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Insuficiência venosa crônica


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Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
 
A Insuficiência Venosa Crônica (IVC) de membros 
inferiores é caracterizada por sintomas e sinais 
produzidos pela hipertensão venosa como resultado de 
alterações estruturais e funcionais das veias; 
Atualmente, o termo IVC é reservado para casos em 
que a doença venosa crônica adquire um caráter mais 
grave, geralmente incluindo edema, alterações tróficas 
da pele e ulcerações, qualquer que seja sua etiologia; 
 
 Prevalência em adultos ocidentais: 
o 25 a 33% das mulheres; 
o 10 a 20% dos homens; 
 Cerca de 90% da população apresenta 
telangiectasias; 
 75% bilateral; 
 Úlceras abertas em adultos ocidentais: 0,3%; 
MMII
 É constituído pelo sistema venoso superficial e 
profundo, separados pela fascia profunda da coxa 
e da perna; 
 Sistema Venoso Superficial: 
o V. safena interna/magna; 
o V. safena externa/parva; 
o V. perfurantes; 
o V; Comunicantes; 
 Veias perfurantes → atravessam a fascia profunda 
da coxa e da perna e conectam o S.V. superficial e 
o S.V. profundo; 
o V. perfurante de Hunter; 
o V. perfurante de Dodd’s; 
o V. perfurante de Cockett (I, II e III); 
 Veias comunicantes → unem entre si duas veias 
superficiais ou duas veias profundas, sem 
atravessarem a fáscia profunda da perna ou coxa; 
 
 Sistema venoso profundo: 
o V. femoral comum, superficial, profunda; 
o V. poplítea; 
o Tibiais anterior e posterior; 
o Fibulares; 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
o Gastrocnêmias; 
 
 
 
Fluxo sanguíneo venoso dos MMII: 
 Do segmento distal 
para o proximal → 
sentido ascendente; 
 S.V. superficial drena 
para o S.V. profundo 
através das veias 
perfurante, junção 
safeno-femoral e junção 
safeno-poplítea; 
 Sentido do fluxo é 
mantido pelo 
funcionamento das 
válvulas → impedem o 
refluxo; 
Retorno venoso: 
 Bomba muscular da panturrilha → “coração 
venoso do corpo”; 
 Vis à fronti: força de aspiração da caixa torácica; 
 Vis à Tergo: “força após” → bomba cardíaca → 
empurra o sangue arterial (do capilar venoso para o 
arterial) gerando um gradiente de pressão residual 
em torno de 10-15 mmHg para o sistema venoso; 
 Vis à Lateri: batimento arterial; 
 
Varizes primárias ou essenciais: 
 Alteração da parede da veia com modificação na 
estrutura do colágeno e/ou elastina; 
 Insuficiência valvular localizada ou segmentar; 
 Presença de fístulas arterio-venosas; 
 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
Varizes secundárias: 
 Síndrome pós-flebítica; 
 Gravidez; 
 Fístulas arterio-venosas traumáticas; 
 Anfiodisplasias; 
 Compressão extrínseca; 
 Fatores determinantes: 
o Congênitos: agenesia ou displasia; 
o Fístula arteriovenosa congênita ou traumática; 
o Síndrome Pós-Trombótica; 
 
Alterações da parede da veia + ↑ do fluxo 
venoso no sentido ascendente (hipertensão 
venosa) → insuficiência valvular a nível da 
junção safeno femoral, safeno poplítea e 
veias perfurantes → VARIZES 
 
Insuficiência valvar venosa 
Fragilidade da parede da veia REFLUXO 
Anastomoses arteriovenosas 
>Pressão sobre 
as valvas e a 
parede das 
veias distais 
 VARIZES 
Pressão Venosa: 
 Em pé parado: 87 mmHg; 
 Sentado: 65 mmHg; 
 Deitado: 10 mmHg; 
 Ao deambular: 23 mmHg; 
Fatores predisponentes: 
 Hereditariedade; 
 Obesidade → compressão afeta o retorno venoso; 
compressão da cava e ilíacas; 
 Idade >40 anos; 
 Raça: ocidentais; brancos; 
 Gênero feminino (1:3 a 1:8); 
 Constipação; 
 Calor ambiente; 
 Etilismo; 
 Trombose venosa prévia; 
 Gestação e hormônios femininos → progesterona 
causa relaxamento das fibras musculares lisas; 
 Calçados de salto alto >7cm (associado a outros 
fatores – ex.: genética); 
 
