em áreas fundamentaisparaodesen- volvimento sustentável, o agricultura familiar, bene- ficiando cerca de dez mil famíliasdepequenosprodu- toresrurais. A contrapartida prevê a instalaçãodenovospontos decoleta e fornecimentode equipamentosparaacondi- cionamento no transporte do óleo coletado. O apoio também virá na capacita- ção em temas de gestão do negócio dos cooperados, por meio de um grupo de voluntariado da empresa, que também dará suporte para articulação junto aos setores público e privado para ampliar a rede de coleta de óleo. A ideia é envolver toda a comuni- dade em uma grande ação de educação ambiental, gerando engajamento, trazendo ganhos sociais e Santander se consolida como banco fomentador de projetos sustentáveis Clientes e fornecedores contam com o apoio financeiro específico do banco para impulsionarnegóciosverdesecolocarempráticaaçõesdirecionadasparaaagendaESGFOTOS: DIVULGAÇÃO “Esse financiamento específicocom oSantandervai nosajudaraatrair novosclientese acumprirnossas metasdevendasde carroselétricos,que mostraramótimos resultadosno últimobalanço” ADALBERTO MALUF Diretor de comunicação, sustentabilidade e assuntos corporativos da BYD “Alémda rapidez, a qualidadedaequipe técnicadobanco nos surpreendeu. Seusprofissionais ainda tiveramum perfil consultivo, em contatopermanente, apontandosugestões para incrementar a nossaproposta” ERASMO CARLOS BATTISTELLA Presidente da BSBIOS Jornal Valor --- Página 4 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@21:11:18 A4 | Valor | Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 Brasil ContaspúblicasDinheiro é transferido paraáreasmais carentes; Saúde recebe quase R$ 2,3 bilhões Remanejamento ‘reparte’R$3bi entreórgãosparacobrirburacos LuAikoOtta DeBrasília Num ano de forte escassez de recursos, o governo autorizou ontem oito órgãos a remanejar R$ 3,3 bilhões em recursos den- tro do próprio Orçamento, tiran- do dinheiro de itens que não se- rão gastos e colocando-o em áreas mais carentes. Com isso, a expectativa é trazer alívio a pro- blemas como a falta de recursos para a emissão de passaportes. O Ministério da Saúde recebeu a maior autorização para rema- nejamento, no valor de R$ 2,295 bilhões. Em seguida, vêm os mi- nistérios da Economia, Educação e Cidadania, com R$ 300 milhões cada. A pasta de Minas e Energia poderá realocar R$ 50 milhões, seguida pelo Ministério da Justi- ça (R$ 32,7 milhões), Trabalho e Previdência (R$ 25 milhões) e pe- la Agência Nacional de Aviação Civil (R$ 4 milhões). Segundo o Ministério da Eco- nomia, não houve liberação de recursos bloqueados. Ocorreu apenasumarealocaçãodeverbas dentrodo limitedecadaministé- rio. Tampouco houve transferên- cia de autorização de gasto entre uma pasta e outra. O remanejamento autorizado ontemabarcadespesasobrigató- riasediscricionárias.Caberáaca- da ministério decidir como re- distribuirá o dinheiro. Segundo o Ministério da Economia, trata- se de “uma medida regular de governança, com o objetivo de melhorar a eficiência alocativa em cada ministério”. Os valores a serem realocados foram definidos após cada pasta reavaliar, dentre os pagamentos programados para este ano, quais não seriam executados fi- nanceiramente no exercício. As “sobras” de dinheiro no Orça- mento ocorrem, por exemplo, quando uma obra atrasa. Tam- bém é comum os ministérios in- cluírem algum excesso em suas previsões de gastos obrigatórios, por medida de precaução. “OMinistériodaEconomiarei- tera que, diante da execução or- çamentária e financeira desafia- dora já relatada neste fim de ano, segue acompanhando de perto as demandas dos diversos órgãos do Poder Executivo e trabalha para o atendimento desses plei- tos, sempre respeitando o arca- bouço fiscal”, acrescenta. É possível que ainda ocorra este ano a liberação de parte dos R$ 15,380 bilhões que foram blo- queados ao longo de 2022 para Fonte: Ministério da Economia Remanejamentos Valor por órgão, em R$ mil Min. Economia Min. Educação Min. Justiça e Seg. Pública Min. Minas e Energia Min. Saúde Anac Min. Trabalho e Previdência Min. Cidadania Total 300.000 300.000 32.700 50.000 2.295.000 4.000 25.000 300.000 3.306.700 Órgãos Até dez cumprir o teto de gastos. Até o dia 15 de dezembro, os ministérios de- verão informar sobre os volumes dedespesasobrigatóriasquepreci- sarão empenhar até o final do ano. Com isso, a área econômica espera ter um quadro mais claro sobre as despesas de 2022 e se, eventual- mente,háespaçopara liberaçãode recursos para atender os pleitos maisurgentesdosministérios. Apesar das dificuldades, a pasta reforçouque“estãoasseguradosos pagamentos de todas as despesas obrigatórias que serão de fato exe- cutadas até o fim do exercício”. É o caso de benefícios do Instituto Na- cional do Seguro Social (INSS), be- nefíciossociais, salárioseoutros. Na terça-feira, 6, o Valor publi- cou levantamento do Ministério da Economia segundo o qual o go- verno federal tem R$ 15,5 bilhões parados nos ministérios e que na teoria poderão ser usados para co- brir os rombos orçamentários de várias áreas da administração pú- blica. Os chamados recursos “em- poçados” poderão ser usados, des- de que o governo tenha certeza de que os órgãos que os detêm não conseguirãoefetuarogasto. CMN terá de resolver impasse entre BC e Tesouro GuilhermePimenta DeBrasília O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que caberá ao Conselho Monetário Nacional (CMN) resolver uma divergência orçamentária e contábil envol- vendo o Tesouro Nacional, a Se- cretaria de Orçamento Federal (SOF) e o Banco Central. O pro- cesso envolve a contabilização de receitas próprias arrecadadas pe- lo BC por meio de multas e tarifas cobradas do mercado, estimadas em R$ 600 milhões por ano. Conforme mostrou ontem o Valor, o caso representa uma di- vergência contábil e orçamentá- ria entre os dois órgãos que se ar- rasta no TCU desde 2019. O rela- tor, ministro Bruno Dantas, aler- tou para a sensibilidade do tema e afirmou que o debateu algu- mas vezes com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e com técnicos do Ministé- rio da Economia. “A solução das complexas questões contábeis e