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FACULDADE ESTÁCIO – CASTANHAL Curso de Bacharelado em Direito A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHERES: Um estudo sobre a Atuação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher no Brasil CASTANHAL/ PA 2022.2 ALVINO JOSÉ TAVARES DE CARVALHO A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHERES: Um estudo sobre a Atuação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher no Brasil Artigo Científico Jurídico de apresentação à Faculdade Estácio Castanhal – Castanhal, Curso de Bacharelado em Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de conclusão de Curso. Orientador (a): Prof (a) Cristiane Dupret Filipe Pessoa CASTANHAL/PA CAMPUS BR - 316 2022.2 3 A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHERES: Um estudo sobre a Atuação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher no Brasil Alvino José Tavares de Carvalho1 Cristiane Dupret Filipe Pessoa2 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo geral, analisar a violência psicológica contra mulheres, que hoje é tipificada como um crime, abordando a relevância da Atuação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher no Brasil, de modo a investigar os efeitos causados pela tipificação do crime de violência psicológica contra este público, abordando a violência de gênero, bem como as investigações e atendimento pelas delegacias especializadas de atendimento às vítimas. Assim, a problemática parte dos questionamentos: a violência psicológica pode ser considerada crime? E existe suporte especializado no país para vitimas destes atos? Este estudo busca entender a dimensão da violência psicológica e o que a criminalização deste busca assegurar ao direito à liberdade individual (pessoa) da vítima, fazendo assim uma análise no contexto das investigações das delegacias especializadas de atendimento a mulher no Brasil ao combate a este crime, mostrando dessa forma, dados sobre esses atendimentos nas delegacias especializadas a mulher. Palavras-chave: Direito da Mulher. Violência contra as mulheres. Violência Psicológica. Violência de gênero. SUMÁRIO 1 Introdução. 2 Desenvolvimento; 2 Desenvolvimento, 2.1 Violência com Mulheres; 2.2 Violência Psicológica; 2.3 A Violência Psicológica contra a Mulher: uma abordagem da Lei 14.188/2021; 2.4 Da Aplicabilidade do Artigo 147-B do Código Penal; 2.5 Da Violência Psicológica E Dos Atendimentos Nas Delegacias Especializadas; 2.6 Do apoio psicológico de mulheres vítimas de violência psicológica nas Deams. Conclusão. Referências. 1 Graduando do 10º semestre do curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Estácio de Castanhal- PA; E- mail: alvinojose40@gmail.com 2Professora orientadora, Mestre em Direito Penal pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pós Graduada em Direito Penal Econômico pela Universidade de Coimbra. Especialista em Neurociências pelo IPUB (Instituto de Psiquiatria) da UFRJ. Especialista em Marketing Digital. Diretora do Instituto de Direito Penal Brasileiro. Autora de diversas Obras Jurídicas. UFRJ, da Pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e da Graduação e Pós Graduação da Universidade Estácio de Sá. Membro da Comissão de Infância e Juventude e Vice-Presidente da Comissão de Proteção e Defesa Animal, ambas da OAB-RJ. Professora do NEAD da Universidade Estácio de Sá. mailto:alvinojose40@gmail.com 4 1 INTRODUÇÃO É sabido que as mulheres sempre ocuparam uma condição de submissão na sociedade, no qual era comum que as mulheres ficassem em casa, encarregadas de trabalhos menos perigosos que os homens e dedicadas à criação dos filhos, trata-se de uma construção cultural defendida pelo machismo. Desta forma, um entendimento da dominação de gênero é relevante para a compreensão dos direitos sociais da mulher e dos desafios enfrentados para assegurá-los, assim como a mudança do papel exercido pela mulher na contemporaneidade. Neste tocante, tem-se que o Brasil é marcado por discussões que focam assegurar mais proteção e direitos para o público feminino, haja vista que se perpetua um sério problema no que diz respeito a violência contra a mulher, e isso deve, em muitos casos, devido a cultura do machismo e a inoperância de leis que possuem a finalidade de protegê-las na sociedade.3 Assim, a problemática parte dos questionamentos: a violência psicológica pode ser considerada crime? E existe suporte especializado no país para vitimas destes atos? Diante do contexto, observa-se essa problemática como uma questão de saúde pública, por isso a necessidade da criação de leis penais que assegurem o bem-estar da mulher no cenário Brasileiro. Assim, a temática acerca da violência, quando confrontada com os direitos humanos esbarra num constante e fervoroso debate sobre saúde mental, que por fazer parte do objetivo geral desse estudo, não poderia deixar de ser mencionado. Visto que o assunto destaca-se ao meio social, a partir de duas esferas de construção de significados: a violência do Estado ou política e a violência privada ou no âmbito da família. Sob essa perspectiva, o presente estudo tem como proposta – mediante ideias de autores renomados – apresentar os efeitos do novo tipo penal de violência psicológica contra a mulher, de modo a abordar os avanços legislativos e a identificação do crime psicológico. Além disso, será abordado o processo de acolhimento às mulheres, vítimas de violência psicológica, nas Deams e como é feito o apoio e o encaminhamento para rede de assistência psicológica a mulher; no qual se questiona se a violência psicológica pode ser considerada crime e se existe suporte especializado no país para vitimas destes atos. Sendo que este trabalho procura mostrar as dificuldades dos postos de apoio, no que diz respeito à falta de infraestrutura no acompanhamento psicológico. Além do mais, a 3 FERREIRA, F. D. F. O patriarcado e sua influência nos papeis sexuais: uma abordagem acerca da mulher bela, recatada e do lar. 5 pesquisa traz reflexões sobre a rotina de atendimento, como os registros dessa agressão nas Deams no âmbito nacional, isso de acordo com a tipificação do novo tipo penal: o crime de violência psicológica contra a mulher através da lei n° 14.188/2021. Diante da necessidade se entender esse novo tipo penal, o trabalho está divido da seguinte forma: na segunda seção se trata das principais evoluções jurídicas do novo crime, de sua classificação penal, das especificidades que o caracterizam como violência psicológica e ainda da aplicação do novo crime; na terceira seção se aborda os registros dos casos de crime psicológico, o acolhimento e o suporte nas Deams e na quarta seção se apresenta as considerações finais, trazendo reflexões sobre os desafios em sua execução e ainda a relevância dessa criminalização no cenário brasileiro no combate à violência contra a mulher. O método de pesquisa utilizado foi o biográfico, descritivo e indutivo, o qual procura desenvolver um estudo analítico sobre a violência psicológica contra mulheres: um estudo sobre a atuação das Deams e considerando a escassa doutrina sobre o tema específico (matéria recente de estudo), o presente trabalho utiliza a corrente analítica, de método dedutivo, racional-retórico. Ainda sobre a metodologia, cita-se que coleta de dados ocorreu em plataformas de acesso de conteúdos científicos, no qual se buscou artigos e periódicos, que abordassem o tema e fornecessem uma reflexão sobre a Lei n° 14.188/2021 de crime de violência psicológica contra a mulher. O objetivo geral do estudo foi analisar a violência psicológica contra mulheres, que hoje é tipificada como um crime; assim abordou-se também a atuação das Deams no Brasil, os efeitos causadospela tipificação do crime de violência psicológica contra a mulher, e a forma como ocorre o atendimento por esses institutos. 