CEAP
INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA 
 
 
C 
Manifestações Clínica 
 C0 a C6 dependendo da gravidade 
 “A” para assintomático” 
 “S” para sintomático; 
 
 
E 
Etiologia 
 Ec: etiologia primitiva/congênita 
 Ep: etiologia primária 
 Es: etiologia secundária 
 
 
A 
Anatomia 
 Ac: Sistema venoso superficial 
 Ad: Sistema venoso sistêmico 
 Ap: veias perfurantes 
 
 
P 
Patofisiologia 
 Pr: Refluxo 
 Po: Obstrução 
 Pro: associação de refluxo com obstrução 
VARIZES 
PRIMÁRIAS 
VARIZES 
SECUNDÁRIAS 
 Idade mais jovem 
 Fator hereditário 
 Fatores 
desencadeantes 
 Distribuição 
padronizada das 
varizes (ambos os 
membros) 
 Alterações tróficas 
ausentes ou em menor 
intensidade 
 Idade mais avançada 
 Episódio prévio de 
TVP 
 Fístula arteriovenosa 
 Distribuição 
anárquica das 
varizes 
 Alterações tróficas 
frequentes e 
significativas 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinais e sintomas nos membros inferiores: 
 Cansaço; 
 Sensação de peso; 
 Queimadura; 
 Prurido; 
 Câimbras; 
 Edema; 
 Piora com o calor; 
 Síndrome da perna inquieta; 
 Fatores de melhora: elevação dos membros e 
exercícios; 
 Fatores de piora: ortostatismo, calor, período pré-
menstrual 
Diagnóstico diferencial de dor nas pernas: 
 Veias varicosas; 
 Tromboflebite; 
 Erisipela; 
 TVP; 
 Lombociatalgia; 
 Tendinite; 
 Mialgia; 
 Doença arterial; 
 Osteoartrite; 
 Artrite reumatoide; 
 Neoplasia óssea e partes moles; 
 Neuropatia periférica; 
 
 
C0 Sem sinais visíveis ou palpáveis 
de doença venosa 
 
 C0S 
Sensação de pernas pesadas, dor 
nas pernas, prurido, mas na 
ausência de alterações clínicas 
ou sinais de IVC (ex.: inchaço 
em MMII no verão ou após 
viagem longa) 
C1 Telangiectasias (veias <1 mm) 
ou veias reticulares (1-3mm) 
C2 Varizes/Veias varicosas (>3 
mm) 
 C2r Varizes recorrentes 
C3 Edema 
C4 Alterações na pele e tecido 
subcutâneo secundárias à 
doença venosa crônica (ex.: 
hiperpgmentação) 
 C4a Pigmentação ou eczema 
 C4b Lipodermatoesclerose ou atrofia 
branca 
 C4c Corona flebectatica 
C5 Curado/Úlcera cicatrizada. 
C6 Úlcera venosa ativa 
 C6r Úlcera venosa ativa recorrente 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
 
 História clínica; 
 Anamnese: avaliação de sintomas; antecedentes de 
TVP; uso de anticoncepcionais e história de 
traumatismo dos MMII; história familiar; 
 Inspeção: 
o Observar coloração da pele, presença de 
telangectasias, varizes reticulares; 
o Alterações tróficas de pele e fâneros; 
o Presença de edema, angiodisplasia, úlceras e 
hiperpigmentação; 
 Palpação: 
o Paciente em decúbito dorsal: pulsos femorais, 
poplíteos, pediosos e tibial posterior; 
o Paciente em pé: 
 Junção safeno femoral com manobra de 
Valsava; 
 Junção safeno poplíteia (joelho semi-fletido); 
 Palpação de perfurantes; 
 Percussão: 
o Sinal de Schwartz; 
o Transmissão de onda líquida no sentido contrário 
ao da corrente sanguínea através dos troncos 
venosos; 
 
