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Peritonite infecciosa viral felina Doença infecto-contagiosa, sistêmica, imunomediada, progressiva e fatal causada pelo coronavírus! Nos felinos, é encontrado dois tipos: o CoVF entérico, que provoca uma enterite viral bem semelhante à coronavirose canina; e sua mutação que leva ao desenvolvimento da peritonite infecciosa felina (PIF). As cepas que provocam enterite possuem alta prevalência, mas são pouco virulentas e costumam afetar �lhotes. Os adultos podem ser assintomáticos e poucos desenvolvem a PIF. Em sua forma entérica, os gatos eliminam o vírus nas fezes por 2 a 3 semanas. Etiologia ➔ Vírus envelopado com RNA de �ta simples: ● Proteínas do envelope: Espícula (S) e Hemoaglutinina esterase (He); ● Resistente ao meio: sobrevive até 7 semanas em condições secas. ➔ Formas clínicas: ● Efusiva (úmida) - mais grave, evolui rápido; ● Não efusiva (seca); Sintomas relacionados à forma clínica que o animal apresenta. ➔ Sorotipos: ● Coronavírus Felino tipo I e tipo II. Epidemiologia ➔ Gatos e felinos selvagens são reservatórios; ➔ Animal se infecta por ingestão ou inalação, podendo ocorrer infecção transplacentária; ➔ 80% dos gatos são soropositivos em locais com mais de 5 gatos (gatis=colônias); ➔ Gatos de residência (menos animais) apresentam prevalência menor (10 a 50%); ➔ Raças puras são mais predispostas à infecção do que raças mistas (acredita-se que exista um fator genético envolvido); ➔ Faixa etária acometida varia de 6 meses a 5 anos, porém a grande maioria dos casos são animais com menos de 1 ano: ● Filhotes têm mais chance de ocorrer a mutação. Transmissão ➔ Fecal oral: infectado defeca na caixa de areia e contamina outro gato; ➔ Excreção viral: infectado pode eliminar o vírus de 4 a 5 meses; ➔ Forma subclínica: maioria dos animais não apresenta sintomas e são saudáveis; ➔ Forma clínica: severa, ocorrendo de 5 a 10% dos casos; Patogenia ➔ Animal se infectou pelos coronavírus felino (CoVF) ↠ caso ocorra a mutação ↠ vira o vírus da peritonite infecciosa felina (PIF) ↠ ocorre replicação nos macrofagos: ● se o animal tiver uma imunidade mediada celular e�caz, pode apresentar replicação intermitente mas clinicamente bem ou se recupera completamente; ● se tiver uma imunidade humoral prevalente, forma complexo imune (produz muito anticorpo), levando a uma vasculite imunomediada que altera a permeabilidade dos vasos. Isso leva a duas formas clínicas, a grave (PIV úmida) ou a formação de piogranulomas (PIV seca) em diversos órgãos. Sinais clínicos ➔ Inespecí�cos: depende dos órgãos afetados; ● Febre não responsiva a antibióticos; ● Apatia; ● Perda de peso; ● Diarreia e vômito (em cepas entéricas). ➔ PIV úmida: ● Efusão abdominal; ● Efusão pleural; ● Efusão pericárdica; *Em casos de efusão, o material deve ser coletado e analisado para classi�car seu tipo, além de ser realizada a drenagem. ● Serosite �brinosa; ● Distensão abdominal progressiva e indolor; ● Aumento de volume escrotal; ● Icterícia hepática; ➔ PIV seca: ● Piogranulomas em órgãos viscerais: SNC; ocular; rins e outros órgãos abdominais. ● Sintomas neurológicos (12 a 35%): Meningoencefalite granulomatosa multifocal Convulsão; Nistagmo; Hiperestesia; Tremores; Incontinência fecal; Incontinência urinária; Lambedura compulsiva; Ataxia; Hiperre�exia; Paresia; Disfunção vestibular; Opistótono. Diagnóstico ➔ É um desa�o, pois existe teste sorológico para o CoVF (entérico), mas não existe para o vírus mutado. Devido a isso, mais gatos morreram de resultado falso nos testes de anticorpo do que da própria doença. *80% dos gatos de colônia apresentam coronavírus entérico sem mutação, tendo no máximo quadros de diarreia. Histórico Sinais clínicos Exsudato asséptico Relação alb/glob ● Vive em colônia; ● Raças puras; ● Animais jovens. ● Efusão; ● Variados. ● Resultado da análise do líquido da efusão; ● Pode ter outros diferenciais. < 0,5. OBS.: Não existe exame 100% sensível e 100% especí�co! ➔ Achados de hemograma não especí�cos: ● Anemia normocítica normocrômica arregenerativa; ● Leucocitose por neutro�lia com desvio à esquerda (leucopenia); ● Linfopenia; ● Trombocitopenia. ➔ Bioquímica sérica depende do órgão afetado; ➔ Exames complementares: Teste de Rivalta + Histopatológico + PCR Tratamento Por ser uma doença imunomediada, deve-se imunossuprimir (inibir a resposta imune) ou imunomodular (acelerar a resposta mediada por célula); ★PrednisoLONA: 2 a 4 mg/kg; ➔ Interferon felino: medicamento + preventivo para animais contactantes com os infectados; Grupo de proteínas naturalmente produzidas no organismo, com função imunorreguladora (aumenta a capacidade do organismo de destruir células tumorais, vírus e bactérias). ➔ Antivirais são proibidos no Brasil, para não causar resistência aos antivirais humanos; ➔ Não justi�ca usar antibióticos, a não ser em casos de neutropenia; ➔ Bom suporte nutricional; ➔ Evitar fatores estressantes. Prevenção ➔ Probabilidade de desenvolvimento da PIF não é alta, mas pode haver ligação genética entre os acometidos; ➔ Raramente é preciso isolar o animal; ➔ Transmissão de um gato para outro é exceção, não regra; ➔ NÂO há vacina para prevenção da PIF; ➔ Prognóstico negativo: grande maioria morre. Conclusão Não existe cura no momento e o tratamento é imunomodular o animal. A eutanasia deve ser proposta em situações onde o animal está sofrendo e não apresenta melhoria diante do tratamento. —------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1. Existe um paciente com maior probabilidade de desenvolver PIF. Qual seria? Animais jovens e de raça pura, que vivem em colônias. 2. Um paciente com ascite e efusão pleural. Você suspeitaria de PIF? Qual seria a sua conduta? Sim. Faria a toracocentese para drenar o líquido e mandaria o material para análise, a �m de identi�cá-lo. 3. Um felino com ascite fez sorologia para PIF e demonstrou altos títulos de anticorpos. Posso fechar o diagnóstico? Não. Pois foi um falso negativo, uma vez que não existe teste sorológico para PIF, apenas para o coronavírus entérico. 4. Animal com quadro efusivo, teste de rivalta positivo. Fecho o diagnóstico? Não, pois pode ser um linfoma ou uma peritonite infecciosa, sendo preciso uma análise do material para con�rmação. 5. Um paciente positivo no PCR para PIF fecho o diagnóstico? E no negativo? Sim, pois existe PCR especí�co para PIF. Não, pois pode apresentar falso negativo, uma vez que existem diversas mutações. 6. Você iria propor eutanásia em um paciente diagnosticado com PIF? Apenas em casos onde o animal não está responsivo aos imunomoduladores, não apresentando uma boa qualidade de vida.