orçamentá- rias levantadas deve passar pri- meiro por um entendimento en- tre as equipes do Ministério da Economia e do Banco Central”, pontuou o ministro em seu voto. Dantas não acatou uma pro- posta da unidade técnica, que determinava que SOF e Tesouro deveriam considerar, nas peças orçamentárias, as receitas pró- prias obtidas pelo BC. Segundo o voto do ministro, o BC e a Economia terão de aprovar, no CMN, as melhores práticas or- çamentárias para os dois órgãos. O BC avalia que, com a decisão do TCU, poderá utilizar suas receitas para pagar as próprias despesas, como era feito no passado, até que oTesouro impediuaprática. SOF e Tesouro excluíram as re- Corte atinge de bolsas a conta de luz nas federais MarceloOsakabe DeSãoPaulo O bloqueio de recursos anun- ciado no fim de novembro pelo Ministério da Educação começa a chegar à ponta. Universidades fe- derais começam a relatar falta de verbas inclusive para pagar contas de água e luz, ao passo que bolsis- tas da graduação até o doutorado não receberam pagamento, que deveria ter começadonodia5. Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o contin- genciamento imposto irá preju- dicar suas atividades e também o pagamento das mais de 200 mil bolsas, cujo depósito deveria ter ocorrido até ontem. “Diante desse cenário, a Capes cobrou das autoridades compe- tentes a imediata desobstrução dos recursos financeiros essen- ciais para o desempenho regular de suas funções, sem o que a enti- dade e seus bolsistas já começam a sofrer severa asfixia”, afirmou a entidade em nota. A Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) convo- cou uma paralisação para hoje em protesto contra a falta de re- cursos para a categoria. “São mi- lhares de jovens pesquisadores que têm sua sobrevivência amea- çada concretamente pela quebra de contrato ao não serem pagos por seu trabalho produzindo ciência no país. Estamos falando de milhares de jovens, o qual possuem como única renda as bolsas de estudos”, disse a asso- ciação em comunicado O bloqueio não atinge somen- te o pagamento das bolsas. As universidades federais também relatam não ter recursos para os programas de permanência e mesmo contas de água e luz. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que teve R$ 856 mil em recursos contin- genciados, a reitoriadecidiucon- seguiupagarapenas10%dasbol- sas de graduação com recursos residuais do orçamento de no- vembro, sendo que o restante fi- cou comprometido. “Enfatizamos que a universi- dade já havia reservado e empe- nhado todos os recursos para o pagamento das bolsas e demais despesas até janeiro de 2023. Po- rém, com a falta de envio do fi- nanceiro, a efetivação dos paga- mentos fica inviabilizada, a de- pender do repasse do financeiro por partedo governo para que possa ser concretizada”, disse a universidade também em nota. Em seu site, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já havia informado no início da se- mana que os recursos já empe- nhados para dezembro, cerca de R$ 5,8 milhões, foram retirados de sua conta. Segundo o comu- nicado, isso afeta ao pagamento de todas as bolsas e auxílios, contratos de terceirizados e de serviços básicos, bem como a manutenção de obras. União temdebancarR$9bi deEstadosemunicípios LuAikoOtta DeBrasília O governo federal gastou R$ 1,29 bilhão no mês de novem- bro para quitar parcelas de dívi- das de Estados e municípios dos quais é avalista, de acordo com Tesouro Nacional. Com isso, chega a R$ 8,7 bi- lhões o total de garantias honra- dasnesteano.Desde2016,o total atinge R$ 50,61 bilhões. Dos valores desembolsados em novembro, R$ 638,06 milhões se referem a dívidas do Estado do Rio de Janeiro. Também foram quita- das parcelas das dívidas de Per- nambuco (R$ 302,57 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 106,10 mi- lhões), Piauí (R$ 87,48 milhões), Goiás (R$ 77,04 milhões), Mara- nhão (R$ 50,11 milhões), Alagoas (R$ 25,77 milhões) e Rio Grande doNorte (R$5,11milhões). No ano, os maiores valores honrados pelo Tesouro foram dos Estados do Rio de Janeiro (R$ 3,33 bilhões, ou 38,3% do to- tal),MinasGerais (R$1,98bilhão, ou 22,7% do total), Goiás (R$ 1,21 bilhão,ou13,9%dototal) eMara- nhão (R$ 826,30 milhões, ou 9,5% do total). Quando a União honra parce- las de dívidas de que é avalista, pode executar contragarantias oferecidas pelos Estados e muni- cípios e se ressarcir. Os dados mostram, porém, que a recupera- ção é baixa. No ano, são R$ 212,4 milhões. Desde 2016, foram recu- perados R$ 5,6 bilhões. Há dificuldade em recuperar esses valores porque vários Esta- dos obtiveram liminares no Su- premoTribunalFederal (STF)que suspendem a execução de con- tragarantias. Além disso, os Esta- dos que estão no Regime de Re- cuperação Fiscal (RRF) são prote- gidos dessas medidas. ceitas do BC do Orçamento Geral da União e da contabilização nos Relatórios Bimestrais de Avalia- ção de Receitas e Despesas sob a alegação de que o registro dos re- cursos obtidos pelo órgão gerava uma duplicidade de receita para a União, já que eram contabiliza- dos como receita primária e tam- bém financeira, o que foi rebati- do pela área técnica do TCU. Caso a interpretação do BC se confirme, significaria, por via indi- reta, aumento da disponibilidade de recursos da União para fazer frente a despesas obrigatórias ou discricionárias, pois a autoridade monetária não dependeria apenas do fluxo financeirodoTesouro. Bruno Dantas também reco- mendou que o BC incremente a transparência e a publicidade do Orçamento da Autoridade Mo- netária (OAM), "notadamente mediante desenvolvimento de sistema ou plataforma que se mostre adequado à inclusão e di- vulgação diárias de todos os va- lores que transitam no OAM, de- vendo a divulgação ser feita tam- bém na internet, mensalmente". Como o caso também tratou de incompatibilidades contáveis en- tre os sistemas do BC e do Tesouro, o TCU recomendou que os órgãos implementem procedimentos "que melhor se amoldem à legisla- ção vigente e que não gerem con- flitos entre padrões contábeis e or- çamentários, dando-se preferên- cia a alternativas que apresentem melhorviabilidadeoperacional". Pessoas