2 DESENVOLVIMENTO O presente tópico aborda e contextualiza violência com mulheres, em especifico a do tipo Psicológica, abordando suas Características e sua tipificação criminosa. Abordou-se também a aplicabilidade o Artigo 147-B do Código Penal e a atuação dos atendimentos nas Deams, e por fim o apoio psicológico que tais institutos ofertam às vitimas agredidas. 2.1 VIOLÊNCIA COM MULHERES Devido às transformações sociais, as mulheres vêm conquistando espaços e mudando o rumo de suas histórias. O âmbito familiar deixa de ser o único e principal cenário da mulher 6 que hoje, trabalhar em hospitais, empresas, fábricas e até mesmo na política. Mesmo com todos os avanços percebidos na sociedade, a prática da violência contra a mulher é notável4. Ressalta-se que: violência é um fenômeno extremamente complexo, com raízes profundas nas relações de poder baseadas no gênero, na sexualidade, na auto-identidade e nas instituições sociais e que em muitas sociedades, o direito (masculino) a dominar a mulher é considerado a essência da masculinidade5 Essa violência pode ser física, sexual, patrimonial, intrafamiliar, doméstica, violência conjugal, institucional, psicológica e moral e qualquer que seja ela, tem grande impacto na vida da mulher, comprometendo sua saúde em diversos aspectos. Partindo do fato de que a violência afeta significativamente o processo saúde-doença das mulheres, pode-se considerar o setor saúde como locus privilegiado parar identificar, assistir e referir as mulheres vitimadas6. Em tal contexto, a cultura do país, pode ser um fator agravante, tendo em vista que esta propicia certa dominação de gênero, aglomerado de circunstâncias nocivas à integridade da mulher, sendo necessário o desenvolvimento de pesquisas para trazer à baila a relevância do problema7. Sobre a violência do estado, tem-se como marco o ambiente pós-segunda Guerra Mundial, reforçado na construção dos Direitos Humanos; já a segunda tem a vez com movimentos sociais, como por exemplo, o feminista. Assim, é importante salientar que a partir da segunda metade do século XX, o termo “violência urbana” identificam as cidades como um território, e o modo de vida que aí se desenvolve como predisposto a um estado de insegurança e de maior exposição a riscos e imprevisibilidades8. A violência gera na saúde mental alguns impactos negativos, tais como: sofrimento psíquico, depressão, baixa autoestima, alterações de comportamentos, dependência química, dentre outros. Um fato é que, todo e qualquer tipo de violência está sempre associado ao sofrimento, bem como às barreiras de acesso ao tratamento, a contextos institucionais de 4 Bandeira LM. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação. 5 Leite FMC, Amorim MHC, Wehrmeister FC, Gigante DP. Violência contra a mulher em Vitória, Espírito Santo, Brasil. Rev Saúde Pública 2017 6 Silva ACLG, Coelho EBS, Moretti-Pires RO. O que se sabe sobre o homem autor de violência contra a parceira íntima: uma revisão sistemática. Rev Panam Salud Publica 2014; 35(4): 278-83. 7 Idem. 8 Leite FMC, Bravim LR, Lima EFA, Primo CC. Violência contra a mulher: caracterizando a vítima, a agressão e o autor. Rev Pesq Cuid Fundam 2015 7 mortificação dos sujeitos e principalmente às diversas formas invisíveis ou não, de dominação9. A violência de gênero, no caso contra a mulher, pode gerar sérios problemas e transtornos à saúde física e mental da vítima, no qual a relação de submissão do sexo feminino em relação ao masculino está culturalmente impregnada nas relações de gêneros10. E como consequência à violência que as mulheres sofrem, os dados são refletidos em sua vida social, uma vez que as vítimas sentem-se reprimidas e psicologicamente abaladas; logo a problemática tratada nesse estudo envolve a Saúde Pública, no qual a atuação do governo, no intuito de instruir e proteger essas mulheres se faz relevantes diante a grande magnitude e males que a violência de gênero pode causar11. 2.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA Analisar as particularidades e o que torna o abuso mental uma ramificação dos demais tipos é importante, a priori, as mulheres assim como antigamente são vistas como sensíveis e manipuláveis, sendo tratadas de modo inferiorizado e almejando equidade, contudo, é cada vez mais perceptível o caráter evolutivo do assunto em nosso arcabouço constitucional, inclusive ao especificar e estabelecer os danos psicológicos como uma transgressão. 12 Seguindo esse prisma, conforme as pesquisas realizadas em sites jornalísticos, o resultado de mulheres vítimas de agressões no Brasil é alarmante, no 16º Anuário Brasileiro da Segurança Pública13 de 2022 foi mostrado que o número de mulheres que sofreram algum tipo de dano tanto físico como psicológico evoluiu bastante nos últimos anos. Ressalta-se, por exemplo, que tal crime aumentou bastante durante o período da pandemia. À vista disso, a execução do artigo 147-B do Código Penal é imperativa no cenário brasileiro, uma vez que garante o amparo à mulher, e consequentemente, a diminuição desse crime. Em relação a aplicabilidade do Art.147-B: Código Penal – Decreto-Lei N° 2.848, de 7 de dezembro de 194014. Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei n° 14.188, de 2021). Art. 147-B Causar dano emocional á mulher que prejudique e perturbe seu pleno 9 Vieira LB, Cortes LF, Padoin SMM, Souza IEO, Paula CC, Terra MG. Abuso de álcool e drogas e violência contra as mulheres: denúncias de vividos. Rev Bras Enferm 2014 10 Idem 11 Idem 12 MEIRELLES, Adriano Olinto et al; Por que as mulheres ainda sofrem violência doméstica após 14 anos de aprovação da Lei Maria da Penha? (Lei n° 11. 340, de 7 de agosto de 2006). 2021. 13 CRESCE a violência contra a mulher no Brasil. Republicanos 10, 05 de Jul. de 2022. Acesso em: 30 de agost. de 2022. 14 CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Violência psicológica contra a mulher (Artigo 147-B, CP). Meu Site Jurídico, 05 de abr. de 2022. Acesso em: 30 de agost. de 2022. 