 Ausculta: presença de sopro contínuo com reforço 
sistólico pode indicar a presença de fístulas arterio-
venosas congênitas ou adquiridas; 
 Eco-Doppler colorido: 
o 1º exame a ser solicitado; 
o Utiliza ondas lineares de alta frequência (7,5 a 10 
mHz) com módulo B para estudo da anatomia 
venosa; + Doppler pulsátil 3 a 5 mHz (fluxo 
venoso) com o mapa cores; 
o Vantagens: 
 Alta sensibilidade e especificidade; 
 Localiza com precisão os locais e insuficiência 
venosa; 
 Baixo custo; inócuo; reprodutibilidade; 
o Desvantagens: máquina e operador dependente; 
 Flebografia: 
o Padrão-ouro no estudo de refluxo e/ou obstrução 
do sistema venoso profundo; raramente é 
solicitado; 
o Invasivo; 
o Angiografia para artéria; flebografia para veia; 
o Utilizado em suspeita de Síndrome de May-
Thurner/Síndrome de Cockett (estenose/oclusão 
da veia ilíaca); 
 Pletismografia; 
o Pouco utilizado; 
o Observa diferença de volume entre os MMII; Fluxo no sentido cranial: azul; 
 Refluxo (sentido distal): vermelho; 
 
 
 
 
1 
2 
1- Veia safena magna; 2- Veia femoral comum 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
 Fármacos: 
o Flebotômicos → castanha da índia; diosmina + 
hesperidina; Venalot (cumarina + troxerrutina); 
 Compressão elástica: meia elástica ¾ de média 
compressão (20-30 mmHg); uso continuo; O 
PROF. INDICA ESSA OPÇÃO DE 
TRATAMENTO!! 
o Desvantagem: alto custo; 
o Mecanismo: comprime as veias varicosas 
(dilatadas), direcionando o sangue para o sistema 
venoso profundo; 
 Escleroterapia com espuma; 
 Orientações gerais: cessar 
tabagismo, dieta, evitar 
constipação, evitar salto 
alto, etc; 
 Tratamento cirúrgico; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
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Ana Luiza Spiassi Sampaio 
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 Convencional: retira a veia por meio do 
fleboextrator; 
 Laser: queima a veia; 
 
 
 
 
 
 
 Se formam mais comumente nos tornozelos, pois é 
a região de maior pressão (ponto mais distal); 
o Não se forma no pé (que seria o ponto mais distal 
existente), pois o membro possui uma “malha 
venosa” e tecido adiposo → esponja de Lejars/ 
Coração venoso → fornece uma boa drenagem 
venosa na região; 
** por isso edema de pé, geralmente, não é de causa 
venosa; 
o Na IVC há edema de tornozelo e pernas; pés não; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lesão valvular refluxo venoso estase venosa → > 
pressão do capilar venoso → > pressão e resistência 
capilar arterial → > edema e hipóxia tecidual → 
eczema, dermatite → ÚLCERA VENOSA 
Fleboextrator para veia safena. 
Passagem do fleboextrator pela veia safena. 
Passagem do cateter no interior da veia para ablação com laser. 
Úlcera venosa: mais comum no tornozelo; Úlcera não-
venosa: mais comum no pé. 
 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
Medicina UFSM – Turma 109 
 
 Primeiramente, diferenciar úlcera venosa de 
arterial; 
o Venosa: tem pulso; tem fluxo sanguíneo; 
o Arterial: mais esbranquiçada, mais pálida; não 
tem pulso; 
 Posteriormente, avaliar se há ou não infecção; 
o Quando suspeitar de infecção? Úlcera possui 
secreção; dor; ausência de melhora; 
o Em caso de infecção, usar ATB; 
 Controlar edema → recomendar que o paciente 
fique em repouso/deitado ou com as pernas 
elevadas → diminui a pressão venosa; 
 Limpeza com solução salina/soro fisiológico 0,9%; 
 Desbridamento → para úlceras acompanhadas de 
tecido necrótico; 
 Terapia compressiva → meias elásticas; 
 Terapia tópica;