envolvidas na discus- são temiam que, no limite, uma decisão do TCU poderia resultar em mudanças no balanço e na contabilidade do Banco Centras, afastando-os dos padrões inter- nacionais, o que prejudicaria a comparação com as demonstra- ções financeiras das outras auto- ridades monetárias. TCU critica, mas dá aval para créditos extraordinários Murillo Camarotto DeBrasília Com críticas de ministros e uma votação apertada, o Tribu- nal de Contas da União (TCU) au- torizou ontem o governo a abrir crédito extraordinário para pos- sibilitar o pagamento regular do Benefício de Prestação Continua- da (BPC) e do seguro-desempre- go, além de despesas judiciais. A consulta foi encaminhada ao TCU pela Casa Civil, a pedido do Ministério da Economia. O governo alega, entre outras coi- sas, que a redução do represa- mento de benefícios do INSS acarretou em despesas superio- res às que estavam estimadas. Ocorre que não há mais espa- ço no teto de gastos para o paga- mento dos benefícios, motivo pelo qual o governo quer bancar as despesas por meio de crédito extraordinário. Com o aval do TCU, uma medida provisória de- ve ser editada para viabilizar a abertura dos créditos. Apesar da autorização, minis- tros do TCU questionaram o su- postocaráter imprevisível eurgen- te das despesas, condição legal pa- ra a abertura dos créditos extraor- dinários. O ministro Vital do Rêgo, por exemplo, disse que o governo teria condições de prever o cresci- mento das despesas previdenciá- rias e, então, abrir crédito suple- mentar, enãoextraordinário. O ministro Benjamin Zymler votou a favor da liberação, mas não deixou de lamentar o fato de o TCU “estar sendo obrigado a usar — de forma heterodoxa — os créditos extraordinários”. “O que aconteceu no mundo real é que o excesso de emendas RP-9 (emendas do relator), que es- tão submetidas ao teto, acabaram levando em consideração que as despesas previdenciárias pode- riam ser suplementadas por crédi- to extraordinário. Houve aposta orçamentárianesse sentido.” Foiapresentadovotodivergente pelo ministro-substituto Weder Oliveira, para quem a demanda do governo não se enquadraria nos requisitos legais exigidos para os créditosextraordinários. Ele sugeriu que o governo fos- se lembrado de que o instrumen- to “se destina a despesas que pre- enchamosrequisitosde imprevi- sibilidade e urgência delimita- dos semanticamente pelo texto constitucional como equipará- veis às existentes em situações decorrentes de guerra, comoção interna e calamidade pública”. A divergência foi acompanha- da pelos ministros Walton Alen- car e Augusto Sherman. A maio- ria, no entanto, acabou acatando o parecer do relator, ministro Antonio Anastasia, que fez ques- tão de reforçar que, apesar do aval, o governo é o responsável pela regularidade do gasto. BenjaminZymler: críticas aouso “de formaheterodoxa”dos créditos LEOPINHEIRO/VALOR INFORMAÇÕES: FALE COM VALENTINA CARAN presidencia@valentinacaran.com.br LOJAS NO TÉRREO ATÉ 150 M2 PRIVATIVOS + 11 ANDARES: DE 300 M2 ATÉ 698 M2 PRIVATIVOS ÁREA LOCÁVEL: 5.520 M² AV. BRIG. FARIA LIMA, 1884 ALCANÇA A MÁXIMA EM ALUGUEL* *Fonte: Matéria publicada no Estadão. 11 3289-2738 www.valent inacaran.com.br ALUGA ED. CALL CENTER NO CORAÇÃO DA FARIA LIMA Foto da fachada Jornal Valor --- Página 5 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@21:07:29 Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 | Valor | A5 Brasil Fonte: Artigo publicado pelo Informe de Previdência Social divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência. * Idade média na data de início de benefício (DIB) Aumento gradual Idade média de aposentadoria Homens Idade Urbana Idade Rural Aposentadoria por tempo de Contribuição Aposentadoria de professor Aposentadoria Especial Aposentadoria por Incapacidade Total dessas aposeentadorias 2019 65,64 60,8 56,52 56,37 49,9 52,27 58,7 2020 65,56 60,67 57,16 57,98 51,59 53,76 61,14 2021 50 55 60 65 70 75 65,6 60,83 57,93 58,9 52,35 54,56 62,23 Mulheres Idade Urbana Idade Rural Aposentadoria por tempo de Contribuição Aposentadoria de professor Aposentadoria Especial Aposentadoria por Incapacidade Total dessas aposeentadorias 2019 61,73 56,2 53,44 52,69 49,98 52,38 57,25 2020 62,67 56,16 54,01 54,45 51,07 54,26 58,43 2021 50 55 60 65 70 75 63,04 56,27 54,85 55,47 52,24 54,72 59,26 Ambos os sexos Idade Urbana Idade Rural Aposentadoria por tempo de Contribuição Aposentadoria de professor Aposentadoria Especial Aposentadoria por Incapacidade Total dessas aposeentadorias 2019 63,23 58,21 55,27 52,9 49,91 52,31 57,96 2020 64,06 58,26 55,81 54,72 51,5 53,9659,79 2021 50 55 60 65 70 75 64,34 58,32 56,56 55,75 52,32 54,63 60,75 ContaspúblicasCrescimento é maior entre os homens e chega a 62,23 anos Médiadeidadedeaposentado sobe2,79anosapósreforma EdnaSimão DeBrasília Com a aprovação da reforma da Previdência em 2019, a idade média dos brasileiros que se apo- sentam pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está su- bindo gradualmente. Em dois anos, a saltou 2,79 anos de 57,96 anos em 2019 para 60,75 anos em 2021. Os dados constam de artigo que trata do impacto da reforma sobre as idades de apo- sentadoria publicado no Infor- me de Previdência Social do Mi- nistério do Trabalho e Previdên- cia. A análise considera a data de início de benefício (DIB). O aumento da idade média de aposentadoria foi verificado tanto para homens quanto para mulheres, mas ocorreu de forma mais expressiva para os homens. Enquanto a idade média de apo- sentadoria dos homens teve um acréscimo de 3,53 anos de 2019 a 2021, saindo de 58,7 anos para 62,23 anos, a das mulheres re- gistrou uma expansão de 2,01 anos, passando de 57,25 anos para 59,26 anos. O artigo assinado pelos econo- mistas Rogério Nagamine Cos- tanzi e Carolina Fernandes dos Santos mostra também uma di- minuição na diferença entre a idade de aposentadoria dos que solicitam o benefício por tempo de contribuição, que normal- mente é de maior nível de escola- ridadeerenda, edaquelesquees- tão na área rural, que agrega principalmente os segurados es- peciais. “Essa convergência tem contribuído para tornar mais equânime o sistema