8 desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave (Incluído pela Lei n° 14.188, de 2021)15. Observa-se que a aplicação do referido CP consiste - a partir dos termos descritos acima - que aquele que praticar tais atos será penalizado perante a lei, conforme previsto: “Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais acentuado”16. Ou seja, demonstra que será penalizado o indivíduo que exercer tais violências: a física, a moral, a patrimonial, a sexual e a psicológica17. No entanto, mesmo validando sua pertinência, a aplicação do Artigo 147-B abre algumas discussões no que diz respeito a identificação do crime, posto que desssemelhante a violência física, em que a mesma acarreta em marcas expostas, no abalo mental, as marcas são internas, o que dificulta por sua vez o cumprimento da mesma. Em detrimento disso, especialistas indicam que: Um laudo técnico assinado por um médico ou especialista será essencial para a comprovação do crime. Testemunhas (como familiares, vizinhos, empregados domésticos e colegas de trabalho), gravações de áudio, filmagens, prints de mensagens (foto da tela do celular), também são válidos para embasar a denúncia18 As medidas adotadas para estreitar as dificuldades probatórias precisam ser nítidas e suficientes, para que não haja dúvidas se foi ou nãopraticado o crime de dano psicológico. É necessário “considerar print de mensagens que comprovam essa humilhação constante, comentários nas redes sociais, é importante reunir tudo isso mostrando a data de cada prova para dar elementos mínimos para o promotor de Justiça oferecer a denúncia” 19. Contudo, mesmo com tais critérios estabelecidos para comprovar o novo tipo penal, ainda há uma precisão de habilitar o poder público para avaliar o abuso psíquico contra a vítima, de modo a penalizar o agressor20. Para tanto, especialistas alertam que é essencial considerar também uma avaliação do até então possível agressor, de modo a observar os estágios dos abusos psicológicos, que são pelo menos três fases: o aumento da tensão, atos de violência, arrependimento e 15 Lei n° 14.188 16 idem 17 Op. Cit. 13 18 CARAPEÇOS, Nathália. Como provar que você é vítima de violência psicológica? Entenda a nova lei. Donna, 14 de setembr. de 2021. 19 MACHADO, Madgéli Frantz. Como provar que você é vítima de violência psicológica? Entenda a nova lei. Donna, 14 de setembr. de 2021. 20 Idem. 9 comportamento carinhoso. A avaliação de tais estágios permite analisar o perfil do agressor, de modo que sejam ponderados indícios de agressão psicológica.21 2.3 A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER: Uma abordagem da Lei 14.188/2021 É indispensável para a reformulação e elaboração de doutrinas um exame acerca do progresso e regresso em relação as leis presentes na carta magna. Diante disso, o presente capítulo aborda os avanços legislativos e a tipificação penal do crime de violência psicológica contra a mulher. Uma vez que, torna-se essencial, avaliar o desempenho e as lacunas para que a abrangência e o rigor das leis sejam efetivados. A partir das primeiras organizações em colônias, episódio que denota o primeiro momento em que o homem começou a se organizar culturalmente, politicamente e economicamente, mostrava-se imprescindível a elaboração de fundamentos e leis que garantissem a harmonia coletiva. Por esse viés, entender a importância dos avanços na legislação penal é extremamente relevante para romper com tais transgressões, pois ela consolida as leis e artigos referentes aos crimes cometidos pelo ser humano. Importante citar inicialmente que “a finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade”22. Neste sentido, o Código Penal contribui para o ordenamento da sociedade, ou seja, busca estabelecer o equilíbrio entre os seres humanos através de um sistema de punições. Importante destacar: A finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade, ou, nas precisas palavras de Luiz Regis Prado, “o pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na proteção de bens jurídicos – essenciais ao indivíduo e á comunidade.”⁴ Nilo Batista também aduz que “ a missão do direito penal é a proteção de bens jurídicos, através da cominação, aplicação e execução da pena.⁵ A pena, portanto é simplesmente o instrumento de coerção de que se vale o direito penal para a proteção dos bens, valores e interesses mais significativos da sociedade (grifos nossos)23 No que se refere a proteção aos direitos das mulheres na legislação, eles têm progredido bastante no decorrer dos últimos anos, um exemplo disso, é a tipificação penal do crime de violência psicológica contra a mulher, nova lei de proteção à mulher que torna de forma mais assídua a punição contra o agressor, sendo que a mesma fortalece a Lei n° 21 WALKER, Lenore. Ciclo da violência: saiba identificar as três principais fases do ciclo e entenda como ele funciona. Instituto Maria da Penha. 22 GRECCO, R. Curso de Direito Penal – Parte Geral, 2022 10 14.310/2022, que determina o registro imediato de medidas protetivas de urgência deferidas a mulheres em situação de violência doméstica, ampliando cada vez mais seus direitos. A partir disso, ressalta-se que mediante a Lei n° 14.188/2021, determinou-se a violência psicológica como um crime, ademais, formulou ações baseadas na lei, a exemplo o programa sinal vermelho, na qual o executivo, o judiciário, o ministério público, as defensorias e os órgãos de segurança pública possuem a função de criar parcerias com empreendimentos privados e comerciais para o desenvolvimento do programa, fortalecendo e incentivando a luta em oposição a violência do gênero feminino no Brasil. Sendo assim, conforme o artigo 147-B do regulamento: Causar dano emocional à mulher que prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e autodeterminação: (incluído pela Lei nº 14. 188, de 2021) Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constituir crime mais grave. 24 Analisando o dispositivo, compreende-se que alguns casos, como a restrição de ir e vir, inviabilizam o poder da vítima de demonstrar estar em uma situação de abuso, o que constitui uma das principais barreiras para que as penalidades sejam executadas, objetivando repreender e fornecer ao público feminino mais proteção25. Nesse aspecto, convém mencionar que por muito tempo essa prática abusiva foi tratada como se não existisse, no qual nota-se que a transgressão psicológica contra a mulher é reflexo de uma lenta mudança da mentalidade machista, dado que o aumento dessa agressão é reflexo de uma sociedade patriarcal, na qual a figura da mulher é desfigurada não somente pelas lesões físicas como também pelas lesões psicológicas26. Nesse viés, ressalta-se que ocorria um intenso medo ou apatia com o quadro de abuso psicológico em mulheres. Haja vista que a desinformação e a inoperância de legislações e pautas cooperavam para a continuidade do cenário. Inclusive atualmente existem mais ações que incentivam a vítima e a comunidade que presencia os atos. Dessa forma, a lei como objeto de repressão, demonstra a função da sociedade. 