previdenciá- rio brasileiro”, informam os eco- nomistas no artigo. Em 2019, conforme o estudo, a idade média de aposentadoria do homem que se aposentou por idade na clientela rural era 4,28 e 4,43 anos maior que a idade da- queles que se aposentaram por ATC (Aposentadoria por Tempo de Contribuição) e ATC de pro- fessor, respectivamente. Em 2021, essas diferenças caíram pa- ra 2,9 e 1,93 anos. No caso das mulheres, a diferença era de 2,76 e 3,51 anos e diminuiu para 1,42 e 0,8 anos em 2021. A análise aponta também que na aposentadoria por idade rural, que não sofreu mudança de regra na reforma da Previdência, houve uma relativa estabilidade na idade média de aposentadoria, que se manteve no patamar dos 58 anos. Por outro lado, na aposentadoria por idade urbana, a idade média teve um aumento de 63,23 anos, em 2019, para 64,34 anos em 2021, uma alta de 1,11 ano. Com isso, em 2021, em média, os traba- lhadores urbanos do RGPS se apo- sentaram seis anos mais tarde que os rurais (64,34 x 58,32 anos), pa- tamar superior ao observado em 2019, que foi de cinco anos (63,23 x58,21anos). “No geral, no agregado de to- das as aposentadorias, também houve incremento na idade mé- dia, mas cabe destacar que tal tendência ou trajetória também foi afetada pela composição das aposentadorias como, por exem- plo, a diminuição da importância relativa das aposentadorias por invalidez ou por incapacidade permanente na concessão total nos anos de 2020 e 2021”, infor- mam os economistas no estudo. Aprovada em 2019, a reforma da Previdência estabeleceu uma idade mínima de aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, além de uni- ficar as regras de concessão do benefício para o setor público e privado. Na ocasião, foi extinta a possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição, que não tinha requisito de idade mí- nima e em que normalmente a média de idade era mais baixa, e o valor pago de benefício, mais elevado. Segundo a análise dos economistas, o aumento da ida- de da aposentadoria é gradual, como esperado, porque foram estabelecidas várias e longas re- gras de transição. “Como esperado, as mudanças nas regras de aposentadoria do RGPS estabelecidas na reforma de 2019, por meio da EC 103/2019, devem gerar incremento gradual das idades médias de aposentado- ria tanto no RGPS como também paraos servidorescivisdaUnião.O incremento gradual se explica porque, embora tenham sido fixa- das as idades mínimas de 65 anos para homens e 62 anos para mu- lheres,naprática, contudo,paraos que já estavam filiados antes da re- forma há regras de transição bas- tante longas. Por essa razão, a con- vergência aos parâmetros citados deve ocorrer de forma bastante gradual”,destacaoartigo. Transiçãoavalia converter emtítulosR$27bidadívida LuAikoOtta DeBrasília Proposta por entidades em- presariais, a ideia de transformar em títulos os R$ 2,7 trilhões em créditos inscritos na Dívida Ativa da União e outros valores a rece- ber pela Receita Federal foi anali- sada pela equipe de transição, in- forma fonte. Embora não esteja no foco da equipe no momento, poderá ser levada ao futuro mi- nistro da Fazenda para ser anali- sada pela nova equipe como uma alternativa para elevar receitas. “A solução pode ser boa, mas apenas para créditos de difícil re- cuperação”, disse o presidente da Unafisco Nacional, sindicato dos auditores fiscais, Mauro Silva. Ele foiprovocadoa opinar sobre o te- ma pelo economista Guilherme Mello, da equipe de transição. A entidade atuou no Senado durante apreciação de um proje- to de lei apresentado pelo sena- dor José Serra (PSDB-SP) que tra- ta da cessão de direitos creditó- rios dos entes da Federação. O projeto foi aprovado no Senado em 2017 e se encontra em análise na Câmara dos Deputados. Na época em que o projeto esta- vaemdiscussãonoSenado,apreo- cupaçãodosauditoreseragarantir que não apenas os créditos já par- celados, com maior probabilidade de recebimento, fossem objeto da medida. “Essa dívida já está sendo paga, por isso não precisa de secu- ritização”, comentouSilva. Já para os créditos de difícil re- cuperação, que são transaciona- dos com deságios elevados, a Unafisco propõe que haja uma classificação de risco, de forma a estabelecer uma escala de des- contos na securitização. Essas e outras sugestões foram entregues à equipe de transição, informou Silva. A conversa sobre securitização ocorreu em uma reunião em que o dirigente sindical relatava à equipe de transição o quadro que encontrará no “chão de fá- brica” da Receita Federal. O Valor publicou em outubro uma re- portagem mostrando que o ór- gão teve, neste ano, o menor or- çamento de sua história para pa- gar despesas de custeio. Faltam recursos até mesmo para pagar o Serpro, estatal que administra o sistema de arrecadação federal. A atual equipe de governo tem em andamento um programa de recuperação de créditos tributá- rios, por meio do qual já recupe- rou R$ 200 bilhões desde 2019. A transação tributária envolve um acordo entre o fisco e o contri- buinte, noqual litígios sãoencer- rados e a dívida é paga com des- conto de multa e juros. Aluguel temmaiorquedaem14meses, diz FGV AlessandraSaraiva DoRio A variação de preço de aluguel na leitura da Fundação Getulio Vargas (FGV) teve, em novembro, a mais intensaquedaem14meses— mas a sustentabilidade desse re- cuo,parapróximosmeses,é incóg- nita. A avaliação é do economista da fundação,PauloPicchetti, ao fa- lar sobre a retração de 0,36% no Ín- dice de Variação de Aluguéis Resi- denciais (Ivar), anunciada ontem pela FGV. Em outubro, o recuo foi de 0,10%. Foi a taxa negativa mais forte desde setembro de 2021 (-0,88%), acrescentou ele, influen- ciada por desacelerações e recuos em taxas mensais de indicadores inflacionários,nosúltimosmeses. Esses índices, como IPCA e IGP- M, são indexadores para reajuste em contratos de aluguel. Com ta- xas mensais menores sendo inclu- sas no resultado em 12 meses dos indicadores, isso reduz taxas acu- muladas,usadasnocálculodorea- justedealuguel,notouotécnico. Mas Picchetti faz um alerta. Não hácomosaber seavariaçãodealu- guel mensurada pela FGV vai con- tinuaracair.Háumaimprevisibili- dade de projeções para o cenário macroeconômico. Isso inclui esti- mativas para indicadores inflacio- nários, cuja evolução afeta a traje- tóriado Ivar,notouele. O especialista comentou que três das quatro capitais usadas pa- ra cálculo do indicador tiveram queda na variação de aluguel, em novembroanteoutubro. Sãoosca- sos dosrecuos observados em São Paulo (-0,32%), Belo Horizonte (-1,21%) e Porto Alegre (-1,13%). A única cidade a registrar alta foi o Rio de Janeiro (1,55%). “Isso tem a ver mais com as especificidades do mercado imobiliário carioca”, dis- se, reiterando que, em novembro, a tendência no preço do aluguel, foidequeda. Otécnicoexplicouqueocálculo do Ivar é baseado na evolução de diversos contratos de aluguel, com diferentes “datas de aniversário”, ou seja, o período em que ocorre o reajuste. Mas notou que, se taxas acumuladas dos indicadores usa- das como indexadores, recuam mês a mês — favorecidas por me- nor resultadomensal —, isso reduz também variação de preço de alu- guel, independentemente de qual seria “datadeaniversário”. O cenário do acumulado em 12 meses dos indicadores inflacioná- rios, ao longo de 2022, é bem dife- rente de iguais períodos no ano passado, acrescentou. Em 12 me- sesaténovembrodesseano,oIPCA acumula alta de 6,17%, abaixo da taxa de 6,85% dos 12 meses ime- diatamente anteriores. Em igual períodonoanopassado,de12me- ses até novembro de 2021, o IPCA acumulava alta de 10,74%. Já o IGP-M acumula alta de 5,55% em 12 meses até novembro — sendo que, até outubro, subia 6,52%. Em 12 meses até novembro de 2021, o IGP-Macumulavaaltade17,89%. No entanto, ao ser questionado se o Ivar vai continuar a cair, o téc- nico foi cauteloso. “Estamos mu- dando de governo, de política”, lembrou ele, ao citar a troca de go- verno a partir de 2023. “Não sabe- mos como vai ficar inflação, como não sabemos como vai ficar renda, mercadode trabalho”, citou. Sobre esse último aspecto, o especialista contou que os se- nhorios ao longo de 2022 nota- ram aumento de renda do brasi- leiro, causada por melhora em emprego.Comisso, viramespaço para negociar aumento de alu- guel. No entanto, se não há certe- za se a melhora na renda vai con- tinuar, os donos de imóveis não podem saber, agora, se haverá es- paço para novos reajustes. “Está difícil fazer previsão para médioprazo”, resumiu. “Vamos ter que acompanhar mês a mês o Ivar [paramensurar tendência]”,disse. Por Silvio Meira* D o começo da primeiraRevolução Industrial até agora, já sãomais de 250 anos. A revolução transfor- mou o lugar da produção de artefatos, de pequenas oficinas isoladas para gran- des e sofisticados siste- mas de produção baseados em padrões que habilitam qualidadeeescala.Oimpac- to da Revolução Industrial sóécomparável à revolução neolítica,há12milanos,que marca a domesticação de animais eplantas e chegada da agricultura como ainda existe em certas partes do mundo,hoje. Nos primórdios da Revo- lução Industrial, a inovação nos processos de fabrica- ção levou não só à redução de custos e preços, associa- da a um radical aumento de escala, mas à criação de novos produtos, indústrias emercados, comobiscoitos e doces, especializando o trabalho,mudandomeiosde acesso aos produtos, crian- docadeiasdevalor,estabele- cendooconsumocomouma atividade cultural edeman- dandomuitasnovascompe- tências e habilidades, como publicidade e propaganda, quemudaramo comércio e redefiniramovarejo. Hoje estamos imersos numa transformação de todos os setores da econo- mia, e uma tendência irre- versível de três décadas se tornou onipresente: tudo é—ou será— figital. Mercados, fábricas, lojas, times, pessoas (e cida- des, países, governos…) estão numa transição do físico (ou analógico) para uma articulação do físico, que passa a ser habilitado, aumentadoeestendidopelo digital, ambos orquestra- dos pelo social, em tempo (quase) real. E isso muda tudo, inclusive e talvez principalmentea indústria. Mas... porquê? Uma boa parte da narra- tiva clássica sobre indústria 4.0 ainda se refere ao que acontece dentro da fábrica, como parte do processo de produção, e associado a máquinas que prensam, estampamemontamcoisas. Masaindústriafigitalexiste numcenárioondeconectivi- dade5G,queestáportrásda “internet das coisas” (IoT), muda muito mais do que a velocidadeda rede aonosso redor. Em 5G, é possível conectarummilhãodeobje- tos por quilômetro quadra- do; cada uma dessas coisas é identificável, endereçável, programável, temmemória, sensores e atuadores, pode ser rastreável e estabelecer conexões, relacionamentos e interações. Se no passado produtos ficavam “prontos” e saíam da fábrica, para sempre, no mundo figital produ- tos evoluem para sempre e, conectados, nuncamais “saem” da fábrica. Começa com gêmeos digitais, e não termina nuncamais. E isso muda tudo, inclusive as articulações entre indús- tria, varejo e serviços, com imenso potencial de rede- senho dos papéis de todos osatores.Eaoportunidade paraa indústria,nessagran- detransformaçãodeprodu- tos emserviços, é imensa. Oquedemandaestratégia e execução alémda fábrica, dos processos e dasmáqui- nas da produção, que rede- senhemopapel da indústria em um cenário onde plata- formas figitais (lembrando, as que têm performances nasdimensões física, digital e social) habilitam ecossis- temas “coopetitivos”, onde todoscooperamecompetem aomesmo tempo, em rede, para habilitar o próximo níveldecadaumedotodo. * Silvio Meira é professor extraordinário na cesar.school, no Porto Digital, e cientista-chefe da TDS.company. A Embratel promove conversas sobre inovação no dia a dia dos negócios. A série “Vamos habilitar o próximo nível? ” é parte dessa jornada de conhecimento. Assista ao segundo episódio da 2ª temporada: “Indústria 4.0”. Com5Ge IoT, indústria tambémé varejo e serviço, criandomuitas oportunidades Produtos conectados nunca “saem” da fábrica © GE TT Y IM AG ES © DI VU LG AÇ ÃO CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM APRESENTADO POR Jornal Valor --- Página 6 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@21:16:43 A6 | Valor | Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 Brasil