27 Nota-se que esse dolo mental, mesmo previsto na Lei Maria da Penha, não tinha normas específicas incriminadoras, isto é, carecia de uma sistematização, deste modo, antes 24 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art5) 25 SOUZA, Tannyse. Retrato do feminicídio no Brasil: Análise acerca da vulnerabilidade da mulher e do papel do Estado na proteção das vítimas.2021 26 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários à lei n° 14.188/2021: crime de violência psicológica, nova qualificadora para lesão corporal por razões da condição do sexo feminino e programa sinal vermelho. 27 ANJOS, Rosane Bermond do Carmo; BARROSO, Ana Cláudia. A criminalização da violência psicológica contra a mulher – a nova lei n° 14. 188/2021. 11 de tratar como crime, o reconhecimento encontrava respaldo no artigo 129 do CPB, incluídos como injúria ou calúnia sem embasamento específico no CPB, na qual assevera que o crime de lesão corporal “é ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”28, assim são consideradas espécies de lesões contra a pessoa, nas quais abrangem alterações de ordem psíquica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde é definido como bem-estar físico, mental e social. Por este viés, entende-se que o dano psíquico é também um configurador de dano torso, em função disso, é extremamente proeminente a criminalização do mesmo pelo Código Penal, pois expressa a saída desse “cativeiro silencioso” em que muitas mulheres se sujeitavam29. 2.4 DA APLICABILIDADE DO ARTIGO 147-B DO CÓDIGO PENAL Antes de tudo,é imprescindível evidenciar que a criminalização dessa lei tem sido alvo de muitas críticas, uma vez que sua aplicabilidade é questionada devido à dificuldade na interpretação dos fatos. Pois a diferença é que na identificação da lesão corporal, é descrita a conduta, em outros termos, existe uma objetividade, enquanto para a lesão psicológica se descreve os fatos e resultados. Por isso surge, a precisão de discutir a particularidade do atual tipo penal30. A nova penalidade prevista no artigo 147-B do Código Penal é definida como: Causar dano emocional à mulher que prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e autodeterminação: (incluído pela Lei nº 14. 188, de 202) Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constituir crime mais grave. 31 A verdade é que essa vitória, no caso da criminalização de violência psicológica contra a mulher, tem muitos desafios a serem enfrentados, um deles, por exemplo, é o rompimento do pensamento predominantemente patriarcal, tendo em vista que tal pensamento, em muitos casos, expressa o comportamento machista, na qual põe o homem como detentor do poder máximo, que está acima da mulher, rebaixando o papel da mulher na sociedade. A questão é que o machismo reforça as múltiplas categorias de opressões ao sexo feminino, em outras 28 BRASIL. Lei Maria da Penha. Lei nº 11.340/2006. 29 Op. Cit. 23 30 BRASIL. Lei nº 14.188, de 28 de julho de 2021. 31 REVISTA CONSULTOR JURÍDICO,30 de julho de 2021. 12 palavras, o patriarcado bloqueia os direitos iguais, promovendo, inclusive, a desigualdade de gênero. E devido a existência dessa persistência ideológica contra a mulher, a eficácia da tipicidade penal no cenário brasileiro, torna-se essencial na punição dos agressores de forma competente32. Ponderando tais aspectos, afirma-se que o crime de abuso psíquico, estabelece problemas emocionais e fragilidades na vítima, sendo que a vigente categoria penal defini a violência psicológica contra a mulher como ato de causar dano emocional, desde que prejudique ou perturbe o seu pleno desenvolvimento mental, degrade ou controle as suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Sobre o conjunto de conceitos, entende-se que a, […] Violência psicológica é toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Inclui: ameaças, humilhações, chantagem, cobranças de comportamento, discriminação, exploração, crítica pelo desempenho sexual, não deixar a pessoa sair de casa, provocando o isolamento de amigos e familiares, ou impedir que ela utilize o seu próprio dinheiro. Dentre as modalidades de violência, é a mais difícil de ser identificada. Apesar de ser bastante frequente, ela pode levar a pessoa a se sentir desvalorizada, sofrer de ansiedade e adoecer com facilidade, situações que se arrastam durante muito tempo e, se agravadas, podem levar a pessoa a provocar suicídio 33 Por ser vista como “violência silenciosa”, essa especificação, além de amparar a mulher contra as agressões, ela também busca soluções para que a mesma seja desenfreada na sociedade brasileira. Desse modo, é justificável afirmar que essa tipificação colabora para o aumento da pena do crime de enfrentamento à violência de gênero no Brasil. Ressaltando também, que essa transgressão é um reflexo de uma sociedade marcada pela desigualdade de gênero, em que o masculino sobressai o feminino, violando assim, a dignidade da pessoa humana. É certo que o cerceamento à liberdade acaba sendo uma das consequências do dano emocional, justamente porque as condutas violadoras têm o condão de interferir na capacidade de autodeterminação da vítima. Mas não é a única. Na realidade, o bem jurídico que se busca proteger na incriminação da conduta de causar 'dano emocional à mulher' não se restringe à liberdade, mas à integridade mental da mulher como um todo34 Desde modo, a atual lei garanti de forma palpável o direito da mulher à liberdade excepcional, punindo o agressor que a prejudica, colaborando dessa forma, com a seguridade e bem-estar da mulher. 32 Op. Cit. 26 33 SILVA, Luciane Lemos da, COELHO, Elza Berger Salema e CAPONI, Sandra Noemi Cucurullo de Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica. Interface - Comunicação, Saúde, Educação. 2007. 34 MORAIS DA ROSA, Alexandre; RAMOS, Ana Luísa Schmidt, A Criação do tipo de violência psicológica contra a mulher (LEI 14.188/21). São Paulo, 30 agora.2021. 13 Os tipos de violência elencadas no artigo 7º da Lei Maria da Penha, em especial a violência psicológica, podem causar também danos à saúde psíquica e emocional das vítimas, dando causa ao desenvolvimento, por exemplo, de transtornos de ansiedade, depressão, ideação suicida, baixa autoestima, isolamento social, pânico, transtornos alimentares, de sexualidade ou do sono, dores crônicas, abuso de substâncias entorpecentes, dentre outros 35 Ao analisar a Lei Maria da Penha, verifica-se que o conceito de violência psicológica contra o gênero feminino já estava previsto na Lei 11.34036, ou seja, já se conceituava alguns atributos a mesma, todavia não havia uma criminalização específica contra tal agressão. Por esse motivo, justifica-se a carência da determinação dessa violação, pois a violência psicológica, conforme citado no trecho acima, traz uma série de consequências que afetam significativamente a saúde da mulher, tal como, depressão, ansiedade, dentre outros transtornos37. Por fim, conclui-se que a criação do tipo penal é um avanço legislativo e condizente com o Estado democrático de Direito e a adequação da legislação interna à Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, em que pese nos posicionarmos no sentido de não acreditar na criação de tipos penais, para fins de solução dos grandes problemas sociais 38 Considerando o ponto de vista, pode-se afirmar que com a atual tipificação - a lei que garante proteção total a mulher – aniquila quaisquer formas de discriminação contra o gênero em questão, e isso se dar por meio da singularidade que criminalizar a violência psicológica. Visto que a violência psicológica vai além das relações domésticas, ela passa a incluir tanto as esferas privadas como públicas39, ou seja, a criminalização da mesma abrange toda e qualquer ação que prejudica a figura feminina, desta maneira, a especificação é expressiva por dar transparência a vítima de abuso psicológico40. 2.5 DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E DOS ATENDIMENTOS NAS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS 35 BIANCHINI, Alice. BAZZO, Mariana. CHAKIAN, Silvia. Crimes contra as mulheres. Salvador: Juspodivm, 2020. 36 DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na Justiça. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. 37 TEODORO, Maycon. Abuso psicológico afeta tanto saúde mental quanto física: como identificar. Sociedade Brasileira de Psicologia, 2020. 38 MELO, Igor de. Ornelas, Alex Rosa. O crime de violência psicológica e a Lei Maria da Penha. Consultor Jurídico, 5 de agost. de 2021. 39 DA SILVA, Luciane Lemos et al. Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica. Interface-Comunic, Saúde, Educ, v. 11, n. 21, p. 93- 103, 2007. 40 Idem. 14 As ocorrências dos casos de violência psicológica registradas ao longo dos anos têm expressado grande preocupações pelos órgãos, sendo considerado uma questão de saúde pública. O fato é que o impacto dessa espécie de atrocidade, causada na maioria das vezes por seus companheiros e ex-companheiros,traz efeitos devastadores a mulher, tendo como exemplo a questão das imposições, que se torna uma forma de controle da mulher, deixando-a emocionalmente e psicologicamente dependente. Inclusive, não é incomum que as mulheres que passam ou já passaram por essa hostilidade desenvolverem algumas reações, como o afastamento social, afetando assim, sua autoestima41. É inegável afirmar que dificuldade em identificar esse crime se deve pelo fato do mesmo ser extremamente específico, por ter um objetivo, um propósito, que historicamente se resume em oprimir a imagem da mulher. Tornando-o dessa forma, um delito “silencioso”. Por isso, é necessário ter cautela nos sinais que a vítima apresenta, uma vez que muitas mulheres se sentem inibidas em denunciar, fato que ocorre devido a vários fatores, dentre eles o medo, a vergonha de se expor, e a alguns casos, a dependência financeira. De acordo com dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos42, o Brasil recebeu cerca de 31 mil denúncias de violência contra o gênero feminino até julho de 2022, um número bastante expressivo no país, sendo que esses dados só reforçam o quão este cenário é preocupante43. Diante desses incidentes envolvendo o sexo feminino, houve a necessidade da criação da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, na qual tem o papel fundamental na proteção, prevenção e repreensão de delinquências contra o sexo em questão. As DEAM's, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, são unidades especializadas da Polícia Civil para atendimento às mulheres em situação de violência. As atividades das DEAM's têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal, as quais devem ser pautadas no respeito aos direitos humanos e nos princípios do Estado Democrático de Direito (Norma Técnica de Padronização - DEAM's, SPM:2006). Com a promulgação da Lei Maria da Penha, as DEAMs passam a desempenhar novas funções que incluem, por exemplo, a expedição de medidas protetivas de urgência ao juiz no prazo máximo de 48 horas.44 Diante do cenário crítico de violências contra o grupo feminino, as Deams mostram um avanço na luta pelo fim desses males. Destacando também que esse serviço especializado se torna pertinente pelo fato da maioria dos cargos dessas delegacias serem ocupados por mulheres, de maneira a criar uma aproximação com a vítima, dando assim, um conforto e segurança a ela, pois grande parte dos casos são cometidos pelo sexo masculino. 41 Op. Cit. 32 42 Brasil tem mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres até julho de 2022. Ministério da Mulher, da família e dos Direitos Humanos, 2022. 43 Idem. 44 DEAM - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. Coordenadoria da Mulher, 2022. 15 Para entender melhor os casos dessa infração, foi feito um levantamento dos dados no Polo Integrado (DEAM/DEACA) PARAPAZ de Bragança, Pará, conforme contido na tabela 1 abaixo. Tabela 1: Parentesco do agressor45 Grau de parentesco mais recorrente do agressor 2021 2022 Ex-companheiros 145 114 Companheiros 108 68 Irmão 0 6 Nota-se que existe uma tendência comum desse delito ser praticado pelo sexo oposto, e geralmente são pessoas mais próximas da vítima, como marido ou ex-marido. “Identificar um agressor de mulher não é tarefa simples. Em geral, este criminoso não tem características aparentes como a arma em punho de um assaltante. Em muitos casos, sequer possui antecedentes criminais”46. Tal pressuposto só reafirma a dificuldade em identificar essa agressão. Pois, o autor do crime não tem um corpo específico, nem tem rosto, não tem uma idade exata, nem classe social definida, na verdade pode ser um parente ou alguém íntimo, contudo, eles têm certas atitudes triviais que podem ajudar a identificá-lo, como por exemplo, atitudes abusivas, ofensas, atos possessivos. Tabela 2: Relatórios Condessado de 202147 Tipos de Violência contra a Mulher Janeiro – dezembro de 2021 Física 162 Psicológica 210 Moral 121 Sexual 19 Patrimonial 52 Total: 564 Em suma, demonstra-se que a violência psicológica e a física estão posicionadas entre as mais comuns. Assim como ressaltado em outro momento do estudo, a agressão física se distingue da psicológica, uma vez que a física é representada pelo uso da força objetivando 45 Fundação PARAPAZ - Polo Integrado de Bragança. 46 RODRIGUES, Matheus. TEIXEIRA, Patrícia. Especialistas traçam perfil de agressores de mulheres; identifique características abusivas em 5 pontos. G1, 2019. 47 FUNDAÇÃO PARAPAZ. Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Delegacia Especializada no Atendimento a Criança e ao Adolescente – Polo Integrado de Bragança. Bragança, 2021. 16 inibir e ofender a integridade ou os aspectos corporais de quem sofre, ocorrendo através de socos, tapas e empurrões, ações que deixam perceptíveis as marcas. 48 A violência patrimonial é realizada mediante ações que acarretem na subtração, domínio e demolição. Objetivando prejudicar e destruir bens móveis que são de posse da mulher, recursos econômicos que foram adquiridos pertencentes a vítima. E a violência moral que busca deslegitimar e atribuir características negativas que afetam a reputação. 