Comércio exteriorAlberto Fernández vê prejuízo ao setor automotivo ArgentinapedeaEuropaque revejaacordocomMercosul Alberto Fernández: “Chegar aumacordo emumabasemais realista” MATILDECAMPODONICO/AP Financial Times O presidente da Argentina, Al- berto Fernández, pediu à União Europeia (UE) que renegocie um acordo comercial histórico com a América do Sul, afirmando que o acordo é desequilibrado e uma ameaça às indústrias automobi- lísticas do Brasil e da Argentina. “O que precisamos fazer é sen- tar e ver como podemos chegar a um acordo em uma base mais realista”, disse Fernández na con- ferência Global Boardroom, pro- movida pelo “Financial Times”. Perguntado sobre quanto tem- po esse processo poderia levar, ele disse: “O tempo que as partes qui- serem. É como o tango. O tango é dançado por um casal, é preciso que as duas pessoas queiram dan- çar, casocontrário, ficadifícil”. O acordo comercial entre a UE e o Mercosul foi firmado em prin- cípio em 2019, após quase duas décadas de negociações. Mas sua conclusão foi suspensaemmeioa objeções da Europa ao histórico ruim do Brasil na preservação da florestaamazônica, soba lideran- ça do presidente Jair Bolsonaro. A eleição em outubro de Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu preservar a Amazônia, despertou esperanças de que o longamente adiado acordo entre a UE e o Mer- cosul possa obter a aprovação fi- nal. Xiana Mendéz, ministra do Comércio da Espanha, disse ao “FT”nomêspassado, acreditarque Lula aprovará o acordo. “Ele [o acordo] é bastante equilibrado. Nãoapoiamosareaberturadasne- gociações”,disseela. Mas Fernández disse na confe- rência do “FT” que o meio ambien- te “nãoémotivoparanãotermoso acordo, isso é uma desculpa”. “O verdadeiro motivo é que para o Brasil e a Argentina, enquanto fa- bricantes de automóveis e os úni- cos produtores da América do Sul, esse acordo é um problema por- que torna as coisas difíceis para nósseaconcorrênciaeuropeiavier paraaAméricadoSul”,disseele. Ao mesmo tempo, os países sul-americanos enfrentam “mui- tos obstáculos” para vender suas exportações agrícolas para a Eu- ropa, com países como França, Ir- landa e Polônia se opondo ao fim dos subsídios agrícolas e a per- mitir a concorrência da Argenti- na, acrescentouele. “Nem Lula nem eu somos con- tra o acordo com a União Euro- peia”, explicou Fernández. “É preciso ter em mente como é esse acordo, porque ele tem proble- mas... que têm a ver com os dese- quilíbrios do mercado.” Enquanto prosseguem as dis- cussões sobre o acordo comer- cial com a Europa, há muito pa- rado, a Argentina vem firmando acordos com a China, seu segun- do maior parceiro comercial de- pois do Brasil. Pequim concor- dou no mês passado em ampliar um mecanismo de swap com o banco central argentino para US$ 25 bilhões, ajudando a re- forçar as magras reservas inter- nacionais da Argentina. A China também construiu uma estação de observação es- pacial em Neuquén, uma pro- víncia da Patagônia, que o think- tank Center for Strategic and In- ternational Studies de Washing- ton afirma operar com pouca supervisão argentina e poderia ser usado para recolher infor- mações de uso militar. Fernández rejeitou o argu- mento de que a Argentina preci- sa escolher entre os EUA e a Chi- na, dizendo que não deseja re- criar a era da Guerra Fria. “Os EUA estão muito preocupados com o que a China poderia fazer na América Latina, mas a China pode fazer... exatamente o que os EUA podem, que é vir e investir.” A Argentina está construindo uma base naval em Ushuaia, no sul da Patagônia, para apoiar na- vios que patrulham o Atlântico Sul e a Antártica, mas Fernández descreveu como uma “fantasia” notícias de que a China estaria envolvida. O país enfrenta desafios eco- nômicos assustadores, com a in- flação se aproximando de 100% ao ano, o acesso aos mercados fi- nanceiros internacionais em grande parte fechado após um calote em 2020, e controles cam- biais que elevaram o dólar no mercado paralelo a quase duas vezes a taxa oficial. Fernández disse que a econo- mia da Argentina é “estranha” porque, apesar da inflação alta e dos níveis de dívida “impagá- veis”, o país também registrou níveis recorde de investimentos externos e exportações no pri- meiro semestre do ano, o de- semprego foi baixo e o consumo estava crescendo. Emevento,Montezanocita“legado”àfrentedoBNDES LucianneCarneiro e PaulaMartini DoRio Em tom de despedida, o presi- dente do Banco Nacional do De- senvolvimento Econômico e So- cial (BNDES), Gustavo Monteza- no, fez um balanço de sua gestão ontem, quando ressaltou que o banco não pode ser subestima- do, exaltou o legado dos últimos três anos e repetiu mais de uma vez o caráter neutro das ações da instituição de fomento, que se- gundoeleatende“a todasasesfe- ras políticas de governo, a todas as ideologias e partidos”. “Foi um banco que atendeu a todas as esferas políticas do Bra- sil, todas as ideologias, todos os partidos, de forma neutra, como tem que ser um banco como o BNDES”, afirmou ele, ao partici- par do BNDES Day, evento reali- zado na sede da instituição, no Rio de Janeiro, em comemoração aos 70 anos de sua fundação, completados em 2022. Em outro trecho de sua fala, ao comentar sobre a fábrica de projetos — programa de estrutu- ração de privatizações e conces- sões para entes públicos federal, estaduais e municipais —, Mon- tezano também fez referência ao trabalho em parceria com dife- rentes Estados, “sem qualquer separação de ideologia política”. “Atendemos Rio Grande do Sul, Alagoas, Rio de Janeiro, Ceará, Amapá, Distrito Federal. Todas as matizes políticas foram aten- didas”, citou. O presidente do BNDES disse ainda ter orgulho de seu legado à frenteda instituição eda mudan- ça na imagem do banco. “Tenho grande orgulho do legado que deixamos. É um banco que há seis anos era questionado repu- tacionalmente”, frisou. Montezano destacou que, mesmo com a mudança na estra- tégia do banco — que deixou de colocar o capital como priorida- de —, o BNDES conseguiu alcan- çar o maior lucro contábil “da história do sistema financeiro nacional”. “Quanto mais se pen- sar em impacto, em inovação, mais lucro