49 A seguir, a tabela (3) demonstra os dados referentes aos casos de janeiro e julho de 2022. Tabela 3: Relatórios Condessado de 202250 Tipos de Violência contra a Mulher Janeiro – julho de 2022 Física 97 Psicológica 126 Moral 80 Sexual 07 Patrimonial 19 Total: 329 Através deste recorte, no caso do levantamento dessas investigações expostas acima, é plausível averiguar que esse crime é presente em todo território brasileiro, pois, mesmo se tratando de uma cidade do interior, como Bragança. a taxa de mulheres agredidas é bastante significativa nessa localidade. Nota-se que os registros de violência psicológica são maiores que os demais, contudo, reforça-se que em 2021 as taxas foram maiores que 2022, considerando nesta lógica que a recém classificação penal passou a ser aplicada em 2021, é legítimo alegar que por meio dessa tipificação houve uma redução no ano de 2022 das denúncias na cidade de Bragança- Pa. Mostrando assim, a êxito da criminalização na ação contra o crime psicológico51. Mesmo tendo uma diminuição nas ocorrências da rede de atendimento habilitada a mulher na região bragantina, a mesma carece de mais fortalecimento, isso por meio de recursos e mais profissionais capacitados para acolher as vítimas de forma operativa. Pois a 48 DANTAS, Cecília Evellyn Catão. As implicações da criminalização da violência psicológica no que concerne ao combate à violência contra a mulher. 49 OSAIKI, Gabriela Emi Ito. Lei n° 14.188/2021: A criminalização da violência psicológica contra a mulher e a produção probatória. 2021. 50 FUNDAÇÃO PARAPAZ. Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Delegacia Especializada no Atendimento a Criança e ao Adolescente – Polo Integrado de Bragança. Bragança, 2022. 51 Idem 17 luta no palco brasileiro é desafiadora, afirma a diretora das delegacias especializadas “sabemos que a grande maioria dos feminicídios não se inicia em um crime de feminicídio. É a escalada de violência que começa em uma violência moral, psicológica, em uma perseguição, e vai aumentando essa gradação de violência”52. Conforme o exposto, o grau da violência não começa com o dolo físico, mas com abuso silencioso, por isso a mulher que sofre com esse tipo de delito deve denunciar seu agressor, para que dessa forma as Deams possam agir contra esse crime. Ainda sobre as observações dos casos relatados pela delegada, ela declara que: À violência psicológica aprisiona a vítima em um clico de violência. Muitas vezes ela é levada a acreditar que ela tem culpa pelos próprios atos. Muitasvezes os fatos não chegam à polícia porque a vítima acredita que ela causa um ao agressor. É muito importante que a gente esclareça que as vítimas não mal são culpadas, elas são vítimas. Elas devem acreditar nas instituições e procurar a polícia para interromper esse ciclo de violência53. A questão é que existe uma grande resistência em apontar os agressores, e isso se deve a alguns motivos, tal como a predominância do sentimento de vergonha e culpa, que por sua vez assombra grande parte das agredidas. Sendo que, a única alternativa é partir da decisão de denunciar seu ofensor, para que desta maneira, as Deams possam agir. Julgando ser este o maior desafio de muitas vítimas, que é quebrar essa cultura do silenciamento, ou melhor, romper com esse medo que as assombra. Acentuando que só existe procedimento criminal se a vítima denunciar, desde modo, a partir do momento em que a mulher toma a decisão de fazer o boletim de ocorrência ou denunciar por meio do canal de atendimento 180, as Deams poderão proceder com medidas protetivas, acolhendo a vítima e dando o suporte necessário para ela. Sobre as estratégias de acolhimento, “é extremamente importante, pois sabe-se da dificuldade das mulheres em situação de violência, de vencer o medo e procurar ajuda. Um dos fatores que inibe as denúncias é a fragilização da mulher decorrente das violências sofridas”54, cabendo neste sentindo, as delegacias especializadas em promover o amparo a ela, preparando o espaço que a faça se sentir confortável e segura. 52 BEAUVAIS, Gabriela Von. Polícia prende 36 homens por violência psicológica contra mulheres. Agência Brasil, 8 de agosto de 2022. 53 Idem 54 SPINATO, Cleusa. Vítimas de violência podem buscar acolhimento psicológico na Deam. Jornal Libia, 05 de julho de 2022. 18 2.6 DO APOIO PSICOLÓGICO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NAS DEAM De acordo com as pesquisas no Polo Integrado (DEAM/DEACA) PARAPAZ de Bragança- PA, foi identificado que o encaminhamento da maioria dos casos é feito em redes públicas de apoio, como os CRAS que ficam localizados nos bairros da cidade, e também no CAPS para o prosseguimento ao suporte psicológico a mulher. Segundo as pesquisas levantadas neste projeto, após as acusações, os funcionários entram em contato com a vítima, logo depois ela é recepcionada e encaminhada a um assistente social ou a um psicólogo, na qual é gerado um relatório55, sendo que os mesmos são responsáveis por orientar a mulher sobre a trajetória que ela necessitará realizar para dar prosseguimento ao processo. Sendo que os desdobramentos da ação das Deams dependerão da decisão da vítima em dar continuidade ao percurso, pois têm muitas vítimas que desistem da acusação. Em muitos casos como esse, assim como aconteceu na série, familiares e amigos criticam a vítima por querer sair da relação sem ter sofrido nenhum abuso físico, dizem que ela está exagerando, que é normal o que o homem faz. E assim a vítima acaba se sentindo acuada em compartilhar com essas pessoas o que acontece de fato, com medo de ser ainda mais criticada, julgada. A verdade é que muita gente não entende o que é abuso psicológico, emocional, e que também é um crime. Por isso precisamos falar mais sobre esse assunto e alertar a sociedade para tal. Com entendimento, as pessoas vão poder apoiar mais quem sofre esse tipo de violência. A pessoa precisa se sentir segura e experimentar o amor a partir desta rede de apoio. E buscar suporte profissional com psicólogos também ajuda a identificar os abusos, ressignificar a dor e a forma de enxergar os relacionamentos amorosos56. Importante destacar a função da família no auxílio as mulheres, visto que a mesma é o primeiro núcleo social responsável por dar seguridade aqueles que fazem parte do seu meio familiar. Nesta sequência, abre-se o espaço para reforçar o quanto se sustenta a naturalização desse crime na sociedade brasileira, que se perpetua por meio de ideologias machistas, que tende a alimentar essa agressão, a título de exemplo, surgem os discursos como isso é natural do homem, ele não fez por mal só colaboram com a permanência dessa violência, e isso se deve a omissão da família em não prestar a devida assistência a mulher que sofre com tal abuso57. 55 FUNDAÇÃO PARAPAZ. Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Delegacia Especializada no Atendimento a Criança e ao Adolescente – Polo Integrado de Bragança. Bragança, 2022. 56 MATIAS, Sabrina. Maid: série da Netflix traz à tona a violência emocional e psicológica. Bem-estar, 28 de outubro de 2021. 57 Op. Cit. 46 19 Neste caso, como em algumas ocorrências, o fato de a família ser inoperante, cabe as Deams suprir com essa lacuna, Marie-France Hirigoyen (2006, p. 183)58, psicanalista especializada em assédio moral afirma que “é preciso ajudá-las a verbalizar, a compreender sua experiência e, então, levá-las a criticar essa experiência”. A autora salienta sobre a relevância do papel do profissional, responsável pelo atendimento, na qual é seu dever ajudar a vítima a restaurar sua dignidade, autoestima e autoconfiança, mostrando que ela fez escolha coerente ao procurar assistência, de maneira que ela perceba que não está só nesta luta. Qualquer iniciativa que facilite o processo de denúncia, como o atendimento humanizado dos policiais, esse acolhimento e a criação e participação em rodas de conversas e em grupos, para que a vítima perceba que não está sozinha, e que não só a Deam, mas toda a Rede de enfrentamento está aqui para ajudá-la, apoiá-la, a fim de que supere a situação e saia deste ciclo de violência. Porém, mesmo com tais estratégias, o maior desafio é estabelecer uma segurança no suporte, além disso o sistema de acolhimento ainda apresenta fragilidades, como a falta de profissionais especializados no atendimento humanizado e ainda a carência de psicólogos nessa área. E quando se menciona sobre o tratamento humanizado, significa tratar não somente da parte técnica jurídica, pois ela é indispensável, mas também oferecer um ambiente propício, em que dê uma segurança, para que dessa forma ela se sinta à vontade para dialogar. É justamente esta natureza complexa da violência contra as mulheres que deve orientar e dimensionar o papel das DEAMs e da investigação criminal, já que os crimes contra as mulheres, sobretudo no campo da violência doméstica e intra- familiar, por suas características de habitualidade, relação de conjugalidade e hierarquia de gênero, diferem, estruturalmente dos crimes comuns. Por isso, os e as profissionais que atuam nas DEAMs devem receber uma qualificação para o entendimento dessa violência, além da qualificação geral para a investigação criminal59 Devido à complexidade dessa violência, compreende-se que o atendimento humanizado é imprescindível na ação contra essa realidade, por essa razão, é essencial que o Estado, enquanto poder máximo, amplie - por meio de investimentos - em projetos que visem a capacitação dos profissionais nos postos das Deams. Sendo que o diferencial nesse tipo de abordagem é a prática da escuta, em que a mulher será ouvida, sem julgamentos, sem lições pré-formadas. Por conseguinte, os profissionais ao realizarem o amparo, devem praticar o exercício de se pôr no lugar da agredida, tornando o procedimento humanizado e mais 58 HIRIGOYEN, Marie – France. A Violência no Casal: da coação psicológica à agressão física. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 59 BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Norma técnica de padronização das delegacias especializadas de atendimento às mulheres – DEAMs. 2010. 20 acessível a ela. Assim, reconhece-se que por meio do atendimento humanizado, a mulher passa a desenvolver intimidade e confiança no profissional. Sobre a postura acolhedora ocorre mediante várias ações, conforme determina o quadro1 abaixo. Ação de acolhimento Descrição Segurança no atendimento Certificar-se de que a sala de espera comporta ambientes separados para a mulher vítima e para o (a) agressor(a); Atendimento Humanizado Acolher as mulheres em situação de violência com atendimento humanizado, levando sempre em consideração a palavra da mulher, em ambiente adequado, com sala reservada, para manter a privacidade da mulher e do seu depoimento; Ausência de preconceito e discriminação Atender, sem qualquer forma de preconceito ou discriminação, as mulheres, independentemente de sua orientação sexual36, incluindo também as mulheres prostitutas, quando vítimas de violência de gênero; Profissionais qualificados O atendimento inicial e o acolhimento devem ser feitos por uma equipe de policiais qualificados profissionalmente, preferencialmente do sexo feminino, com compreensão do fenômeno da violência de gênero; Profissionais com entendimento sore a Delegacia Especializada A equipe de policiais responsáveis pelo atendimento e acolhimento das mulheres em situação de violência deve conhecer as diretrizes e procedimentos da Delegacia Especializada e possuir material de informação e de orientação para estas mulheres; Encaminhamento especializado Acolher as mulheres em situação de violência de gênero, mesmo nos casos os quais as Delegacias não tenham atribuições específicas (tráfico de seres humanos - de mulheres, turismo sexual), procedendo ao encaminhamento para a instância policial competente; Ética e imparcialidade Ter escuta qualificada, sigilosa e não julgadora Quadro 1 – Ações de acolhimento à mulheres nas Deams.60 A natureza desse tratamento se deve a necessidade de se quebrar com construção cultural em que a mulher foi posta durante muito tempo, na qual remete a posição de subordinação, inferioridade; “desta forma, a violência acometida contra as mulheres é tida não como fruto das diferenças biológicas existentes entre os sexos, mas é um instrumento ao qual o homem recorre para manter a dominação”61. Os números tendem a ser ainda maiores, porque um núcleo inumerável de vítimas ainda não tem coragem de denunciar seus agressores. Além do medo, a ausência de renda própria e a relação de dependência financeira construída com ele são as principais razões que levam as mulheres a evitar a denúncia do agressor às autoridades, conforme uma pesquisa nacional do instituto DataSenado, feita a cada dois anos.62 60 BRASIL. Ministério da Justiça. Norma Técnica de Padronização das Delegacias Especializadas de Atendimento às mulheres - DEAMs. Ministério da Justiça, Brasília. 2010. 36-37 p. 61 SOUZA & DE FARIAS, 2017 62 ALVES, Lara. Violência doméstica: Relação de dependência financeira leva mulheres a não denunciarem agressores. O Tempo, 2021. 21 Considerando que o primeiro elemento que leva muitas vítimas a não denunciarem seu agressor seja o medo, a segunda, de acordo com o jornal O Tempo63 é a dependência financeira, tendo em vista que a relação de domínio gera um ciclo de dependência tanto emocional como econômica, e este segundo fator, por sinal, acaba limitando a mulher, privando-a de ter liberdade e fazendo com que ela permaneça nesse cenário de hostilidade. Os servidores das Deams precisam expressar segurança, inclusive nas portas que se abrirão para ela, em especial no que diz respeito a sua independência, ou melhor, a garantia de que ela terá apoio, pois muitas mulheres temem fazer a denúncia, justamente porque tem receio de ficar desamparada financeiramente, por isso, ela precisa ter a certeza que tais instituições darão esse suporte, no caso, assegure a oportunidade de um emprego, para que a mesma possa se manter. Nesse aspecto, a intervenção deve ser psicossocial, ou melhor, primeiramente é preciso mostrar os direitos que ela tem, as armas que ela pode usar para romper com o clico de violência. Entende- se, portanto, que o papel do psicólogo nesse contexto está intimamente relacionado a propiciar o acolhimento das mulheres por meio de olhar diferenciado, isto é, não deixando com que o estereótipo de “vítima” se sobreponha aos direitos de ser humano. Dessa forma, o psicólogo necessita promover reflexões acerca da situação vivenciada, auxiliando a mulher na escolha de novos caminhos e possibilitando a ressignificação de experiências (grifos nossos).64 Salienta-se que o encaminhamento para rede de apoio psicológico a mulher apresenta ainda algumas dificuldades no que diz respeito ao acompanhamento psicológico, isso tanto nas Deams como nas redes de apoio, como o CRAS e CREAS, já que o suporte psicológico, só é feito no início de atendimento junto ao psicólogo disponível, na qual encaminha a vítima para rede de apoio, para o acompanhamento especializado. A violência contra a mulher sempre existiu, mas precisou acontecer fatos emblemáticos e históricos para alcançar o patamar que ela está hoje, assim, surgi a necessidade do reconhecimento e o tratamento adequado para o combate da mesma. A tabela 4, a seguir, mostra algumas estratégias de mediação nas Deams: Tabela 4: modelo de intervenção psicológica verificados no contexto da DEAM65 63 Idem 64 Souza, T. M. C., & De Faria J. S. Descrição dos serviços de psicologia em delegacias especializadas de atendimento às mulheres no Brasil. Avances en Psicología Latinoamericana, 35(2), 253-265, 2017. 65 Idem 22 Nesta tabela é possível observar o predomínio do uso psicológico nos postos de apoio, na qual nos permite refletir que muitas vítimas querem tratar não só o crime, mas principalmente da saúde emocional, mental dela. E isso se deve ao fato de que essa agressão desestrutura a mulher emocionalmente, expressando por este ângulo a gravidade dessa realidade de tortura silenciosa. Por este motivo, o acolhimento deve ser humanizado, para que ela perceba que a Lei está amparando-a, e não sentenciando-a. Nesse ponto de vista, infere-se que a fragilidade que foi associada a figura da mulher, só pelo fato dela ser mulher, predomina de forma resistente na mentalidade dela, em função disso, este tipo de recepção proporcionará a mulher mecanismos para trabalhar seu emocional, seu amor-próprio, buscando a reafirmação de seu valor na sociedade brasileira. CONCLUSÃO Historicamente, a posição em que o sexo feminino assumiu na sociedade, em que se cultivou a ideia de que a mulher foi criada para casar, cuidar do lar, ser submissa a figura masculina, refletiu uma sociedade extremante machista e violenta contra este sexo. Contudo, com o passar do tempo esse processo foi se rompendo, mas muitas mulheres ainda estão sujeitas a essa realidade. Dado isso, a criação das Deams é elementar na ação contra esse cenário agressivo em que se encontra o país. Diante dos fatos, compreende-se que a nova Lei de criminalização de violência psicológica contra mulher, é um grande avanço no combate à violência de gênero no Brasil, e é necessário que o Estado siga adotando medidas de combate à violência contra a mulher, e ainda buscando mais avanços para diminuir os quadros de opressão social contra as mesmas. 23 Daí, reforça-se o quanto as denúncias são essenciais, pois o que começa com um insulto, pode evoluir para um feminicídio. Por meio das discussões apontas ao longo desta pesquisa, constata-se que é fundamental considerar o ciclo de violência que ela está inserida, pelo fato de que ela vem de um contexto que normalizou essas agressões. Por este motivo, a presença do tratamento humanizado é substancial no auxílio a vítima nas Deams. Haja vista, que a ampliação dos métodos interventivos deve, antes de tudo, trabalhar o resgate da integridade dela. Neste trabalho, também foi mostrando como são feitos os atendimentos nas Deams, na qual foi identificado que, primeiramente se é feito o registro da ocorrência,colhendo os dados e o depoimento das ameaças sofridas por ela, e em seguida solicitado a medida protetiva. Sendo que após o encaminhamento ao poder judiciário, ela é direcionada a sessão de atendimento psicológico, para que seja feita uma avaliação do quadro da vítima. Por fim, nota-se que o pesquisador conseguiu alcançar ao objetivo geral proposto, pois contextualizou a violência psicológica contra mulheres, que hoje é tipificada como um crime, abordando a relevância da Atuação das Deams no Brasil; no qual se constatou que que existem ainda muitas lacunas a serem preenchidas, nos quais, a busca pelo apoio tanto dos órgãos governamentais como não-governamentais é uma tentativa de ampliar estratégias, que possam por sua vez, combater o crime e ainda oferecer um ambiente favorável para o amparo as vítimas de violência psicológica. Outrossim, vale mencionar o engajamento social das pessoas em divulgar o combate a essa atrocidade, e também encorajar as mulheres que são agredidas, a denunciarem; assim portanto, aos órgãos responsáveis - dar condições efetivas para a mulher, para que dessa forma possa-se extinguir, expressivamente esse mal, garantindo assim, a seguridade dos direitos humanos. 24 5. REFERÊNCIAS ALVES, Lara. Violência doméstica: Relação de dependência financeira leva mulheres a não denunciarem agressores. O Tempo, 2021. Disponível em: https://www.otempo.com.br/cidades/relacao-de-dependencia-financeira-leva-mulheres-a-nao- denunciarem-agressores-1.2504189. Acesso em: 18 de out. 2022. AQUINO, Lorrany. DF: 84% dos casos de agressão a mulheres são de violência psicológica. Metrópoles, 20 de novembro de 2021. Disponível em: https://www.metropoles.com/distrito- federal/df-84-dos-casos-de-agressao-a-mulheres-sao-de-violencia-psicologica. Acesso em: 22 de set. 2022. BRASIL. Lei nº 14.188, de 28 de julho de 2021. Programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica como uma das medidas de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher previstas. Brasília, DF, 28 jul. 2021e. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art5. Acesso em: 7 de agosto 2022. BRASIL. Lei Maria da Penha. Lei nº 11.340/2006. 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Abordou-se também a aplicabilidade o Artigo 147-B do Código Penal e a atuação dos atendim... 2.1 VIOLÊNCIA COM MULHERES 2.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA 2.4 DA APLICABILIDADE DO ARTIGO 147-B DO CÓDIGO PENAL 2.5 DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E DOS ATENDIMENTOS NAS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS 2.6 DO APOIO PSICOLÓGICO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NAS DEAM
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