vai se gerar para o BNDES e para o Brasil”, afirmou. A mensagem de Montezano também destacou a força da ins- tituição financeira. Ele afirmou que o BNDES não pode ser su- bestimado. “Uma coisa que aprendi nesses três anos é: não subestime o BNDES. Se fosse uma empresa listada, não ‘shor- teia’ [fazer short, vender a desco- berto] nossa ação. Todas as vezes que eu ou qualquer pessoa su- bestimou o banco, errou, e o banco surpreendeu para cima”, disse ele, que reconheceu que ainda há desafios à frente. Um dos destaques na atuação do banco foi o setor de sanea- mento. Segundo estimativa de Montezano, há mais de R$ 100 bilhões em investimentos no se- tor, entre valores já liberados (R$ 79 bilhões) ou em análise (R$ 24 bilhões). “O saneamento é um tema que a gente se debruçou forte- mente. Quando olha o sanea- mento, essa carteira impacta po- sitivamente em torno de 40 mi- lhões de brasileiros, é uma res- posta portanto do tamanho que o Brasil precisa”, afirmou o dire- tor de concessões e privatizações do BNDES, Fabio Abrahão. De acordo com ele, quando são considerados todos os proje- tos do programa de estruturação de privatizações e concessões pa- ra entes públicos, o valor sobe para “quase meio trilhão de reais”. O montante total — que considera o capital imobilizado, que é a soma de investimento com compromisso de investi- mento, com outorgas, ou assun- ção de dívidas, mais os projetos em análise — deve chegar a R$ 470 bilhões até o fim do ano, segundo detalhou o diretor. Em um painel para discutir os desafios do saneamento, o repre- sentante do setor destacou a im- portância do BNDES como uma “fábrica de projetos”. Diretor- executivo da Associação e Sindi- cato Nacional das Concessioná- rias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, Percy Soares Neto manifestou preocupação com a transição de governo e o risco de um “revogaço”. Ele avalia que é importante manter a tração que o setor ga- nhou recentemente, com o novo marco regulatório. As principais apreensões são a revisão de nor- mas e decretos do Marco Legal do Saneamento e alterações na Agência Nacional de Águas (ANA), que pode ser deslocada do Ministério de Desenvolvi- mento Regional, e dessa forma deixar de ser responsável pelas diretrizes regulatórias. “A gente conhece o perfil do Congresso e qualquer reversão vai ser muito difícil, mas não é impossível. Todo governo inicia com medida provisória e certa- mente haverá no sentido de reorganização. Mas esperamos que ela [uma possível MP] não toque nas coisas que afetam a estrutura do marco, como com- petição e regionalização”, afir- mou Soares Neto. Segundo ele, o mercado priva- do está em contato com o grupo de transição e prepara uma lista com propostas de melhorias nos decretos do novo marco. IGP-DI tem quinta queda mensal seguida e está perto de marca inédita AlessandraSaraiva DoRio O Índice Geral de Preços – Dis- ponibilidade Interna (IGP-DI) caiu 0,18% em novembro, ante recuo de 0,62% em outubro, in- formou ontem a Fundação Getu- lio Vargas (FGV). Embora mais fraca, a queda foi a quinta defla- ção consecutiva. Um período de cinco quedas seguidas no indica- dor, criado na década de 40, é al- go raro e só aconteceu nos anos de 2005 e de 2017. Segundo André Braz, econo- mista da FGV responsável pelo ÍndicesGeraisdePreços (IGPs)da fundação, deflações mais fracas de commodities, no atacado, le- varam à perda de força na traje- tória de retração do indicador. Ele não descarta nova taxa ne- gativa do índice, em dezembro. Isso pode levar o IGP-DI a subir apenas 5,5% em 2022, ante au- mento de 17,74% em 2021 — co- mo também levar, à série do IGP-DI, um período inédito de seis deflações mensais consecuti- vas. Até novembro o IGP-DI acu- mula alta de 6,02% em 12 meses. De outubro para novembro, Braz frisou que a variação de pre- ços atacadistas, 60% do indicador, se manteve negativa — embora de forma menos intensa. O Índice de PreçosaoProdutorAmplo–Dispo- nibilidade Interna (IPA-DI) passou de -1,04% para -0,43%, influencia- do por fim de deflação em com- modities de peso, como soja em grão(de-0,51%para1,29%)ecarne bovina (de -0,62%para1,65%). Braz comentou queesses pro- dutos passaram por fortes que- das nos últimos meses, e aumen- tos de agora seriam “ajuste”, para equilibrar retrações passadas. No entanto, no atacado, outras commodities importantes conti- nuaram em queda de preço em novembro. São os casos de café em grão (-16,6%) e minério de ferro (-1,17%). Os preços das commodities, de maneira geral, têm oscilado para baixo nos últi- mos meses, devido à desacelera- ção da economia mundial. O fato de o IPA-DI ter conti- nuado a cair, em novembro, aju- dou o IGP-DI como um todo a manter taxa negativa, no mês passado, comentou Braz. A continuidade de deflação no IGP-DI em novembro também foi favorecida por desaceleração de preços do varejo, 30% do indica- dor. De outubro para novembro, o Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI) passoude0,69%para0,57%.Houve quedas em itens importantes no cálculo da inflação varejista como passagem aérea (3,65%) e leite tipo longavida (-5,23%). Para dezembro, a tendência é que os preços do IPC continuem a subir menos, acrescentou o téc- nico. Isso porque a Petrobras anuncioucortesempreçosdega- solina e de diesel, de 6,1% e de 8,2%, respectivamente, a partir de 7 de dezembro. Os recuos pu- xarão para baixo resultados de inflação de dezembro, notou ele. “Somente a gasolina sozinha pe- sa 5% do IPC”, lembrou Braz. Assim, todos esses fatores reu- nidos fazem o economista acre- ditar em possibilidade de nova queda para IGP-DI desse mês. Há possibilidades de o IPA-DI conti- nuar negativo, tendo em vista a possibilidade de commodities relevantes permanecerem em re- cuo, em dezembro; e de IPC em patamar baixo, no mês, reiterou. “Podemos ter IGPs com taxa anual próxima ao que deve ser o encerramento anual do IPCA para 2022”, acrescentou. Em 12 meses até novembro desse ano, o IPCA, indicador inflacionário calculado pelo IBGEacumulaaltade6,17%. APRESENTADO POR REALIZAÇÃO PRODUZIDO POR O Valor Econômico e a Embratel apresentam uma importante discussão sobre a cibersegurança, em um caderno especial com os tópicos mais relevantes em proteção de dados digitais nos dias de hoje. A publicação traz, ainda, uma entrevista exclusiva com o guru da segurança Bruce Schneier, realizada por Ronaldo Lemos. CONVIDADOS LEIA DIA 12 DE DEZEMBRO NO VALOR ECONÔMICO BRUCESCHNEIER Criptógrafo e especialista emsegurança computacional RONALDOLEMOS Diretor do ITSRio Jornal Valor --- Página 7 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@20:13:51 Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 | Valor | A7 Jornal Valor --- Página 8 da edição "08/12/2022 1a CAD A" ---- Impressa por CCassiano às 07/12/2022@22:32:47 A8 | Valor | Quinta-feira, 8 de dezembro de 2022 CRISTIANOMARIZ/OGLOBO Especial | Compromisso é com uma política ambiental transversal EstevãoTaiar DeBrasília As rápidas transformações pro- vocadas pelas mudanças climáti- caseadesintegraçãodosistemade proteção ao meio ambiente no Brasil impõem à futura gestão de Lula (PT) uma nova forma de enca- rar a questão a partir de 2023. Um dos principais instrumentos de projeção do Brasil no exterior — que o presidente eleito já indicou quererencamparcomosuaprinci- pal bandeira global —, o compro- misso do país com as metas de re- dução de emissões de carbono via desmatamento e a conservação de biomas ameaçados como o da Amazônia terão peso em todas as decisões do novo governo, afirma- ram os integrantes da equipe de transição que participaram na ter- ça-feirado“Eagora,Brasil?”. O compromisso do presidente eleito com uma “política ambien- tal transversal” foi um fator decisi- vo na reaproximação de Marina Silva, deputada federal eleita pela RedeemSãoPaulo,dopetista, con- tou ela. Marina se projetou como personalidade internacional na posição de ministra do Meio Am- biente de Lula, entre 2003 e 2008. Agora, em um novo contexto, ela diz que só com a centralidade do tema ambiental será possível unir dois objetivos complementares: o crescimentoeconômicoeapreser- vaçãodabiodiversidadedopaís. “A política ambiental será trans- versal. Isso significa que a questão ambiental não é setorial, (a partir da ideia) de que não tem impacto sobre as atividades econômicas e dequeomeioambienteéalheioàs atividades econômicas. As coisas precisam caminhar juntas”, defi- niu Marina, que integra o grupo ambiental da transição e é cotada para reassumir o ministério. “Não basta dizer o que não vai fazer, é precisodizer comovai fazer.” Nos cinco anos e meio em que foi ministra, o desmatamento da Amazônia teve forte queda, e o Brasil foi responsável por 80% das áreas protegidas criadas no mun- do. Segundo Marina, naquela épo- ca a ideia de transversalidade já es- tava presente no governo. “Foi um plano integrado (de redução do desmatamento), envolvendo 13 ministérios. Recursos financeiros nãoeramtantos,masos tecnológi- cos e humanos e a capacidade de planejamento com prevenção e controle do desmatamento trou- xeramresultados”,disseela. Oquadroémuitodiferenteago- ra. Entre agosto de 2021 e julho de 2022, a taxa anual de desmata- mento da Amazônia Legal caiu 11,3%, no primeiro recuo desde 2017, mas ainda está bem acima da média da década passada. Se- gundo Marina, o diagnóstico da equipe de transição é o de que re- tomar o controle do desmatamen- to será um desafio enorme agora, dada a desestruturação do sistema de proteção ambiental nos últi- mos quatro anos. A ameaça não é só à floresta, mas também às co- Entre osmoderadoresMiriamLeitão eMerval Pereira,WellingtonDias, Rui Costa,MarinaSilva eNelsonBarbosadebateramosobstáculos à frentedo futurogovernoLula emeventona terça-feira BrunoGóes “OGlobo”, deBrasília Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito em outubro — na disputa mais polarizada desde a redemo- cratização — para exercer a Presi- dência da República pela terceira vez a partir de 1o de janeiro de 2023.Masosdesafiosdesua futura gestão começaram a ser enfrenta- dosantesmesmodaposse. Em meio ao silêncio do presi- dente JairBolsonaro(PL),oprimei- ro no cargo que não conseguiu a reeleição desde que o instituto foi criado, aliados do petista articu- lamnoCongressoaaprovaçãoain- da este ano de uma proposta de emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento de 2023 pa- ra o cumprimento de promessas de campanha como a recriação do Bolsa Família mantendo o valor mínimomensaldeR$600doAuxí- lio Brasil, turbinado pelo governo atual somente até dezembro. Ao mesmo tempo em que negocia a chamada PEC da Transição, Lula prepara a formação de seu futuro gabinete e busca restabelecer o diálogoentreas instituições. Os obstáculos dessa missão fo- ram analisados na última terça-fei- ra por quatro integrantes da equi- pedetransiçãoformadapelopresi- dente eleito em mais uma edição da série de debates “E agora, Bra- sil?”, realizadapelos jornaisValore “OGlobo”,compatrocíniodoSiste- ma Comércio, através da CNC, do Sesc,doSenacedesuas federações. Participaram do evento, em Brasília, o governador da Bahia, Rui Costa; o ex-governador do Piauí e senadoreleitoWellington Dias; a ex-ministra do Meio Am- biente e deputada federal eleita Marina Silva; e o ex-ministro do Planejamento e da Fazenda Nel- son Barbosa. Os quatro são cotados para po- sições de destaque na Esplanada a partir de janeiro. Sob a media- ção dos colunistas do “Globo” Mí- riam Leitão e Merval Pereira, os auxiliares de Lula apresentaram diagnósticos sobreopaíseprega- ram a necessidade de pacificação dapolíticaparagarantiro funcio- namento da democracia. AntesmesmodeLulavestira fai- xa presidencial, há temas críticos a serem encarados imediatamente, como o orçamento secreto, como são chamadas as emendas atribuí- das ao relator do Orçamento cujos critérios de distribuição entre par- lamentares não são transparentes. O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou ontem o julgamento de sua constitucionalidade, mas o instrumento que cimentou a base parlamentar de Bolsonaro ronda as negociações da PEC da Transi- ção. Contorná-lo é uma missão de- licada para Lula, que saiu das ur- nassemmaiorianoLegislativoque se renovaráemfevereiro.
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